Não é incomum vermos o Brasil sendo enaltecido nos demais países pelas paisagens maravilhosas, pelo povo receptivo e bem humorado ou pelas oportunidades de negócios. A cada ano, mais e mais turistas estrangeiros desembarcam em nossas terras e levam de cá boas lembranças e experiências, e não raro alguns sofrem de tamanho encantamento que acabam adotando estas terras. Afinal, uma temporada de férias não é suficiente para se esgotar das nossas belezas naturais e de nosso calor humano.


O que falta ao Brasil então? Muitos responderão que falta infraestrutura devido à aeroportos incapacitados, hotéis escassos e caros, estradas esburacadas e apagões. Outros dirão que faltam políticos sérios, mais interessados em resolver os problemas de nosso país ao invés de buscar os seus próprios interesses. Alguns outros dirão dos empresários inescrupulosos, que visam os lucros a qualquer custo. Outros responderão que falta educação, saúde, segurança, competitividade, produtividade, incentivo aos esportes e à cultura, etc. etc. etc.


Todas essas respostas são verdadeiras e concordo com todas elas. Mas em minha opinião todas elas não existiriam ou seriam menos críticas se resolvêssemos um problema muito mais fundamental, não do Brasil, mas sim dos brasileiros: ética e cidadania. Não quero generalizar, mas os poucos indivíduos que não possuem essas qualidades me fazem sentir que vivo em uma terra de espertalhões, de políticos a marginaizinhos, que se acham inteligentes por conseguir algum tipo de benefício, por menor que seja, passando por cima de tudo e de todos.


É unânime que o sistema educacional, quando levado a sério, tem um poder transformador sobre qualquer nação. A Coréia do Sul é um bom exemplo disso, sempre citado quando o assunto é educação. No caso do Brasil, para alcançarmos uma transformação semelhante, além de melhorar o sistema educacional, sugiro também adicionar a matéria Ética e Cidadania à grade escolar.


Oras, uma pessoa que cresce entendendo o poder da ética e cidadania terá uma probabilidade muito maior de no futuro se tornar um político sério e que pense no bem coletivo ou em um empresário responsável e sustentável ou em um empregado produtivo e comprometido. Mas independentemente das pessoas se tornarem políticos, empresários ou empregados, todos serão cidadãos que se importam uns com os outros até nos pequenos detalhes, como por exemplo, parar o carro para deixar alguém atravessar, oferecer o seu lugar para um idoso sentar, pedir licença, pedir desculpas, e assim por diante.


Não sou professor, pedagogo ou psicólogo para saber determinar se essa matéria deveria ser aplicada no ensino fundamental ou médio, mas considero imprescindível que seja ensinado às crianças e jovens. Isso por dois motivos: o mais óbvio deles é para formarmos cidadãos melhores desde cedo. O outro motivo é que acredito no poder de convencimento de uma criança  quando ela levar a ética e cidadania para dentro de suas casas. Um simples exemplo: quem nunca ficou sem graça quando uma criança nos repreendeu ao soltarmos um palavrão?


Sei que poderão me criticar dizendo que a escola não pode ser sobrecarregada com funções que deveriam ser dos pais. Mas entendam que nem todas as crianças e jovens crescem em ambientes que as servem de bons exemplos. Logo, é necessário que alguém dê essa referência para elas. E nesse caso, ninguém melhor que o bom e velho professor na escola!