O tema diversidade cultural é de extrema importância para nós futuros docentes, visto que vivemos num país multicultural​, portanto, até a implantação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, as quais abordam o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena e suas contribuições na formação da sociedade nacional nas áreas social, econômica e política na história do Brasil; havia uma negação de suas contribuições à história nacional. 

O tema adversidade cultural vem obtendo relevância nas diversas áreas do conhecimento, elaborações de políticas públicas vêm sendo desenvolvidas para atender às diferenças intrínsecas e extrínsecas à condição humana. No entanto, não bastam mudanças nos currículos escolares se não ocorrer mudança na prática do professor.

Desde os estudos de Marx e Engels, a principal função da educação é combater a alienação e a desumanização, ocasionadas pela educação a serviço da classe dominante. A educação deveria ser de cunho gratuito, mas sem atrelamento às políticas do Estado. Na visão de Vygotski as interações sociais são centrais, estando os processos de aprendizagem e desenvolvimento inter-relacionados. É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais. A partir da Constituição de 1988 etnias inferiorizadas foram progressivamente ganhando espaço nas políticas educacionais. Após 2002 são implementadas medidas mais firmes em favor das populações historicamente marginalizadas.

A escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadeia o processo ensino-aprendizagem. O professor deve estar atento em propiciar ambiente que desenvolva habilidades cognitivas no aluno, bem como, ligar a criança à sociedade que a rodeia (família, comunidade, etc). Apesar dos avanços legais, os recursos orçamentários ainda são muito escassos e a vontade política nem sempre presente. O compromisso deve estar institucionalizado para não ficar restrito a ações individuais de alguns professores, visto que é um tema interdisciplinar.

A Educação Física tinha como parâmetros o esporte do rendimento, o preparo militar pautado em avaliações por resultados, recordes, classificações; ocorrendo a exclusão ou segregação de alguns alunos em detrimento a outros. No Brasil, possui a influência da cultura européia que, necessitava a formação de patriotas, ou seja, o corpo a serviço do capitalismo. Associa a Educação Física às tecnologias e fazê-la tema de debates, discussões, fóruns e outros meios é parte integrante de um saber global e necessário a todos os alunos.

Logo, podemos trabalhar na Educação Física temas sobre a cultura afro-brasileira e indígena da seguinte forma:

  • ​A dança afro-brasileira e indígena promovendo a identidade racial, cultural e favorecendo a interdisciplinaridade;
  • Origem e aspectos históricos da capoeira, bem como a contextualização da cultura afro-brasileira e o conteúdo do tráfico negreiro;
  • Corpo: som e movimento
  • Desconstrução do preconceito racial nos esportes;
  • Atividades relacionadas a diversidade cultural, rompendo barreiras e promovendo a autonomia pelo conhecimento de suas raízes, história e linguagem;
  • Atividades que promovam a preservação de valores culturais e sociais pela influência negra na formação da sociedade brasileira, no processo de desenvolvimento social, político e econômico.

Com a intenção de promover a Educação Física em prol da transformação da escola, de modo a incentivar o respeito e a convivência com as diversidades, necessita-se questionar: Qual é o modelo de escola que desejamos? Se não houver mudanças das práticas nas atitudes em relação às diferenças, de modo a eliminar o preconceito e a discriminação, a inclusão permanecerá apenas de direito e não de fato. Apesar dos avanços legais, os obstáculos ainda são grandes, cabe a nós, futuros docentes, mudar esse cenário.