Palavras Chave : educação, Diretrizes Nacionais de educação para transito no Brasil, Teatro espontâneo , Uso do teatro na educação de transito , educação e transito no ensino fundamental

 

Introdução

 

A educação de trânsito esta inserida nas escolas brasileiras através dos temas transversais, que tem como foco a ação pedagógica de temas considerados relevantes e atitudinais. Estes temas não devem ser tratados como uma disciplina, mas interdisciplinares potencializando os valores, fomentando comportamentos e desenvolvendo posturas e atitudes frente à realidade social. Assim a transversalidade diz respeito à possibilidade de, na prática educativa, inserir a adoção de posturas e de atitudes voltadas ao bem comum que favoreçam a reflexão de comportamentos seguros no trânsito, promovendo o respeito e a valorização da vida através de conhecimentos teoricamente levantados e aplicados à realidade do trânsito brasileiro. (PCN, 1997)

Em paralelo às diretrizes nacionais da educação para o Trânsito no Ensino Fundamental criadas pelo Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), discorre sobre os parâmetros para orientação capaz de nortear a prática pedagógica voltada ao tema trânsito. (BRASIL, 1997)

Para garantir o ingresso às múltiplas possibilidades de organização das séries, ciclos, as diretrizes são trabalhadas em seis blocos: a possibilidade de inclusão do tema trânsito no ensino dos conteúdos das áreas de conhecimento escolar; a necessidade do ensino e da aprendizagem de conceitos, procedimentos, valores e atitudes como forma de reverter o quadro de violência evidenciado no trânsito brasileiro e a importância da análise e da reflexão acerca do tema trânsito como forma de preservação da vida. 

2. Teatro na Educação de Trânsito

Ao estudarmos os meios de trabalhar a educação de trânsito no ensino fundamental, analisamos o vasto número de leis, obrigações e necessidades para a segurança exigidas das crianças para conviver com a cidade e o trânsito. Desta surge a dificuldade em abordar esta metodologia com uma faixa etária tão vasta e diferenciada. Uma das propostas desenvolvidas é a aplicação do Teatro/Educação abordando a forma lúdica de ensinar e as diversidades de temas envolvendo o teatro espontâneo. O grupo de alunos, professores, todos trabalhando numa atmosfera de aprendizado e liberdade. Assim propõe-se alcançar as necessidades de uma integração entre o conhecimento adquirido e a experiência vivida. (Diniz, 1995)

O meio natural de aprendizagem, para a criança é o jogo. O jogo de imitação e criação encontra-se no início de todo o ensino da arte, nesta linha o teatro espontâneo, onde os alunos participam, é fundamental pois permite, através dele, a imitação , a criação  e o estímulo para se descobrir gradualmente, ao outro e ao mundo que a rodeia (Reverbel, 2006)

A contribuição dos meios de desenvolvimento da espontaneidade e criatividade agrega o desenvolvimento social, emocional e intelectual das crianças. O uso do teatro na educação consiste em uma proposta de teatro espontâneo envolvendo o grupo de alunos, vivenciando uma atmosfera de liberdade, com foco a alcançar as necessidades de integração entre o conhecimento e a experiência vivida. (Diniz, 1995)

Este movimento é uma das formas de abordagens educacionais que têm como foco trabalhar a criatividade, capacitando o aluno ver a relação entre idéias e sua mútua interação e que personifica e identifica , podendo compreender com maior facilidade o mundo que rodeia e as atividades problema de trânsito diárias.

Assim o teatro é uma experiência integrada às outras experiências vividas pelas crianças ao longo do aprendizado. Esta permite que a criança trabalhe seus aspectos motores, afetivos e intelectuais.  A dramatização está ligada à criação infantil e, desde cedo, as crianças brincam de serem coisas diferentes imaginando e acompanhado seus pais no trânsito diário.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais abordam a necessidade de trabalhar o uso do teatro:

“O ato de dramatizar está contido em cada um, como uma necessidade de compreender e representar uma realidade. Ao observar uma criança em suas primeiras manifestações dramatizadas, o jogo simbólico, percebe a procura na organização de seu conhecimento do mundo de forma integradora”. (PCN, 1997).

O enriquecimento do processo acontece pela participação das crianças, desde pequenas, como espectadores de apresentações teatrais e expressões artísticas bastante semelhantes à sua maneira de brincar, pensar o mundo e se comunicar.

É importante reconhecer as possibilidades expressivas e o repertório das crianças. Porém, não é a única que deve ser possibilitada a elas pelo professor, afinal a experiência teatral somente se completa na relação entre palco e platéia. O teatro depende do público para acontecer e, nesse fato, reside uma de suas maiores vantagens e forças. Dessa forma, revezar-se entre “ser ator” e “ser platéia” é igualmente importante. As crianças podem aprender a assistir e comentar o que viram depois de encerrada a apresentação, já que a platéia é parte da experiência teatral. (Coleto, 2010)

O teatro é uma arte que integra várias experiências; ao fazer teatro a criança se coloca movimentando-se, expressando-se, falando e cantando, como forma de significar situações, Seus aspectos motores, afetivos e intelectuais se associam com as linguagens que ela está construindo, experiência muito importante no processo de construção da própria imagem e sentido de si. A dramatização está ligada ao jogo, onde reside a raiz de toda a criação infantil.

Para Oliveira (2010), dentre as modalidades artísticas, o teatro é particularmente interessante quanto às possibilidades de interação, internalização da cultura, uso da palavra e expressão afetiva. A realização de atividades teatrais pode ser de grande valia no desenvolvimento da criança e do adolescente.

As abordagens espontâneas trouxeram à realidade os personagens de uma família cujo foco era delimitar e trabalhar todos os aspectos cotidianos envolvendo o trânsito, os processos de locomoção, o certo, o errado, a troca de erros por benefícios e a cobrança dos pais e familiares para que o processo de ensino e ensinamento seja repassado.

O aluno, ao participar do teatro, participa sendo integrante, e espontaneamente divulga os principais erros cometidos pelos familiares, sendo automaticamente demonstrados o que é certo e a necessidade de não se errar mais. O valor da vida é pregado e transformamos todas as crianças em fiscais para exigir dos adultos que sejam parceiros neste trabalho educacional.

3. Metodologias Adotadas

Para iniciar os trabalhos e compor a peça teatral a qual todos os alunos pudessem participar,  houve a necessidade da criação do projeto Amigos da escola, cujo foco foi estudar e analisar todas os acontecimentos de transito no município.

Com base nas diretrizes nacionais de educação para transito, mais as coletas das infrações, acidentes, ocorrências e necessidades solicitadas via professores, diretores e pessoas interessadas na educação a peça foi criada com o foco regional, visando ser o mais próximo possível da cidade e dos eventos que venham acontecer.  (Zacariotto,2010)

Desde a escolha dos personagens , que representam a família e que estão presentes em todos os manais, campanhas e banners até cada ponto focado na ação, foi necessário levantar e analisar ponto a ponto.

Figura 1. Montagem do Palco :

 

 

Figura 2 Brinquedos

 

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O uso dos brinquedos foi a forma encontrada de ficar mais próximo das crianças, é um sucesso e a garantia de entendimento das necessidades do trânsito

 

Figura 3- Faixa de Pedestres e carros de controle

 

O uso dos brinquedos estão relacionados a participação da montagem e da espontaneidade das crianças em brincar e aprender.

 

Figura 4- Entrada

 

São posicionados os sinais de trânsito e dispostos a faixa de pedestre para que a criança crie a cultura e o respeito pelo trânsito

Figura 5- Apresentação dos personagens

 

 

Em todas as ações a apresentação é realizada para que as crianças possam se familializar com os personagens, também é mostrado o conceito de família e da necessidade de respeito ao trânsito.

Também nesta fase é abordado a valorização da Família, a importância de trabalhar educação de trânsito indo e vindo todos dias e a importância das crianças em andar pelas calçadas citando os atropelamentos

Figura 6-Pipas

 

 

Ao mostrar o personagem com a pipa é abordado o soltar pipas , se pode ou não, para não soltar perto dos postes de energia , longe das fiações e a proibição do cerol

Figura 7- Bob o cão da família

 

Apresentado o personagem principal BOB que é o cão da família , que vai mostrar os verdadeiros significados de perda e que o transito pode ocasionar.

Figura 8- Interação com crianças e as motocicletas

 

 

Nesta fase são mostrados a idade mínima para andar de moto que é sete anos; o Afivelamento do capacete obrigatório; à Viseira obrigatória; os erros principais dos pais que são colocar o capacete no meio da cabeça; colocar crianças sob o tanque e que é proibido andar em três na moto.

Figura 9- Placas de sinalização e o respeito

 

O respeito as vagas de trânsito, vagas especiais de portadores de deficiência , vagas para idosos e a cobrança de que os pais não vão se utilizar dessas vagas. Também é abordado a idade mínima do idoso de 60 anos para uso da vaga.

 

Figura 10-A idosa , o deficiente e a vaga

 

Aqui são simulados as infrações mais comuns que os pais das crianças realizam , esquecendo dos idosos e dos deficientes.

Figura 11- O portador de deficiência

 

A dificuldade de mobilidade, Igualdade , o Amor e carinho ao deficiente, o Direito a estar mais próximo da entrada,  a falta de justiça ao usar uma vaga , e da dificuldade de locomoção a ele.

 

 

 

Figura 12- Carro e as crianças

 

São mostrados que crianças devem sempre estar no banco traseiro e com cinto de segurança, discutido que uma criança no banco traseiro se bater , ele terá o similar o Peso de elefante para colisões frontais no banco traseiro sem cinto e sofrerá demais.

A obrigatoriedade do  uso do cinto no banco de trás, que as Criança com menos de 11 anos de idade no banco traseiro e que as crianças tem sempre que ajudar no banco traseiro

Figura 13- O cão no carro

 

O cão no carro , que os cães  não pode andar no banco da frente no colo do motorista , que cães não podem ficar com a cabeça para fora.

 

 

Figura 14- Teste de direção com celular

 

Nesta parte é demonstrada a dificuldade de dirigir e falar ao celular e que é impossível realizar a ação,  nesta colocação nunca da certo e as crianças percebem que os pais não podem falar ao celular dirigindo.

Também é abordado a multa de  R$ 85,90 que dá para comprar lanches, sorvetes e pizzas quando usado o celular dirigindo.

Figura 15- Faixa de pedestres

 

 

Como passar a faixa de pedestres com segurança , pegar no punho das crianças, dar sinal com a mão e pedir que os motoristas respeitem a faixa de pedestres pois é a garantia de vida delas.

 

Figura 16- Distribuição dos Gibis

 

 

Os gibis são mostrados e que as duas ultimas paginas que contem informações exclusivas para os pais e motoristas são indicadas.

Figura 17- Bob morre

 

 

Contamos a historia de atropelamento do BOB e que ele morre em um acidente de transito e falamos que o transito tem tirado pessoas importantes da nossa vida, que eles tem que cobrar sempre os motoristas para respeitar as ações de trânsito.

Figura 18-Guarda Municipal

 

Nesta etapa são apresentados os GUARDAS MUNICIPAIS, que eles são amigos das crianças , que tem como missão ajudar sempre e que as crianças podem confiar neles. Destaque a valorização da Guarda municipal e dos agentes de trânsito

Figura 19- Novo Bob – Ibob

 

O novo Bob pode voltar , mais os pais não , ai é realizado a interação com as crianças para que possam brincar com todos os brinquedos.

 

Figura 20- Interação com guardas

 

As crianças brincam, entram na viatura e tem contato com os guardas para perder o medo .

 

4. Conclusão

Em Mogi Guaçu foram mais de 200 apresentações, atingindo um público de mais de 5.000 alunos, dos quais todos participaram diretamente ou indiretamente e, dois anos após a aplicação os mesmos, ainda conseguem identificar os erros e acertos da educação de trânsito.

Conseguimos em um único ano reduzir em 5% o numero de acidentes nas proximidades das escolas e novas ações são adequadas a cada ano para novamente continuar a refletir sobre a necessidade permanente de investir em educação de transito.

 

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

BRASIL. Lei 9503 de 23/09/1997. Código Brasileiro de Transito e Diretrizes Nacionais da Educação para o transito no ensino fundamental

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para educação infantil. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

COURTNEY, R. Jogo, teatro e pensamento - as bases intelectuais do teatro na educação. São Paulo: Perspectiva, 1980.

DINIZ, Gleidemar J.R. Psicodrama pedagógico e teatro/educação: seu valor psicopedagógico. São Paulo: Icone, 1995. 153 p. ISBN 85-274-0329-3.

KOUDELA, I.D. Jogos teatrais. 2ª edição. São Paulo: Perspectiva, 1990.

OLIVEIRA, Vera Barros de. Avaliação psicopedagógica da criança de zero a seis anos 14ª edição. Petrópolis, R.J.: Vozes, 1994.

Oliveira, Maria Eunice. Teatro na escola: Considerações a partir de Vygotsky, Educar em revista, Curitiba 2010

OLIVEIRA, Z. de M.R. A criança e seu desenvolvimento - perspectivas para se discutir a educação infantil. 4ª edição. São Paulo: Cortez, 2000.

PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Apresentação dos temas transversais, ética. Secretaria de Ensino Fundamental, Brasília MEC/SEF 1997. P35

REVERBEL, O. Jogos teatrais na escola - atividades globais de expressão. 3ª edição. São Paulo: Scipione, 1996.

Revista conteúdo, Capivari, VL 1,n3, jan jul 2010 – Daniela Cristina Coleto

          ZACARIOTTO, WILLIAM ANTONIO. Projeto Amigos do Transito. Prefeitura Municipal de Mogi Guaçu , Secretaria de Obras e Viação