O sonho de ter uma educação progressista

 

Antes de focar no assunto principal deste texto, apresentaremos um modelo de aula muito comum. Tudo porque só conseguimos fazer uma crítica a qualquer apresentação de conteúdo se conhecer bem a forma que ele está sendo abordado e também o ambiente de aprendizagem que ele está inserido.

Quando o tema da aula é números complexos, é comum entrarmos em sala de aula e percebermos um professor copiando definições na lousa e os alunos sempre copiando. Depois desse momento, a aula passa a um período mais prático, onde o professor faz um exemplo e nele mostra os “macetes” para resolver os exercícios proposto no livro.

            O tipo de aula apresentada acima é muito comum assim como é muito tradicional. Nesse tipo de aula o professor é o mestre (detentor de todo o saber), soberano, inquestionável e principalmente aquele que não erra.

O texto base desta crítica é o intitulado “O uso de Geometria Dinâmica no Ensino de Números Complexos” e ele se inicia com um exemplo de aula onde um aluno (João) questiona seu professor sobre a definição nos complexos de que i²= -1. João questiona baseado no fato do mesmo professor ter dito que qualquer número elevado ao quadrado era positivo. Questionamento dessa natureza é muito comum quando o estilo de aula esta centralizada no professor afinal o aluno acaba não participando da construção das definições de cada conteúdo, diferentemente do princípio progressista onde o aluno torna-se além de um sujeito ativo, um educando questionador das definições pregadas. Esse é um dos motivos que me leva a concluir que enquanto não tivermos uma educação que pense no aluno não conseguiremos ser educadores de uma instituição progressista.Mas como mudar a realidade da educação atual?    

            A pergunta feita no último parágrafo é muito complexa e interessante mas, sem fugir do foco deste texto o autor do texto base (Professor Mathias), quando faz uma crítica ao professor de João ele também faz uma critica a maioria dos professores que quando questionado procuram resposta que separam o conteúdo anterior ao atual.

            Acredito que quando o professor Mathias faz a citação:

No meu ver, a beleza das práticas matemáticas está mais nas
construções das definições do que nos teoremas, afinal, são elas que revelam as circunstâncias históricas e sociais dos desejos humanos e a incerteza sobre suas adequações. (pg.79)

           

          Ele nos deixa o caminho para resolver o problema no que diz respeito à apresentação desse conteúdo tão complexo. Afinal, ele mostra que a ênfase deve ser dada nas construções das definições e não na apresentação delas, deixando claro que se o aluno entende a construção das definições, ele entendeu o conteúdo.

         Pensando na construção das definições dos números complexos que o professor Mathias apresenta o uso de Software de Geometria Dinâmica no ensino deste conteúdo. Afinal, se o aluno visualizar através dessa ferramenta a aplicação dos números complexos como um processo translação geométrica, esse conteúdo se tornará mais atraente apesar de sua abstração.

        No texto base temos uma clara visão de que é possível ensinar números complexos com a participação dos alunos na construção das definições desse conteúdo, através da ligação dessa partícula da matemática com matrizes e principalmente através das definições entendidas pelas atividades propostas na unidade em estudo. Poderia nesse momento defender com eloqüência a manutenção desse conteúdo na educação básica brasileira mesmo sabendo que: Os números complexos não são capazes de representar, em geral, quantidades, digo, resultados de processos de contagem ou de medida, não será uma tarefa fácil introduzi-los na escola através de problemas cotidianos que envolvam exclusivamente processos deste tipo. (pg.83)

 Lembramos que no final do texto em referência o professor Mathias descreveu, após todos os brilhantes processos de defesa da manutenção dos números complexos, que:

 No entanto, convenhamos, repetir na escola todos os passos que

demos desde o início desta unidade seria, no mínimo, inadequado. Podemos, sim, repassar os procedimentos acima de modo mais construtivo, dando espaço para que nossos alunos comparem as transformações geométricas promovidas por matrizes com suas respectivas versões complexas. Para isso, o uso de programas de geometria dinâmica e de outros recursos, como papel quadriculado ou o geoplano, pode viabilizar um ambiente propício para uma compreensão mais real dos números complexos. (pg.105)

 Concordo que é possível o aluno entender todos os procedimentos passados no texto base através do uso de programas de geometria dinâmica, e em caso de falta de computador no papel quadriculados, mas, não podemos deixar de destacar o fato de este conteúdo ser muito abstrato o que gera grande discussão entre a manutenção ou não dele no currículo da educação básica brasileira.

Grande parte das discussões a respeito da permanência ou não dos números complexos se dá pelo fato de o Brasil ter sido considerado portador de uma das piores educação do mundo (disponível em http://joaquimdepaula.com.br/index.php/2011/03/educacao-brasil-e-um-dos-piores-em-todo-o-mundo/ acessado em Marc 2011.) e, possuir um dos maiores currículos do mundo. Será este o caminho (muitos conteúdos para resolver o problema da educação)? Ou para melhorar a educação do país é necessário melhorar a base e deixar os conteúdos mais abstratos para cursos mais técnicos?

 Referências:

 - PAULA J. Educação – Brasil é um dos piores em todo o mundo; disponível em<http://joaquimdepaula.com.br/index.php/2011/03/educacao-brasil-e-um-dos-piores-em-todo-o-mundo/> acesso em Març. 2011.

 - MATHIAS C.E.; O Uso de Software de Geometria Dinâmica no Ensino de Números Complexos.