O TESOURO

 

     Simão era um rapaz muito ambicioso e desejava ser rico. No momento estava muito pobre.Trabalhava muito, mas não gostava de ninguém. Para ele só dinheiro interessava. Desprezava todas as pessoas. A mãe, uma pobre velhinha, vivia trabalhando para tratar de Simão.

     Ele vivia sempre no meio de marginais e juntos praticavam os maiores absurdos que se possa imaginar.

     Um dia ele veio correndo para casa, arrumou a bagagem e ia partir quando sua mãe interveio.

     - Simão, onde você vai assim?

     - Vou embora. Achei o mapa de um tesouro fabuloso e vou procurá-lo.

     - Muito cuidado, filho. Isto pode ser perigoso.

     - Perigoso nada, mãe. Vou ser rico, rico, muito rico.Só volto para casa se achar o tesouro. Fique tranquila, mãe.

     - Filho, o que é isso? Espere pelo menos um pouco. Você, você... vai me deixar?

     - Já lhe deixei, mãe. A senhora não tem nada para me dar, por que viver aqui na miséria com a senhora. Só serve para reclamar: não faça isto, cuidado filho, não vá lá. Agora preciso ir.

     - Não seja tão ingrato, filho. Pense um pouco. Você prefere um tesouro em meu lugar?

     - Se eu achasse um caixão de defunto cheio de ouro e a senhora estivesse morta dentro, eu tiraria o ouro e deixaria a senhora lá.

     Falou duramente e partiu. Seguiu a rota certa indicada no mapa. Em seu pensamento rodopiavam coisas bárbaras.Pensava ser rico, beber muito, estar rodeado de belas mulheres e amigos. Curtir a vida numa boa.

     Depois de muito andar, chegou ao lugar certo. Perfurou aqui e acolá, mas tudo em vão.

     Na ponta de uma pedra encontrou uma velha cruz. Ele arrancou-a, furou um buraco e achou um caixão e qual não foi a  sua surpresa! Estava cheia de ouro. Ele riu gostosamente. Encheu as duas mãos com o ouro e gritou alto: Simão, Simão, você está rico, milionário. Você está rico, tem fama e festa em abundância, aproveite tudo, Simão.

      Pegou os sacos e foi colocando dentro deles o ouro. Suas mãos sofregamente trabalhavam até topar com um objeto estranho.Foi retirando o ouro cuidadosamente, tentando descobrir que objeto era. Parecia ser uma pessoa. Outra grande surpresa ali estava: sua mãe. Estava morta. Simão olhou o cadáver de sua pobre mãe. Devagar ajoelhou-se no chão. Grossas lágrimas caíram de seus olhos. Chorou amargamente, gritando pela mãe que brilhava em meio ao ouro que perdeu seu valor.

     Simão caiu no chão e ali mesmo morreu.

     Não há tesouro maior que o amor de uma mãe.