O que é importante para o chefe?

A importância da filtragem dos assuntos!

- Qual o assunto?

Esta simples pergunta pode levar a “outra parte” (colega de trabalho, cliente, fornecedor) a ficar bastante desconfortável no relacionamento ou com a pessoa que a faz ou com a própria empresa ou instituição a
qual ela representa. Se for uma instituição pública ainda por cima, o efeito pode ser mais devastador ainda.

Mas afinal, por quê isto acontece?

Geralmente, a pessoa que pergunta:  - “Qual o assunto”? foi devidamente instruída ou treinada para fazer a filtragem dos assuntos antes de levar o assunto à hierarquia superior. Porém, geralmente, tenta,por ela mesma, resolver antes de chegar ao chefe.

Na maior parte  das vezes o chefe nem fica sabendo que o cliente/fornecedor/funcionário esteve ali e gostaria de falar com ele. A pessoa encarregada fez a filtragem devida e liberou o chefe para outros assuntos. Geralmente, assuntos de maior relevância. Maior relevância para o chefe, não para quem queria falar com ele.

Quando devidamente habilitado e capacitado o “filtro” (secretária-assessor-auxiliar..) executa com perfeição o seu trabalho, que, além de liberar o chefe para outras responsabilidades, aumenta consideravelmente a satisfação do interlocutor com as respostas dadas.

Ao final do dia, basta deixar na mesa do chefe uma pequena planilha contendo os dados básicos dos telefonemas recebidos e as providências tomadas. O chefe terá em mãos todo o controle daquilo que foi resolvido SEM a sua intervenção e/ou presença, demonstrando, desta forma, que o trabalho é desenvolvido com segurança e rapidez para o crescimento da empresa-instituição.

Por outro lado, se o “filtro” não estiver devidamente habilitado e capacitado, todos os dias será um problema adicional para o chefe resolver, até o dia que ele descobre que, NÃO precisa de filtro. Ou melhor, não precisa DAQUELE TIPO de filtro. Mas, até aí, o estrago feito perante cliente-fornecedores e funcionários está irremediável e perenemente feito. Creio que em mais de 90% dos casos, (embasado somente em minha experiência pessoal) é impossível consertar o estrago.

No serviço público é (mais) comum este tipo de comportamento, posto (geralmente) a função ser exercida por funcionário concursado, portanto, não se surpreenda se para falar até mesmo com alguém da tua família que seja concursado, antes alguém lhe pergunte: - Qual o assunto?

Seria um diálogo mais ou menos assim:

- Prefeitura do Município de Cabrobó do Mangue, bom dia!

- Bom dia! Eu gostaria de falar com a Elaine (sua parente concursada naquela prefeitura)

- Que Elaine senhor? Temos 5 “Elaines” aqui!

- Elaine do Departamento Jurídico!

- Ah!Sim! A “Doutora Elaine” (Frisa bem o “DOUTORA” para deixar bem claro que é MAIS que você)

- Sim! A Doutora Elaine (Você também frisa a “Doutora” para deixar claro que entendeu a mensagem)

- Um minutinho que vou “estar passando” a ligação!

- Obrigado!

- Prefeitura do Município de Cabrobó do Mangue, Departamento Juridico. Bom dia!

- Bom dia! Eu gostaria de falar com a “Doutora” Elaine!

- Qual o assunto, por favor?

- Eu sou o (tio-amigo-marido-primo-cunhado-irmão-vizinho..) dela e gostaria de falar com ela.

- O senhor poderia “estar me adiantando” o assunto, por favor? (ela nem ouviu você falar sobre o parentesco)

- Minha senhora! Se eu falar o assunto para a senhora, a senhora VAI resolver?

- Como eu vou saber, senhor?

- Como EU vou saber se você pode resolver ou não? Se você PUDER eu te falo, e direi ao prefeito que não é necessário a Dra. Elaine aí na prefeitura, que você resolve. Se você NÃO puder, para que vou te falar?

- O senhor está me deixando confusa! (mais ainda?)

- Então, por favor, pode me passar com a DOUTORA Elaine?

- Qual o assunto, senhor?

E assim prossegue a gritaria sutil entre ouvidos moucos.

Porém, mesmo assim, sabendo do provável prejuízo para a empresa-instituição, grande parte dos “chefes” não dão a devida importância a essencialidade dos bons filtros.

Caso mais grave ainda é quando o filtro tem como chefe, algum político. Vereadores, prefeitos, deputados..

Logo após o fechamento das urnas, o eleito já se considera “empossado” portanto já conta com alguns auxiliares para fazer a devida “filtragem”. Geralmente pessoas que o ajudaram a se eleger.

Grande parte deles já não precisa (por enquanto) pegar crianças no colo, sorrir para quem não gosta, tomar café ou cachaça com uns prováveis “votos certos”. Este tipo de coisa, somente daqui a dois anos.
            Como, Eloy, DOIS anos? Eleições são de quatro em quatro anos?
            Mas se ele foi eleito prefeito-vereador irá trabalhar para deputados (federal e estadual) e mais governador, senadores e presidente daqui a dois anos. No Brasil temos eleições a cada DOIS anos e, político de DNA, não fica fora de eleição nenhuma.

            O político eleito, já tem lá seus dois ou três filtros, devidamente comissionados,  para atendimento aos eleitores da sua base. Estes filtros  fazem o possível e o impossível para que os eleitores não cheguem ao eleito. Por qual motivo fazem isto?  Para evitar que o eleito tenha que dizer NÃO e isto fique marcado no eleitor. O assessor dizendo não ou então postergando indefinidamente uma solução, evitará o desgaste do eleito para a próxima eleição, que sempre poderá alegar que NÃO SABIA que o assessor tinha feito (ou não feito) tal ou tal coisa, mas, se eleito agora, irá imediatamente proceder a solução esperada pelo eleitor. E começa tudo novamente.

Isto para o político é a decadência eleitoral lenta e dolorosa. Para as instituições públicas é o motivo principal do escárnio e do desprezo público. Para a empresa privada é a morte.

Eloy Ribeiro de Souza

http://www.eloysouza.com.br

[email protected]
twitter: @eloysouza

 

Eloy Ribeiro de Souza, é formado em Administração de Empresas e pós graduado em Gestão Empresarial e Metodologia do Ensino Superior, além de diversos cursos complementares tanto no Brasil quanto no exterior. Palestrante, poliglota, com experiência de mais de 20 anos em comércio exterior, o que lhe possibilitou, a convivência rotineira com muitas culturas, e, por consequência, conhecer posturas pessoais e profissionais que, hoje,são temas de suas palestras por todo o Brasil.