" Dionísio: Sê sensata, Ariadne!
Tens orelhas pequenas, tens as minhas orelhas:
acolhe nelas uma palavra sagaz! ?
Não há que odiar primeiro, antes de amar? ...
Eu sou teu labirinto..." F. Nietzsche


Uma fenda no tempo
Propicia tua chegada
Oh deus perseguido
Nada fizeste
Além de alegria
Das sombrias existências
Fazeres brotar ...

Néctares te foram oferecidos
Mas só o nobre vinho fez-te
Aos instintos entregar-te

Misto de homem e deus
És o renascido do Olimpo
Por tantas vezes cuspido
Ainda assim teus poderes
Crescem e tempestades semeias
Delas nascerão alvoradas

O predileto do povo
Que na tragédia se reconhece...

Em transe ébrio gozas e o riso se faz dança

Ergues tua taça e derramas sobre os homens
O necessário sacrifício, exaurir-se em dança
E celebrar visceralmente a vida
Entregando-se ao labirinto sem medo de errar

Destemidos ante a perseguição dos
Atuais Pentheus
Pois em teus poderes confiamos

Oh Dionísio vieste e em
Ditirambos sem assombro
Permear minha voz

O caos precede a ordem...
E
Quando a lua mingua
É sob o sol que te louvo
Revestida da força felina
Semeio poesia
Invertendo a ordem das coisas
Ditas normais

No breu da noite acendo a fogueira
Sombra verte e inflama
Apolínio desejo desfaz-se
Em cinzas
Ao fim a fênix renasce
Arrefecendo a sede de mim!

" A ESTA BELEZA DE PEDRA
SE REFRESCA MEU ARDENTE CORAÇÃO"
Fragmet.15 da Obra Ditirambos de Dionísio F. Nietzsche
Companhia das Letras, Editora Schwarcz Ltda., 2007