O protestantismo e o neoprotestantismo enquanto a sua originalidade da reforma religiosa

FERNANDO MACEDO DE OLIVEIRA E FREDERICO AUGUSTO TEIXEIRA DA ROCHA ORLANDO

O PROTESTANTISMO E O NEOPROTESTANTISMO ENQUANTO A SUA ORIGINALIDADE DA REFORMA RELIGIOSA

Artigo científico de formação social do Brasil pelo Instituto Brasiliense De Direito Público – IDP. 1º semestre

Professor: Hector Luis Cordeiro Vieira

Junho – 2012

Brasília - DF

Resumo

A religião protestante guarda seus preceitos morais e éticos bem definidos, pautados na conduta das Escrituras Sagradas e da Reforma Religiosa. O propósito deste artigo é estabelecer uma visão do que é o protestantismo e desclassificar uma denominação que se diz pertencente à religião: o neoprotestantismo. 

Palavras chaves

Religião – cristianismo – Reforma Religiosa - protestantismo – Bíblia – pentecostalismo  –  neopentecostalismo  –  ética  –  moral.

Introdução

O protestantismo é uma religião muito centrada nos ensinamentos da Bíblia e carrega consigo uma originalidade enquanto a Reforma Religiosa que o originou.

Existem varias denominações protestantes, porém carregam consigo os ideais do que é ser um protestante, que é o que os faz serem.

Atualmente foi percebida no meio protestante uma nova percepção de evangelho chamada neopentecostalismo. Meu objetivo neste estudo é esclarecer como são feitos seus cultos religiosos, os seus objetivos enquanto instituição e analisando os fatos e comparando aos da Reforma Religiosa, e aos preceitos morais que a englobam e então declarar que não são validos enquanto protestantes, formam então uma seita religiosa com outros objetivos e intuitos que não são observados nos protestantes. Para isto terei de analisar certos fatos na Bíblia que é a verdade absoluta segundo a religião.

Existem vários estudos sobre o assunto e os protestantes em geral não aceitam este tipo de denominação que são motivos de serem taxados de “ladrões”, “abusadores da fé”, “só querem saber do dízimo”, ou seja, atribuo este segmento a estes estereótipos que na realidade protestante de fato não são observados, é claro que existem pessoas bem intencionadas e existem meros aproveitadores da fé, isto é um fato social de natureza humana, nem todos foram dotados de uma moral e ética social adequada para a sociedade.

1.    Sobre a Reforma

[1]Os movimentos que iniciaram num contexto de Reforma Religiosa tiveram inicio desde a Idade Média, através dos teólogos John Wycliffe e Jan Huss. Movmentos esses que foram reprimidos por sua forte realidade que era obscura aos fiéis serem revaladas, mas na Inglaterra e na Boêmia (hoje república Tcheca), os ideias reformistas se mantiveram em alguns estudiosos e que a circunstancias ocultas ás tendências que fizeram romper a revolta religiosa na Alemanha.

O que chamou a atenção de alguns religiosos que estavam preocupados verdadeiramente com o seguimento real do cristianismo foi a falta de adequamento e desvirtuamento dos dogmas da religião. Como por exemplo, a obscuridade com que eram tratadas as missas, em latim para que os fieis não soubessem o que se passava, a venda de cargos eclesiásticos e a venda de indulgências, um total desrespeito a dogmática cristã. O papa estava enfraquecido de influencia pelo prestigio crescente dos soberanos europeus, que influenciavam muito nas decisões religiosas. Este contexto foi propicio para estourar uma revolta.

Gutemberg teve um papel fundamental na Reforma em traduzir as Escrituras Sagradas em outras línguas, com isso os fieis não precisavam de uma mediação e poderiam tirar suas próprias conclusões sobre a verdade. Outra figura fundamental neste processo foi Martinho Lutero, um monge católico estudioso e dotado de um conhecimento elevado para a época. Após ter passado alguns anos em um mosteiro estudando, muitas coisas o inquietavam e através de seus estudos resolveu elaborar 95 teses que criticavam duramente a igreja principalmente na compra de indulgencias e defender a doutrina da salvação pela fé. Entre os princípios da Reforma alguns fundamentais são: A Bíblia é o manual básico de um cristão; o trabalho e o enriquecimento consequente são louváveis; a salvação é individual e só obtida através de Cristo. Com isso houve uma revolta e uma separação da igreja em católica e as derivadas da Reforma (de uma forma geral, as protestantes).

2.    O protestantismo

Protestantismo é uma religião que tem sua base centrada e voltada para seguir intrinsecamente a Bíblia. É um dos três principais ramos do cristianismo ao lado do catolicismo romano e das igrejas orientais ou ortodoxas. Considerando a Reforma Religiosa no cristianismo, resultou em três ramos: anglicano, luterano e calvinista. O anglicanismo com suas particulariedades e problemas com conceituação de seu nome, que não vem ao caso aprofundar no tema. Os protestantes propriamente ditos são os luteranos e calvinistas que se espalharam pelo mundo em varias ramificações. Então protestantes são aquelas denominações que derivaram da Reforma ou que guardam os princípios dela, algumas como: luteranas, presbiterianas, metodistas, congregacionais e batistas. Creio não ser preciso adotar uma nova conceituação para estas denominações, pois guardam o mesmo principio da Reforma Religiosa. Existem diversos sub-ramos destas denominações, mas minha resalta aqui é que para serem consideradas protestantes devem possuir duas características fundamentais: seguir a Bíblia intrinsecamente, consequentemente adotar os ideias da Reforma Religiosa.

3.    O que é ser um protestante

O primeiro passo para ser um protestante é adotar Jesus Cristo como seu único e suficiente salvador, só através dele será possível ser agraciado da vida eterna. A liberdade é um grande principio da Reforma, diz Lutero que o cristão é “senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém”, mas completa: “um cirstão é um servo prestativo em todas as coisas e está sujeito a todos”. Há uma contradição nestas palavras que resulta em um principio cristão: o homem é livre para fazer o que bem entender, não está sujeito a ninguém, não esta debaixo de nenhuma mediação, tem ligação direta com Deus e pressupõe que a salvação só depende do próprio homem, é um servo no sentido do homem bom, que adota a visão de família, somos todos uma família e seres prestativos.

Ser protestante é estar em acordo com a palavra vinda do próprio Deus, deve saber que não será fácil, “ o caminho é estreito” como diz as escrituras. Privarmos de certos prazeres carnais, seguir os 10 mandamentos a risca, não sermos seres preguiçosos, a ociosidade e a falta de objetivo na vida são combatidas. Fazer missões e levar a palavra de Deus para todo aquele ser vivo na terra. A questão de ser um missionário, e levar as Escrituras Sagradas e a mensagem de Cristo aonde ainda não foi possível chegar é um fato muito comum nas igrejas que em suma, possuem um orçamento já destinado aos pastores e missionários que estão em missão, cumprindo uma função social nos lugares e levando em consequência a mensagem de Deus.        

[2]A principal divergência com a igreja católica é o fato de não adorarem ou fazerem pedidos a santos, seguindo o principio do 1 e 2 mandamento e não terem Maria como algo semelhante a Deus, adotam Maria como uma pessoa normal igual a todas, escolhida por Deus para conceber Jesus na terra, sim merece um respeito, mas não tem status de um Deus, não é mãe de Deus, se não esta seria superior a Deus, a origem de Deus.

Os cultos são celebrados de forma harmoniosa possuem uma liturgia não tão sistemática quanto a católica porém possuem uma a ser seguida. A oração como Jesus ensinou foi apenas um modelo, e não deve ser repetida sem um menor sentido do que esteja falando, não deve ser algo somente para repetir o que está posto, a oração deve ser sincera e atenciosa.

4.    O protestantismo no Brasil

Estudos indicam que pelo ano de 1530 já havia um protestante vindo de fora do país e dotado dos princípios da Reforma. O primeiro culto celebrado no Brasil realizou-se no dia 10 de Março de 1557, na Ilha de Villagaigon, no Rio de Janeiro. O Brasil é um país laico, amplo na questão da religiosidade, possui diversas culturas e tradições espalhadas pelo seu território. Fato este que possibilitou com muita facilidade a implantação da Reforma.

Algo peculiar do protestantismo no Brasil é a sua originalidade. O Brasil é famoso mundo a fora pelo seu famoso “jeitinho”. [3]Roberto Damatta em suas publicações deixa bem claro o jeito brasileiro de ser, até nas religiões ele se da o conforto de adequar da melhor maneira possível uma forma de viver mais tranquilo e sossegado. A questão dos católicos não praticantes, é um exemplo como a religião também foi alvo do jeitinho. O brasileiro não se vê em sua maioria ligado extremamente a dogmas religiosos de forma fervorosa. Ele da segue seu caminho de maneira firme na religião, mas quanto algo tentador que é considerado pecado aparece, a maioria dos brasileiros vão arranjar um jeito de se livrar da culpa e acabam cometendo o pecado. A originalidade do protestantismo a que me refiro é exatamente o não acontecimento deste “jeitinho”, o protestantismo no Brasil é o mesmo que foi trago pelos norte-americanos. Tem se um temor muito grande diante da Bíblia por parte dos protestantes, o que faz com que sejam realmente da religião. Não existe o evangélico não praticante, somente o evangélico. Até mesmo dentro do templo, na comunidade religiosa, se alguém comete um pecado considerado espantoso como a fornicação e o adultério é imediatamente submetido a maus olhares e rejeição de uma forma espantosa. No Brasil se algum “crente” é pego feito algo fora dos dogmas religiosos é altamente condenado e criticado pela sociedade, fato este que possibilita dar uma originalidade no Brasil, ou seja, o famoso jeitinho brasileiro ainda não chegou ao protestantismo real. Mas problemas de ordem dogmática já são perceptíveis.

1. 5.    Segmentos do protestantismo

5.1 A igreja pentecostal

O pentecostalismo em acordo com o livro de Atos dos apóstolos prega o batismo no espírito santo como forma de maior comunhão com a Divindade. Ter experiências com Deus é algo altamente purificador e santificante, experiências estas que ocorrem ao se buscar mediante oração, mas uma oração com fé e foco no seu objetivo que é a [4]receptação do espírito santo em seu corpo, um avivamento como é dito entre os fiéis. Um nível mais sagrado na religião, após este batismo há uma maior comunhão com a Divindade.

Surgiram algumas denominações com um enfoque mais centrado a este movimento como a Assembleia de Deus e a Congregação Cristã.

Isto certamente causou maus olhares e estranhamento de algumas igrejas tradicionais históricas protestantes, porém este batismo no espírito santo é altamente de acordo com a Bíblia, esta sendo somente uma e Jesus somente um. Meu posicionamento neste estudo é o protestantismo como uma religião que leva uma originalidade, aquele que se diz protestante deve estar de acordo com a palavra de Deus que é o fundamento da Reforma.

5.2 A igreja neopentecostal

É um povo com uma nova visão de protestantismo. Suas pregações são voltadas para uma mensagem de prosperidade e riqueza, dão grande enfoque ás ofertas e dízimos, a maior parte dos seus cultos é de testemunhos de pessoas que foram libertas e fazem questão de enfatizar o nome da igreja, algo muito curioso é a forma com que todos os pastores se assemelham no modo de falar e pregar, é como se houvesse um curso, todo possuem o mesmo timbre e entonação vocal e o medo que levam aos infiéis de forma muito explicita com demônios e manifestações por parte de Satanás. Sendo sua principal denominação a Igreja Universal Do Reino de Deus (IURD).

Existem certas peculiaridades que incomodam muitos fiéis com sua originalidade preservada enquanto protestantes. [5]Durkheim em seus estudos sobre a religião postulou algo chamado de sagrado e profano, sendo sagrado tudo aquilo que leva uma certa questão divina e transcendental e profano tudo aquilo que é carnal, de origem terrena, oposto ideia de divino. Algo muito comum nas igrejas neopentecostais é a sacralização de objetos. O pastor pega um objeto como uma toalha com um pingo de seu suor e distribui entre os fieis como se aquilo fosse altamente sagrado. Há hoje o que pode se chamar de sacralização e abuso da fé. De acordo com a Bíblia deve se buscar a cura, a salvação seja o que for através de Jesus. Um objeto como uma toalha não tem valor nenhum, a fé está contida dentro de cada pessoa, seja no cérebro, no coração, aonde quer que seja. O pastor coloca toda a santidade, toda a divindade e poder de Deus em um objeto qualquer e o distribui prometendo a presença de Deus ali.

Outro problema é a questão de dízimos e ofertas. Há uma pregação absurda de prosperidade e lucros de forma milagrosa, através da sua contribuição fervorosa e monetária na igreja. Os fiéis são induzidos a gastar e sacrificar grande parte de suas conquistas na igreja, A Bíblia diz que devemos dispor de um [6]dízimo (a décima parte), e as ofertas para com o templo devem ser de coração, ou seja, de livre e espontânea vontade, como uma forma de ajudar realmente na sustentação, nas despesas e conquistas da comunidade. Toda organização precisa de uma ajuda de custo e as igrejas tem de manter seus missionários na obra, porem de forma alguma a Bíblia prega que um fiel de Jesus deva dar todo o seu dinheiro para a igreja, o que acontece nas pregações são testemunhos de pessoas que entregaram casas, carros e se deram bem financeiramente, isto e uma total exploração da fé de pessoas fragilizadas pelas suas situações difíceis e absurdas em que vivem. A Bíblia diz em Mateus 23:23 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.”  Certamente este comportamento neopentecostal não está de acordo com a Reforma que prega a moral dos princípios bíblicos, é fato que explorar a fé cristã não está de acordo com as Escrituras Sagradas, não é preciso um estudo aprofundado para perceber que Jesus em momento algum extorquiu, ordenou ou pediu ajudar financeiras absurdas. É certo que o protestantismo prega que é possível sim, e não há nada de errado em se tornar uma pessoa bem sucedida na vida, porem isto se deve através de seu esforço do trabalho e dedicação a vida. Abusar de pessoas fragilizadas emocionalmente não está dentro de algo considerado trabalho pelo conceito de trabalho atual que é presente na sociedade. Inúmeros são os escândalos financeiros presentes em igrejas desse novo segmento protestante, na mídia uma acusa a outra de fraudes das mais diversas formas. Recentemente estourou na mídia duas das maiores igrejas do segmento trocando acusações fortíssimas de enriquecimento ilícito, mentiras e fraudes. Há o que pode se chamar de eliminação da concorrência, é como uma companhia que vê seus lucros sendo ameaçados, a empresa “A” que sente que esta perdendo mercado para “B” e então começa uma batalha na mídia para tentar uma detonar a outra, sendo as duas consideradas protestantes, algo muito contraditório a luz da Bíblia que é o que se supõe que deveriam obedecer. A conclusão disso é que poucas são as que realmente estão se preocupando em repassar a palavra das escrituras, que é o fundamento da religião.

[7]Recentemente em um testemunho na igreja Universal do Reino De Deus, a cerca de um mês atrás, uma ex-obreira subiu ao palanque para  relatar que abandonar a obra de Deus foi um grande erro e trouxe consequências severas em sua vida, até ai tudo bem, abandonar a missão que Deus impôs sobre a pessoa de acordo com a religião é compreensivo, porém esta irmã foi acometida de uma gravidez de trigêmeos e estes não eram crianças, mas três caveiras que o pastor chamou de filhos do diabo, ou seja, o diabo engravidou a mulher e ela deu a luz a três caveiras nitidamente de plástico. Retomo a ideia de uma exploração da fé, a originalidade do protestantismo a que referi não está presente neste exemplo, que deixa bem claro a situação em que a maioria das igrejas desse segmento se encontram. O famoso “jeitinho” brasileiro ao qual eu coloquei como fora do protestantismo aqui é altamente visível, ou seja, a visão de um homem malandro, que dribla as dificuldades de um jeito exclusivo de nossa terra é claramente visto aqui, os fieis que abandonarem a igreja e não a religião serão submetidos a uma vida de terror e espanto por parte de Satanás, de uma forma totalmente absurda na sua vida.   

Acerca do que foi dito proponho analisar o fiel deste tipo de denominação. Grande parte são pessoas de baixa renda, com baixa escolaridade, endividadas, com problemas das mais variadas formas e níveis de gravidade, ou seja, são pessoas fragilizadas emocionalmente, que precisam de uma ajuda grande em suas vidas, necessitam realmente de um milagre, porque como ouvimos todos os dias nos testemunhos apresentados, as pessoas vivem em total desespero. Uma pessoa que se vê em um contexto social abaixo do nível em que gostaria de estar, acredita muito bem no que qualquer pessoa disser que trará uma melhora em sua condição. Qualquer pessoa nestas condições está mais suscetível de crenças, e são justamente a estas pessoas que as igrejas neopentecostais buscam. Em contradição com a orientação de Jesus que veio para todos. O pastor chama a frente uma pessoa que superou estas dificuldades e atualmente está prosperando, consequentemente uma pessoa com problemas vendo isto vai requerer ao mesmo processo. A pessoa não liga para o amanhã, nem o que vai acontecer, perde toda a sua razão no sentido de pensar e agir, a pessoa cria um nível altíssimo de crença jamais visto, acreditar que uma mulher foi engravidada pelo satanás e teve luz a três caveiras de plástico certamente vai além da compreensão da maioria da população em sã estado de consciência, que não está passando por nenhum tratamento psiquiátrico. Esta pessoa busca incessantemente a melhora, ela está frágil a ponto de acreditar no que foi dito acima, porém vejamos bem, o pastor nos cultos sabendo de uma pessoa neste estado bate na tecla da oferta, “temos que dar, temos que entregar para Deus o melhor”, o resultado é que milhares de fieis espalhados pelas igrejas doam carros, casas, bens dos mais variados tipos. Bem, certamente essa atitude de induzir, de se aproveitar não foi observada na vida de Cristo e em nenhum momento na Bíblia. E não está de acordo com nenhuma perspectiva dogmática cristã.

[8]Wemerson Marinho levanta questões relacionadas ao sistema litúrgico e isolamento espiritual que são submetidos os frequentadores das igrejas neopentecostais. Ele cita, entre outras coisas, a falta de uma liturgia eclesiástica e a pouca atenção dada à Bíblia como a única regra de fé e forma de agir. O sistema neopentecostal é algo isolado do protestantismo, o pastor não segue um estudo bíblico com os fieis, é um culto totalmente voltado para mensagens de prosperidade e libertação. Os fieis mal sabem o que está escrito na Bíblia, consequentemente não sabem a verdade que a religião que pensam que estão seguindo prega. Um estudo sobre a Universal Do [9]Reino de Deus da igreja Presbiteriana analisou justamente essa questão e concluiu que “O método de interpretação das Escrituras utilizado por bispos e pastores da IURD consiste em geral numa atualização ou transposição das experiências religiosas de personagens bíblicas para os dias atuais. Isto ocorre em virtude do que entendem ser a Bíblia. Macedo não parece ver a Bíblia como a revelação proporcional de Deus, mas como um livro de experiências religiosas, que começa com Israel no Velho Testamento e termina com a humanidade em Apocalipse, experiências estas que podem ser repetidas nos mesmos moldes, nos dias atuais.

Assim, a repetição ou re-encenação de episódios e eventos bíblicos é utilizada como ferramenta que lhes permite usar as Escrituras como base de sua prática. Por exemplo, assim como Noé fez uma aliança com Deus, podemos nós também fazê-la. Assim como Josué cercou as muralhas de Jericó e ao som de trombetas elas caíram, assim podemos cercar as muralhas das dificuldades e problemas e derrubá-los em nome de Jesus (usando uma trombeta de plástico e uma muralha de isopor). A vara que Moisés usou, o cajado de Jacó, os aventais de Paulo – todas estas coisas, e muitas outras tiradas das histórias bíblicas, se tornam tipos da utilização de apetrechos semelhantes, aos quais é atribuída (apesar das negações em contrário) algum valor espiritual na resolução de problemas”.

Este sem duvida é um “jeitinho” brasileiro dentro da religião. Com o objetivo de arrecadar fiéis.

A ausência da ética cristã neste segmento é altamente perceptível ela compreende diversos aspectos, desde a questão doutrinária até princípios morais defendidos pelo cristianismo bíblico.[10] Augustus Nicodemos define a ética cristã nos seguintes termos: “A ética cristã, em resumo, é o conjunto de valores morais total e unicamente baseado nas Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta neste mundo, diante de Deus, do próximo e de si mesmo. Não é um conjunto de regras pelas quais os homens poderão chegar a Deus – mas é a norma de conduta pela qual poderá agradar a Deus que já o redimiu. Por ser baseada na revelação divina, acredita em valores morais absolutos, que são à vontade de Deus para todos os homens, de todas as culturas e em todas as épocas”.

Ser um protestante pressupõe defesa dos bons costumes, da moral e de uma vida pautada na Bíblia. Com base em fatos puramente comerciais (“comerciais” no sentido literal da expressão), as igrejas neopentecostais deixaram de ver a divindade como elemento máximo das decisões humanas, e a transformaram em uma oportunidade de negócio. O objetivo fundamental deles são receber o maior numero de fieis possível e para isso cometem absurdos dogmáticos e morais segundo as Escrituras Sagradas e segundo a moral social presente na sociedade também. A defesa do aborto nada mais é do que uma estratégia, um meio encontrado pela igreja para atrair católicos descontentes com sua religião. [11]Os dados revelados por uma pesquisa comprovam que a ausência de um discipulado eficiente e ética cristã nas igrejas neopentecostais, resultam em uma massa crua e sem vida centrada nos objetivos cristãos que procuram seus templos atraídos pela propaganda de prosperidade e cura divina exclusivamente.

São por estes motivos apresentados que desclassifico o neopentecostalismo do protestantismo, não são protestantes pois não obedecem aos princípios da Reforma. São Hereges quanto ao cristianismo, voltaram a vender indulgencias de uma maneira não como era na igreja católica, mais uma forma maquiada, porem seguindo o mesmo principio. Não obedecem as Escrituras Sagradas, não obedece à ética cristã, e não obedecem a Reforma Religiosa que derivou o protestantismo. O que são em verdade é uma seita religiosa, uma industria comercial, uma empresa,  quaisquer coisas menos protestantes.

1. 6.    Conclusão

Após uma síntese do que é ser protestante, do que é a Reforma Religiosa, do que é seguir a Cristo de fato foi possível concluir que os neopentecostais não pertencem a classe de pessoas que se destinam a isto, porém é importante salientar que me refiro aos lideres e pastores, os fieis como foram analisados aqui estão em uma situação vulnerável de crença.

O brasileiro certamente é um povo em que consegue surpreender em todos os aspectos da vida, o “jeitinho” brasileiro de Damatta está presente hoje até na religião e foram apresentados fatos em que qualquer pessoa ao ligar a televisão e assistir a um programa deste tipo constatará facilmente.

Há uma generalização enquanto aos pastores evangélicos quanto a este comportamento, é importante salientar através deste estudo que o protestantismo é uma religião com originalidade, aqueles que se dizem protestantes e não estão de acordo com a doutrina de tal, não são protestantes. Há muitas pessoas que se aproveitam, que não estão preocupadas com os ensinamentos de Cristo, digo então que devemos ter cautela em quem confiar, não é porque um homem se diz pastor que realmente é. A originalidade que defendo deve ser preservada em qualquer ideal que se adota, se não, não será considerado do mesmo segmento.

1. 7.    Referencias bibliográficas        

A Ciência dos Transes. São Paulo – SP. Época, abril de 2003 págs. 73 e 74

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Bíblia Sagrada.

Comissão Permanente de Doutrina da Igreja Presbiteriana do Brasil. Igreja Universal do Reino de Deus – Sua Teologia e Sua Prática. S. Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997, p. 28

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COELHO, I.G. Neopentecostalismo, Campinas – SP. Palestra ministrada em abril de 2004 na Faculdade Teológica de Campinas.

Damatta, r. (1986). O que faz Brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco.

DURKHEIM, È. As formas elementares da vida religiosa, Martins Fontes, São Paulo, 1996.

Dossiê “Análise da Teologia e Práxis da Igreja Universal do Reino de Deus” publicado pela Igreja Presbiteriana do Brasil e que se encontra disponível no livro “Igreja Universal do Reino de Deus – Sua doutrina e prática” (S. Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997 p. 28).

MARINHO, R. Evangélicos, quem são eles, por que crescem tanto e o que essa expansão significa para o Brasil e para o mundo. São Paulo – SP. Revista Super Interessante, fevereiro de 2004, pág. 55

 MARINHO. W. Pontos Discutíveis do Movimento Neopentecosta. Ipatinga – MG.

NICODEMOS A. Ética Cristã. São Paulo – SP. O Tempora, O Moraes, 2010.

Wemerson Marinho, em sua análise “Pontos Discutíveis do Movimento Neopentecostal”.