Ao longo do tempo, a educação tem apresentado papéis diferentes, devido à realidade tão oscilante da situação atual.  Por isso, sabe-se que novos perfis de profissionais começaram a ser exigidos nesse meio, agregando valor ao trabalho prestado em cada instituição de ensino. O pedagogo tem sido um desses que colaboram com seu conhecimento para melhorar o ensino, já que tem uma forma diferente de visualizar os conflitos ocorridos no ambiente educacional.

Um fato importante é a falta de percepção da sociedade quanto ao preparo do professor, pois este precisa estar alerta a todas as mudanças que acontecem em seu ambiente de trabalho, devendo se preparar para as novas situações que se apresentarem diante dele. Assim, a formação do professor em relação ao ensino diferenciado é uma preocupação necessária.

Desse modo, João Carlos Martins afirma que o papel do professor precisa contemplar a criação de condições para que os alunos se tornem cidadãos que pensem e atuem por si mesmos, que sejam pessoas livres de manipulações e conduções externas e que consigam ter a capacidade de pensar e examinar criticamente as idéias que lhes são apresentadas e a realidade social que partilham. A efetivação disso, só poderá ser realizada com a contribuição de indivíduos preparados para resolver problemas que possam vir a surgir no processo e ensino, já que, João Carlos Martins evidencia: “Como seres humanos e, portanto, ontologicamente sociais, passamos a construir a nossa história só e exclusivamente com a participação dos outros e da apropriação do patrimônio cultural da humanidade.”

Portanto,a intenção é deixar clara a forma como  o pedagogo é visto dentro da escola, como os professores vêem sua intervenção, pois, é visível, por meio de experiências do cotidiano, que grande parte dos  profissionais da educação não entendem bem o por quê de ter alguém da área de pedagogia no processo ensino-aprendizagem, colaborando, dessa maneira para um bloqueio ou não aceitação desse profissional como uma alternativa de apresentar melhores resultados na educação.

Avaliações como esta que levam em conta a colaboração de outros profissionais na educação escolar é fundamental no âmbito de ensino-aprendizagem, porque evidencia um progresso qualitativo para o ensino. Então, trabalhar com um trabalho de pesquisa de campo que contemple, na realidade, como teorias educacionais se processam, é muito importante, pois abre espaço para refletir acerca de melhorias.

A imagem do profissional da pedagogia visa interferir em espaços que o professor, talvez, não consiga atingir resultados satisfatórios, já que segundo a teoria sociointeracionista de Vygotsky, o desenvolvimento humano acontece a partir do momento que um organismo ativo cujo pensamento é constituído em um ambiente histórico e cultural reconstrói internamente uma atividade externa, como resultado de processos interativos que se dão ao longo do tempo.

João Carlos Martins mostra que, a interação entre membros mais experientes com menos experientes de uma dada cultura é parte essencial da abordagem vygotskiana, principalmente quando relacionada ao conceito de internalização: é ao longo do processo interativo que as crianças aprendem como abordar e resolver problemas variados. É por meio do processo de internalização que as crianças começam a desempenhar suas atividades sob orientação e guia de outros e, aprendem a resolvê-las de forma independente.

Tal integração entre indivíduos de experiência diferente, segundo o pensamento de Vygotsky deve ocorre na escola. Entretanto, na instituição pesquisada o que ocorre é a falta de um (a) pedagogo (a), pessoa esta que poderia contribuir muito num processo de interação e compartilhamento de experiências com o professor que tivesse necessidade de auxílio para  lidar com algum fato em  sala de aula.

 Outro aspecto também visualizado se refere à relação entre falta de conhecimento e um pouco de rejeição quanto à presença do pedagogo (a), já que os professores não demonstram aceitabilidade de outro profissional, interferindo em seu trabalho, achando  que podem realizar sua prática de ensino, sem colaboração de outros.

Quando se refere a uma sala de aula, local destinado ao ensino, logo se imagina um processo interativo, onde todos poderão falar apresentar hipóteses e tirar conclusões que colaborem para o aprendizado do aluno, visto como parte de um processo dinâmico de construção. Logo, fica claro que o grupo escolar constituído de toda equipe: alunos, pais, professores, alunos, coordenadores, enfim, deve estar atento às necessidades do processo de ensino-aprendizagem e criar condições para que isso aconteça.

Durante a pesquisa de campo, quanto à direção da escola foi notório o entendimento mais aguçado em relação à importância do pedagogo, acreditando que esse profissional será mais um colaborador para o ensino. Mas, o que é perceptível, também é que o papel do pedagogo acaba sendo realizado por todos, ora o coordenador ou mesmo o diretor resolve conflitos que deveriam ser trabalho de um profissional de pedagogia.

 Quanto aos alunos, pelo que foi possível notar, não entendem muito quem é o pedagogo, qual sua função, seu trabalho. Provavelmente, acham que é mais uma pessoa trabalhando na escola. A explicação disso aos alunos ainda não é realizado, o que deveria para que, quando fosse necessária a presença desse profissional na escola, todos soubessem quando solicitá-lo.

Então, observa-se que para o pedagogo, o principal obstáculo poderia ser, conforme mostra a entrevista do diretor, lidar com a falta de conhecimento quanto à sua função dentro da escola e com a não aceitação de sua colaboração no processo de ensino-aprendizagem por parte de professores e alunos, pois esses acreditam que suas liberdades estariam sendo abortadas.

Fica claro, então, que ainda há uma trajetória a ser completada para a completa inclusão e aceitação do pedagogo na escola avaliada, pois o papel desse profissional ainda não foi bem compreendido. É necessário perceber que a intervenção de profissionais qualificados e mais experientes na vida escolar dos alunos, ajuda a criar espaços diferenciados de interlocução, sendo muito essencial no desenvolvimento e constituição do modo de ser social. E, a escola precisa garantir a análise avaliativa e reflexiva sobre a realidade e a iniciação da sistematização do conhecimento socialmente construído.

  Referências:

 

LA TAILLE,Yves, OLIVEIRA, Marta K., DANTAS, Heloisa. Piaget, Vygotsky, Wallon:

teorias psicogenéticas em educação. São Paulo: Summus, 1992.

LURIA, Alexander R., LEONTIEV, Alexis N., VYGOTSKY, Lev S. Psicologia e pedagogia. São Paulo: Moraes, 1991.

 

OLIVEIRA, Marta K. de. Vygotsky. aprendizado e desenvolvimento, um processo histórico. São Paulo: Scipione, 1993.

RIVIERE, Angel. La psicologia de Vygotsky. Madri: Visor, 1988.

SMOLKA, Ana L. B., GOES, M. C. R. (Orgs.). A linguagem e o outro no espaço escolar. Vygotsky e a construção do conhecimento. Campinas: Papirus, 1993.

VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987

http://togyn.tripod.com/o_papel_das_interacoes_na_sala.pdf, acessado em 09/05/2015.