É fascinante a forma pela qual nossos professores narram a história aos nossos ouvidos e olhares atentos. Os sonetos,as tramas de Shakespeare e as sinfonias de Beethoven, assim como os gritos de guerras e bandeiras erguidas por ideais. É encantadora a ciência da linha histórica que o mundo escreveu... Até agora.
Os poetas se foram, os ativistas se calaram e a filosofia se apagou. Os holofotes apagaram-se, e fecharam-se as cortinas, porque não há mais atores suficientes nas coxias para apresentações de novos mundos; não há mais soldados nas trincheiras nem cartas de amores esperando nos correios.
Acorda aí, juventude! Tá tudo errado!

Inicialmente, sobre a geração passada, por terem sofrido a ditadura militante de nossos avós em tempos de políticas repressoras, houve, então, de nossos progenitores, a criação ideológica de uma base educacional de não repetir, com os filhos, os erros cometidos pelos pais. Tornaram-se, portanto, como Mônica Monastério muito bem salientou em seu texto "Limites": "a última geração de filhos que obedeceram a seus pais, e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos." E, desta iniciativa humanista e, dita, revolucionara, criou-se uma geração de monstruosidades de valores travestidos e mediocridade explícita. Criou-se uma era entregue ao ideólogo midiático, na qual os filósofos discutem "quem matou Laura e Lineo?" e as vozes adolescentes, outrora frente de reivindicação aos valores sociais, agora vivem suas crises existenciais sobre a incerteza de "quem será o próximo eliminado do Big Brother?"
Salientando, desde já, que não generalizo a geração atuante, mas, infelizmente, as mentes inquietas ? portadoras de alguma ação ócio-criativo ? estão contando nos dedos os seguidores e os comentários em blogs desatualizados, perdidos na Internet. Boa parte da juventude está apodrecida nas calçadas nos finais de semana. Por influencia, então, da globalização e da liberdade de expressão (a mesma que viemos lutando há séculos e que me permite escrever este texto), a naturalidade jovial é tratar a sexualidade e o uso de substâncias alcoólicas e ilícitas como princípio básico para se conviver em sociedade. Destarte, é extremamente (e entenda a ironia do dizer) essencial "tomar umas a mais" e "dar uns pegas sem compromisso", para se estabelecer no núcleo do convívio contemporâneo.
Assim, os valores de família e individualidade são marginalizados. A capa dos jornais estampa incidentes de filhos matando pais e pais matando filhos, a incidência de divórcios chega a um em cada quatro casamentos, e o índice de jovens mortos no trânsito cresceu mais de trinta por cento nos últimos dez anos. Ainda assim, o mais avassalador de todos os dados: nossa geração ? entre a geração Y e Z ? desaprendeu a arte da expressão, a veia de inteligência e criatividade e, além de tudo, tornamo-nos o Zé Ninguém; a massa de manobra ignorante e cômoda o suficiente para calar-se e baixar a bandeira.
Semeamos ideias, no entanto o solo é infértil. Recebemos o legado de uma ideia que caiu por terra e foi às ruínas de um princípio de "maravilhoso mundo novo". Agora, como descreve em metáforas HeberArtigas Fróis, importante intérprete da música tradicionalista gaúcha, mais conhecido como Gaúcho da Fronteira: Preciso é, e voltaremos a ser caudilhos por este mundo deixado para trás. Assim ? e somente assim, não deixaremos para nossos filhos a pampa pobre que herdamos de nossos pais.