O Vinho novo do tempo da Graça

                                                                                                                                   

Mt 9.17

Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás, rompem-se os odres, e entorna-se o vinho e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.

 

A parábola

Jesus utilizava as parábolas para esclarecer e para ocultar. Isso dependia do ouvinte. Se houvesse uma predisposição interior a verdade do reino de Deus era esclarecida, mas se coração se tornasse endurecido a verdade não lhe era revelada[1].A parábola era ilustração comparativa de situações do dia a dia e revelavam verdades espirituais que permitia a pessoa mais simples e sem instrução alguma compreender, porque ilustrava-se usando fatos corriqueiros.Em contrapartida, pessoas letradas, graduadas e mestres não conseguiam visualizar a mensagem de Jesus, por que os corações estavam endurecidos.

Contextualização

Jesus fora questionado a respeito do comportamento dos seus discípulos, pois estes não jejuavam ao passo que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus o faziam. O Mestre explica que os filhos das bodas não podem estar tristes quando o noivo estiver com eles, mas chegaria o dia em que o noivo lhes seria tirado então jejuariam. Jesus passa a narrar a parábola dizendo que não se põe remendo novo em pano velho, pois rompe-se o pano velho e torna –se maior a rotura.O pano novo encolhe enquanto o pano velho não é maleável e prejudicado pela força do tempo iria se romper.Jesus prossegue dizendo que não se põe vinho novo em odres velhos, mas o correto é colocar vinho novo em odres novos e ambos se conservam.

O fruto da vide

Quando o Senhor fala de vinho estava se referindo a principal bebida dos tempos bíblicos, bebida essa que tem valor e significados medicinais[2] e espirituais[3] e por se tratar de um símbolo de alegria.

A bebida

O vinho pode ser fermentado ou não depende de como é tratado. Muitas eram as técnicas para se preservar a doçura do vinho e não permitir ou retardar a fermentação. Um delas era coar e ferver o suco engarrafava e colocavam em um local fresco. Outra maneira era colocar o suco dentro de garrafas e depois de passem piche sobre ela enterrava a fim de preservar a doçura.[4]

O modo de preparo

Para extrair o suco fazia-se um buraco na rocha ou na terra e colocavam-se pedras e com os pés as uvas eram esmagadas e depois de espremidas obtinha-se o suco.

O significado

O vinho além de representar a alegria, acima de tudo representa o sangue de Jesus como simbologia na santa ceia. O pão representa o corpo e o vinho representa o sangue da nova aliança, que é derramado em favor de muitos. No texto em questão representa a mensagem salvífica original de Jesus Cristo e o poder do Espírito Santo demonstrado no pentecoste.

Os recipientes

O suco extraído do fruto da vide era colocado em odres, que eram recipientes feitos de peles de animais em formato de garrafas. Os odres por serem feitos de peles de animais sendo novos com a presença do colágeno eram mais maleáveis e esticavam-se, mas atingidos pela força do tempo, do calor e do clima perdiam as propriedades que o faziam esticar e não poderiam suportar a expansão do vinho e sua fermentação, rompendo-se.

O sistema judaico

Jesus chama o sistema judaico de odres velhos. A lei de Moisés teve sua validade, mas serviu apenas de aio[5], ou sombra[6] das coisas futuras. Essa lei vigorou e teve sua utilidade na dispensação da lei, mas cumpriu-se a plenitude dos tempos e Jesus inaugurou a dispensação da graça, fazendo-se cordeiro de Deus entrando uma vez por todas no santos dos santos como sumo sacerdote da aliança eterna.

O sistema estava fora de contexto, pois queriam permanecer com um vinho velho, fermentado pela hipocrisia e pelo legalismo. O sistema judaico fazia frente ao evangelho do Reino de Deus, tentando impedir sua expansão. Colocar o evangelho dentro do sistema judaico prejudicaria tanto um como o outro. Permitir a vigência desse sistema estaria diminuindo a eficácia da graça de Cristo e por fim invalidar o seu sacrifício na Cruz do Calvário.

O evangelho do reino de Deus

O evangelho de Jesus Cristo é o poder de Deus e é o vinho novo, que cabe perfeitamente dentro da dispensação da graça, ambos se conservam, pois os odres velhos possuem resíduos que facilitam e promovem a fermentação.O vinho novo não precisa de complementos é completo, útil, eficaz.

 

As coisas antigas atrapalham a construção de coisas novas

Os fariseus tinham dificuldade de aceitar o Messias, pois estavam apegados a Moisés. Este próprio indicou o Messias, quando disse que o Senhor levantaria um profeta semelhante a ele, e o povo devia ouvi-lo.[7]Entretanto os legalistas desconheciam essa verdade e preferiram se apegar aos rudimentos antigos. Isso os impedia de enxergar as grandezas do Reino de Deus, ele fecharam as portas dos seus corações para receber Jesus o Messias.

Tudo se fez novo

Aqueles que seguiam a Cristo e foram por ele resgatados desfrutam de uma nova vida, pois aquele que está em Cristo nova criatura é, as coisas velhas se passaram eis que tudo se fez novo[8]. Se Jesus habita em mim, preciso viver em novidade de vida. Precisamos romper os laços com o passado e com tudo que impede o mover de Deus em nossas vidas.

O senhor Diz em sua palavra para não olharmos para as coisas passadas nem considerar as antigas, Ele tem feito coisa nova que está saído a luz.[9]

O senhor diz que aquele que tem posto a mão no arado não pode olhar para traz[10], porque se olhar não é apto para o Reino de Deus.O nosso olhar deve está em frente.

O apóstolo Paulo escreveu que uma coisa ele fazia: Esquecendo-me das coisas que atrás de mim ficam prossigo para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.[11]

A orientação do Senhor ao resgatar família de Ló era: não olhes para trás de ti[12].

A mulher de Ló olhou e todos sabem a história, se ficou convertida em estátua de sal.

Deus disse a Moisés diante do mar. Faraó vinha atrás perseguindo, mas o senhor disse: por que clamas a mim? Diga ao povo de Israel que marchem[13]. Deus tem algo conosco logo ali na frente: prossigamos!

Conclusão:        

A nossa vida com Cristo é uma vida abundante, não podemos nos prender a algo que nos faz sofrer ou impedir o nosso progresso. O nosso passado pode até está comprometido mas o nosso futuro está intacto.Quem reescreve uma nova história é Deus cabe a nós permitir esse mover sobre nossas vidas.Ele sabe o que faz. Entrega o teu caminho ao Senhor confia nele e o mais ele fará. Vamos permitir o vinho novo em nossas vidas, pois esse é o querer de Deus para nós. Glória a Deus!

 Pr. Jezias Ferreira                  

 



[1] Ref. Mt 11.3,10-16.O senhor explica porque falava por parábolas.

[2] 1 Tm 5.23

[3] Mt 26.27,29.

[4] Bíblia de estudo pentecostal, nota de rodapé, comentário de Mt 9.17,p. 1404.

[5] Gl 3.24

[6] Hb 10.1; Cl 2.17

[7] Dt 18.15.

[8]2 Co 5.17

[9]Is 43.18,19

[10] Lc 9.62

[11]Fl 3.13,14

[12]Gn 19.17

[13]Ex 14.15