O que seria de mim sem eles? *

Ione Barbosa de Oliveira** 

Quando eu cheguei, tudo era novo e estranho para mim. Logo descobri que para eu ficar ali tinha que pedir ajuda. Para quem? Se eu não conhecia ninguém! Mas esta era a exigência do lugar.

Mostraram-me outro espaço: pequeno, aconchegante e às vezes muito frio. Falaram que ali eu encontraria toda ajuda de que precisasse. E realmente encontrei.

Não eram tantos os que me ajudaram, mas o suficiente para me auxiliar naquela nova jornada. Olhei para todos, me encantei com muitos, mas só fui apresentada a alguns. Eram inteligentes, faladores, intelectuais e alguns chegavam a ser irônicos. Sempre tinham um assunto para conversar: filosofia, história, educação, literatura e até mesmo histórias de amor. Alguns eram bem bonitos, fortes e grandes. Outros nem tanto. Mas uma coisa eles tinham em comum, nunca se calavam diante de um bom "ouvinte".

Não pude conhecer todos, muitos só superficialmente, outros nunca nem toquei. Mas, outros conheci de verdade, por alguns até me apaixonei. Com estes pude ficar bem íntima, conversávamos muito quase todos os dias, por meses. Aprendi coisas incríveis, que nunca ninguém havia me falado antes.

Alguns não eram tão legais comigo, eram difíceis, não facilitavam minha aproximação. Tinham uma conversa complicada, um vocabulário rebuscado e às vezes eu não os entendia. Mas mesmo com estes, eu precisava manter relação.

Quando eu sair da Universidade, não poderei me esquecer daqueles que foram o meu socorro e refúgio, quando eu precisei. Vou me lembrar de Irandé, Massaud, Coutinho, Meireles, Andrade, Abramovich, Sussi, Lispector, enfim, homens e mulheres que de alguma forma contribuíram para minha formação acadêmica.


* Crônica apresentada ao Prof. Dr. Vitor Hugo Fernandes Martins, do componente curricularOficina de Produção Literária do Curso de Letras da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Campus XXI.

** Acadêmica do 8º semestre vespertino.