Yloma Fernanda de Oliveira Rocha

Faculdade de Ensino Superior do Piauí-FAESPI

RESUMO: O presente artigo é resultado de uma pesquisa acadêmica, realizada no Hospital Público da cidade de Teresina-Piauí, com o objetivo de promover uma investigação cientifica sobre os fundamentos da educação para pessoas com necessidades especiais, no que se refere as modalidades de atendimento pedagógico.Atualmente, acompanhamos vários movimentos de efetivação dos direitos,através da cidadania.Nesse confronto político democrático se põe em foco o processo de humanização na área da saúde e de inclusão na área da educação.Esta inclusão se dá a partir do momento em que o usuário do sistema de saúde,em especial a criança, e aquela considerada especial ou não, esteja exclusa do seu direito educacional. O processo metodológico levou em consideração análise qualitativa dos dados coletados bibliograficamente . Ao final da pesquisa concluímos que a referida instituição extra-escolar, ainda não reconhecem de forma precisa e complexa a importância da atuação do pedagogo e da educação escolar hospitalar como modalidade de atendimento da Educação Especial, e esta ainda não é executada em nossa cidade.Também concluímos que as ações educativas, nem sempre são desenvolvidas e executadas por pedagogos, demonstrando, que o atendimento educacional na área da saúde ainda não é prioridade no nosso país, se observando o descaso para com os direitos das crianças e efetivação de sua cidadania.

Palavras-chave: Educação. Cidadania. Hospital.

INTRODUÇÃO:

A criação de classes escolares em hospitais é produto do reconhecimento de que crianças hospitalizadas, independente do período de permanência na instituição, tem necessidade educativa e direitos de cidadania,que inclui a escolarização.

Isto não é um fenômeno recente.  Fonseca e Ceccim (1999) abordam o assunto e esclarecem que, a partir da segunda metade do século XX, observou-se que, em países desenvolvidos, como Inglaterra e Estados Unidos, orfanatos, asilos e instituições que prestavam assistência a crianças violavam aspectos básicos do desenvolvimento emocional das mesmas, por falta de atendimento integral.  Surgiu assim a iniciativa de implementar experiências educativas para crianças e adolescentes internados em instituições hospitalares.Com o decorrer do tempo, esta realidade foi sendo implementada nos hospitais brasileiros.

Percebe-se que em nosso país,a escolarização de crianças hospitalizadas não possuem atenção efetiva por parte dos governantes e poderes públicos,tanto a nível federal,quanto estadual e municipal.A efetivação desta modalidade de educação ainda não é prioridade no Brasil.As leis brasileiras reconhecem o direito e o dever das crianças hospitalizadas possuirem atendimento pedagógico-educacional.Contando com a formulação da Política Nacional de Educação Especial(MEC/SEESP,1994,1995).Esta lei propõe que a educação em hospitais seja realizada através da organização de classes hospitalares.(FONSECA,1999).

Vale ressaltar que esta criança ou adolescente internado possui sonhos,desejo e possibilidades de desenvolver seus aspectos cognitivos e educacionais.

METODOLOGIA:

Com base em conteúdos estudados em sala de aula,bem como o projeto acerca dos tipos de atendimento educacional especial intitulado "Educando pessoas com Necessidade Especial: em que posso servi-lo?" que tem como objetivo promover uma investigação cientifica sobre os fundamentos da educação para pessoas com necessidades especiais, no que se refere às modalidades de atendimento pedagógico.

Assim para a realização deste trabalho foi feito pesquisa do tipo bibliográfica e de campo. Neste contexto, durante a referida pesquisa bibliográfica, os procedimentos utilizados foram análise documental acerca do plano de ação e projetos de intervenção da equipe técnica pedagógica da instituição pesquisada, para se reconhecer o norte do trabalho da Instituição e suas ações como um todo.Vale ressaltar que foi utilizado ainda observação sistemática para haver apreensão da realidade.

A pesquisa em questão é de natureza qualitativa, uma vez que trabalha a subjetividade dos sujeitos envolvidos, não utilizando-se de análises numéricas e ou quantitativas que não levam em consideração a subjetividade dos indivíduos e nem o contexto o qual está inserido,onde limita-se o estudo uma vez que não considera a dialética dos fatos.

Com relação aos sujeitos da pesquisa, este foi a psicopedagoga responsável pelo atendimento pedagógico hospitalar, crianças internas atendidas pela pedagogia hospitalar, funcionários dos hospital que atendem estas crianças.

Através da presente metodologia pode-se apreender uma realidade,bem como conhecimentos significativos para o contexto do acadêmico,percebendo a relevância da pesquisa durante a graduação.

RESULTADOS:

Através da pesquisa se observou que a presente instituição não possui atendimento de classe hospitalar, bem como não possui nenhum atendimento especial para as crianças com necessidades especiais.

Entretanto, vale ressaltar que a mesma possui um atendimento pedagógico através de uma brinquedoteca,um espaçopara crianças internadas que são assistidos por psicopedagoga,psicóloga,terapeuta ocupacional e fisioterapeuta,dependendo das condições de saúde do paciente interno.

A brinquedoteca atende crianças da capital de Teresina,Estado do Piauí,Maranhão e Pará.Com relação aos aspectos físicos esta é,bastante agradável não sendo sala de aula,decorada com temas infantis,contendo mesas e cadeiras adaptadas às crianças e seus pais,bem como para adolescentes.Estantes com materiais didáticos, contendo jogos, brinquedos,como quebra-cabeça,gira-gira adaptado á brinquedoteca, casinhas, piscina de bolas e chão carpetado. Já os aspectos pedagógicos são desenvolvidas atividades lúdicas, livro de história, atividade de pintura, desenho e montagem brinquedos e CDs com músicas infantis.

Contudo, a referida instituição não possui classe para atendimento de crianças especiais ou não, bem como a brinquedoteca não disponibiliza de profissionais preparados para este fim, de desenvolver habilidades nas crianças especiais através da ludicidade.

CONCLUSÃO

Vimos no decorrer do presente trabalho que a classe especial hospitalar é um direito previsto por lei,e que no Brasil existem 67 classes hospitalares em funcionamento (AMARAL,2000 p. 01).Elas constituem uma extensão da escola, isto é seguindo o mesmo conteúdo didático sugerido pelo município,atendendo crianças e jovens desde a Educação Infantil até a quarta série do ensino fundamental.Gohn (1999 p. 98,99) ) acrescenta que a educação não-formal designa um processo com quatro campos de dimensões, entre eles, um que abarca aprendizagem dos conteúdos da escolarização formal, escolar, em espaços diferenciados – o que inclui a classe hospitalar. 

Este atendimento educacional iniciou com um tipo de modalidade de atendimento especial,mas se expandiu para todas as crianças,prevendo assim a efetivação dos seus direitos.Pouco se divulga sobre as classes hospitalares.Sendo o presente trabalho preponderante para o enriquecimento de questões complexas acerca da educação na saúde.

A prática pedagógica nesse espaço exige dos profissionais envolvidos maior flexibilidade e capacitação, por tratar-se de uma demanda que se encontra em constante modificação, tanto em relação ao número de crianças que irão ser atendidas pelas professoras bem como no que diz respeito ao tempo que cada uma delas permanecerá internada e ainda o fato de serem crianças e jovens com diferentes patologias, requisitando diferentes intervenções.  Logo, a atuação na classe hospitalar requer compreensão para a peculiaridade de que, mais do que em outras instituições, não existe um planejamento perfeito, uma cartilha de respostas a ser seguida, mas sim um desafio de se traçar, a partir de temas geradores, percursos individualizados.(AMARAL,2000 p.2).

Contudo as classes hospitalares são formas de garantir os direitos das crianças hospitalizadas, dando momentos de recreação, socialização efetivando a humanização na saúde. O trabalho pedagógico nestas classes deve ser desenvolvido pelo pedagogo,um profissional capaz de mediar as transformações sociais e educacionais das crianças,vendo-o como um ser social inserido num contextodotado de limites, possibilidades, ansejos e desejos os quais devem ser respeitados promovendo a cidadania da criança.

REFERENCIAS

AMARAL, D.P. Saber e Prática docente em classes hospitalares: um estudo no município do Rio de Janeiro. Dissertação (mestrado em Educação). Rio de Janeiro: UNESA, 2000.

 BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial.  Política Nacional de Educação Especial. Brasília, MEC/SEESP, 1994, 66p.

 BRASIL. Conselho nacional dos direitos da criança e do adolescente. Resolução no 41, de 13 de outubro de 1995. 

Direitos da criança e do adolescente hospitalizados.   Diário Oficial, Brasília, 17 out. 1995.  Seção 1, pp. 319-320.

 CLASSE HOSPITALAR: atendimento pedagógico-educacional para crianças e jovens hospitalizados. Apresenta dados, informações e bibliografia sobre o atendimento de crianças e jovens hospitalizados, 1997-2001, Disponível em <http://geodesia.ptr.usp.br/classe>. Acesso em: 21 ago. 1999.

 FÁVERO, O. Tipologia da educação extra-escolar. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, Instituto de Estudos Avançados em Educação, 1980.

 ______. Classe hospitalar: ação sistemática na atenção às necessidades pedagógico-educacionais de crianças e adolescentes hospitalizados. RevistaTemas sobre Desenvolvimento, São Paulo,  v. 7, no 44, pp.32-37, mai/jun, 1999.

 FONSECA, E. e  CECCIM, R. Atendimento pedagógico-educacional hospitalar: promoção do desenvolvimento psíquico e cognitivo da criança hospitalizada. Revista Temas sobre Desenvolvimento, São Paulo, v.7, no 42, pp.24-36, jan./fev., 1999.

 GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal e cultura política: impactos sobre o associativismo do terceiro setor. São Paulo: Cortez, 1999. (coleção questões da nossa época, v.71).

MARCONI, Marina de Andrade.Técnicas de Pesquisa: planejamento e execução de pesquisas e amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração e análise de interpretação de dados. 5 ed. São Paulo: Atlas,2002.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.