A sabedoria popular nos ensina que toda história tem três lados: a de um lado, a do lado oposto e a verdadeira. O curioso é que ao longo da vida, aos poucos, vamos comprovando a veracidade desta máxima. Eu, por exemplo, durante mais de três décadas trabalho com vendas e, não raro, ao questionar um vendedor a razão da negociação não ter sido concretizada, ouço explicação tão convincente que chego a crer na sua veracidade.

Daí, agradeço e, aparetemente, me dou por satisfeito com a justificativa. No entanto, algo me incomoda e resolvo então contatar o cliente para saber a razão pela qual ele não comprou e, para minha surpresa, descubro uma outra versão bem diferente da que o vendedor revelou. Daí, vou a procura do gerente da área para saber o que, de fato, houve e a explicação dele mostra uma versão um pouco diferente das duas anteriores.

E assim, acontece com as outras áreas da vida. Quantas vezes ouvimos os primeiros relatos de uma história e nos damos por convencidos e quando checamos o "outro lado da mesma história", mudamos totalmente de opinião. Portanto, não apressar a decisão pode ser uma boa atitude a ser adotada por quem deseja evitar erros de julgamento.

É verdade, como revela outro ditado popular, que "filho feio não tem pai". Porém, nem sempre, como pode parecer a um líder menos experiente, a explicação das partes tem como objetivo principal esconder, ludibriar ou distorcer os fatos, a fim de "livrar a sua cara" para obter vantagem para si ou para outrem. Em boa parte das ocasiões, as pessoas apenas relatam os fatos baseadas em seu conhecimento, que é a lente pela qual enxergam a realidade dos fatos. Como somos pessoas distintas e com diferentes graus de conhecimento, interpretamos os mesmos fatos com ponto de vista diferente.

Daí, a necessidade dos líderes entenderem que o ser humano age sob três motivações básicas: o instinto, a emoção e o intelecto e somente com o funcionamento pleno, harmonioso e equitativo delas, alguém poderá elevar o seu padrão de percepção.

O líder deve entender que os seres humanos, apesar dos avanços científicos e tecnológicos que realizamos, possibilitando, inclusive, viagens a outros planetas, ainda não conseguimos percorrer distâncias menores, como "viajar" pelo nosso próprio interior, respondendo perguntas como: quem sou eu? Porque estou aqui? De onde venho? Para onde vou?

Na busca pela autorealização, cabe então, a cada um nesta "viagem" pela terra, descobrir a verdadeira razão da nossa existência, desenvolvendo o nosso crescimento interior e espiritual. Então, diante de uma importante tomada de decisão motivada por problemas envolvendo relacionamento pessoal, ouça primeiro, atentamente, o que o primeiro envolvido tem a dizer. Por mais que pareça convencido, não tome nenhuma decisão ou faça promessas até que você tenha ouvido a outra parte. Agindo com cautela você vai ganhar mais amigos, influenciar mais pessoas e o que é mais importante, terá mais chances de ser respeitado e vencer na vida.

Pense nisso, ótimo dia e que Deus nos abençoe.

Evaldo Costa
Diretor do Instituto das Concessionárias do Brasil Escritor, consultor, conferencista e professor
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