Oceano (Poesia)
Publicado em 29 de setembro de 2009 por Denize Mafalda
É raro ver a insensibilidade fisgar o poeta
e se, por acaso, atrever-se a flagrá-la
rondando o habitat transitório desse
podes saber que não se trata de poeta
nem de aspirante das palavras
permeadas pela infinitude do afeto.
Talvez um estado de desatino
possa ludibriar tal ilusão
de modo que se faça intrusa
e habite a alma por um instante
o transparecendo indiferente.
Talvez o silêncio estampado
na aparente distância
percorra o seu andar
comprometendo o olhar do outro
que atento a transitoriedade
flerta a abstração
Mas a dúvida assola
feito grude no sapato.
Encomoda, mas não tira o sono!
Não, o poeta não seria capaz
de mentir a ausência
a viveria ao seu modo
não a deixaria se caso o tomasse
mas a sorveria feito vinho
servido em taça de cristal.
Poeta insensível não habita oceanos
e mesmo (in)sano não limitaria o verbo
pois a cisma o aniquilaria
se não o conjugasse.
Até rolaria noites à dentro
em tom de lamento
caso acolhesse as pessoas do singular
e abandonasse as do plural!