O QUE É EDUCAR?

 

Idanir Ecco[1]

Como vivermos é como educaremos, e conservaremos no viver o mundo que vivermos como educandos.

                                                     (Humberto Maturana).

Ao indagar a respeito do que é educar, tem-se a impressão de estar problematizando o óbvio, isto é, que a temática em questão é de fácil entendimento, que o seu significado salta à vista devido à sua evidência. No entanto, se fossem questionados, por exemplo, educadores, pais ou estudantes na área da educação, é bem provável que se constate explicações antagônicas, elucidações confusas e, por que não, balbuciadas devido ao esforço para encontrar palavras representativas na elaboração conceitual.

No afã zeloso em contribuir para com entendimento a cerca do que é educar apresenta-se a seguir alguns elementos que, inconteste, possa ampliar a compreensão do termo em foco.

Para dar conta do propósito exposto acima é mister destacar uma premissa incontrastável: o ato de educar efetiva-se com e entre seres humanos. Educamo-nos na relação, na interação, no convívio com o outro, condição fundamental para tornarmo-nos humanos. Portanto, educar é um processo de convivência e de transformação.

O que o ato de educar transforma? Resposta: modifica indivíduos e a realidade em que os mesmos estão inseridos, metamorfoseando-se. Aprendemos com Paulo Freire que a educação não transforma a sociedade. Todavia, transforma seres humanos. Estes, com sua ação, são capazes de construir estratégias na perspectiva da transformação do social, do contexto em que estão inseridos. Portanto, educar, em síntese, é, também, promover, nos sujeitos, a capacidade de interpretação das diferentes realidades em que estão incorporados, bem como, qualificá-los e “instrumentalizá-los” para a ação, nesses espaços, objetivando superações, transmutações.

Há que se compreender que o decurso educativo não corresponde a um determinado período da vida humana, porém constitui-se, sim, num desenvolvimento gradativo, contínuo; e seu prolongamento equivale ao período de nossa existência, isto é, dura toda a vida. Ademais, conviver é condição fundamental para perpetuarmo-nos enquanto indivíduos e ou espécie.

O ato de educar não está para o treinamento e nem a ele se reduz. E para que se constitua em uma ação transformadora e emancipadora deve estar centrado na vida. O ato de educar está para a formação, para a promoção dos educandos, seu verdadeiro sentido e significado. E promover o outro é uma tarefa humanizadora. No entanto, é possível reconhecer o seu oposto em determinados ambientes educacionais: “[...] mesmo que nós não percebamos, nossa práxis, como educadores, é para a libertação do homem, sua humanização ou para a domesticação do homem, sua dominação”, como afirmara Paulo Freire em entrevista a Carlos Alberto Torres (2003, p. 29), transcrita na obra Diálogo com Freire.

Categoricamente, educar é humanizar, contribuir para o devir, para engrandecer em todos a globalidade das potencialidades superiores (melhores), inerentes à nossa condição humana. Em suma, é reacender o sopro da vida, com sensibilidade humana, ousadia, coragem e sabedoria.



[1] Mestre em Educação UPF/RS e Professor da URI Erechim/RS. [email protected]