Sabe-se que o uso das plantas medicinais é tão antigo quanto o próprio ser humano, que desenvolveu a arte de curar por meio de um contato mais íntimo com a natureza e da observação dos animais. No início, o ser humano empregava as plantas medicinais imitando os animais, observando que motivos os levavam a procurar determinadas plantas, pois quando um problema semelhante lhe acometesse, saberia onde encontrar a cura. Posteriormente, seguiu sua própria intuição e observação, mas sem deixar de imitar os animais a sua volta. O conhecimento das plantas medicinais foi assim se acumulando, de geração a geração, até chegar nos nossos tempos atuais.
O uso de plantas medicinais tem sido considerada uma prática consagrada em épocas diversas da história humana, cujo o acúmulo de informações, obtido por meio de diversos povos, representa milênios de história.

A área de estudo, conhecida como etnociência, ganhou impulso a partir dos anos cinqüenta com alguns autores norte-americanos que começaram a desenvolver pesquisas, principalmente, junto a populações autóctones da América Latina. "Inicialmente, os estudos da etnociência voltaram-se para análises de aspectos lexicográficos das classificações de folk ou etnoclassificações e sobre categorias de cores, plantas e parentesco próprias de diferentes sociedades" (DIEGUES, 1996).
Para o mesmo autor, ".... a etnociência parte da lingüística para estudar o conhecimento de diferentes sociedades sobre os processos naturais, buscando entender a lógica subjacente ao conhecimento humano sobre a natureza, as taxonomias e classificações totais".

Conforme DI STASI (1996), "... ao analisar as origens da ciência, afirma que todos os historiadores admitem que a ciência tenha se desenvolvido de investigações e experimentos elaborados e executados pelo homem comum, e depois, pelos especialistas de cada época".

Ciência é "um processo, uma atividade humana, pelo qual o homem se relaciona com a natureza visando à compreensão e posterior denominação e uso em seu próprio benefício" (DI STASI (1996).

Segundo BORTOLOTTO (1999), a etnociência busca entender como o mundo é percebido, conhecido e classificado por diversas culturas humanas.

Segundo DI STASI (1996), o uso das espécies vegetais como forma de tratamento e cura de doenças vêm do início da civilização. A partir desse momento o homem acordou para a consciência e começou a manusear os recursos naturais para seu benefício.
Prática esta que ultrapassou barreiras e obstáculos durante a evolução das plantas e chegou até nossos dias, como uma forma utilizada pela maioria da população mundial como fonte de recurso terapêutico eficiente.
Conforme CORRÊA et al. (2000), a utilização de plantas na cura é um tratamento muito antigo, desde os primórdios da medicina e baseia-se no acumulo de informações através de sucessivas gerações. Logo após a medicina empírica passou a se desenvolver, com várias plantas utilizadas para diversos fins.
No Mundo Antigo, as primeiras publicações datam do primeiro século após Cristo, o trabalho Matéria Medica de Dioscorides, onde foram descritas características e propriedades de vários medicamentos, na sua maioria de origem do reino Vegetal.
Muitos anos depois surge a medicina enquanto ciência, abrindo as portas para o conhecimento científico, mas as plantas continuaram a ter destaque, permanecendo seu uso até nos dias atuais.

BORTOLOTTO, I.M. Educação e Uso de Recursos Naturais: Um estudo na comunidade de Albuquerque, Corumbá, MS, Pantanal. UFMT/Cuiabá-MT. (Dissertação de Mestrado). 1999. 151p.
CORRÊA, A.D. Plantas Medicinais: Do Cultivo à Terapêutica. Petrópolis ? RJ: 2000. Pp. 9-12.
DIEGUES, A.C. O Mito Moderno da Natureza Intocada. São Paulo: HUCITEC. 1996.
DI STASI, L.C. Plantas Medicinais: Arte e Ciência. Um guia de estudo Interdisciplinar. São Paulo ? SP: 1996. Pp. 9-86.