O relativismo na antropologia.
Publicado em 23 de novembro de 2010 por Edivaldo Menezes Firmino
Relativismo é considerado o conceito mais importante da antropologia, contudo, a sua aplicação tem gerado debates importantes. Em episódio recente o Irã, país de maioria muçulmana condenou uma mulher à morte por apedrejamento, acusada de adultério. Como você explicaria esse episódio à luz do Relativismo?
Edivaldo de Menezes Firmino
Franz Boas trouxe à antropologia um pensamento inovador ele entendeu que a cultura do homem só poderia ser interpretada na perspectiva da cultura local. Ele rompeu com a idéia de cultura geral, ou seja, uma cultura única de toda a humanidade. Essa mudança foi fundamental para o processo de substituição do etnocentrismo pelo relativismo. Isso traz mudanças significativas na pesquisa e no próprio desenvolvimento da antropologia.
No etnocentrismo o pesquisador fazia direta ou indiretamente uma comparação entre suas crenças e costumes com as dos povos estudados e como esses eram bem diferentes o pesquisador tratava esses povos como atrasados ou inferiores. Mas no relativismo:
"o outro passou a ser visto na condição de fazedor de cultura e essa cultura entendida a partir do contexto no qual estava inserida. Isto é, a analise não acontecia mais em função dos padrões do analista, mas em função dos padrões do próprio pesquisado". (MENESES, 2009, p.51).
Como podemos perceber essa mudança é muito significativo para o desenvolvimento do conhecimento sobre a cultura, o ser humano enfim da própria antropologia. Visto que a relativização considera a principio que não há culturas superiores ou inferiores. Com essa noção o episodio da Iraniana que foi apedrejada seria normal, pelo fato de que a cultura daquele povo foi construída e desenvolvida com esse pensamento e essa forma de agir em casos de adultério. No entanto é preciso lembrar que a cultura está sujeita a mudanças e transformações e que ocorrem muitos casos de exploração e maus tratos ao ser humano que não podem ser considerados como normais.
É preciso lembrar que ate mesmo em nossa cultura ocidental a mulher já foi vista como um ser frágil e submisso ao homem, que ela não tinha o direito de votar, de estudar e uma serie de coisas da qual ela era proibida de fazer. Mas com lutas e questionamentos ela conseguiu alcançar muitos direitos e, por conseguinte também deveres. Em nossa sociedade a mulher também já foi muito mal tratada e explorada. Entretanto com o desenvolvimento ela conseguiu direitos e proteção do estado.
Pelo simples fato de mudanças sociais que podem ocorrer e por casos em que a cultura e costumes de um determinado povo não valorizam e tratam determinadas pessoas inseridas em seu próprio meio social como inferiores é que surgem vários debates em relação ao relativismo. Segundo Menezes (2009) no conceito relativista as culturas são olhadas e analisadas em função dos seus ambientes sociais e nas relações de mudança, de inventar, de renovar, costumes, normas e valores.
E esse pensamento traz consigo uma idéia importante que é o conceito de mudança de paradigma e o conceito de desenvolvimento. Portanto, analisando desse ponto, o caso da Iraniana apedrejada acredito que toda essa divulgação e polemica a respeito já é um ponta pé para uma mudança cultural, um quebra de paradigma, daquela cultura. E infelizmente para que essas mudanças aconteçam ocorrem diversas lutas e batalhas e sempre vem acompanhadas de muito sangue derramado.
Referências:
MENESES, Jonatas Silva. Antropologia I. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2009.
Edivaldo de Menezes Firmino
Franz Boas trouxe à antropologia um pensamento inovador ele entendeu que a cultura do homem só poderia ser interpretada na perspectiva da cultura local. Ele rompeu com a idéia de cultura geral, ou seja, uma cultura única de toda a humanidade. Essa mudança foi fundamental para o processo de substituição do etnocentrismo pelo relativismo. Isso traz mudanças significativas na pesquisa e no próprio desenvolvimento da antropologia.
No etnocentrismo o pesquisador fazia direta ou indiretamente uma comparação entre suas crenças e costumes com as dos povos estudados e como esses eram bem diferentes o pesquisador tratava esses povos como atrasados ou inferiores. Mas no relativismo:
"o outro passou a ser visto na condição de fazedor de cultura e essa cultura entendida a partir do contexto no qual estava inserida. Isto é, a analise não acontecia mais em função dos padrões do analista, mas em função dos padrões do próprio pesquisado". (MENESES, 2009, p.51).
Como podemos perceber essa mudança é muito significativo para o desenvolvimento do conhecimento sobre a cultura, o ser humano enfim da própria antropologia. Visto que a relativização considera a principio que não há culturas superiores ou inferiores. Com essa noção o episodio da Iraniana que foi apedrejada seria normal, pelo fato de que a cultura daquele povo foi construída e desenvolvida com esse pensamento e essa forma de agir em casos de adultério. No entanto é preciso lembrar que a cultura está sujeita a mudanças e transformações e que ocorrem muitos casos de exploração e maus tratos ao ser humano que não podem ser considerados como normais.
É preciso lembrar que ate mesmo em nossa cultura ocidental a mulher já foi vista como um ser frágil e submisso ao homem, que ela não tinha o direito de votar, de estudar e uma serie de coisas da qual ela era proibida de fazer. Mas com lutas e questionamentos ela conseguiu alcançar muitos direitos e, por conseguinte também deveres. Em nossa sociedade a mulher também já foi muito mal tratada e explorada. Entretanto com o desenvolvimento ela conseguiu direitos e proteção do estado.
Pelo simples fato de mudanças sociais que podem ocorrer e por casos em que a cultura e costumes de um determinado povo não valorizam e tratam determinadas pessoas inseridas em seu próprio meio social como inferiores é que surgem vários debates em relação ao relativismo. Segundo Menezes (2009) no conceito relativista as culturas são olhadas e analisadas em função dos seus ambientes sociais e nas relações de mudança, de inventar, de renovar, costumes, normas e valores.
E esse pensamento traz consigo uma idéia importante que é o conceito de mudança de paradigma e o conceito de desenvolvimento. Portanto, analisando desse ponto, o caso da Iraniana apedrejada acredito que toda essa divulgação e polemica a respeito já é um ponta pé para uma mudança cultural, um quebra de paradigma, daquela cultura. E infelizmente para que essas mudanças aconteçam ocorrem diversas lutas e batalhas e sempre vem acompanhadas de muito sangue derramado.
Referências:
MENESES, Jonatas Silva. Antropologia I. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2009.