O que é liberdade econômica. 

  A luta diária pela subsistência tende a tomar a totalidade de nossa força produtiva, ou seja, ao fim de um dia de trabalho, a exaustão que toma o trabalhador, é tão intensa que este não dispõe de forças físicas ou disposição psicológica para exercitar algo que é vital para sua saúde:

Uma vida qualificada.  

  Tudo ou, ao menos quase tudo, que conseguimos financeiramente por nossa força de trabalho é novamente empregado para que seja possível um recomeço do processo de produção. Gastos como o do vestuário, por exemplo, para o trabalhador humilde, sempre será associado com o necessário para a execução de seu trabalho, baseado na exigência que faz seu segmento profissional. Da mesma forma a alimentação será estritamente a necessária para a boa execução de suas tarefas. Passa longe da mente do indivíduo prazeres relacionados à boa mesa ou ao vestuário dito de elegante trajar, tais ações são executadas pelo primário ímpeto do suprimento básico.   O tempo fora do ambiente de trabalho, por sua vez, é ocupado com pensamentos relacionados com as tarefas realizadas no dia que passou, ou ainda, com as projeções das ações que serão realizadas no dia seguinte. Temos por tanto, uma carga horária psicológica que se extende muito além da que é devidamente remunerada e um dito horário de descanso que inexiste, pois, será tomado em parte por deslocamentos até longas distâncias, de reminiscências ou projeções das horas de trabalho.

  Não há, portanto, prazer ou lazer descontraído, nem mesmo uma reconhecida recompensa, para a força de trabalho que é explorada todos os dias nos países ditos em vias de desenvolvimento.

 Países em desenvolvimento... Quem teria inventado este termo?

   Bem pra começar, vamos entender quando este papo começou.

Nos anos posteriores a segunda guerra, ocorreu a bipolarização das politicas econômicas dividindo o mundo em dois grandes grupos: os de território ocupado pela ideologia capitalista, que compreendiam a Europa ocidental e ocidentalizada, e a América do Norte e um segundo grupo chamado de socialista que era formado pelo que sobrou da Europa Oriental que fora atropelada a alguns anos atrás e ainda alguns países bombardeados e industrialmente sucateados da Ásia. Tremenda partilha justa é ou não é Jão?!

 Porém um terceiro grupo, formado pelas colônias que tinham recentemente se tornado Repúblicas Federativas por imposição externa, ficou conhecido na ONU a partir de 1955, como países subdesenvolvidos, ou usando o termo eufemista oficial, Países em Vias de Desenvolvimento, que compreendiam ao território ocupado pela América Latina, países da África e da Ásia, o chamado Oriente próximo.   

 Pregava-se o “subdesenvolvimento” naquela época, como um momento histórico, o qual, irremediavelmente, todas as nações do Planeta passaram ou ainda passariam, de forma absolutamente natural, de organização social tradicional pré-técnica, para uma sociedade moderna e técnica. Vendiam isto como se fossem fases cronológicas que teríamos que passar, as quais eles, os países capitalistas desenvolvidos, já haviam superado. Sendo assim, existia um determinado parâmetro para determinar se um País deveria ser considerado desenvolvido ou não:

  - Ser o mais parecido possível com os países capitalistas no que tange os índices internacionais. Que vão desde: a renda percapita, o produto interno bruto, índices de consumo (lógico), e determinada infraestrutura para prestação de serviços básicos, como hospitais, bibliotecas e escolas.   

  Estes índices eram analisados sem levar em conta, porém, questões básicas como, por exemplo: é fato que, determinadas nações foram colônias de exploração de países ricos por quase 90% do tempo de sua existência até aquele momento e seria, portanto, impossível a elas em um tão curto espaço de tempo, concretizar o projeto de desenvolvimento econômico que outras nações, que passaram pelo processo de colonização, já possuíam a pelo menos, duzentos anos.  Por isso esta teoria de etapas foi por água abaixo.

    Surge então, lá pelos anos sessenta, a teoria funcional que compreendia que as nações subdesenvolvidas cumpriam na verdade uma “função social global” dentro de um plano econômico, obviamente de caráter ideológico (não é pra rir não, aconteceu mesmo!!!).

   A partir deste ponto surgiram politicas intervencionistas que visavam “combater o subdesenvolvimento”, porém, na prática, e de forma unilateral, gera-se dependência econômica e politica, pois eram impostas obrigações financeiras às nações subdesenvolvidas por meio de contratos de dívida externa para com as donas do sistema ideológico global.

   O resultado desta intervenção estrutural foi uma sensação ilusória de desenvolvimento econômico. No Brasil este período ficou conhecido como “Milagre Econômico” (etá povinho católico pacas!). Contudo este movimento visava mais inibir o aumento dos movimentos revolucionários, a exemplo das ações de guerrilha cubanas, do que efetivamente levar aos países pobres alguma melhora na qualidade de vida da população.  O resultado foi um desequilíbrio das bases econômicas internas e um agravamento dos índices de miséria. Nos anos setenta dois terços do Mundo eram assolados pela fome e frustração, enquanto que, por sua vez as maiores economias celebravam crescimento de cinquenta por cento em suas riquezas.

  Daquele momento podemos compreender que o quadro que observamos não era de uma fase superável, mas sim de um colapso econômico geral dos países pobres. Ficava evidente que o desenvolvimento econômico dos países mais ricos não se dava por suas politicas geniais, ou por terem estadistas no governo, mas pura e simplesmente por que eles exploravam a nossa miséria.

   Para manterem seus índices de crescimento econômico era vital a manutenção da nossa condição de subdesenvolvimento. A política capitalista, para poder gerar progresso e desenvolvimento de um lado, criou um abismo entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos em uma relação danosa. Aquilo que coopera diretamente para a riqueza de poucos resulta na miséria de muitos. Para termos um Eyque Batista, precisamos nos conformar com a existência de Heliópolis. Os poucos que se beneficiam com a riqueza estão no hemisfério Norte e os muitos que são flagelados pela miséria ocupam a parte Sul do esquema econômico social global. O grande dilema é que as decisões que são tomadas a cerca das relações econômicas dos países ideologicamente dependentes do capitalismo, ocorrem a partir de uma demanda externa, ou seja, pensando e agindo sobre uma lógica de subserviência. Como se nós não soubéssemos como administrar nossas riquezas, sendo necessário que eles, venham nos dizer quais são as nossas necessidades mais urgentes.    

   Forçando-nos a assinar tratados internacionais que em nada nos beneficiam, em nome de um protecionismo unilateral quase que fascista, somos convencidos a comprar comida de laboratório geneticamente envenenada, sendo que a produção de grãos nacional é comprometida pela destruição das lavouras mais produtivas do mundo para criação de gado para exportação. Trocamos soja por capim por que se trata de uma demanda internacional.

    A manutenção deste processo, em si, não gera nenhum retorno objetivo ao nosso povo. No final de cada mês, percebemos o quanto ainda está distante a concretização dos padrões de qualidade de vida que, supúnhamos alcançar. Ao nos lançarmos na empreitada de sermos um país cooperativo e submisso as decisões dos nossos exploradores, o resultado alcançado é totalmente reempregado na subsistência do próprio sistema que, se não despuser de superávits primários não sustentará por muito tempo a politica de créditos populares, conseguidos às custas de um suicida desequilíbrio interno, não tendo condição de oferecer tanto crédito, que é exatamente a manobra usada hoje para dar as massas a sensação irreal de desenvolvimento e de que tudo vai muito bem, ocorrerá a queda no consumo, que por sua vez traz consigo a falência da cadeia produtiva o desemprego e resseção.

Liberdade econômica significa não ser controlado pelas forças e relações econômicas.