O SER

Joacir Soares d’Abadia

 

O ser: aquilo que é; não necessita ser conhecido para existir. O ser é. Ele existe. O ser independe de ser conhecido por algo para que possa dizer que tal ser existe. O ser depende de outro para existir. Um ser não é por si. Ele é por outro e não por si mesmo.

Tudo quanto existe na realidade tem em si a existência por outro, o Oculto: o qual ninguém consegue abarcar na sua totalidade nem pela razão nem pela fé. O Oculto, enquanto aquele que dá existência ao ser desta realidade, é por si e não por outro. Ele é o que dá existência a tudo quanto existe. O ser é carente de algo para existir. Ele não existe por si, todavia, ele é, existe. O existente está na realidade, mas jamais carece de ser conhecido para falar de sua existência.

O ser é, pois existe para si e tem a possibilidade de existir para outros. O existir para os outros faz do ser um ser de possibilidade: de ser conhecido. Não obstante, quem conhece o ser é aquele que também existir e que, sem empecilho, é possibilidade de ser conhecido. Todavia, o que conhece o ser é aquele que tem uma abertura para ele, para ser por esse conhecido.

O ser existe porque foi criado. Nada pode ser sem que antes fosse criado pelo Oculto. Quando o ser é criado ele: a) passa a existir em si, b) para aquele o qual o criou e c) tem a possibilidade de ser conhecido por quem quer que seja, quer dizer, pode ser conhecido tanto por um ignorante quanto por um grande acadêmico.

Ao ser criado o ser ganha sua existência sem carência de existir, ou seja, o ser é contingente quando colocado em relação com outros seres, porém para existir necessita de algo que possa dar-lhe existência. O ser não precisa – reforço – ser conhecido para existir. Ele existe porque o Oculto (que é todo Pleno de Ser) lhe deu a existência.

Aquele ser, pelo qual, existe por causa do Oculto, ou seja, que foi criado, segue um caminho de perenidade, visto que o que foi criado tem um início no cosmo (mundo), existe na realidade, mas traz na sua existência algo que é passageiro, ou melhor, se esvai: não é para sempre. O ser se esvai, porque foi criado e toda existência que foi dada por outro tem seu tempo marcado por um fim.

O fim do ser é dado no momento de sua criação. Não existe nada na realidade que não tenha um fim. Este fim de cada existente faz com que ele seja em si uma coisa que não seja contingente. Isto porque nenhum ser é para si contingente. O ser somente será contingente (não necessário), quando em relação às coisas que o circundam.

Uma galinha enquanto galinha não é contingente para si. Com efeito, a mesma galinha será desnecessária em relação aos outros seres. Desta maneira, até o homem é um ser contingente ao passo que precisa de outros para existir.

O Oculto é desde sempre. Ele é desde sempre, para a eternidade; é desde sempre para sempre no presente. No presente, porque o Oculto é existente. E existindo Ele é e não tem como ser pensado como não existente.

O Oculto existe desde sempre e tem por si mesmo sua existência; não precisou de outros para existir. Ele é total, portanto este ser Oculto não foi criado por nada, pois tem por si a sua existência. Além do Oculto não existe nada. Não existe nada, porque foi Ele o criador de tudo. E sendo o Oculto a causa de tudo, não pode existir algo que seja maior que o criador, visto que o ser que foi criado dependeu de algo superior a si para que se lhe desse a existência.

Assim, o ser para existir carece do Oculto para lhe dar a existência; mas, não necessita ser conhecido para afirmar sua existência na realidade.

 

*Filosofia e cursando Teologia no SMAB

Autor das obras: “Riqueza da humanidade...” e “Opúsculo do conhecer”

E-mail: [email protected]