Para discorrermos sobre um assunto tão importanteque é o "Uso do livro didático na prática pedagógica",é bom que primeiro saibamos que a palavra "livro" vem do Latim "liber" para designar a camada de tecido abaixo da casca das árvores,por onde a seiva flui.

Os livros didáticos entraram em cena no Brasil no início do século XIX para serem privilégios de poucos,pois somente escolas de nível secundário em algumas capitaise as chamadas "escolas para ler, escrever e contar" é que tiveram acesso a eles.

À medida que o tempo passava, a necessidade de uso do livro didático aumentava. Logo depois da Independência do Brasil, alguns editores de origem portuguesa e francesa lançaram os livros didáticos. Esses seguiam os programas curriculares sob a vigilância da igreja Católica.

Considerandoa dinâmica da evolução do homem,tornou-se notório na segunda metade do século XIXa necessidade de uma reforma nos currículos das escolas secundárias e das primeiras letras, uma vez queo público alvo era o alunado brasileiro. Surgiram então os autores brasileiros - general Abreu e Lima fora um deles.

Percebemos o avanço ocupando espaço emnovas décadas e séculos.Mais escolas surgem e então,na primeira metade do século XXos livros de leitura torrnaram gênero literário. A trajetória percorrida para que os livros didáticos, dicionários, obras litrárias e livros em Braille chegassem até às escolas brasileiras aconteceu em 1929 por meio do INL (Instituto Nacional do Livro).

Um avanço propicia outro avanço e assim, gráficas foram surgindo face à demanda de livros didáticos importantes para o crescimento estudantil,podemos citar a famosa FTD como parte desse progresso.

A década de 90 trouxe marcas relevantes para ahistória do nosso livro didático, pois em 1996 foi firmada a medida que visava a aquisição e distribuiçãodo livro didático para todos os alunos do ensino fundamental, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – nº9394.

A dinâmica da vida nos impõe um aprimoramento em nossos feitos, assim aconteceu com os livros didáticos,pois foram avaliadose chegou-se à conclusão que o PNLD organizaria uma política de aquisição e distribuição e se encarregaria da avaliação sistemática do livro didático. A partir de uma rígida avaliação por especialistas de diferentes áreas, oriundos de Universiadades públicas que registraram a liberação para uso em documentos oficiais, estes livros didáticos passaram a ser um referencial para autores e editoras.

Esse importante instrumento de trabalho tem feito parte da cultura e da memória visual de muitas gerações e,mesmo com transformaçõesimpostas pela sociedade, ele continua imprimindo sua marca significativa para a criança, tendo como função atuar como mediador na construção de conhecimentos.

Com efeito, o livro didático continua superando sistemas, mudanças e faz com que sua produção aumente de forma exponencial, propiciando sua aquisição e disbribuição para outros níveis de ensino.

Não obstante, esse companheiro de pesquisas e orientaçõespedagógicas,tem sido objeto de apreciação para alguns e de crítica para outros. Por um lado temos Lajolo (1996), para ele o livro didático assume certa importância dentro da práticade ensino brasileira nestes últimos anos,isso se dá em paísescomo o Brasil em detrimento à precariedade no sistema de ensino e isso faz com que ele determine conteúdos e condicione estratégias de ensino.

Para faria, o livro didático apresenta problemas como confusão de critério, inadequação de nível , invenção de regras, etc. Mesmo em conformidade com faria, Neves tem a visão que o livro não gera problemas por si só, pois cabe ao professor não dependerintegralmente do livro como se ele fosse o responsável pelo aprendizado do aluno. Lajolo(1996) corrobora essa idéia ao dizer que "Não há livro que seja á prova de professor: o pior livro pode ficar bom na sala de um bom professor e o melhor livro desanda na sala de um mau professor."

Vale lembrar a importância da compatibilidade entre partes do conteúdo do livro didático e a realidade do aluno. Pois este,só vai entender o que é uma laranja se ele a tiver nas mãos e experimentar o paladar dela. Temos assim o aluno trabalhando com o concreto.

O mundo hodierno tem exigido agilidade em todos os sentidos e em todas as àreas, sabemos então que o tempo de dedicação para o preparo de uma aula é longo, por isso muitos educadores têm maculado a boa utilização do livro didático. Por outro lado, prega-se a desvinculação do tradicional para que haja a concepção do novo.

Bem dissemos no início desse exposto que o livro tema ver com a camada de tecido abaixo da casca das árvores,por onde a seiva flui. O que seria isso? O livro é o abrigo de informações que servem como seiva para o nosso intelecto e isso nos remete à arte de ler, pois saber ler é direito de todos e não privilégio de alguns como nos tempos idos.

Para tanto, o livro didático contribui e muito para o desenvolvimento de uma sociedade, pois ele é utilizado muitas vezes como material básico de leitura. Todavia, tem se precebido fracasso nos testes para avaliação de competência leitora do aluno, mais uma vez pontua-se a falha não no livro mas em quem utiliza o livro (educador).

           " Ler é dar um sentido de conjunto, uma globalização

e uma articulação aos sentidos produzidos pelas

seqüências. Não é encontrar o sentido desejado pelo

autor [...] Ler é, portanto, constituir e não reconstruir

sentido." (Goulemont,1996, p. 107)

Diante de tantas opiniões sobre o livro didático, não podemos deixar de mencionar a importância magistral que Millôr confere ao livro, pois sua concepção de "livro" estabelece uma verdadeira harmonia com a designação feita lá nos pimórdios. Millôr o vê como:

"Local de Informações variadas, Reutilizáveis e Ordenadas."

O célebre autor continua de forma admirável a mostrar que a avançada tecnologia não sobrepõe os livros. CHOPPIN, 2004, p.559 em outras palavras ,valoriza o livro didático ao dizer:

"A organização interna dos livros e sua divisão em partes, capítulos, parágrafos, as diferenciações tipográficas (fonte, corpo de texto, grifos, tipo de papel, bordas, cores, etc.) e suas variações, a distribuição e a disposição espacial dos diversos elementos textuais ou icônicos no interior de uma página (ou de uma página dupla) ou de um livro só foram objeto, segundo uma perspectiva histórica, de bem poucos estudos, apesar dessas configurações serem bastante específicas do livro didático. Com efeito, a tipografia e a paginação fazemparte do discurso didático de um livro usado em sala de aula tanto quanto o texto ou as ilustrações."

As mais diversas análises feitas em torno do uso do livro didático nos faz entender que: se houver uma adequação à realidade sócio- cultural e econômica do alunado e se os educadores utilizarem esse recurso não como coluna mas como paredes firmadas nacoluna, ou seja se não deixarempara o livro a tarefa que é para o professor realizar, então esse recurso deixará de ser vilão e passará a ser considerado o amigo do processo ensino-aprendizagem.

BIBLIOGRAFIA

* Instrucional de Metodologia de Ensinoe Estágio de Língua Portuguesa III

* Bittencourt, F. Circe.A história do livro didático brasileiro – Abrelivros

* http://importanciadolivrodidatico.blogspot.com

* http://www.ceart.udesc.br/revista_dapesquisa/volume3/numero1/plasticas/melissa-neli.pdf

* http://revistas.unipar.br/akropolis/article/view/1414/1237