O QUE É A FÉ

Feliz é o ignorante que vive lá no meio do mato, não conhece nada e acredita em tudo.

Aquele que tudo sabe, na sua concepção e de um grupo que o reconhece, passa por sofrimentos atrozes.

Conhecer é destruir o que não se sabe. Só aquilo que bloqueia nossa visão é real, alimenta-nos. Uma vez removido o bloqueio, resta o vazio, o nada. É daí que vem o sofrimento. Ao conhecer mais e mais, vamos descortinando à nossa frente um grande vazio. Sócrates percebeu bem isso quando viu aquele vazio à sua frente e disse: “Só sei que nada sei”.

O ignorante nunca tem esse sentimento. No máximo ele pode dizer: “Só sei que tenho muita coisa para saber”.

Saber nada tem a ver com sabedoria. Na verdade, o ignorante está mais próximo da sabedoria que o dito sábio. O verdadeiro sábio não vê o vazio, vê quase como o ignorante, porém ele não vê para fora, vê para dentro; não vê o vazio, vê seus limites, que realizam aquele vazio.

O que nos impede de saber mais? Como ultrapassar o vazio aparente? Tudo o que podemos saber é aquilo que é real para nós? Por que a necessidade de saber supera o que existe para ser conhecido? Devemos tentar saber, deixar para lá ou simplesmente acreditar em suposições sem origem comprovada? Não falo das suposições humanas ou de coisas feitas pelos homens, pois estas têm menos valor ainda.

O que te diz a tua voz interior? Não é ela que te impõe a fé? Não é ela também que te força a questionar mais e mais?

O que nos impede de saber mais é a incapacidade de reconhecer nossos limites. Eles são as últimas coisas que devemos conhecer e estudar antes de seguirmos em frente. Devemos questionar sempre, tentar sempre ir em frente. Quando atingirmos nossos limites, devemos ficar ali questionando até que eles se rompam e se posicione mais à frente, para tudo começar de novo.

À medida que formos rompendo por aqueles caminhos, os que não conhecemos se tornará real e conhecido.

Nisso devemos ter fé: na nossa capacidade de ir sempre em frente, através de questionamentos. Tudo que for positivo para nós, merece a nossa fé, mesmo que não conheçamos a essência daquela coisa, mesmo que aqueles que preferem ficar parados pelo caminho nos digam que aquilo não existe ou não tem lógica. Eles nada mais são que bestas acovardadas que temem ver suas “verdades” destruídas, por isso estancam e querem impedir os outros de avançarem, estendendo sua rede de ignorância. Tais pessoas não têm fé nem em si mesmas.

É a fé que nos guia e nos move.

Brasilio – Junho/2007.