O Salário do Pecado e o Salário da Santidade*

**Professor Ricardino Lassadier (26/02/2008)

I
A Igreja nos ensina que a Quaresma é um tempo apropriado para exercícios e retiros espirituais (cf. CIC, 1438). Aqui estamos reunidos justamente para isso, isto é, para realizarmos um retiro. O retiro, e particularmente o quaresmal, é sempre um convite para buscarmos a interiorização. Jesus frequentemente retirava-se para orar, assim ele fez antes da Paixão (Mt, 26, 36-44). Também Ele quis viver um tempo quaresmal, porém antes do início de sua quaresma, Nosso Senhor, foi batizado por João e, neste momento o Espírito e o Pai revelaram a plena e eterna comunhão com o Filho: "Depois de ter sido batizado, Jesus saiu logo da água, e o céu se abriu. E ele (João), viu o Espírito de Deus descer como uma pomba, e vir sobre Ele (Jesus). E do céu veio uma voz que dizia: ?Este o meu Filho amado; nele está o meu agrado" (Mt 3, 16-17). Jesus viveu sua quaresma conduzido pelo Espírito, portanto, em unidade com o Pai: "Logo depois, o Espírito o fez sair para o deserto. Lá, durante quarenta dias, foi posto à prova por Satanás . E ele convivia com as feras, e os anjos o serviam (Mc 1, 12-13). Também nós nesta quaresma, e particularmente neste retiro, devemos ardentemente desejar sermos conduzidos pelos Espírito, visto que Satanás nos tenta constantemente, visto que "feras" modernas também nos rodeiam. Mas, assim como Nosso Senhor, devemos caminhar até a Páscoa, conduzidos pelo Espírito, pois quando chegarmos na Vigília Pascal, não são os anjos que vêm nos servir, mais é o próprio Cristo que se dará a nós como alimento, como Pão e Vinho.


II
A liberdade é um dom que o Criador concedeu a nós, pessoas humanas, porém, por vezes fazemos um uso inadequado desse maravilhoso dom. Aliais, o pecado entra no mundo pelo mau uso que nossos primeiros pais fizeram da liberdade, basta ler o cap. 3 do livro do Gênesis. Mas, ao lado da liberdade, Deus, deu-nos a responsabilidade e isso nos faz compreender que toda ação, toda escolha que fazemos sempre terá consequências que devemos assumir.
O pecado é uma escolha contra Deus. Mas, vejamos o que a Igreja nos ensina: "O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi definido como ?uma palavra, um ato, ou um desejo contrários à lei eterna" (CIC, 1849).
Se ficarmos atentos a essa definição, as palavras usadas são aquelas que expressam uma idéia de negatividade, de ausência. O CIC usa por duas vezes a palavra falta em referência contrária à razão, a verdade, a consciência reta; assim como ao amor verdadeiro a Deus e ao próximo. Propomos uma breve, meditação sobre a concepção de pecado enquanto falta.
Falta contra a razão: Implica postular à ignorância, a falta de conhecimento, a obscuridade inclusive em nível intelectual. Isso nos indica que o pecado pode eclipsar até a inteligência, o raciocínio. Basta lembrarmos quanto mal foi causado, em diversos momentos da história, por pessoas inteligentíssimas, mas que, no entanto viviam mergulhadas no pecado: Hitler, Napoleão Bonaparte, Stalin dentre outros.
Falta contra a verdade: É a afirmação da mentira, do engano, é a proclamação da ilusão que se dirige à inexistência, é a negação da criação e do criador. É, então, algo abominável, fonte de heresias.
Falta contra a consciência: É o estabelecimento da inconsciência ou da falta de ciência. Sendo a consciência o "local" da intimidade entre o homem e Deus, afirmar a inconsciência é requerer a impossibilidade da relação entre homem e Deus, entre criatura e Criador.
O CIC também indica que o pecado constitui-se como dupla falta contra o amor em dois sentidos: para com Deus e para com o próximo.
Falta de amor para com Deus: É a perversão do amor que sugere um "amor" egolátrico, que se fecha em si mesmo e é incapaz de ver Deus como Ele É, mas ao contrario, é o desejo que imagina um "deus" que é imagem e semelhança do homem.
Falta de amor para com o próximo: Está ligado a falta anterior. Este aspecto do pecado é a fonte da incapacidade de enxergar o homem em sua dignidade de pessoa, mas ao contrário, vê o próximo como um objeto destituído de existência própria. O próximo só existe mediante a utilidade que tem ou pode oferecer. O CIC também afirma que o pecado fere a natureza e ofende a solidariedade. A ferida produzida pelo pecado mostra-se na impossibilidade de compor uma relação sadia, assim como no estabelecimento de uma concepção corrupta e agressiva acerca da humanidade e sua natureza. Em uma palavra: Perversão.
O pecado, ainda segundo o CIC, é um desejo ou um ato contrário a Lei Eterna. Ou seja, é desejar o que é oposto a Vontade de Deus, aos seus Mandamentos, aos preceitos propostos e indicados por sua Igreja. É um apego a efemeridade, a contingencialidade, ao prazer volúvel, inconstante.
São Paulo já ensinava que a morte é o salário do pecado: "Com efeito, a paga do pecado é a morte, mas o dom de Deus é a vida eterna no Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6, 23). Observe que de um lado nós temos o CIC e São Paulo, do outro lado temos o pecado que é contrário ao Eterno (a lei, vontade, mandamentos e vida). Optar pelo pecado é escolher o caminho contrário ao que é eterno. A opção pelo pecado não é algo banal, sem importância. Optar pelo pecado é escolher contra a lei de Deus, é dizer "não" à vontade de Deus, é rejeitar os Mandamentos de Deus, é não querer a vida eterna em Deus.
Todo aquele que diz amar a Deus, mas não se esforça em viver segundo a Vontade de Deus está mentindo, já que, o que comprova se uma pessoa realmente ama ao Senhor é o empenho em dirigir sua vida de acordo com os Mandamentos divinos. Foi Nosso Senhor quem disse: "Se me amais, observareis os meus Mandamentos" (Jo14, 15).
Muitos, em nossos dias, caçoam de Deus, dizem que acreditam em Deus, mas desprezam seus ensinamentos. São Paulo já alertava: "Não vos iludais, de Deus não se zomba: o que alguém tiver semeado é isso que vai colher. Quem semeia na sua própria carne, da carne colherá corrupção. Quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna" (Gl 6, 7-8). Semear na carne é plantar e regar a planta do pecado. Terá que colher e comer seus frutos. Quais frutos? A corrupção. E o que é corromper-se? É apodrecer, é se decompor, é morrer, talvez eternamente.
De maneira geral as maldades resultam do abuso do bem. A Igreja nos ensina que Deus é amor, é graça, é misericórdia, entretanto a misericórdia, a graça, e o amor não constituem irresponsabilidade. O Santo Padre Bento XVI na carta encíclica Spe Salvi nos fornece a seguinte instrução: "Deus é justiça e cria justiça. Tal é a nossa consolação e a nossa esperança. Mas, na sua justiça, ele é conjuntamente também graça. Isto podemos sabê-lo fixando o olhar em Cristo crucificado e ressuscitado. Ambas ? justiça e graça ? devem ser vistas na sua justa ligação interior. A graça não exclui a justiça. Não muda a justiça em direito. Não é uma esponja que apaga tudo, de modo que tudo quanto se fez na terra termine por ter o mesmo valor"(SS, 44). Não é correto pensar que a misericórdia seja contrária a justiça. Pensar assim é identificar a misericórdia com a irresponsabilidade. A Justiça de Deus é misericordiosa, tanto quanto a misericórdia de Deus é justa. Então, todo aquele que escolhe deliberadamente pelo pecado confiando em uma concepção distorcida de misericórdia, está colocando em risco sua salvação. Notemos que o Papa fala que há uma ligação essencial entre graça e justiça. E não pode ser diferente visto que ambas brotam do Coração de Deus. O Sagrado Coração fonte de misericórdia e graça é o mesmo Coração que faz brotar a justiça.
Deus ama a cada um de nós, pecadores, mas rejeita o pecado. Podem existir pessoas que identifiquem sua existência de tal modo com o pecado que façam de si mesmas pecado. A estas, ainda que em uma linguagem excessivamente antropomórfica, cabe o alerta que está na Escritura Sagrada: "Desprezastes todos os meus conselhos e não aceitastes minhas repreensões. Por isso, também eu rirei de vossa desgraça e zombarei quando chegar o pânico; quando vossa desgraça chegar como um redemoinho, quando caírem sobre vós a tribulação e a angústia! Então me invocarão, e não os escutarei; vão procurar-me com ansiedade, e não me encontrarão! Porque tiveram por odiosa a disciplina e não escolheram o temor do Senhor; não atenderam ao meu conselho e desprezaram todas as minhas advertências" (Pr 1,25-30). Não sabemos o dia, não sabemos a hora, mas sabemos que há um tempo para a conversão. Ninguém é obrigado a se converter, ninguém é obrigado a amar; assim como ninguém é obrigado a não se converter e a odiar, entretanto seja por um caminho ou por outro deve haver sempre consequências, responsabilidades. Lembremos a parábola do rico epulão e do pobre Lázaro (Lc 16, 19-31). Na referida parábola, de acordo com o Romano Pontífice Bento XVI, Jesus "apresentou para a nossa advertência, a imagem de uma tal alma devastada pela arrogância e opulência, que criou, ela mesma, um fosso intransponível entre si e o pobre: o fosso do encerramento dos prazeres materiais; o fosso do esquecimento do outro, da incapacidade de amar, que se transforma agora numa sede ardente e já irremediável" (SS,44)
Não devemos viver como se o pecado não existisse ou fosse algo desprovido de importância. Apenas para termos noção da seriedade do assunto basta lembrarmos que o Verbo Encarnou-se para extirpar do mundo o pecado (cf Jo 1,29). Jesus não veio para fazer uma revolução política, Jesus não veio para ser mais um "mestre iluminado" que simplesmente, pelo seu exemplo, quer nos ensinar como nos aperfeiçoarmos moralmente. Jesus é o Verbo encarnado que se deixou crucificar e matar, para ressuscitar, vencer a morte e o pecado. E aos que ridicularizam a Igreja quando ela denuncia a existência de verdadeiras estruturas do pecado, Jesus pode muito bem responder: "Ora, o julgamento consiste nisto: a luz veio ao mundo, mas as pessoas amaram mais as trevas do que a luz, para que suas ações não sejam denunciadas. Mas quem pratica a verdade se aproxima da luz, para que suas ações sejam manifestadas, já que são praticadas em Deus" (Jo 3, 19-21). Sua Santidade João Paulo II foi fortemente criticado pela mídia quando denunciou a existência de uma "cultua de morte" que promove o aborto e a legitimação de casamento entre homossexuais. O Sumo Pontífice Bento XVI continua sendo atacado pelo mesmo motivo e por deixar clara e íntima ligação da "cultura de morte" com uma crescente "ditadura do relativismo".
Ainda hoje, muitos são os que escolhem as trevas e essa escolha está ancorada na soberba de considerar Deus e sua Igreja supérfluos, descartáveis; esta escolha é uma reedição requentada do pecado original. Expliquemos: Em Jesus, Deus assumiu nossa humanidade, veio até nós para nos elevarmos a uma condição (de salvação) que sozinhos não seriamos capazes, porém, se alguém sentir-se auto-suficiente ao ponto renegar o auxílio divino "cometeria um pecado de ?blasfêmia contra o Espírito Santo? ? assim denominado por Cristo que o declarou também sem remissão (cf. Mt 12,31). Irremissível por quê? Porque exclui no homem o próprio desejo de perdão; o homem rejeita o amor e a misericórdia de Deus, porque ele próprio se considera Deus, pensa que é capaz de bastar-se a si mesmo" (João Paulo II, 2005, p. 18). O não reconhecimento da existência do pecado e, por isso, conduzir-se desvairadamente como se o bem e o mal não existissem ou fosse algo relativo revela uma mentalidade egolátrica de querer constituir-se "deus". Este "deus" ao criar algo à sua imagem e semelhança estaria tão somente acentuando suas imperfeições e, de certo modo, prolongaria sua corrupção, sua decomposição, sua putrefação. Será que em nosso mundo moderno não encontramos algumas dessas características?
Um "deus" assim é um "deus" mortal, visto que não deixou de ser pó. A vida terrena termina, assim como o tempo da conversão. A escolha feita no tempo ecoará na eternidade, pois a vida temporal e suas opções serão apresentadas diante do Eterno. Para esses, tragicamente "não haveria nada de remediável, e a destruição do bem seria irrevogável: é já isto que se indica com a palavra inferno" (SS,45).
Aos católicos deve ecoar nos ouvidos a exortação de São Paulo: "Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito" (Rm12,2). A não conformidade requer uma postura firme contra toda forma de pecado seja pessoal ou estrutural. O católico é chamado a deixar-se transformar por Cristo de modo a poder transformar o mundo.
O católico há de saber ser prudente de modo a identificar-se com as seguintes palavras: "Portanto, quem ouve as minhas palavras e as põe em prática é como o homem sensato, que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não desabou, porque estava construída sobre a rocha" (Mt 7,24). Nessas palavras, Nosso Senhor faz uso de algumas imagens que são de grande significado: De um lado temos "chuva", "enchente", "ventos" que indicam instabilidade, relatividade. Por outro lado há a imagem da "rocha" que indica firmeza, perenidade, segurança. Então, "construir a casa sobre a rocha" significa viver de acordo com princípios eternos, perenes. As contingências podem acontecer, a instabilidade pode sobrevir, mas não derrubará aquele que instalou-se sobre o Eterno. Deus é eterno, o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, isso significa que o homem é vocacionado à vida eterna e plena, mas a resposta ao chamado de Deus começa a ser construída agora, mediante as escolhas que fazemos no tempo.
Acerca dessas escolhas São Paulo recomenda a Timóteo que se empenhe em "ser para aos que crêem um exemplo, pela palavra, pelo modo de proceder, pelo amor, pela fé, pela castidade" (1Tm 4,12). Ou seja, Paulo recomenda que Timóteo busque levar uma vida digna, uma vida santa.


III
Devíamos nos sentir aterrorizados pela realidade do pecado, pois esta é a causa do sofrimento de Deus (cf. Rm 4,25), nós pregamos Nossos Senhor no madeiro: "Eram na verdade os nossos sofrimentos que ele carregava, eram as nossas dores que levava às costas. Considerávamos que ele era um castigado, alguém por Deus ferido e massacrado. Mas estava sendo traspassado por causa de nossas rebeldias, estava sendo esmagado por nossos pecados. O castigo que teríamos que pagar caiu sobre ele, com seus sofrimentos veio a cura para nós . Como ovelhas estávamos todos perdidos, cada qual ia em frente por seu caminho. Foi, então que o Senhor fez cair sobre ele o peso dos pecado de todos nós" (Is 53, 4-6). Mas, passados dois mil anos, ainda somos surdos. Ainda não reconhecemos insuperável prova de amor. Em razão de nosso pecado, Deus sofreu e, de certo modo, sofre. A nossa perdição é a dor de Deus.
São Paulo nos indica que o amor de Deus por nós tem a magnitude da eternidade, uma vez que suas raízes são atemporais, estão fincadas antes do tempo, porquanto brotam do próprio Deus: "Nele, Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e íntegros diante dele, no amor. Conforme o desígnio benevolente de sua vontade, ele nos predestinou a adoção como filhos, por obra de Jesus Cristo" (Ef 1,4-5). Esta verdade a Igreja confirma e continua ensinando: "Deus, infinitamente Perfeito e Bem-aventurado em si mesmo, em um desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para fazê-lo participar de sua vida bem aventurada" (CIC, 1). No entanto, o amor eterno entra na história e se manifesta no tempo e no espaço (cf. Jo 1, 1-4). O Absoluto, por amor e por ser Ele mesmo O Amor, submete-se a contingencialidade. Contudo, sendo ele o Senhor do tempo quis permanecer conosco, em sua Igreja pelo desenrolar dos séculos, alimentando-nos, nutrindo-nos, cristificando-nos: "A seguir, tomou o pão, deu graças, partiu-o e lhes deu, dizendo: ?Isto é o meu corpo que é dado por vós, fazei isto em memória de mim?. Depois, ao fim da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: ?Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós" (Lc 22, 19-20).
Para que o pecado fosse definitivamente aniquilado foi preciso uma ação que nasceu das profundezas do Eterno e banhasse o tempo. Essa ação eterno-temporal é a ação sacrificial de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a ação sacrificial do Filho que, no Espírito, sempre agrada e obedece ao Pai, que por sua vez, proclama ? com o testemunho dos profetas (Elias) e da Lei (Moisés), de um lado, e da Igreja nascente (Pedro, Thiago e João), de outro ? sua confiança plena no Filho e o preceito de o obedecermos (cf. Mc 9, 2-8).
Talvez, dizer que Jesus assumiu nosso pecado não retrate toda realidade de sua doação, por isso São Paulo ao falar do sacrifício do Senhor preferiu ser mais enfático afirmando: "Aquele que não cometeu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nos tornemos justiça de Deus", isto é, nos tornemos justificados. De acordo com São Paulo, Jesus, não se limitou e se contentou somente em carregar nossas misérias, ele foi além. Jesus assumiu em si nossas misérias, nosso pecado, identificou-se, de certo modo com o pecado para que o pecado se corporificasse nele. Entretanto, ao corporificar-se, o pecado, é destruído pelo infinito amor oblativo de Cristo Jesus que é Deus feito Homem. Em outras palavras, o pecado é "demolido" pelo Amor, pela Misericórdia. Entretanto, quis Deus que a sua Divina Misericórdia ? que já fora revelada do alto da cruz (cf. Lc 23,34) ? se prolongasse no caminhar histórico mediante a ação sacramental de sua Igreja. É o que ordena o Senhor Ressuscitado: "Como o Pai me enviou, também eu vos envio?. Então soprou sobre eles e falou: ?Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiveres, ficarão retidos" (Jo 20, 21-23) .
A crucificação e a morte de Jesus para Prado Flores e Ângela Chineze (2005, p. 15) "trata-se da sabedoria divina, pois, ao morrer na cruz Jesus-pecado, morre também o nosso pecado". Segundo o Frei Cantalamessa (2000, p. 19) "Jesus não se limita a falar-nos do amor de Deus como faziam os profetas: ele "é" o amor de Deus. Pois ?Deus é amor? e Jesus é Deus"
Deus se deixou matar por amor a cada um de nós, em virtude de nosso pecado. Qual caminho escolher diante disso? Qual a escolha adequada? A resposta nos foi oferecida primeiramente por João Batista: "Convertei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo" (Mt 3,2). A segunda resposta, que não deixa de ser um eco da primeira, nos é dada todos os anos pela Igreja, na quarta-feira de cinzas, ao início de cada Quaresma, quando o ministro coloca cinzas em nossas cabeças como sinal de penitência: "Convertei-vos e crede no Evangelho". Qualquer resposta que não se coadune a esta contém sabor de pecado e, busca disfarçar o cheiro de enxofre, pois: "Quem é firme na justiça prepara a vida; quem vai atrás dos maus, a morte" (Pr 11, 19). Portanto, que nos empenhemos e rezemos a fim aprendermos o que diz São Thiago: "Feliz aquele que suporta a provação, porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam" (Tg 1,12).
* O presente texto é a síntese de um retiro pregado à "Comunidade MAIRA", na Semana Santa.
**O autor é graduado (Licenciado e Bacharel), em Filosofia (UFPa), Especialista em Filosofia (Epistemologia das Ciências Humanas/ UFPa).Especialista em Teologia (Teologia e Realidade com ênfase em bioética/CESUPA). Professor do IRFP (História de Filosofia Moderna e Contemporânea). Leciona na Escola Diaconal Santo Efrém da Arquidiocese de Belém (Antropologia Teológica, Escatologia); Leciona no Curso de Teologia (CCFC), as disciplinas Teologia Fundamental, Mariologia e Escatologia. É professor da Rede pública, onde leciona Filosofia.Ministra o Curso razões e fundamento da fé: estudo do CIC com a duração de quatro anos.
CONTATO: 32494214/ 91736992
BIBLIOGRAFIA
- CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Loyola, 2003.
- BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB. São Paulo-SP: Paulinas, Paulus, Ave Maria, Salesiana, Loyola; Aparecida-SP: Santuário; Petrópolis-RJ: Vozes, 2001.
- BENTO XVI. Carta Encíclica Spe Salvi. São Paulo: Paulinas, 2007.
- JOÃO PAULO II. Memória e Identidade. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.
- CANTALAMESSA, Raniero. Nós Pregamos Cristo Crucificado. São Paulo: Loyola, 2000.
- FOLRES, Prado e CHINEZE, Ângela. A Fascinante Morte de Jesus. São Paulo: Canção Nova, 2005.