1): O existir do ser-humano: algumas informações sobre angústia.
O ser-humano, diferentemente de outros seres, possui uma consciência que lhe permite sair de si mesmo e dirigir-se rumo a possibilidades que podem ou não ser realizadas. O ser humano constitui a sua essência através de sua existência no mundo. Somente constitui a constitui ao relacionar-se com o mundo e com as pessoas a seu redor. Escolhe e deve ser responsável por uma decisão que venha a tomar ao longo de sua vida. O homem se encontra no mundo, está jogado no mundo e precisa constituir uma essência mediante seus movimentos existenciais e suas escolhas, pois não há uma regra ou padrão que dita como esse mesmo Homem deve ser, pensar, sentir e agir. Heidegger diz que o ser-humano, desde que nasce, é um ser-no-mundo, pois se encontra num mundo em que foi inserido.
Sendo um ser-no-mundo, livre e responsável, o existir desse mesmo indivíduo traz um sentimento profundo de angústia, mas que não deve ser confundida com uma angústia patológica, que impede movimentos existenciais. É uma angústia existencial, o que leva o homem a realizar seus projetos, a mover-se diante da vida a se transcender. Segundo Feijoo (2000, p.66), a angústia é "o sentimento que caracteriza a abertura do homem perante o futuro, uma vez que é ele mesmo que o escolhe". Ao encontrar-se diante de uma diversidade de escolhas, o homem teme o que está por-vir, se depara com o inesperado e desconhecido, o que representa o dilema da angústia.
Kierkgaard define muito bem o sentimento de angústia existencial quando diz que esta é uma antipatia simpatizante e simpatia antipatizante. O sentimento de angústia traz o desejo como devir e o medo do que possa ocorrer no futuro. Sendo angústia, o homem não vê outra alternativa a não ser, ter que escolher e realizar seus movimentos existenciais. A angústia é característica da situação de liberdade em que todos se encontram. Heidegger afirma que a "angústia remete o homem para o poder-ser mais próprio. Coloca-o frente a frente com sua possibilidade de escolher a si mesmo, assumindo-se na sua escolha" (FEIJOO, 2000, p.71). Tanto Heidegger como Kierkgaard discorrem a sua maneira sobre a angústia e concordam com o fato de que diante do novo, desconhecido e misterioso, surge um sentimento de angústia que caracteriza a situação de liberdade e decorrente responsabilidade do ser-humano diante da existência como ser-no-mundo.
Para Sartre (1943, apud CIPULLO, 2000, p.95), "angústia é o modo de ser da liberdade, ou se se prefere, a angústia é o modo de ser da liberdade como consciência de ser;...". Estando consciente de sua liberdade, o humano sente-se angustiado e não vê alternativa a não ser ter de escolher e se responsabilizar, o que o traz mais angústia, pois a vida não lhe dá outras alternativas.
Tanto o existencialismo como a fenomenologia consideram o sentimento de angústia como uma característica fundamentalmente humana e que faz com cada sujeito se impulsione rumo ao futuro e as possíveis realizações da existência, sendo parte fundamental da constituição da essência de ser-humano. Quando considerada patológica, a angústia faz com que todo e qualquer projeto, movimento existencial e realização concreta não sejam efetivados satisfatoriamente, pois emperra a própria condição de liberdade do existir do homem.
2): Angústia de Graciliano Ramos: Sofrimento de Luíz da Silva.
O conto Angústia de Graciliano Ramos retrata de uma forma peculiar o sofrimento, a dor, raiva, o ódio e o ressentimento que marcam uma forma patológica de angústia. Luís da Silva é o protagonista dessa obra. Um Homem que viera de uma situação de pobreza e de miséria no campo e se encontra diante de uma vida sem sentido e sem motivações interiores. Escritor de artigos políticos de uma Repartição, Luiz da Silva encontra-se diante de pessoas cujos interesses são muito distintos dos seus. Por ser um sujeito com grau a mais de leitura e de escrita, apesar de não ter freqüentado a Academia. Esse mesmo sujeito, angustiado, não consegue manter contato próximo a pessoas de nível de instrução e leitura elevados.
Ao longo da obra, a personagem se vê diante de uma figura um tanto contrastante, Julião Tavares, sujeito rico, acima do peso e envolvido com questões políticas. O ressentimento por essa figura, de família mais rica, cresce de tal forma que Luís encontra-se em um estado de paralisação, travamento e de recusa perante a vida e as realizações existenciais. Uma moça desperta interesse por Luís. Chama-se Marina e representa um dos pilares fundamentais da trama. Sendo seduzida por seu Rival, Marina passa a escolher o luxo, a riqueza e a pompa que Julião Tavares lhe proporcionava. Este a abandona com um filho, o que intensifica ainda mais o ressentimento de Luís. Anteriormente, Luís havia oficializado seu casamento com a moça, pois esta cansara de ter que encontrar-se com o protagonista às escondidas e na calada da noite. Desejara um compromisso por parte de Luís, mas este, apesar de não gostar da idéia de ter que se retratar com os pais da moça, resolve preparar o casamento, mas após gastar todas suas economias com Marina, a vê derretendo-se por Julião Tavares.
As lembranças do passado tais como as sombras vêm à tona na mente de Luís e em qualquer momento. Lembra-se de seu pai morto e enterrado, deseja matar pessoas que o atormentam, inclusive Julião Tavares. Ao longo dessa celebre obra literária, percebe-se que a angústia patológica acomete a personagem, o que lhe faz perceber o quanto sua vida é destituída de sentido e de realizações. Diferentemente de seu rival, Luís não possui grandes riquezas nem uma vida de luxo, prazeres e pompa como no caso de Julião, este estudou em Academia, é filho de comerciantes e conquista Marina com suas falas e discursos e roupas de grife. O outro pilar fundamental da obra de Graciliano Ramos diz respeito justamente a essa rivalidade, ao ressentimento diante de tal figura e o sofrimento no cerne da alma perante o ódio pela pessoa de Julião Tavares.
O momento mais tenso da obra se dá quando Luís, estando fora de si, concretiza o seu ideal de ver seu rival morto. Enforca seu Rival Julião Tavares, mas passa a sentir receio do que iria acontecer após o incidente de que tanto se sente ressentido, medo, impotência e fragilidade. A angústia a que Luís se submete é uma forma patológica ou neurótica juntamente com uma neurose noogênica (perda de sentido de vida). A seguir serão descritos alguns aspectos referentes ao processo de adoecimento psíquico por parte do protagonista da obra.
3): Descrição/análise fenomenológico-existencial da personagem central e de seu sofrimento e angústia patológica:
Conforme foi colocado anteriormente, todo e qualquer ser-humano que se preze sente a angústia perante a sua liberdade como ser-no-mundo. Não é diferente no caso de Luís da Silva, um homem que se encontra diante de escolhas, por exemplo: casar-se ou não com marina, matar ou não Julião Tavares, voltar ou não aos braços de sua amada Marina entre outras. No início da narrativa, percebe muito bem como a angústia de Luíz lhe traz sofrimento ao invés de motivação para sua existência como ser-no-mundo. O que se vê no caso do protagonista do livro é que a angústia não parte apenas do que a sente, no caso Luís da Silva, mas está de fora do mesmo.
Conforme diz Galli (s/d, p.2):

"Se olharmos de perto, veremos que a angustia de uma pessoa, que nos parece ?vir de dentro´, está também ?fora?, que em última instância não existe nem ?dentro? e nem ?fora? e que em seu ser, alguém só se é angústia porque o mundo o arrasta em sua angústia, isso reflete uma inseparabilidade."

Luís da Silva é um sujeito cuja vida é destituída de um sentido, não consegue manter um relacionamento com pessoas comuns e as julga por suas condições, pois não as considera dignas de seu intelecto tido superior. Mas também se vê enquanto um sujeito que não conseguiu realizar grandes feitos, pois diante de situações novas, sente fracasso (exemplo: não ser rico, não saber tanto de política e não gostar de consumar um casamento se culpar por não ter conseguido ser um sujeito melhor etc.), o que torna claro o estado de angústia patológica descrito pela literatura fenomenológico-existencial.
"Há criaturas que não suporto. Os vagabundos, por exemplo. Parece-me que eles cresceram muito, e, aproximando-se de mim, não vão gemer preditórios: vão gritar, exigir, tomar-me qualquer coisa" ( RAMOS, 2009, p.7).
O protagonista não se sente agradável diante da presença de certas pessoas com quem é ressentido ou não consegue se comunicar com proximidade, o que é refletido em suas atitudes de isolamento perante a realidade em que vive. Há uma parte da obra em que, diante de um processo de psicopatologia grave, Luís procura observar onde Marina e Julião Tavares poderiam estar e o que estavam fazendo. Entrega-se aos vícios, culpabiliza um vizinho por não conseguir dormir, desejando a morte do mesmo e conversa justamente com pessoas comuns de quem menos gostava como foi descrito no trecho acima. "Uma vez por semana eu largava o serviço antes do meio-dia, só para pegá-los. Ao pegar a rua Augusta, avistava Julião Tavares na prosa com ela, vermelho, soprando, derretendo-se,..." (RAMOS, 2009, p. 107). Segundo uma perspectiva existencial, "O sintoma enquanto estilo de ser é um modo do ser-aí impregnado de uma determinada experiência" (GALLI, s/d, p.2). No caso de Luís, os sintomas psicológicos de sua angústia patológica são a manifestação se seu modo-de-ser, estar e se situar perante a realidade.
Pode-se considerar uma forma de angústia a que Luís está submetido no decorrer da obra. Uma angústia neurótica com manifestações em que "é sempre possível descobrir, directa ou indirectamente, um brutal e perfurante temor da morte, ou talvez melhor, do significado da morte, vivenciada esta essencialmente como destruição física" (CARDOSO, 2001, p. 23).
Pensamentos conflitantes vão surgindo na mente de Luís, o que o perturba física e psiquicamente. "De ordinário fico no banheiro, sentado, sem pensar, ou pensando em muitas coisas diversas umas das outras, com os pés na água, fumando, perfeitamente Luís da Silva" (RAMOS, 2009, p.163). Ver o tempo passar e não se movimentar existencialmente faz com que o sujeito comece a entrar em um processo de autodestruição. Luís se encontra em seu quarto fumando, nos bares bebendo, enfim, vivencia uma angústia neurótica intra-psíquica. Nesses comportamentos percebe-se a autodegradação, que pode levar a morte o protagonista.
Outro exemplo correspondente aos sentimentos e reações físicas difusas é o trecho seguinte: "Tive a impressão de que os meus dentes estavam longe, fazendo um barulho que se misturava ao zumbido irritante das carapanãs. (...) veio-me a certeza que havia me tornado velho e impotente" (RAMOS, 2009, p.241). O estado de autodegradação-destruição a que Luís da Silva chega é representado justamente pelo sentimento e pelas sensações de fragilidade, desgaste e impotência perante o mundo e as pessoas que o cercam.
Pode se considerar ainda o fato de haver um choque entre o movimento de crescimento e auto-realização por parte do protagonista e as demandas socialmente impostas, como o cargo público, o dinheiro para freqüentar teatros, para comprar roupas caras e o título dado a familiares, especialmente no caso de Julião Tavares. A própria espontaneidade, auto-realização e consecução de motivações pessoais, no caso de Luís se vêem ameaçadas.
Do ponto de vista da procura de destino, a personagem principal da obra se vê diante de uma situação de grande falta de sentido, pois perderá tanto sua amada, que foi a pessoa por quem direcionou todas as suas forças, lutara e procurara fazer Marina feliz, mas quando se vê em uma condição de total perda da figura que criou diante da moça e de desvantagem perante Julião Tavares. Essa falta de motivação para encontrar um sentido leva o protagonista a enterrar-se cada vez mais nos vícios que brevemente completam o vazio existencial desse sujeito angustiado do ponto de vista patológico. Luís acaba por vivenciar um sentimento de falta de sentido, o que caracteriza uma neurose noogênica, conforme Viktor Frankl descreve em sua teoria sobre o encontro com sentido. Segundo Viktor Frankl (2003, p.12), "a causa principal da neurose noogênica é justamente a frustração existencial, que se cristaliza em forma de sintomas neuróticos".
Conforme Galli (s/d, p. 9), "Nossa cultura está repleta de pessoas viciadas em algo, drogas, álcool, comida, cigarro, trabalho, televisão, dinheiro, poder, relacionamentos, religião, todas as maneiras de nos preenchermos com coisas externas a nós". Essa afirmativa corrobora com as idéias de Viktor Frankl acerca da psicopatologia da falta de sentido, pois o próprio protagonista se entrega aos vícios da bebida e do fumo para tentar aplacar o vazio existencial, mas não conseguiu fazer isso.Explicando os dois comentários anteriores conforme o que foi descrito ao longo da obra, o sentido que Luís atribui a sua existência como ser-no-mundo se altera na medida em que vê sua amada Marina nos braços de Julião Tavares. Visa vigiar cada passo que Marina e Julião Tavares e deseja ver seu rival morto e a moça em seus braços novamente. Mas um sentimento de falta de sentido invade Luís de tal forma, que não consegue concretizar seus planos."À janela da minha casa, caído para fora, vermelho, papudo, Julião Tavares pregava os olhos em Marina, que, da casa da vizinha, se derretia para ele,..." (RAMOS, 2009, p.91). A partir desse momento, a patologia existencial invade Luís, seu ódio e ressentimentos pela pessoa de Julião Tavares tomam uma grande proporção, o que faz o protagonista a se perder a se isolar do mundo externo.
Considerando mais especificamente o Luis ressentido perante Julião Tavares, Bittencourt (2007, p.59) diz que, "O ressentimento traz à superfície de consciência, portanto, os mesmos afetos sentidos numa situação passada". Toda a raiva, o ódio e o desejo de vingança através da morte de seu rival são exemplos de que Luis não havia se livrado dos afetos negativos diante da figura de seu ressentimento. O que torna a angústia do protagonista difícil de ser enfrentada é justamente o fato de que essas lembranças, afetos, sentimentos e desejos virem a tona novamente na mente de Luís. "A voz precipitada de Marina era ininteligível; a de Julião Tavares percebia-se distintamente e causava-me arrepios: fazia-me pensar em gordura, em moleza em qualquer coisa semelhante a toicinho cru"(RAMOS, 2009 p.115). Nesse trecho observa-se que a voz da pessoa de Julião Tavares traz para Luís para a mente sentimentos e afetos que já foram vivenciados antes. Ao longo da obra, Luís passa a lembrar de situações passadas com Marina, mas isso lhe trazia sofrimento, pois não tinha mais em seus braços. Já a lembrança de Julião Tavares trazia sentimentos de repulsa, raiva, ódio e fúria. A patologia de Luís torna-se profundo quando percebe que perdera o que havia conquistado. Mas, na verdade, não poderia obter controle sobre as pessoas, principalmente por não estar em uma posição de superioridade e de status, que eram característica que seu rival possuía e utilizava para seduzir as pessoas, principalmente Marina.
Ao concretizar seu ato de vingança frente à Julião Tavares, o seu estado de adoecimento psíquico o leva ao ápice da degradação física e psíquica. Segue seu rival por onde passa e consegue enfiar-lhe uma corda no pescoço num relance de loucura, raiva, ódio e ressentimento. Mas sente-se pior do que anteriormente estivera, pois teme as conseqüências de seu ato. Prefere forjar um suicídio de Julião Tavares tentando levantá-lo com a corda que foi o instrumento de seu ato criminoso de vingança. Anteriormente vivenciou outros sintomas em suas "entranhas", mas agora se vê diante da possibilidade de ser acusado e preso (trinta anos de prisão, trinta anos). Foge, prefere se embriagar e lavar seus membros sujos de sangue.
A angústia de Luis deveria remeter a sua condição de liberdade, mas forma como se encontra ao longo da obra, as possibilidades de escolha e de exercer a liberdade concreta e vivencialmente não foram conscientizadas por parte do protagonista, o que trouxe um processo de psicopatologia ou um modo-de-ser no mundo e de relacionamento com as pessoas a seu redor diferente, mas que traz sofrimento e mais angústia, impedindo movimentos existenciais espontâneos e concretos e presentes no aqui-e-agora.

3): Conclusões:
A partir do que foi exposto, percebe-se que a personagem central de Angústia, Luis, passa por um processo de angústia patológica, em que estão presentes a falta de sentido da vida, o ressentimento, ódio e raiva perante a figura de Julião Tavares, além de surgimento de sintomas que não foram externalizados por parte. Grande parte do sofrimento existencial que Luís apresenta, deve-se não a fatores externos, pois as chances de escolher foram dadas, mas a forma de estar, ser e situar-se no mundo acaba por produzir um isolamento, o que impede Luis de estabelecer relacionamentos com outras pessoas. Não concretiza suas idéias de reconquistar Marina e sempre pensa na morte das demais pessoas e em sua própria fraqueza e finitude, o que lhe traz mais angústia. Apesar de a finitude fazer parte da vida do ser-no-mundo, não se movimentar existencialmente nas realizações da vida faz com que a existência seja destituída de sentido, o que "imperra" esse mesmo ser que é o humano existencial.
Retomando a idéia de que a angústia representa um sentimento que surge quando o indivíduo se depara com situações novas, percebe-se que no caso de Luís há sim esse sentimento e possibilidades de abertura para outros movimentos existenciais, mas também estão presentes reações físicas que constituem uma ansiedade. Esta, ao contrário da angústia, não é tão difusa, pois pode ser observada naquilo que o protagonista sentia perante a figura de Julião Tavares, o que repercute nas sensações físicas por parte de Luís, mas através de um olhar mais profundo, a angústia que surgia não é pontual, visível e observável, pois corresponde a sensações difusas. Mas o que a torna um sofrimento para Luís é o fato de que essa mesma angústia não o possibilitava ser ele mesmo em seu próprio ser.
Cardoso (2001, p.22), "aquilo a que chamámos angústia está muito mais próxima dos sentimentos, constituindo uma experiência emergente da profundidade do ser, penosa, difusa, igualmente inquietante, mas ligada a circunstâncias anímicas e espirituais". O protagonista da obra de Graciliano Ramos se vê diante de sensações, pensamentos, memórias entre outros elementos que se manifestam de forma difusa e com profundidade. Mas a partir do momento em que Luís perde o que conquista para seu rival, sentimentos de fúria ódio, ressentimento, finitude passam a tornar sua vida um verdadeiro "martírio" existencial, diferentemente do caso da angústia existencial que se assenta numa "espécie de inquietação que invade continuamente o homem, quando este se confronta (e de alguma maneira está sempre confrontado) com o território do nada,..." (CARDOSO, 2001, p.22). No caso de Luís, a angústia o leva a um estado de desagregação física e psíquica inicialmente lenta e gradual, posteriormente subita e inesperadamente, por esse motivo, observa-se a patologia a que esse mesmo ser-no-mundo vivencia através dos sintomas que vão sendo descritos ao longo da obra.
O protagonista termina sua trajetória no anonimato e com medo de ser perseguido pelo que fizera com relação à Julião Tavares. No ápice de sua psicopatologia, Luís acaba por vivenciar mais intensamente seus conflitos, pois o assassinato de seu rival não lhe trouxe a resolução interna de sua angústia patológica, apenas a intensificou cada vez mais, pois os sentimentos autodestrutivos, os afetos negativos, o isolamento social e o temor das conseqüências do ato de impulsividade ainda continuaram a atormentar o protagonista do livro.

4): Bibliografia:

Bittencourt, R.N. (2008). O angustiado homem do ressentimento em Graciliano Ramos. Rio de Janeiro: Teia literária (UFRJ), v. 2, p. 161-174.

Cardoso, C.M. (2001). Pelos trilhos da angústia (Ansiar, Angustiar, Neurotizar) Porto: Revista Saúde Mental, Vol. III, Nº1, Pg. 21-26.

Cipullo, A.T. (2000). O modelo existencial e o pulsional na compreensão da angústia (ou... A escolha de Ubirantan s.) Em: Angerami ? Camon, V.A. (Org.), Angústia e psicoterapia (p. 85-113). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Feijoo, A.M.L.C (2000). A angústia: das reflexões de Kierkegaard e Heidegger à psicoterapia). Em: Angerami ? Camon, V.A. (Org.), Angústia e psicoterapia.( p.65-84). São Paulo: Casa do Psicólogo

FRANKL, E.V. (2003).Sede de sentido. (p.12).São Paulo: Quadrante, 3ª edição.

Galli, L.M.P. (2008) .Psicopatologia Fenomenológica. Porto Alegre, RS: Gestalt-Centro.

RAMOS, G. (2009). Angústia. Rio de Janeiro: Editora Record.