O quê significam as festas de fim-de-ano para nós brasileiros.!?

 

 

       Todos os anos, desde que me lembro e que conheço de nossa História, o fim-de-ano tem um caráter especial. Reconciliação, independente às vezes dos danos colaterais ou recíprocos causados ; reflexão, perdão, telefonemas, cartões, mensagens eletrônicas.; compras; presentes – quase sempre acima faz possibilidades orçamentárias -; viagens – dentro do mesmo cenário de aperto - , são lugar -comum no final de dezembro e início de janeiro. E quando finda fevereiro, boa parte dos incautos se veem diante de sua dura realidade.

    Esta doença infecto-contagiosa nos foi trazido ainda pelos primeiros colonizadores; os marujos portugueses, os desterrados, os degradados e todas as” persona non gratas” ao governo português, que tinham como a melhor das opções vir para estas paragens, garantir os direitos do Estado e, quem sabe, restaurarem suas condições de cidadania perante àquela corte.

Acontece que quem realmente mandava naquelas paragens à época era a Sagrada Igreja Católica Apostólica Romana – já bastante desgastada no restante da Europa, à custa de huguenotes, calvinistas, luteranos, anglicanos, ortodoxos, e outros grupos protestantes de menor expressão, mas nem por isto de menor poder de contestação ou repercussão- orientada por uma confusa doutrina forjada no judaísmo, na mitologia grega e nas mitologias e diversas influências culturais atuantes na Grécia, que acabaram por determinar o desenvolvimento da “Cultura Ocidental”, com seu respectivo calendário, também bastante confuso - haja vista a Páscoa ,Carnaval Corpus Christi, que são datas móveis em função de determinações daquela instituição, e que são aceitas pela maioria dos governos ocidentais, independente de a nação ter predominância desta ou daquela doutrina cristã - que ratificava tratados, coroava reis e imolava desafetos. A doutrina desta instituição arraigou-se em nossa cultura; e apesar de nos alardearmos um país laico, continuamos celebrando o Natal, o Dia de Reis, dia da padroeira do Brasil -Nossa Senhora de Nazaré- e outras datas vinculadas àquela instituição. Nada contra; só não entendo com facilidade estas práticas!

    Voltando então às “ festas natalinas”, nos vemos , todos, presos a uma trama tradicional e ideológica da qual aqueles que tentam se libertar são seriamente mau vistos. “Judeus”, “hereges”, “ateus”, “desumanos”, nas suas formas mais veementes e pejorativas são denominações atribuídas àqueles que ousam desconsiderar a visão da maioria, esteja ele certa ou não.

    Na realidade, ao que parece, este período acaba sendo usado por nós, ocidentais, até em função de que se trata do fim de um ano civil, fiscal e, porque não dizer, também, eleitoral, e o começo de um outro – independente da cronologia histórica, visto estar este fato mais ligado às estações climáticas, que com o advento das expansões populacional, territorial e da consequente expansão do comércio assumiram um enorme valor estratégico-econômico - como um período de reflexão e de busca de opções de condutas e de estratégias para se alcançar o que realmente se busca, no fundo da mente humana, que nada mais é que a realização pessoal, o conforto , a segurança a saúde, o bem estar e uma certa longevidade. Agindo , ainda mais uma vez, racionalmente, será que realmente precisamos de uma data ou época específica do ano, de uma justificativa de fundo teológico e de um momento ecumênico para encarar nossas realidade e refletirmos, buscando melhores opções de viver e de fazer as coisas corretamente? E durante o resto do ano; o quê fazemos?

     Nosso calendário tem tanto rigor e validade moral, legal, ético e técnico quanto o dos hindus, dos hebreus, dos egípcios, dos chineses ou dos maias; só que estes últimos não estão aqui para se defender, argumentar e questionar nossa conduta; e os outros, não estão nem aí para nós; infelizmente!