O Turismo como fato empreendedor e de lazer
Autor: Anayara Lima
Resumo: Na sociedade moderna o turismo vem ganhando espaço com ritmo cada vez mais acelerado. E o empreendedor cuja visão está focada na inovação e criação de novos modos de influenciar o consumidor a utilizar seus produtos, tem descoberto na atividade turística um mercado promissor para o desenvolvimento de novos produtos e serviços a serem oferecidos a seus cliente. A indústria da diversão está inserida neste mercado o que leva o empreendedor a construir parques de diversão para chamar a atenção do turista e do morador local a fim de ganhar espaço no mercado consumidor do lazer e do entretenimento.
Palavras-chave: Turismo, empreendedorismo, lazer, parques e entretenimento.
1. INTRODUÇÃO
As empresas e organizações que oferecem atrações, lazer, entretenimento, compras e outros serviços, formam grande parte do setor de turismo. Mesmo porque, em meio às atividades econômicas esta é a que mais cresce no mundo. E isto depende de questões culturais que envolvem o comportamento da população local, sua disponibilidade para receber o turista, sendo necessária para o desenvolvimento das atividades econômicas da região. No entanto, para que haja essa receptividade é importante a qualificação da população e as possibilidades de desenvolvimento de outras atividades turísticas decorrentes da cultura local que possam ser transformadas em produtos turísticos, resultando assim em empreendedorismo local.
Filion (1999, 2001) defende que as profissões no futuro terão uma maior inclinação empreendedora, o que direciona a concepção de diferentes tipos de empreendedorismo. Assim, podemos citar como exemplos as diferentes possibilidades tais como: aqueles que empreendem quando montam sua própria empresa (empresarial); os que empreendem nas empresas em que são empregados (intra-empreendedorismo); e o mais recente, destaca-se o empreendedor social, ambiental e institucional (que trabalha nas relações entre empresas).
O turismo inseriu-se no complexo setor de serviços e é influenciado pelos avanços tecnológicos e mercadológicos de áreas de ponta como o entretenimento e a segmentação de produtos e serviços nas sociedades cada vez mais pluralistas e democráticas. Compreender essas transformações sociais, intensificadas nas últimas décadas, é decisivo no planejamento estratégico e na operação das atividades turísticas de lazer e entretenimento (TRIGO, 2005).
Os centros urbanos concentram boa parte da indústria de entretenimento no Brasil, uma tendência que se explica pela proximidade com o mercado-alvo, que é a população dessas localidades.
Uma das maiores buscas das pessoas atualmente são o lazer e o entretenimento. Atividades estas, que lhes proporcionem distração e recreação, fazendo com que seus problemas pessoais fiquem em segundo plano, mesmo que seja por algumas horas. E este tem sido um dos fatores preponderantes dos novos tempos.
A vida corrida, a busca por grandes realizações profissionais, a competitividade, a globalização e o avanço da tecnologia tem deixado as pessoas mais ansiosas por seu futuro e esquecem-se de viver o presente. Portanto, a indústria do entretenimento tem demonstrado uma enorme capacidade de crescimento nos últimos anos em todo o mundo. No Brasil, esse mercado está aberto, com uma grande demanda, e poucas opções de entretenimento com qualidade.
Para entendermos melhor esse mercado em crescimento, precisamos saber que entretenimento, segundo o dicionário da língua portuguesa Alpheu Tersariol, significa o ato de divertimento, distração; ou seja, um conjunto das atividades relacionadas à qualidade de vida, e que se refere a locais destinados a propiciar divertimento, dotado de equipamentos e serviços indispensáveis à atividade turística. Dentre as atividades de entretenimento como bares, centros de exposições e convenções, hotéis, restaurantes, danceterias, existe também, e considerado o mais atrativo, são os parques de diversões, que mobilizam milhões em investimentos; multidões são atraídas de diversos pontos do país, gerando empregos diretos e indiretos.
Uma das maiores alternativas para o turista e a população residente de determinada região são os parques, que por sua vez, é um mercado atraente e está diretamente ligado ao contato com o cliente. Com isso, deve-se treinar e preparar mão de obra adequada para que seja receptiva, capaz de cativar o visitante, motivando-o a retornar.
Os parques são áreas extensas e delimitadas, com uma superfície considerável. Para o professor Mário Beni (1998, p. 275) destinam-se a fins científicos, culturais, educativos e recreativos. O segredo de um parque capaz de divertir adultos e crianças de todas as idades é fazer com que a realidade pareça sonho e os sonhos se misturem à realidade, diz OLIVEIRA (1998).
A importância desse segmento para o turismo pode ser sentida no incremento dos investimentos privados e públicos, na geração de emprego e renda onde se instala.
O parque é um mundo mágico que tira o visitante do cotidiano e proporciona entretenimento para adultos e crianças num ambiente alegre, iluminado e divertido. O principal objetivo é proporcionar um lugar onde o bom humor, a descontração, o lazer e a recreação estão sempre presentes.
2.1 EMPREENDEDORISMO, TURISMO, LAZER E ENTRETENIMENTO
O mundo empresarial pertence cada vez mais aos empreendedores, àqueles que identificam as oportunidades e sabem quando e como aproveitá-las. Cada ano que passa, o número de pessoas que decidem sair do atual emprego, para uma aventura em busca de um sonho vem aumentando cada vez mais. Porém, com o constante aumento do desemprego, muitos ex-funcionários de empresas tem se jogado, sem qualquer experiência ou preparo, na aventura de montar um negócio próprio, com o sonho de independência financeira, de liberdade e de ficar rico. O futuro empreendedor, por sua vez, deve compreender as regras do jogo antes de jogar e se convencer, que há uma possibilidade de sucesso no futuro empreendimento.
A força que empurra o empresário para o sucesso é, sem duvida, a vontade de enfrentar o desafio de abrir o próprio negócio. O empreendedorismo tem se mostrado um grande aliado do desenvolvimento econômico, pois tem dado suporte à maioria das inovações que têm promovido esse desenvolvimento. Os países desenvolvidos têm dado uma atenção especial e apoiado as iniciativas empreendedoras, por saberem que são a base do crescimento econômico, da geração de emprego e renda. O interessante de toda a sociedade em relação aos pequenos negócios é explicado pelo seu grande significado político e econômico. Político porque as micro e pequenas empresas funcionam como um fator de equilíbrio da estrutura empresarial brasileira e coexistem com as grandes empresas. Econômico porque geram grande número de empregos, por isso, contribuem muito na geração de receitas e na produção de bens.
O empreendedorismo busca a auto-realização de quem utiliza este método de trabalho, estimula o desenvolvimento como um todo e o desenvolvimento local, apoiando a pequena empresa, ampliando a base tecnológica, criando empregos, evitando armadilhas no mercado que está incidido. Uma pessoa empreendedora precisa ter características diferenciadas como a originalidade, flexibilidade e facilidade para a negociação, saber contornar e tolerar os erros, ter iniciativa e otimismo, ser visionário para negócios futuros. O empreendedor de sucesso é aquele que certamente ajuda na economia de uma nação crescer. Inova o mercado com produtos e serviços diferenciados, consegue oferecer atendimento personalizado aos clientes, é fiel aos seus fornecedores e cria verdadeiras mudanças de comportamento.
Para DORNELAS (2001), o empreendedor precisará assumir riscos, pois arriscar conscientemente é ter coragem de enfrentar desafios, de tentar um novo empreendimento, de buscar os melhores caminhos; por sua vez, identificar as oportunidades é ficar atento e perceber, no momento certo o que o mercado oferece e reunir as condições propícias para a realização de um bom negócio. O conhecimento, organização e independência são três fatores indispensáveis para o empreendedor, pois quanto maior o domínio de um empresário sobre um ramo de negocio, maior será sua chance de êxito. Ter capacidade de utilizar recursos humanos, materiais, financeiro e tecnológico de forma racional, ou seja, ter o senso de organização. Ele precisa determinar seus próprios passos, abrir seus próprios caminhos, buscar independência é meta importante na busca do sucesso.
Liderar é saber definir objetivos, orientar tarefas, combinar métodos e procedimentos práticos, estimular as pessoas no rumo das metas traçadas e favorecer relações equilibradas dentro da equipe de trabalho, em torno do empreendimento. Existe uma importante ação que somente o próprio empreendedor pode e deve fazer pelo seu empreendimento: planejar, planejar e planejar. Muito do sucesso creditado às micro e pequenas empresas em estágio de maturidade é devido ao empreendedor que planejou corretamente seu negócio e realizou uma análise de viabilidade criteriosa do empreendimento antes de colocá-la em prática.
No entanto, a maioria dos negócios, no caso do Brasil, são baseados no empreendedorismo de necessidade, isto é, não são baseados na identificação de oportunidades de negócio e na busca de inovação e negócios diferenciados, mas apenas no suprimento das necessidades básicas de renda daquele que empreende, para que tenha condições de subsistência, mantendo a si e sua família. São negócios informais, focados no momento presente, sem planejamento, sem visão de futuro, sem a identificação de oportunidades e nichos de mercado, sem o comprometimento com o crescimento e com o desenvolvimento econômico. (DORNELAS, 2003, p. 6-9)
Mas, saber se uma oportunidade realmente existe não é fácil, pois estão envolvidos diversos fatores, entre neles o conhecimento do assunto ou o ramo de atividade em que a oportunidade está inserida, seu mercado, os diferenciais competitivos de produtos e/ou serviços para a empresa, etc. Antes de qualquer coisa o empreendedor deve avaliar a oportunidade que tem em suas mãos, para evitar a perda de tempo e recursos em uma idéia que talvez não agregue tanto valor ao futuro negócio.
O turismo, como uma oportunidade de negócio, por sua vez, envolve uma multiplicidade de serviços: transporte, hospedagem, alimentação, agenciamento, intérprete e tradutor, guia turístico, organização de eventos, entretenimento, etc. É, portanto, uma das atividades que mais cresce no mundo. Por permitir rápido retorno do investimento, gerar empregos diretos e indiretos e por sua ligação com os mecanismos de arrecadação. É, portanto, a atividade que mais contribui para o desenvolvimento de diversos países.
Assim como as demais atividades humanas, o lazer e o turismo estão sujeitas a diversas transformações. Conforme Pires (2001), a atividade turística pressupõe a devida estruturação do núcleo receptor para receber visitantes nacionais e internacionais, o que envolve um planejamento cujo objetivo seja racionalizar as providências que serão desenvolvidas para fazer de uma cidade um grande destino turístico.
Assim, o turismo pode ser considerado uma forma de produção, distribuição e consumo de bens e serviços voltados para satisfazer o bem estar do indivíduo ou coletivo. Para a EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo), o turismo é o gerador de deslocamentos temporários e voluntários de pessoas para fora dos limites da região em que tenham residência fixa, por um motivo qualquer, desde que não seja para desenvolver atividade remunerada no local a ser visitado.
Beni (2003) analisando as características do turismo destaca-o como um eficiente meio para:
1. promover a difusão de informação sobre uma determinada região ou localidade, seus valores naturais, culturais e sociais;
2. abrir novas perspectivas sociais como resultado do desenvolvimento econômico e cultural da região;
3. integrar socialmente, incrementar (em determinados casos) a consciência nacional;
4. desenvolver a criatividade em vários campos;
5. promover o sentimento de liberdade mediante a abertura ao mundo, estabelecendo ou estendendo os contatos culturais, estimulando o interesse pelas viagens turísticas.
Butler (1980) faz alusão ao ciclo de vida de uma destinação turística envolvendo as etapas de investimento, desenvolvimento, exploração, consolidação, estagnação, declínio e rejuvenescimento. Por isso a importância que se dá ao estímulo para a inovação, a criação de novos serviços turísticos capazes de motivar o turista a retornar e querer sempre mais. Mas para isso é imprescindível que seja elaborado um excelente planejamento. Segundo Boiteux e Werner (2002), o planejamento é um instrumento de gestão de determinado espaço e a otimização dos recursos disponíveis num território, levando-se em conta que o turismo pressupõe uma confluência de diversas áreas do saber integradas para se alcançar a excelência na prestação de serviços favorecendo a continuidade de um processo de personalização e diferenciação da oferta turística, e possibilitando o nascimento de uma realidade própria e convincente.
Partindo desse pressuposto turístico, podemos considerar o lazer e o entretenimento como uma das atividades mais procuradas pela população local de determinada região, bem como para o turista que chega e quer se divertir. É de se imaginar que o tempo de lazer torne-se ainda mais importante em um futuro breve, especialmente quanto mais competitivos se tornarem os negócios. O entretenimento, portanto, é uma válvula de escape que recupera as pessoas e as faz trabalhar e enfrentar novamente uma carga de trabalho, com mais disposição. Por certo, a interatividade dos jogos e a capacidade de abstração que os diversos modos de entretenimento atuais sugerem, permitirão às pessoas se tornarem mais aptas a se divertir de formas diferentes e inovadoras.
A área de lazer e entretenimento vem atraindo grandes investimentos num contexto em que é vendido o lazer como prazer e diversão ao alcance de todos: um gozo ilusório estimulado pela fantasia (FEATHERSTONE, 1995).
Para cada tipo atividade de lazer existe um equipamento especifico. Os equipamentos de turismo caracterizam-se como equipamentos destinados a programação turística em geral, associando hospedagem e atividades recreativas. Quanto ao tempo que ocorrem, para o turista, geralmente são em temporada de férias, em períodos determinados, em feriados e nos fins de semana. Ou pode ser também, no período de pacotes turísticos programados.
Dumazedier (1979), diz que o lazer entende-se como um conjunto de ocupações as quais o individuo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se ou recrear-se e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntaria ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais. Trata-se, portanto de um conceito que engloba muitas atividades. Mas todas têm em comum o fato de serem praticadas com prazer, nas horas de folga, sem caráter de obrigatoriedade e de serem produtivas.
Uma das alternativas para atividades recreativas de lazer são os parques de diversão ou centros de recreação. Segundo Santos (2000/2001), analisar os parques de diversões como espaços destinados a atividades de lazer, significa analisar todo o conjunto de impactos que esses parques causam nas localidades onde estão instalados, levando em consideração os aspectos geográficos, demográficos, ambientais, tecnológicos, urbanísticos e sociais.
Os parques de diversões surgem como elementos fundamentais na busca do entretenimento e na prática do lazer uma vez que, podem proporcionar formas de relaxamento e alívios de tensões nervosas, entrosamento social e favorecer a auto expressão, através de um lazer criativo.
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo aqui desenvolvido teve a finalidade de analisar a atividade empreendedora, relacionado à manifestação de interesse do turismo em empreender. Assim consideramos e delimitamos a atividade turística para a crescente indústria do lazer e entretenimento destinado àqueles que desejam desfrutar de momentos prazerosos e divertidos com a família e amigos.
Situando o lazer em nosso tempo, verifica-se que o seu crescimento e valorização são frutos da mercantilização da sua prática. Constatou-se que o lazer é uma lucrativa fonte de recursos através das mais variadas opções existentes, entre elas, os parques de diversões.
Ao invés de ser considerado apenas como oportunidade para promover a diversão e o entretenimento alienantes, o lazer deveria ser encarado como uma possibilidade de promover a qualidade de vida dos sujeitos enquanto cidadãos que buscam momentos lúdicos e enriquecedores no seu dia-a-dia, facilitando os meios de expressão de sua identidade.









3. REFERÊNCIAS

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________________. Análise estrutural do turismo. São Paulo: Ed. SENAC, 2003.
BOITEUX, Bayard; WERNER, Mauricio. Promoção, entretenimento e planejamento turístico. São Paulo: Aleph, 2002.
BUTLER, R.W. The concepto f a tourist area life cycle of evolution implications for management of resources. Canidian Geographa, vol. 24, p. 5-12, 1980.
DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo Corporativo. Ed. Campus: Rio de Janeiro, 2003.
__________________________. Empreendedorismo Transformando Idéias em Negócio. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
DUMAZEDIER, Jofre. Lazer e Cultura Popular. São Paulo: 1979. Tese (mestrado), FFLCH / SP.
FEATHERSTONE, Mike. Cultura de consumo e pós-modernismo. São Paulo: Studio Nobel, 1995.
FILION, L. J. Sistemas gerenciais de empreendedores e operadores de pequenos negócios. Revista de Administração de Empresas ? RAE, Vol. 39, N. 4, p. 6-20, Out.-Dez. 1999.
_____________. Carreiras empreendedoras do futuro. Revista Sebrae. Brasília, Vol. 1, p.35-51, Out.-Dez. 2001
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PIRES, Mário Jorge. Lazer e Turismo Cultural. Ed. Manole. 1 edição brasileira, 2001. (www.manole.com.br).
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