O texto na sala de aula de Inglês: sugestão de uma atividade prática para o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita

SANTOS, Rodolfo Rodrigues Pereira dos.
1. Introdução
A diversidade de materiais didáticos para o ensino de Língua Inglesa, doravante (LI) compreende um amplo universo de possibilidades e sugestões de atividades que visam o desenvolvimento das habilidades linguísticas do aprendiz, variando desde materiais impressos a materiais de multimídia e telecomunicações.
Referente ao uso de materiais impressos mais utilizados no contexto sala de aula, podemos citar os livros didáticos, que segundo definições da ABNT 14869, constituem referenciais para o desenvolvimento de conhecimentos contidos nas matérias estabelecidas pelas diretrizes curriculares nacionais de ensino, permitindo ao educando incorporar o conhecimento de forma estrutural e progressiva, desenvolvendo sobremodo, seu senso crítico, sua capacidade de mudança e participação na sociedade na qual está inserido. Constituindo assim, ferramenta principal de auxílio ao professor em suas atividades didático pedagógicas. No entanto, não significa dizer que eles sejam os únicos recursos disponíveis para o desenvolvimento da aprendizagem.
Os materiais de multimídia vêm sendo amplamente introduzidos no contexto de sala de aula de Inglês. Seja do simples uso de projetores de slides, as mais modernas apresentações de conteúdos animados em flash com imagem e som. Outra ferramenta didática e de exploração para o desenvolvimento das habilidades linguísticas do aprendiz tem sido os materiais de telecomunicações, tais como e-mails, chats, videoconferências e sites de relacionamentos sociais. Considerando que maioria dos jovens faz uso destas ferramentas, o professore pode utilizá-las a fim de propor atividades que as explorem e ao mesmo tempo funcionem como um meio de desenvolvimento do conhecimento a ser apropriado pelo aprendiz.
Com estes instrumentos o professor pode explorar desde gêneros textuais - trabalhando a leitura -, até mesmo atividades comunicativas através de salas de bato papo por meio de produção textual através de trocas de e-mails e programas virtuais.
Mas, se por um lado a diversidade é imensa, considerando a quantidade disponível, por outro há uma preocupação na qualidade oferecida por estes materiais que nem sempre é adequável a metodologia adotada para o ensino. Em se falando em metodologia, vale ressaltar que ao se usar determinado material, independente de sua forma, deve-se definir a metodologia a ser aplicada, assim como também os procedimentos metodológicos que irão executar os conteúdos. Pois, todo conteúdo demanda planejamento, execução e avaliação. O planejamento consiste na escolha do conteúdo a ser abordado em sala mediante os objetivos estabelecidos a fim de alcançar sua plenitude. A execução consiste em como serão aplicados os procedimentos metodológicos para executar as atividades. E a avaliação consiste em verificar e apontar o resultado da execução das tarefas em sala.
Durante a definição de uma atividade a ser desenvolvida em sala, devemos perceber que os materiais didáticos influenciam consideravelmente no processo de aprendizagem e em sua dinâmica. Com isso, faz necessário que ao se planejar uma atividade, devemos selecionar criteriosamente o material a ser utilizado, definindo os métodos de ensino, objetivos e habilidades lingüísticas a serem desenvolvidas.
Neste trabalho, desenvolveremos uma atividade prática para o ensino de Língua Inglesa (Ensino Fundamental) com apoio de materiais impressos e de telecomunicações, focalizando o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita mediante proposta de conteúdo curricular, buscando refletir de maneira clara o uso do texto em sala de aula para desenvolvimento das habilidades citadas. Contudo, convém ressaltar algumas considerações preliminares acerca destas duas habilidades, referenciado-as, ora teoricamente, ora de maneira pessoal.
1.1 Leitura: uma habilidade pessoal
A leitura está presente em todos os âmbitos de nossa vida. Seja através de um simples bilhete ou até mesmo da leitura de um manual de instrução. Seu valor é inegável as oportunidades que ela nos dá para adquirirmos novos conhecimentos. Pois é através dela que testamos hipóteses e previsões sobre o que iremos encontra em um texto. E a estas previsões é que atribuímos à leitura a possibilidade de construção de significados e não de mera reprodução de conhecimento.
Dentre todas as habilidades lingüísticas, a leitura é a mais pessoal das habilidades. Segundo HOLDEN (2009, p. 31), "a fala e a audição requerem uma segunda pessoa a quem falar e a quem ouvir, e a escrita, em geral, requer alguém a quem escrever. Por outro lado, a leitura acontece de maneira unívoca dependendo do grau de interesse de cada um". Assim sendo, a leitura acontece mediante pré-disposição do leitor e de seu conhecimento de mundo, sendo necessário não somente decodificação do signo linguístico, mas também conhecimento de mundo, conhecimento textual e não textual. O que se defini por conhecimento de mundo está baseado na experiência própria do indivíduo para "dialogar" com o texto. Caso ele seja desprovido deste conhecimento, o professor dever certifica-se a fim de prover este conhecimento. POERSCH (1999 Apud LIED 2002, p. 31) "diz que a leitura trabalha como um processo cognitivo que requer conhecimento prévio de ambos a língua e o mundo".
O conhecimento textual refere-se ao conhecimento do vocabulário, gramática e compreensão geral da linguagem que conforme POERSCH (1999 apud LIED 2002, p. 31) "envolve percepção visual e decodificação fonológica que emana o sistema gráfico". Deste modo, considera-se o processo de leitura como uma atividade de decodificação do sistema lingüístico, através de análise estrutural e de significados. O conhecimento não-textual implica ao uso de ilustrações, cores e tipologia dos caracteres e layout da página que interage o texto como um todo.
Assim, a atividade de leitura é um processo de construção de significados que envolve a habilidade de processar informações registradas no papel ou em uma tela (processo buttom up) e o conhecimento que leitor aciona para compreender um texto (processo top down). Segundo NUNAN (2006, p. 33),
Com o processo de buttom up, a leitura é vista como um processo de decodificação dos símbolos escritos, tais como vocabulário, prefixos e sufixos, marcadores discursivos, organização textual e conjunções, que irá trabalhar simultaneamente o processo top down que consiste em jogo de adivinhações em que o leitor utiliza seu conhecimento de mundo para fazer previsões sobre o que vai acontecer em um texto.
Deste modo, é através desses dois processos que a leitura acontece e atinge seu processo de compreensão do texto como um todo. Em se tratando de um texto para ser trabalhado em uma sala para alunos do ensino fundamental, ele deve não ser muito longo, uma vez que eles se sentem chateados com leituras muito longas e acabam se desinteressando antes de iniciarem o processo de leitura.
1.2 A natureza da escrita
Geralmente as atividades de escritas são destinadas a prática de um exercício lingüístico. Tais como, respostas a perguntas objetivas, pequenos textos de caráter descritivo ou narrativo e completar lacunas textuais. De modo geral, são poucos os professores que trabalham a escrita em suas aulas de língua Inglesa, e quando a trabalha, é apenas com o objetivo de aprimorar um item lingüístico que foi apresentado. Por outro lado, a atividade de escrita deve ir além da simples descrição de um fato ou da prática de respostas a perguntas objetivas. Ela deve ser vista como uma possibilidade de ampliar as ideias dos alunos, permitindo-os se expressar de diferentes maneiras. Mas para que isso aconteça é necessário entender que quando se escreve, escreve-se para alguém. Assim, o aluno deve ter a aquém escrever e não escrever somente por escrever.
É muito comum em aulas de produção escrita o professor dá um modelo de texto e pedir para que os alunos façam um texto semelhante, mudando apenas algumas informações. Não sabe ele, que esta atividade acaba reprimindo a capacidade de que o aluno tem de criar diferentes ideias sobre o texto que leu. Se, ao invés de levar um modelo pronto para a sala e pedir aos alunos que faça um texto semelhante, mudando apenas as informações, ele desse a oportunidade de os alunos escreverem aquilo que pensam, ele certamente desenvolveria a habilidade de escrita. Mas, vale salientar que para produzir um texto é necessário que haja um propósito comunicativo, um leitor para ele, e haja uma etapa pós-texto.
A escrita desenvolve ainda um papel importante no que diz respeito à memorização de vocabulário, organização estrutural de sentenças e a própria prática da ortografia ? como se escreve determinada palavra.
Mediante as menções feitas nestes tópicos percebe-se que tanto a leitura quanto a escrita são processos indissociáveis e que o desenvolvimento da leitura implica diretamente no desenvolvimento da escrita. E ao ensino de ambas deve ser traçados procedimentos metodológicos que busquem a efetivação dos objetivos estabelecidos no planejamento da aula. Esta última não deve ser traçada sem uma finalidade, além da tentativa de alcance dos objetivos, deve conceber atividades de avaliação que possam checar o êxito dos alunos.
2. Desenvolvimento
Esta atividade de aula prática propõe o uso do texto em sala de aula de Inglês como material didático para desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. Para uma melhor compreensão serão delimitados todos os passos de execução da aula.
Na primeira parte é sugerida uma atividade comunicativa na qual o professor lista algumas questões sobre o conteúdo a fim de elicitar respostas e certifica-se de que os alunos provem de conhecimento prévio para desenvolver a atividade de leitura a qual sucede a atividade de comunicação. Convém ressaltar, que esta aula tem, á priori, um propósito comunicativo entre seus participantes; que posterior a ela, o foco passa centra-se na atividade de leitura e por fim na escrita. Para a leitura e compreensão do texto os alunos irão utilizar os processos buttom up e top down já mencionados na introdução e pré-identificados na atividade comunicativa e pré-leitura do texto.
Para a produção escrita, considerar-se-ão os conhecimentos adquiridos nas duas primeiras atividades, sugerindo a exposição de ideias segundo escolha dos alunos que por fim serão apresentadas em sala, visto o caráter pós-leitura e fim comunicativo desta tarefa. A mesma direciona-se a alunos do ensino fundamental (oitavo ano) como reforço de estruturas verbais no Simple Present que acontece mediante as perguntas utilizadas na atividade de comunicação. Porém, vale lembrar que outras formas poderão ser empregadas conforme as ideias construídas pelos alunos.
Por ser uma atividade planejada para o ensino de Inglês, alguns tópicos estão na referida língua seguidos de suas respectivas traduções.

ATIVIDADE PRÁTICA
Content (conteúdo): Reading (leitura): email and internet
Grammar (gramática) / function focus: Question forms; making arrangements and building sentences
Time (tempo): 60 minutes to 120 minutes (depending on the group)
Skills (habilidades): speaking, reading and writing
Procedures (procedimentos)
Suggested lead in: Escreva as seguintes questões no quadro e discuta com seus alunos e peça-lhes para discutir em duplas: Do you use internet? How often do you use internet for? Do you have email? What is your email? How often do you send messages? Do you attach pictures to your e-mails? How often do you read emails? Who do you send email for?
Anote algumas respostas relevantes no quadro para aquisição de vocabulário e construções de respostas.
Introducing the reading task (introduzindo a tarefa de leitura)
Peça aos alunos que se dividam em dois grupos A e B. O número de alunos no grupo A deve ser o mesmo que no grupo B. Agora entregue aos alunos o e-mail abaixo:










Depois de divididos os grupos e após ter entregado os e-mails aos grupos, peça-lhes para ler o texto e selecionar as informações principais do texto, tais como pessoa sobre quem o texto fala, informações sobre essa pessoa, nome de lugares, propósito comunicativo do autor, construções verbais (verificação do tempo verbal empregado), palavras desconhecidas por eles, contexto de produção, uso de advérbios, conectivos (tipo and e but), dentre outros. Faça uma discussão sobre esses tópicos. Feito isso, pergunte-lhe se a tarefa foi difícil. Discuta quais palavras foram difíceis de compreender. Se houve alguma confusão de entendimento e quais as palavras que eles não conheciam e acabaram deduzindo o significado através do contexto ao qual ela foi utilizada.
Agora que foram feitas as tarefas de leitura e compreensão. Distribua o e-mail abaixo e peça aos alunos que a partir das ideias apresentadas pelo autor produzam um email com pensando em alguém que mora em outra cidade, país ou continente e que eles gostariam de enviar um e-mail a esta pessoa. Peça-lhes que antes de escrever pensem sobre aquilo que eles gostariam de fala. Encorajem a não adaptar o modelo mudando apenas as informações, mas sim escrever o que vir a mente deles. Quanto mais eles sugerirem ideias, melhor será para que eles enriqueçam seu vocabulário. Eles podem consultar o dicionário e pedir ajuda ao professor para construção das sentenças.
Modelo de e-mail









Quando todos terminarem de escrever, peça-lhes para ir até a frente da sala para ler seus e-mails. Depois que todos terminarem de ler, formule perguntas baseadas nos e-mails de cada um e peça-lhes para responder oralmente. Outra opção é pedi-lhes para interagir em duplas, perguntado em Inglês sobre o que o colega escreveu.
Peça-lhes que visitem sites de relacionamentos como o www.icq.com e batam papos com pessoas de vários países, podendo até trocar e-mails.
3.0 Conclusão
A escolha do material didático a ser utilizado em sala deve ser feita criteriosamente analisando o minuciosamente o tipo de atividade proposta por e quais procedimentos metodológicos deverão ser empregados para direcionar a atividade em sala. Outro ponto importante ao se planejar uma atividade didática é observar se conteúdo é adequado ao nível cognitivo dos alunos.
Em se tratando de uma atividade com desenvolvimento da leitura e escrita, é necessário selecionar bem o gênero textual a ser utilizado em sala para que aluno não se sinta alheio ao conhecimento exposto no texto. Um professor deve certificar se o aluno domina o conhecimento de mundo necessário a compreensão do mesmo. Neste trabalho, foi possível conhecer um pouco mais da importância de como selecionar um material e planejar uma aula delimitando os passos e etapas de execução desta aula. Através dele, foi possível refletir um pouco da importância das atividades de leitura para desenvolvimento do processo de construção textual e escrita.
4.0 Referência Bibliográfica
ANDERSON, Jason. Interactive task to get students talking. São Paulo: Special Books Service, 2004.
HOLDEN, Susan. O ensino da língua Inglesa nos dias atuais. São Paulo: Special Books Service, 2009.
LIED, Justina Inês Faccini. Reflections on teaching English and students? motivation. Lajeado: J. I. F. 2002.
NUNAN, David. Designing tasks for the communicative classroom. London: Cambridge University, 2006
PAIVA, Vera Lúcia Meneses de Oliveira (Org). Práticas de Ensino e Aprendizagem de Inglês com foco na Autonomia. Campinas: Pontes Editora, 2ª ed. 2007.