O QUE É A VIOLÊNCIA

Como alguém pode esfaquear outro sem o menor temor?

Raiva que o cega, devida a alguma frustração; medo de ser subjugado pela vítima, ou simplesmente pelo prazer doentio de matar, ou pelo pouco valor que dá à vida, incluindo a sua própria. Através do esfaqueamento de outrem ele descarrega todo aquele mal que o oprime, transformando ele próprio, sendo um com a faca.

Como alguém que leva uma batida na traseira sai do carro com a intenção de destruir o “agressor”?

O primeiro pensamento que lhe vem é que o outro o agrediu de propósito, por incapacidade mental para dirigir ou descuido. Tudo isso se mistura em sua cabeça fazendo com que ele enxergue no outro apenas um agressor. A sua reação, porém, vai variar de acordo com a imagem que ele vai fazer do “agressor” ao vê-lo. Se lhe parecer um fracote, há a chance de ele então se tornar um agressor real.

Na verdade, ele deve se mostrar mais “macho” quanto mais observadores estiverem em volta. Se não tiver observadores por perto, sua reação pode se tornar defensiva e até de compreensão, ou mesmo medo.

De novo, um momento de raiva que, na verdade, sempre deriva de frustrações, de desejos não realizados e até de desejos não identificados nem por ele mesmo (motivos de ansiedade).

Por que a maioria das pessoas atrás de um volante se sente agredidas quando outro motorista lhes toma a frente e começa a andar devagar? Por que elas se sentem agredidas só quando tem mais gente em volta, mas sentem é medo quando estão sozinhas com o possível agressor? Porque em meio à multidão elas “têm que se mostrar fortes”, enquanto, sozinhas, sua verdadeira personalidade vem à tona.

Por que em um jogo de futebol, torcedores adversários agem como se tivessem sido agredidos e daí querem destruir um ao outro? Por que, no mesmo jogo, um jogador procura “destruir” o outro para ficar com a bola? Porque transformamos o jogo numa guerra contra as nossas próprias frustrações, frustrações essas que a maioria de nós não sabe quais são.

Com certeza é o contraste entre ser poderoso e o sentimento de que somos realmente fracos.

Por que mulher e marido que brigam podem chegar ao ponto de se matarem? Como é que pessoas que se amam, depois de se casarem, podem se transformar em inimigos mortais? Que amor era aquele?

O que um amava no outro era o que podia ser visto, sentido, e isso era o todo. A parte que atritaria um com o outro estava escondida e, muitas vezes, esta parte escondida de um é o ingrediente que faltava para fazer aflorar a parte escondida do outro, e vice-versa.

Daí por diante pode vir a cegueira e teremos um agressor de um lado e outro do outro lado, se digladiando, tentando se destruírem, um tentando encontrar a última arma que acabará com o outro, sejam palavras ou objetos.

Por que católicos (por exemplo) e protestantes (por exemplo) na Irlanda (por exemplo) se matam e usam como desculpa a religião? E mais: matam-se em nome de Deus. Quem lhes deu o direito de matar em nome de Deus?

Nenhuma religião prega a violência, caso contrário não é religião. Toda pessoa violenta é covarde, daí, grupos de covardes se escondem no meio de grupos religiosos e os usam para dar vazão às suas frustrações, a maioria deles não sabendo eles próprios de onde provêm tais frustrações. O pior é que esses grupelhos são tão eloquentes que podem até contaminar a religião inteira à qual dizem pertencer, destruindo-a assim.

Esses grupos não têm futuro, assim como o mal que assola o mundo, pois fazem parte dele.

O que leva um filho ou uma filha a matar os próprios pais?

Nem vamos falar sobre aqueles pais que maltratam os filhos, pois, se não há justificativa para agressores desconhecidos, muito menos há para parentes. O filho/filha tem mais é que se defender mesmo.

Agora, filhos que maltratam pais que sempre lhes fizeram o bem, simplesmente se colocam no lugar de pais agressores, de bandidos e covardes. Não tem essa de estar sob influência de drogas, disso ou daquilo, ou com problemas mentais. Quem está sob um efeito assim não saberia diferenciar uma faca ou um revólver de um pepino; não saberia diferenciar uma pessoa de um poste. Por que ele/ela não tenta matar o poste? Sabem muito bem o que estão fazendo. É, simplesmente, pura covardia.

O que leva as gangues a agredirem e matarem desconhecidos nas ruas? O que leva estas gangues a destruírem coisas, como telefones públicos, lixeiras, etc.? Existe diferença entre violência e vandalismo?

Gangues, também, são formadas por grupos de covardes em que cada um vive tenso e desconfiado de seu companheiro de grupo.

Um deles, quando sozinho, só mostra suas garras quando se sente dominando a situação. No grupo, ao mesmo tempo que desconfia, se sente protegido, mas usa o outro mais como um muro de proteção. Não há honra entre covardes, senão não seriam violentos ou a gangue se desfaria.

Mais covardes que essas gangues são os grupos de depredadores. Como nos casos acima, descarregam suas frustrações em objetos, prédios e ruas. Alguns, por outro lado, sentem a necessidade de se mostrarem para o grupo, querem ser notados, aplaudidos. Quanto mais coisas ele destruir, mais notável será. O maioral da turma. Inconscientemente acha que isso vai preencher o vazio causado por suas frustrações.

No fundo, é um frustrado, cego para o fato de que está em busca de sua própria destruição. E quando esse momento chega, sua fraqueza e covardia vêm à tona, e ele chora.

A diferença entre vandalismo e violência não existe. São a mesma coisa. É que a violência é mais abrangente. Todo vândalo é violento e todo violento é vândalo.

O que leva alguém, em sã consciência, a fazer necessidades fisiológicas em bens públicos, como cabines telefônicas? Com sã consciência, quero dizer daquele que faz a necessidade só para satisfazer seu instinto de destruição. Para ele é o “vou fazer isso não sei porque”, pois vários pensamentos de vingança contra o mundo se misturam em sua cabeça. Vai contra o mundo em busca de uma paga do mal que ele mesmo causou a si.

Pode ser sã consciência, mas não é consciência sã.

É ignorância, vandalismo ou violência? É tudo junto.

O que leva alguém a achar que está acima de tudo e de todos e a praticar todo tipo de crime, seja assassinatos, roubos, tráfico de drogas, etc.? O que ele pensa que vai conseguir?

Normalmente (eu não queria usar esta palavra, pois a palavra ‘normal’ tem um sentido tão suave, tendendo sempre a indicar algo bom), este tipo de pessoa já tem muito dinheiro e sempre quer mais. Por ter muito dinheiro, ele atrai para junto de si aqueles que têm a mesma tendência de ganância. E, normalmente (de novo) e infelizmente, estes últimos costumam estar colocados em áreas influentes (ou controladoras) da sociedade, principalmente no governo e na polícia.

Todo um grupo pode não ser bandido, mas um bandido pode pertencer a qualquer grupo. E quando esse grupo tem forte influência na sociedade, cada bandido pertencente a ele se sente acima das leis e, na maioria das vezes, é colocado acima delas por seus comparsas, por uma minoria oprimida ou enganada por seus comparsas. Exemplos não faltam por aí, pois são assim os grupos que traficam drogas e os que criam casas de jogos de azar com equipamentos viciados.

Uma palavra os define: desonestos. Não existe diferença entre eles e as gangues em termos de violência, apenas dão mais ênfase à violência moral.

Cegos e maus, pois nada vão levar para o túmulo e vão deixar uma herança maldita para seus descendentes, além de contaminarem uma sociedade inteira.

Por que há pais que espancam os filhos?

Essa é a coisa mais inadmissível que possa existir. Tudo que existe de ruim sempre provém da mão do homem. É muito absurdo.

Espancar o próprio filho, filha ou uma criança qualquer é estar no mais alto grau da covardia. A causa não é doença, não é drogas e nem é álcool. Se assim fosse, ele sairia por aí espancando postes, árvores, caminhões, cavalos, alguém de seu tamanho, etc. É covardia, covardia, covardia.

Nenhum animal “irracional” espanca seus filhotes, porque os animais não são covardes, pois esta é uma característica exclusiva dos animais racionais, estes, sim, deveriam ser chamados de animais, pois os que são chamados de animais por nós são muito mais humanos e seu nível moral está bem acima do nosso.

Por que os violentos não violentam a si mesmos?

Esta é uma boa questão. Não fazem isso porque sabem o que fazem. Caso contrário seriam insanos, “loucos” e não covardes. Não existem covardes insanos.

Violência e maldade são a mesma coisa?

Podem ser e podem não ser. Uma maldade sempre atinge alguém, o que é uma violência. A diferença é que a vítima da maldade nem sempre consegue identificar seu agressor, que pode até estar a seu lado.

Por que a pena de morte não reduz a violência? Ela reduz o número de violentos apenas, mas outros surgem em seu lugar.

O que faz uma pessoa se tornar violenta nada tem a ver com o que vai acontecer com ela após um ato de violência que ela pratique. Aliás, o momento da violência cega a pessoa para isso, da mesma maneira que o momento do orgasmo cega a pessoa para as consequências. Depois é que pode vir o arrependimento. A questão é de educação e moral, e não de punição.

A moral é intrínseca da pessoa, mas a educação pode ajudar aquela pessoa a desdobrar a sua moral. A educação por si só não basta. Ser educado nada tem a ver com ter moral elevada. Ser mal-educado tem tudo a ver com ter moral baixa.

Como resolver a questão da violência? Como diminuir seu nível?

No caso daqueles que estão imiscuídos nos grupos controladores da sociedade, o único remédio é o tempo, ou, talvez, um “bandidicida” natural, ou uma entidade superpoderosa e superbondosa que descer na Terra e exterminá-los de cima para baixo.

Daqui a uns mil anos, talvez a moral humana tenha se elevado totalmente acima da dos animais. Aí não haverá mais nenhum tipo de violência.

Talvez daqui a uns mil anos o homem já tenha si destruído há muito tempo. Bom, pois assim também não haverá mais nenhum tipo de violência.

Quanto aos demais grupos de violentos, desafetos do primeiro grupo, talvez possamos contar com a ajuda deste para acabar com aqueles. É claro que alguns poderão migrar para o primeiro grupo, e aí, só o tempo será nossa esperança.

Tenho algumas sugestões para o grupo governante acabar com os outros grupos e sugestões até para nós mesmos acabarmos com eles:

1)      Tirar-lhes os filhos. Assim não transmitem sua violência para seus filhos, perpetuando assim a “espécie”. Teremos problemas se a violência for genética ou espiritual.

2)      Responsabilizar o governo, pois, se não combate, acumplicia-se.

3)      Parar de pagar impostos, como protesto. Somos maioria e, portanto, ele não poderá nos violentar.

4)      Pagar os impostos para os bandidos em vez de para o governo. Assim acabamos com seus motivos para nos roubar. Teremos problemas se o governo virar bandido.

5)      Instituir tribunais populares. A questão é: que pessoas estariam qualificadas para julgar nesse tribunal? Não temos nível moral suficiente, pois, se tivéssemos, eu não estaria aqui escrevendo sobre isso.

6)      Ajuda Crime: aumentar impostos e distribuir esta parte para os bandidos. Acho que é uma boa ideia. Não tem a Ajuda Paletó?

7)      Abaixar o valor dos impostos, assim poderemos separar uma sobra para os bandidos.

8)      Formar grupos de extermínio. Não dá certo. Seriam como os tribunais populares. Tem a questão do nível moral.

9)      Pedir aos cristãos que apressem a vinda de Jesus para acabar com o reinado do mal.

10)   Sua sugestão:

A violência só vai acabar quando cada um fizer sua parte no bem, principalmente os grupos controladores da sociedade, como os governos e os empresários donos do dinheiro do mundo.

Se houver vida depois da morte, nada levarão para lá; se não houver, por que não morrer sabendo que só fez o bem, mesmo que o tenha feito no seu último minuto de vida?

Brasilio – 2006/2007.