O Vampirinho

 

Era uma vez um vampirinho...que queria ver o amanhecer, mas não podia, pois. morreria tostado. Isso diziam os últimos vampiros que com ele viviam (apesar de nunca terem visto um vampiro tostado).Vampirinho era o caçula do grupo, protegidíssimo, não saia à caça. Sempre lhe ofertavam corpos quentes dos mortais. Ele cravava seus dentinhos sem desperdiçar uma única gota de sangue. Não sabia se gostava daquilo, mas, era um vampiro e tinha que o fazer.Ele não precisava do sangue dos mortais, mas da admiração e aceitação dos imortais.

Até que vampirinho percebeu que só era querido pelo seu apetite voraz, pois, quando chorava suas lágrimas de sangue com sal, ninguém as percebia, afinal se tratavam de criaturas da escuridão. E vampirinho chorou por ter que conviver séculos a fio com as mesmas criaturas, com os mesmos aborrecimentos, ao passo que, se os outros eram seu paraíso, também eram seu inferno; e imortalidade não significava plenitude. Então se percebeu como uma mentira, um mero artefato social, uma farsa na forma de mal__só não sabia que seu coração era portador da verdade__e resolveu falar de seu antigo sonho de ver o amanhecer.

Falou que a história do mundo era sempre a mesma, se fazendo em círculos: Invenção da roda, descoberta do fogo, Revolução Industrial, de pensamento...escolhia-se sempre à vaidade e renunciava-se ao amor, no final Cristo sempre era crucificado.

Com isso, Vampirinho foi duramente censurado por seu bando, dado como um louco (mas seu coração era portador da verdade) e resolveram isola-lo em um caixão bem distante. Vampirinho percebeu que começara a incomodar os outros com seus sonhos e não entendia o porque, afinal ele não se achava assim tão sobre controle no bando. Mas entendeu logo que ficaria preso no caixão pelo resto de sua eternidade.

E lá estava ele, “conseguiram me anular de vez” pensava , em vez de “um” vampirinho agora seria apenas “zero”. Foi então que se lembrou de seu sonho adormecido de ver o amanhecer e esbofeteou a tampa do caixão abrindo-a na primeira tentativa. Percebeu que a tampa do caixão não estava trancada, apenas encostada. É, Vampirinho, de nada adianta ser livre se não se sentir como tal.

Imediatamente Vampirinho transformou-se e começou a voar__ Vampiros viram morcegos para voar, não voam pelo o que são___ voou para longe, até que avistou um corpo de um vampiro estirado no chão com uma estaca no coração. Eis que o morto conhece a morte!

Vampirinho era tão protegidinho que não sabia  que a única maneira de mandar um vampiro para o paraíso de fogo era acertando um estaca em seu coração... no seu coração! Então Vampirinho analisa: “um vampiro só morre pelo seu coração porque o desconhece!” E concluiu que de nada adiantaria cobrar dos outros e fazer alarde, só seu coração o levaria ao amanhecer.