UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA

CURSO DE PEDAGOGIA

 

 

MARIA EUGÊNIA TEIXEIRA

 

O PROJOVEM ADOLESCENTE

 

O Projovem Adolescente é o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Adolescentes e Jovens com idade de 15 a 17 anos e tem como foco o fortalecimento da convivência familiar e comunitária, o retorno dos adolescentes à escola e sua permanência no sistema de ensino. Isso é feito por meio do desenvolvimento de atividades que estimulem a convivência social, a participação cidadã e uma formação geral para o mundo do trabalho.

O público-alvo constitui-se, em sua maioria, de jovens cujas famílias são beneficiárias do Bolsa Família, estendendo-se também aos jovens em situação de risco pessoal e social, encaminhados pelos serviços de Proteção Social Especial do Suas ou pelos órgãos do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente. Os jovens são organizados em grupos, denominados COLETIVOS, compostos por no mínimo 15 e no máximo 30 jovens. O coletivo é acompanhado por um orientador social e supervisionado por um profissional de nível superior do Centro de Referência de Assistência Social (Cras).O Projovem deve também possibilitar o desenvolvimento de habilidades gerais, tais como a capacidade comunicativa e a inclusão digital, de modo a orientar o jovem para a escolha profissional consciente, prevenindo a sua inserção precoce no mercado de trabalho.

A metodologia do projeto prevê a abordagem de temas que perpassam os eixos estruturantes, denominados temas transversais, abordando conteúdos necessários para compreensão da realidade e para a participação social. Por meio da arte-cultura e esporte-lazer, visa a sensibilizar os jovens para os desafios da realidade social, cultural, ambiental e política de seu meio social, bem como possibilitar o acesso aos direitos e a saúde, e ainda, o estímulo a práticas associativas e as diferentes formas de expressão dos interesses, posicionamentos e visões de mundo dos jovens no espaço público. 

PESQUISA EMPÍRICA                    

 

 Esta etapa foi muito importante para que tivéssemos conhecimento do que se tratava o Projovem Adolescente, a sua finalidade e como funcionava, para que pudéssemos ainda, criar laços com o coletivo para compreendê-lo.

Para aprofundar os conhecimentos sobre esse programa do governo, parte do tempo de pesquisa foi dedicado ainda, a pesquisas na internet, leitura dos cadernos emitidos pelo MEC, que norteiam os orientadores, e leitura das referências bibliográficas relacionados aos movimentos sociais. Assim os meses de Abril e Maio, nos dias que acontecem os encontros do coletivo no projeto, terça, quartas e quintas, foram dedicados as observações e as segundas e sextas ao estudo e pesquisas.

Durante a primeira etapa foi observado o funcionamento e a rotina do projeto, pudemos perceber que não há atividades que, efetivamente, vise à qualificação profissional dos adolescentes, como determinam os cadernos. Mas em relação a educação básica há reforços escolar, estudos de textos com leitura reflexiva do texto.

Existem atividades, ainda relacionadas a ação comunitária, como palestras e dinâmicas sobre temas como a dengue,drogas, desenvolvidas com ajuda dos profissionais do CRAS e pelo orientador Social,que se chama Fagner.Para tal fazem uso constantes das tecnologias de informação e de comunicação como a televisão, data show, som e outros.

Na segunda etapa foi observado, especificamente, a função dos orientadores e a postura destes frente aos adolescentes e às atividades. É interessante citar que o orientador do coletivo Fagner e o facilitador das atividades Moisés não só procuram despertar os adolescentes para a participação, mas também mostrar a seus alunos que ter um ponto de vista, não é fazer com que essa sua verdade em que acredita seja imposta como única que deva prevalecer e nem a mais correta, a fim de apaziguar os conflitos que extrapolam as discussão saudáveis.

Os educadores em questão, dão exemplos de fatos verídicos, em suas aulas de pontos de vistas que excluem, que se tornam ações que deixam marginalizados alguns seres humanos. Fazendo assim um elo entre os conteúdos a ser trabalhado e os valores éticos de indivíduos conscientes de sua condição humana.

Na terceira etapa, por sua vez, foi observado a participação efetiva dos adolescentes na realização das atividades no projeto, e pode ser notado que, alguns deles, realizava as tarefas e os demais apenas acompanhavam passivamente, ou seja alguns, como diz Bordenave, estavam tomando parte do grupo e outros apenas fazendo parte do mesmo. Outras vezes pode-se ser notado que em trabalhos em grupos menores, algumas pessoas trabalhavam para a execução das atividades, só que essas mesmas pessoas delegavam uma parte do trabalho ao restante dos membros. Tal situação revelava que alguns adolescentes tem pouca auto-estima.

 

PESQUISA TEÓRICA

 

Esta pesquisa foi uma experiência única e indispensável aos futuros licenciados em pedagogia, dito isso por termos conhecimento da realidade dos acadêmicos deste curso de graduação, que em sua maioria já são atuantes na área de educação em espaços formais como a escola, mesmo sem o diploma em mãos, mas a maioria destes não está diretamente envolvida em atividades que se relacionam com os movimentos sociais. Mas fazer-se conhecedor da realidade vivenciada em grupos que trabalham nesse campo foi de um aspecto inovador.

O projeto que tivemos a oportunidade de fazer a leitura e análises dos trabalhos desenvolvidos retrata a preocupação em ajudar o jovem a sentir-se parte ativa na sociedade, numa dinâmica de educação que os cativa, atraindo o jovem a estabelecer vínculo com a comunidade de São Miguel (Iratinga), reconhecendo a sua responsabilidade com a mesma, no sentido de que vivendo nela deve ser um cidadão que se engaja na melhoria da mesma, ao invés de envolver-se em atividades que, além de não ser construtiva para o lugarejo é destrutiva para suas vidas.

As trocas de experiências entre o educador educacional e os componentes do grupo são de um aproveitamento visivelmente significativo e satisfatório.

Tudo o que foi visto no projeto retrata um trabalho participativo e democrático, primeiro porque os adolescentes interagem com os educadores e segundo porque os educadores são muito carismáticos e ponderados quanto ao que se propõe fazer com os adolescentes, levando em consideração as opiniões daqueles, a fim de mostrar a eles que são protagonistas da suas vidas e devem assumir uma postura ativa e decisória nos rumos de sua própria vida.

O que foi escrito neste relatório é fruto da observação e também do que vivenciado no dia a dia no projeto, pautado em conteúdos referenciais adquiridos em leituras. Assim o conhecimento teórico adquirido proporcionou condições de analisar profundamente o desenrolar dos acontecimentos e o cotidiano do Projovem adolescente.

 O aprendizado adquirido nos dias que decorreram essa pesquisa vai além do conhecimento técnico necessário para gerir atividades. É claro que, esses saberes não foram deixados em segundo plano, houve o desejo de absorvê–los também, no entanto foi marcante entender como é a postura de uma pessoa frente ao grupo de trabalho nesse projeto.

Pode-se perceber o quanto é importante que, em tudo o que formos realizar devemos mostrar confiança e procurar está preparados para todas as vicissitudes que podem vir a acontecer, sabendo nos articular bem, pois é necessário o diálogo com todos os envolvidos, procurando o apoio destes, pois é essencial ter pessoas ao lado apoiando.

      Pode-se compreender ainda que, um pedagogo frente às mobilizações das atividades, tem muito de si mesmo nas suas ações e por isso mesmo, ele deve ser uma pessoa muito centrada no que faz, para não usar de idiossincrasias para oprimir os outros e obrigá-los a concordar com suas ações.

Quanto a confiança, é preciso ser firme também, pois um educador também é julgado e quando isso acontecer, ela precisa saber lidar com os julgamentos, sem a pretensão de impor que o outro saiba conviver com ele, mas trabalhar para que essa boa convivência aconteça ,fazendo a sua parte, saber ouvir e está disposto a ajudar.

O pedagogo torna-se, para aqueles com quem convive em seu trabalho no Projovem ou qualquer outro local em que haja uma causa social, um alguém em que se espelhar, pois como possui formação acadêmica, esta transforma-o em um cidadão com conhecimento, que abstrai da sociedade, situações escondidas, que mascaram a realidade fazendo com que as pessoas ignorantes quanto a essas questões, não tenham consciência de seus direitos e muito menos saibam quais os meios que ela pode usar para exigi-los.

É exatamente neste ponto que um pedagogo consciente do seu papel, pode e deve atuar, fazendo com que estas pessoas passem também a ter conhecimento da própria realidade na qual estar inserido e que reflitam sobre a mesma.

Outra contribuição que o pedagogo pode dar cumprindo sua função nos trabalhos sociais é auxiliá-las, para que sozinhas mais adiante, possam identificar as formas de manipulação e de autoritarismo disfarçados que impedem a participação efetiva delas na sociedade e que lhe tiram os seus benefícios, as quais têm direito.

CONCLUSÃO

Talvez, seja um papel difícil, mas o pedagogo precisa fazer com que esses indivíduos, reconheçam-se como seres com capacidades de lutar para que suas necessidades sejam supridas por aqueles que tem o dever de fazê-lo, mostrando-os ainda, que essa participação na sociedade é algo tão necessário para o individuo quanto o ato de alimentar-se e o de dormir, mas que essa participação não deve ser  de forma negativa, ela deve acontecer de tal maneira que esse sujeito encontre no ato de participar da sociedade, a sua essência de ser humano.

Por tudo o que já foi dito, podemos ver que o pedagogo deve não só, como um bom profissional, abrir os olhos das pessoas para uma releitura de mundo diferente da que estão acostumados, para que estes passem a identificar o que os oprimem e as várias maneiras como são excluídos da vida social e política e, principalmente, enxerguem as formas de reverter essa situação, mas também possui como papel moral, o dever de ser um cidadão, com postura ativa e engajada na luta por melhorias na qualidade de vida de todos.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

 

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. “Adolescências, juventudes e sócio-educativos:concepções e fundamentos.”1ª ed.. Brasília.2009.

 

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Traçado metodológico. 1ª ed.. Brasília.2009.

 

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Percusso socioeducativo I :criação do coletivo Ciclo  I. 1ª ed.. Brasília.2009.

 

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Percusso socioeducativo II :consolidação  do coletivo Ciclo  I. 1ª ed.. Brasília.2009.

 

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Percusso socioeducativo III : coletivo  pesquisador Ciclo  I. 1ª ed.. Brasília.2009.BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Percusso socioeducativo IV: coletivo  questionador. Ciclo I. 1ª ed.. Brasília.2009.

 

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Percusso socioeducativo V: coletivo articulador-realizador-FGT- formação técnica Geral. Ciclo II. 1ª ed.. Brasília.2009.

 

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Percusso socioeducativo VI : coletivo aticulador-realizador.Participação cidadã. Ciclo II. 1ª ed.. Brasília.2009.

 

BORDENAVE.Juan E. Díaz.O que é participação.8ªed..São Paulo:Editora brasiliense, 1994.

 

FREIRE,Paulo;BETTO,Frei.Essa escola chamada vida:depoimentos ao reporte Ricardo Kotscho.14ª Ed.São Paulo:editora ática,2007.

 

 ProJovemAdolescente.Disponível em:http://mds.gov.br/assistenciasocial/prote-

caobasica/servicos/projovem. acesso em: 19/04/2012.