Desde pequenino venho pensando o porquê de aprendermos língua portuguesa na escola, já que nascemos no Brasil e por conseqüência a falaremos. Existe hoje certo tabu que precisa ser repensado e analisado criticamente por todos os agentes da língua.
Conta a lenda que, os mais estudiosos são portadores de mais educação, falam melhor e se comportam bem. E os que não estudam, não são educados, não falam bem e se comportam como animais. Já ouvi falar até que, quem não estuda não fala português, ué? o que será que eles falam então? Se nós formados entendemos perfeitamente. Existe aí preconceito linguístico? Precisamos ter em mente a comunicação, pois se há comunicação, houve entendimento, o código foi decifrado pelos sujeitos pronto. É claro que por uma questão de sobrevivência, temos que criar condições para que os nossos alunos consigam se comportar linguisticamente em qualquer situação discursiva nas diversas esferas sociais, mas não devemos tratar sua forma de falar com o preconceito, e sim devemos tomá-la como experiência para podermos privilegiá-los e criarmos condições para que sua educação linguística seja efetiva. Por isso, acredito que já está na hora de terminarmos esta batalha freqüente existente entre língua coloquial X língua culta. Temos que priorizar sim, mas não descartar o modelo individual do falante, pois ali está suas raízes e identidade.
Para ilustrar o enunciado acima lembra Bakhtin (1998: 123), “diálogo não significa apenas a comunicação entre duas pessoas; refere-se ao amplo intercâmbio de discursos, tanto na dimensão sincrônica como diacrônica, manifestados pela sociedade”. Ou seja, através do discurso, o sujeito manterá ou não a sua posição a respeito dos assuntos que o cerca. Tudo dependerá do diálogo que ele manterá com os diversos discursos. Logo, a discriminação não é o melhor caminho, nem como a supervalorização. O necessário é trabalharmos de forma consciente e formadora sem ilustrarmos os primas literários e nem “brilhantizarmos” os diversos falares populares. Temos que fazer tudo na medida certa.

XAVIER, Wyank Dougllas de Almeida