O SERTÃO NORDESTINO SOB A PERSPECTIVA DAS OBRAS: O QUINZE, VIDAS SECAS E A BAGACEIRA. 

Neiara Pereira De Oliveira

RESUMO 

 Este trabalho busca analisar á trajetória das secas na região nordeste e a situação vividas pelos personagens das obras: O quinze (1991), Vidas Secas (2015), e a Bagaceira (1999). Refletindo sobre as literaturas estudadas. Essa pesquisa analisa toda a trajetória vivida pelos retirantes e o que restou para cada personagem. A dor a angustia, a fome e a miséria era o cenário marcantes para os sobreviventes, porém a proposta aqui é traçar pontos marcantes, á uma análise das secas na região nordestina 

Palavras-chave: Seca. Região Nordestina. O quinze. Vidas secas. A bagaceira 

I-INTRODUÇÃO: 

Ao longo de muitos anos o povo brasileiro vem sofrendo grandes abalos, em torno dos acontecimentos, como algumas crises que no nosso Brasil vai perpassando, advindas da má administração das autoridades governamentais. Tais problemas remete o sofrimento na região nordeste, sendo vítima de secas alarmantes e sobrepondo essa situação, é evidente retratar dos fatos marcantes nas literaturas do quinze, vidas secas e a bagaceira. 

A velha casa de taipa negrejava ao sol o telhado de jirau. Na latada coberta de folhas secas, o cachorro cochilava ao calor do mormaço. Chico Bento entrou, no mesmo passo lento, a modo que curvado sob a cruz de remendos que ressaltava vivamente, como um agouro, nas costas desbotadas da velha blusa de mescla.( QUEIROZ.1991,p.12). 

Essa situação era o verdadeiro cenário vivido pelos personagens da obra, exceto dona Inácia, a forma como o personagem entra na casa denota a verdadeira representação de derrota, sem forças para continuar acreditando em algo que possa mudar aquela realidade. 

Quando Vicente foi chegando em casa, de volta do logradouro, a família toda cercava uma ovelha de lá avermelhada pela poeira e eriçada de garranchinhos e folhas secas, que estirada no chão, toda estanguida, tremia, com as pernas duras e os olhos vidrados:- salsa, não foi?(QUEIROZ,1991,p.13)

A morte dos animais, já identificava o que tinha para o futuro, animal come erva braba e menino come mandioca braba, isso era a realidade seca e assolante, que restava para as famílias da região. Será que rezar mudaria o rumo da situação? 

No trem, na estação de Queixadá, Conceição, auxiliada por Vicente, ia acomodando dona Inácia. A cesta de plantas debaixo do banco. Uma maleta cheia de santos ali ao lado. Dona Inácia fazia questão de trazer os santos junto a si,com medo de que no carro de bagagens algum inrreverente se sentasse em cima. (QUEIROZ, 1991,p.19) 

No perfil de dona Inácia de uma mulher resguardada, que reza clamando por mudança, naquela difícil situação, não lhe impossibilitava a sua fé de continuar crendo, que com muita persistência da crença nos seus santos, a situação poderia mudar. Mesmo saindo daquele local a pedido da neta, levando suas plantas e santos, deixando toda sua história para trás, somente na esperança, que se chovesse estaria novamente no seu aconchego. 

Chegou a desolação da primeira fome. Vinha seca e trágica, surgindo no fundo sujo dos sacos vazios, na descarnada nudez das latas raspadas.

         - Mãezinha, cadê o jantar?

        - Cala a boca, menino! Já vem!

        - Vem lá o quê!...

        Angustiado Chico Bento apalpava os bolsos, nem um triste vintém azinhavrado...

        Lembrou-se da rede nova, grande e de listas que comprara em Queixadá por conta do vale de Vicente.

        Tinha sido para a viagem. Mas antes de dormir no chão do que ver os meninos chorando, com a barriga roncando de fome. (QUEIROZ, 1991,p.29) 

Nesse contexto, é preocupante para Vicente saber que poderia solucionar a fome de seus filhos naquele momento, vendendo algo que lhe restava. A situação de ranger os dentes, com a fome dos filhos lhe condicionava a se desfazer aos poucos do que lhe restava. 

Quinze dias compridos e angustiados Duquinha levou para uma melhora sensível. Enfim já se sentava na rede e pegava com as mãos incertas de leite ou de caldo. E já olhava a madrinha com a primitiva expressão assustada. Tinha para ela olhares agradecidos e meigos, que a acompanhavam a circular no quarto, e demoravam longamente, com uma fixidez brilhante, nas pregas do seu vestido branco, nos laços de suas tranças.(RAMOS,2015,p.68). 

Nesta situação, é notório as trágicas conseqüências de terrível seca nordestina. A perca dos familiares, dos animai e as graves doenças que se agravam a cada dia, a solução é deixar para trás, o que já não tem mais. Portanto, a seca provoca uma lesão física e mental, não escolhe raça nem classe social, aos poucos ela vai destruindo onde passa, deixando somente resquícios de tragédia.

[...]