Os cheiros do mundo


O olfato é o sentido capaz de perceber a saúde do mundo. Cheiros e aromas transmitem informações preciosas de que algo estão estragado, portanto, nocivo a vida humana. Entretanto, o que fazer quando descobre-se que é o próprio “ser humano” que está apodrecendo, em estado de putrefação constante?!

A raça humana é um povo mau cheiroso, coberto de fedor e odores desagradáveis. Por quê? Pelos nossos vícios: morais, sociais e alimentares. Ainda bem que durante o processo de evolução biológica, os humanos perderam sua sensibilidade olfativa, diferente dos animais que conservaram níveis apurados de percepção dos cheiros. Do contrário, seria impossível conviver em sociedade, sentindo o mau cheiro de si próprio e dos outros.

Além dessa limitação olfativa, ainda escondemos os odores com tudo que a indústria cosmética oferece. Ou seja, criamos uma sociedade artificial de aromas agradáveis que nenhuma relação possui com o verdadeiro fedor do ser humano. Mas porque cheiramos tão mal? Grande parte do odor corporal vem das glândulas sebáceas e apócrinas. O suor é horrível. A saliva é insuportável. As secreções internas – sangue menstrual e sêmem – são nojentos. Fezes e urinas são constrangedores. Camadas gordurosas atrás da orelha, virilha, axilas, são asquerosas. Os pés tem chulé. O muco nasal é repugnante. Tudo isso é causado porque nossa alimentação é horrível.

Um pinto se transforma em galo depois de suas semanas pelo excesso de injeções de hormônios. Legumes e frutas são cobertos com venenos (agrotóxicos). A carne é cheia de hormônios do stress durante a angústia da morte dos animais. A água é contaminada pelo contato insalubre com fossas, açudes infectados e canos de água sujos. O ar é permeado de gases tóxicos, envenenando nosso pulmão. Sem falar na alimentação fast food, rica em gorduras com baixo teor nutricional. Os enlatados são feitos, basicamente, de conservantes, corantes, aromatizantes e adstringentes. A margarina é apenas plástico derretido.


No âmbito moral, nossas mágoas, ambições e depressões liberam na corrente sanguínea vários hormônios, compostos glicêmicos, que produzem um cheiro horrível no corpo. Existiu um psiquiatra europeu que tinha a capacidade de detectar possíveis transtornos mentais – esquizofrenia, psicoses – em seus pacientes apenas sentindo o cheiro deles.

As mães, pela sintonia biológica com o filho, pressentem doenças através do cheiro deles. As mulheres sentem-se atraídos pelo odor da testosterona masculina, assim como os feromônios disparam sinais de receptividade sexual.

Na morte, engana-se quem acha que o cadáver está fedendo pela primeira vez, ele sempre exalou mau cheiro, a diferença é que enquanto vivo, o dono do corpo soube ocultar seus odores com recursos artificiais. Os seres humanos são podres! Quem percebe isso, fica humilde, mais simples e consciente de sua real condição.


Cap. 3 Trecho do livro Espelhos da Vida -

João Márcio - Bacharel em letras, pós-graduado em gestão da saúde