Dayanne Teixeira da Silva Pereira
Graduada em Pedagogia Plena pelo Centro
Universitário Adventista de São Paulo, UNASP-EC.
Pós-Graduada em Inclusão Social - Educação Especial pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo, UNASP-EC.

Resumo: O presente estudo tem como objetivo mostrar a possibilidade do professor incluir alunos especiais, dentro de uma sala de aula regular, sem que haja exclusão. Através de pesquisas bibliográficas de diferentes autores será explanado um tema que gera muita discussão o preparo dos professores para mediante a inclusão, explanando desde a deficiência em si, até a família e a escola.

Palavras-chave: deficiência auditiva, aparelho auditivo, família, escola, professor.

Abstract: This present study has like objective show the possibility of the teacher to include special students inside of a regular classroom, without exclusion. Though starchy bibliographic search of different authors will be explained a theme that bring discussion, the preparing of teachers for exclusion, explaining since deficiency, until family and school.

Key Words: hearing deficiency, hearing aid, family, school, teacher.

Introdução

Durante muito tempo os deficientes foram excluídos da sociedade. Desde a idade adequada eram enviados às escolas especiais, onde aprenderam com crianças iguais a elas. A sociedade cresceu sem "saber" como era um deficiente, formando assim, vários preconceitos. Esses preconceitos fizeram com que se percebesse a importância e a necessidade de haver escolas inclusivas, para que assim se construísse uma sociedade sem discriminação, onde todos têm seus direitos respeitados.
Devido a isso é que foi instituído, em 1994, na Declaração de Salamanca, o direito da criança portadora de necessidades especiais de estudar em escolas regulares. No Brasil, em 1996, foi sancionada a Lei nº. 9394, onde se aprovava o atendimento do aluno especial em Escolas Regulares. Com as Escolas Regulares Inclusivas, se pretendia valorizar a diversidade, oferecendo maior oportunidade para a aprendizagem e onde todos são beneficiados, criando assim uma sociedade sem preconceitos.
Com essa Lei, o governo pretendia quebrar as barreiras do preconceito e dar oportunidade para a criança especial de se integrar na sociedade, mostrando assim todas as suas potencialidades. Essa inclusão representa um desafio para os professores que os recebem, pois eles terão que buscar meios para atendê-los melhor, sem que se faça a sua exclusão.
A inclusão desses alunos em sala de aula regular exige reformas, reestruturação e aperfeiçoamento, tanto por parte da escola, como por parte dos professores, mas estes muitas vezes não estão preparados para receber tais alunos.
A mesma Lei que aprova o aluno portador de necessidades especiais na escola regular, fala também dos cursos de capacitação dos professores. Mas a realidade não tem sido esta. Muitos governos não têm dado tais cursos de capacitação aos seus professores, e devido a este fator, muitos docentes têm rejeitado o trabalho com alunos especiais.

Funcionamento dos órgãos auditivos

O ouvido humano é um órgão altamente sensível e especializado em duas funções: a audição e o equilíbrio. Ele nos capacita a perceber e interpretar ondas sonoras em uma gama muito ampla de freqüências (20 a 20.000 Hz), fundamental para aprendermos a falar e de grande importância nos processos de comunicação e desenvolvimento intelectual. Divide-se em três partes: ouvido externo, médio e interno, os quais têm suas funções específicas no mecanismo auditivo. As estruturas neurológicas estão envolvidas e protegidas dentro da orelha interna.
O ouvido humano normal pode diferenciar cerca de 40.000 sons, inclusive os mais fracos, que fazem a membrana timpânica se mover.
O ouvido externo é formado pela orelha (pavilhão auditivo ou auricular) e o canal auditivo (condutor auditivo). Seu limite é a face externa da membrana timpânica e termina numa escavação do osso temporal do crânio.
No ouvido médio está constituída a cavidade timpânica e partes da óssea da tuba auditiva. A cavidade timpânica corresponde ao espaço compreendido entre a membrana timpânica e o labirinto ósseo. Já na tuba auditiva está um pequeno tubo de aproximadamente 2 cm que conecta o ouvido médio com a parte posterior do nariz, permitindo que o ar do exterior entre ouvido médio.
Os ossos menores também se encontram no ouvido médio, são constituídos por três ossinhos: Martelo, Bigorna e Estribo. O Martelo encontra-se inserido na camada intermediária da membrana timpânica e se divide anatomicamente em cabeça, colo e cabo. A Bigorna possui o corpo que se articula com o martelo, um ramo curto que ocupa a fossa incudis e é suspenso pelo ligamento posterior da bigorna e um ramo longo que se articula com a cabeça do Estribo através do processo lenticular. Já o Estribo divide-se anatomicamente em: cabeça, colo, crura anterior e posterior e a platina.
A membrana também é uma importante parte do ouvido médio, possui forma elíptica e dispõe-se em inclinação de 40 graus com a parede inferior do canal auditivo externo. Tanto a parte flácida como a tensa apresenta três camadas: a lateral, contínua com a pele do conduto, a medial, contínua com a mucosa da caixa e uma lâmina própria, entre estas duas. A distribuição e constituição do tecido conectivo na lâmina própria parece ser o responsável pela diferença estrutural encontrada entre a parte tensa e a parte flácida da membrana timpânica. A sua irrigação é feita por vasos das camadas externa e interna que se comunicam pela lâmina própria.
Já o ouvido interno, que também é conhecido como labirinto forma parte essencial do aparelho auditivo, suas estruturas mais importantes são: a cóclea ou caracol e o órgão de Corti que se localiza num conjunto de cavidades ósseas denominadas labirinto ósseo.
A cóclea ou caracol é um tubo membranoso que está enrolado semelhante a um caracol, localizada dentro desta concha óssea chamada de labirinto. A cóclea está dividida em três ductos: o vestibular, o coclear e o timpânico. Os ductos vestibular e timpânico são contínuos e se conectam no alto da cóclea por meio de uma pequena abertura denominada helicotrema. Já o ducto coclear, é definido por Silverthorn (2003, p. 301), como:

Um tubo com extremidade fechada preenchido com endolinfa, um líquido igual aos fluidos que preenchem a orelha interna. A endolinfa é secretada por células epiteliais do ducto. Isso é incomum porque sua composição é mais parecida com a do fluido intracelular do que com a composição do fluido extracelular. O ducto coclear é formado por um tecido flexível que se move em resposta às ondas sonoras presentes no ducto vestibular. É no ducto coclear que contém o órgão de Corti.

Já a outra parte importante do ouvido interno, o órgão de Corti, é formada por células sensoriais ciliadas, enervadas pelas fibras do nervo auditivo e por células de sustentação que se assenta sobre a superfície interna da membrana basilar. Sobre esse órgão, se encontra a membrana tectória que tem uma extremidade presa a lamina óssea espiralada e a outra extremidade livre.
O ouvido interno é o responsável pelo equilíbrio. Ele possui a capacidade de perceber a posição da cabeça e suas alterações juntamente com a percepção visual e a sensação muscular, ele percebe todas as alterações do equilíbrio e estimula determinados grupos de músculos no sentido de estabilizá-lo.
O senso de equilíbrio é mediado por células pilosas que estão no aparelho vestibular cheio de fluido e nos canais semicirculares do ouvido interno. Esses receptores respondem às mudanças rotacionais, verticais, e a aceleração linear. A função das células pilosas é igual a das células da cóclea, mas a gravidade e a aceleração, mais do que as ondas sonoras, proveem à força que move os estereocílios.
O equilíbrio possui dois componentes: o dinâmico, que nos informa o movimento no espaço, e o componente estático, que informa se a nossa cabeça está deslocada na posição vertical ou normal. Os três canais semicirculares sentem a aceleração rotacional em várias direções e os otólitos informam sobre a aceleração linear e a posição da cabeça.
Além do equilíbrio do corpo, o ouvido é responsável pelo som. Ele é o resultado do movimento ordenado e vibratório das partículas materiais que se propagam oscilando em torno de uma posição de equilíbrio.
Quando uma determinada energia cinética é aplicada sobre um objeto capaz de produzir som, esta transforma sua energia potencial em cinética fazendo vencer sua resistência elástica. O movimento cessa e esta energia cinética convertida em Potencial fará com que as partículas voltem à sua posição inicial devido à força elástica do objeto. Neste processo ocorre dissipação de energia de duas formas: uma por liberação de calor e a outra para as partículas vizinhas, na forma de energia cinética que vai sendo transferida às outras sucessivamente, desencadeando novo processo de transferência de energia como o descrito acima.
Segundo Lerner (1982) essa energia, ou vibração, é captada pelo pavilhão auditivo que amplifica ou diminui as freqüências dessas vibrações, que são conduzidas para dentro do ouvido médio através do ar do canal auditivo externo que atingem a membrana timpânica e esta passa a vibrar com a mesma freqüência das ondas e transmite as vibrações aos três ossículos. O autor (1982, p.113) afirma ainda que:

A base do estribo, em conseqüência, sofre movimentos de oscilação contra a janela oval, fazendo surgir mudanças de pressão na perilinfa do ducto vestibular, as quais vão se comunicar à perilinfa do ducto timpânica, e finalmente, distender a membrana da janela redonda, em direção da cavidade timpânica.

As membranas das janelas agitam a perilinfa, e está por sua vez faz vibrar a membrana basilar e esta vibração transmite-se às células sensoriais ciliadas do órgão de Corti, estimulando as terminações do nervo auditivo, os estímulos são transmitidos aos centros auditivos do tronco encefálico e córtex cerebral, o qual recebe os estímulos auditivos e os interpreta. Ao chegar ao nervo auditivo fazem sinapse nos núcleos do bulbo. Do núcleo coclear ventral, fibras nervosas dirigem-se para o complexo olivar dos dois lados e recebe fibras dos dois ouvidos. Essas fibras saem do complexo olivar seguindo em direção superior, umas do mesmo lado e outras cruzando para o lado oposto ligando-se aos núcleos do leminisco lateral. Através desses núcleos, as fibras de ambos os lados ganham o colículo inferior que recebe a maioria das fibras ascendentes dos centros auditivos baixos. Essas fibras partem para o corpo geniculado medial no tálamo e através das radiações auditivas (tálamo-corticais) atingem o córtex auditivo localizado no lobo temporal, onde estas fibras, ou vibrações são transformadas em sons.

Deficiência auditiva e seus níveis

De acordo com o decreto 3.298, de 20 de dezembro de 1999, a deficiência auditiva é definida como a perda bilateral, parcial ou total, de 40 dB (decibéis) ou até mais, conferida por audiograma nas freqüências de 500 HZ a 3.000 HZ, sendo que a deficiência pode ser genética ou até mesmo adquirida posteriormente por origem congênita, doença tóxica desenvolvida durante a gravidez ou adquirida, causada por ingestão de remédios que lesam o nervo auditivo, exposição a sons impactantes, predisposição genética, meningite, entre outros. Só será considerado deficiente auditivo quando a perda é diagnosticada nos dois ouvidos.
O grau de perda auditiva é calculado em função da intensidade necessária para amplificar um som de modo a que seja percebido pela pessoa surda. Esta amplificação é medida habitualmente em decibéis, uma unidade de medida da intensidade do som. Ela pode ser definida como uma relação logarítmica entre duas potências (elétricas ou sonoras), definida pela seguinte fórmula matemática: dB = 10 log 10 (I 1 /I 2 ).
Para o caso do ouvido humano, a intensidade padrão ou de referência correspondem a ínima potência de som que pode ser distinguida do silêncio, sendo essa intensidade tomada como 0 dB. Uma pessoa com audição normal pode captar como limiar inferior, desde - 10 dB até + 10 dB.
Essa medida da perda auditiva não é suficiente para medir o real problema de audição que uma pessoa apresenta. Para isso é necessario analisar também o espectro de frequencia que está afetado pela surdez. Considera-se que as perdas auditivas nas freqüências baixas são mais prejudiciais do que as perdas nas frequências altas. Para se compreender a causa é preciso analisar a relação entre a frequência de um som e o tom com que este som se percebe.
A frequência de um som é medida em ciclos por segundo ou Hertz (Hz). O ouvido humano percebe sons nas frequências entre 20Hz e 20.000Hz.
A perceptiva ao estímulo sonoro é chamada de tom. Porém não se tem uma relação entre as escalas de tons e a de frequências. Segundo o site da Wikipedia (2010, s/p):

Podemos tomar como parâmetros a escala de tons. Onde se compara o tom a de uma nota musical a exemplo a nota "lá" que poderá apresentar um grau de entonação inferior ou superior dentro da mesma nota "lá". Essa variação denomina-se uma oitava. Percebe-se como uma oitava superior a um tom dado, o som, em termos físicos, dobra a freqüência do primeiro. Desta forma, embora entre 2000 Hz e 4000 Hz haja uma distância física de freqüência menor do que entre 100Hz e 2000Hz, porém à distância perceptiva de tons é muito maior.

Para se ter um diagnóstico correto de uma surdez é preciso fazer uma exploração audiométrica do grau de perda por relação, com um espectro de frequência, que vai, pelo menos, de 125 Hz a 4000 Hz, já que são estas as frequências mais usadas na fala humana.
Outro problema que deve ser levado em consideração é a relação entre o limiar auditivo e o doloso que faz saber qual o tipo de resíduo auditivo que poderá ser aproveitado para a reabilitação do indivíduo surdo. O limiar auditivo corresponde ao nível de intensidade necessária para que a pessoa surda perceba o som e pode ser diferente em cada frequência. O limiar doloroso é o ponto em que a intensidade sonora produz dor à pessoa. A distância que vai dos limiares auditivo ao de dor é o que se chama de resíduo auditivo utilizável.
A deficiência auditiva está dividida em três níveis, sendo eles a surdez de transmissão, a mista e a interna ou sensorioneural.
A surdez de transmissão, segundo Lerner (1982, p. 114), é "causada por lesão em estruturas do ouvido médio que prejudicam o mecanismo de transmissão sonora para a cóclea. Falta dos ossículos, limitação na sua mobilidade ou infecções podem levar a este tipo de surdez". Ela é causada por uma lesão no ouvido externo ou médio, que impede a transmissão das ondas sonoras. Nesse caso há uma situação de audição reduzida, mas não de surdez, por isso não é considerada grave e nem duradoura, principalmente porque há possibilidade de tratamento médico ou cirúrgico.
Esse tipo de surdez altera na quantidade da audição, mas não na qualidade, pois apenas a via aérea é prejudicada, sendo possível ainda a sensibilidade auditiva por via óssea. Seu grau de perda auditiva situa-se no máximo em 60 decibéis, e suas conseqüências não são graves para a aquisição e o desenvolvimento da linguagem oral.
A surdez mista é quando o individuo tem uma lesão do aparelho de transmissão e de recepção, ou seja, quando as áreas prejudicadas são tanto o ouvido interno como o canal auditivo externo e médio. Suas causas podem ser uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associado à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. O audiograma mostra geralmente limiares de condução óssea abaixo dos níveis normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos limiares de condução aérea.
O seu tratamento das surdezes mistas decorre de cada um dos dois tipos que engloba. A surdez condutiva pode ser abordada de forma médica para tentar recuperar o funcionamento do ouvido externo ou médio. A presença da surdez neurossensorial não só limitará as possibilidades de recuperação como exigirá um enfoque mais educativo.
Já a surdez sensorioneural ou neurossensorial, segundo Arrais (1983, p. 244) é "causada por obstrução da cóclea ou nervo auditivo. No entanto, uma lesão do nervo auditivo após a decussação no núcleo coclear, não provoca a perda total da audição no lado correspondente". Nessa surdez não se consegue ouvir nada, pois ela corta o volume sonoro e também distorce os sons. É causada quando o nervo acústico ou auditivo que conduz as ondas sonoras do ouvido ao cérebro é traumatizado.
Não existe ainda uma cura certa para esse mal, apesar dos vários estudos. O melhor a fazer é um diagnóstico precoce para proteger o ouvido do paciente. Crianças com problemas e dores de ouvido constantes devem ser levadas ao médico, pois as bactérias podem tomar o nervo, prejudicando e muito a audição. Os seus sintomas variam desde a dificuldade de escutar até o zumbido no ouvido e tonturas.

Influência da família e da escola

Ainda hoje vivemos em uma sociedade preconceituosa, que estabelecem padrões de normalidade, quem foge a desses padrões são considerados anormais chegando até mesmo a ser descriminado. A família e a escola têm grande influência sobre essa sociedade. O tipo de sociedade que teremos depende da educação dada às crianças hoje.
Infelizmente, a sociedade se tornou cada vez mais competitiva, idolatrando os vencedores e evitando os perdedores. Diante deste comportamento, muitos pais pensam que seus filhos que possuem algum tipo de necessidade especial não sobreviverão nesta sociedade, por isso esconde-os em casa, ou em alguma escola especial, onde todos sejam "iguais" a eles, não dão oportunidade deles mostrarem seus verdadeiros talentos, de se destacarem.
Souza (1978, p. 115) nos comenta que:

A família é a mais importante matriz do desenvolvimento humano, pois é aí que a criança adquire o conhecimento de si mesma e dos demais, a comunicação, os padrões de interação social, as pautas de adaptação, e que, principalmente, através das relações com os pais, está em jogo o futuro de sua vida emocional.

A família é a primeira escola de uma criança. É ali que ela receberá suas primeiras influências. Os pais são seus primeiros professores e a grande obra deles é a formação do seu caráter. Eles são exemplos para seus filhos. Seu caráter, sua vida e seus métodos de educação mostram o tipo de sociedade que teremos futuramente.
Cada um, pai e mãe, têm um papel importante dentro do seu lar, em relação á seu filho. A mãe constitui para a criança a primeira e mais significativa experiência de amor. Ela promove uma relação de evidência psicológica. É ela que nutre a consciência que está em desenvolvimento e oferece à criança a primeira amizade.
O pai, por sua vez, é mais distante e menos incisivo. Beltram (2001, p. 129) comenta que "a eficácia e o caráter positivo de sua influência estão relacionados à disponibilidade quanto a ser um bom amigo para a mulher, para os filhos e para a sociedade". A autora (2001) continua enfatizando que o papel desempenhado do pai é de ensinar aos filhos a capacidade física, o espírito de aventura, as novas habilidades e a confiança na defesa de opiniões.
O papel dos pais não é fácil, é uma responsabilidade enorme em saber que tem novos seres seguindo seus passos.
Içami Tiba (2002, p. 46) nos afirma que:

Educar os filhos dá trabalho, pois é preciso saber ouvir o filho antes de formar um julgamento; prestar atenção em seus pedidos de socorro para ajudá-lo a tempo; identificar junto com o filho onde ele falhou, para que possa aprender com o erro; ensiná-lo a assumir as conseqüências em lugar de simplesmente castigá-lo, por mais fácil que seja; não resolver pelo filho um problema que ele mesmo tenha capacidade de solucionar; não assumir sozinho a responsabilidade pelo que o filho fez, por exemplo, ressarcir prejuízos provocados por ele ou pedir notas aos professores.

Se um filho "normal" dá trabalho, imagina um que possua algum tipo de necessidade especial. O envolvimento da família, nesse caso, é extremamente importante, pois atuará na base de sustentação de sua escolaridade e socialização. A criança com deficiência auditiva, por exemplo, deve sentir-se aceita e seu cotidiano deve ser amparado por todos os que convivem com ela, principalmente a família, que deve possibilitar segurança, carinho e comunicação. Aos pais, a aceitarem como elas são e a acreditarem em suas potencialidades as tornam confiantes e as transmite segurança. Quando lhe transmitem carinho, acabam possibilitando a capacidade de contato afetivo e adequado com outras pessoas. A comunicação é fundamental em uma família, os pais devem sempre dialogar com seus filhos, principalmente os que possuem necessidades especiais, explicando o que aconteceu e o que irá acontecer. Esse tipo de ambiente é essencial para o desenvolvimento de qualquer criança.
Os pais de crianças com necessidades especiais recebem, logo quando esta nasce, várias informações desanimadoras. Os profissionais que os cercam dão vários diagnósticos do seu filho e lhes passam uma perspectiva de vida, o que acaba desanimando a muitos. Os autores Stainback (1999, p. 415) afirmam que "os pais devem questionar, até mesmo desafiar os resultados da avaliação; podem exigir avaliações independentes quanto às carências; devem insistir em uma ênfase baseada nas potencialidades em todos os aspectos da vida do seu filho", e principalmente devem garantir que as expectativas para os seus pequenos permaneçam otimistas e elevadas.
Os pais são extremamente importantes no desenvolvimento intelectual dos seus filhos, principalmente da criança que possui certas necessidades especiais. Suas influências e cuidados para com a criança especial são de essencial importância para o seu desenvolvimento e também para que ela possa ir além de suas potencialidades. Mas infelizmente, muitos pais desconhecem essa importância.
É ai que entra o papel da escola e do professor, o de promover aos pais e às crianças uma interação para ajudá-las a superar seus próprios limites e a desenvolver suas potencialidades.
A escola conhecedora do valor da família na vida de uma criança, principalmente a que apresenta necessidades especiais, irá procurar apresentar um trabalho junto à família, conscientizando-os do papel que desempenham na educação de seu filho.
A educação é uma das qualidades determinantes em todas as idades e a escola é um lugar de humanização, onde se cresce como pessoa através do estudo empenhado e gradual, é onde se adquire uma visão de mundo e aprende-se a conhecer a si próprio. Um lugar onde se aprende e se adquire uma percepção social através do encontro com as pessoas e no desempenho de tarefas muito concretas. A educação é um dos fatores mais decisivos para a estruturação da vida em sociedade.

A Inclusão

Segundo Gaio (2004, p. 80), "a inclusão é uma possibilidade que se abre para o benefício de alunos com e sem deficiência".
As escolas inclusivas partem da filosofia de que todas as crianças podem aprender e fazer parte da vida escolar e comunitária, também valoriza a diversidade, pois oferece um fortalecimento da turma e contribui, juntamente com seus membros, maiores oportunidades para a aprendizagem.
Uma escola inclusiva, segundo os autores Stainback (1999, p. XI), "é aquela que educa todos os alunos em sala de aulas regulares", ou seja, todos os alunos recebem educação e freqüentam em salas regulares, recebendo oportunidades educacionais adequadas que são desafiadoras, porém que estejam ajustadas às suas habilidades e necessidades, recebendo apoio e ajuda que eles necessitam para alcançar sucesso nas principais atividades.
Os autores Stainback (1999, p. 21), comentam que educando todos os alunos juntos, os portadores de deficiência terão oportunidades de preparar-se para a vida na comunidade, "os professores melhoram suas habilidades profissionais e a sociedade toma a decisão consciente de funcionar de acordo com o valor social da igualdade para todos".
Todos são beneficiados com a inclusão. Nas salas de aula, as crianças são beneficiadas por terem a oportunidade de aprenderem uma com as outras, conquistando assim, atitudes, habilidades e os valores necessários para nossas comunidades apoiarem a inclusão de todos os cidadãos.
Quando são proporcionadas orientação e direção por parte dos adultos em ambiente integrados, os alunos aprendem a ser sensíveis, a compreender, a respeitar e a crescer confortavelmente com as diferenças e as semelhanças individuais entre seus pares.
Como se pode notar, a inclusão é quando todos estão envolvidos, isso irá beneficiar não só o aluno portador de deficiência, mas sim aos demais envolvidos, além do próprio professor e também da sociedade em si.
Dentro da escola todos precisam estar preparados para receber o aluno com necessidades especiais, principalmente o professor, pois é ele quem irá possibilitar na sala de aula as condições adequadas para atender a todos os educandos em suas necessidades e particularidades e também cooperar para o seu desenvolvimento a fim de que possam participar em todos os interesses de convívio social.
Para isso, segundo a UNESCO, citado por Ribeiro (2003, p.28), "a qualidade dos serviços educacionais para as pessoas com deficiência depende da qualidade da formação". Esta deverá ser parte integrante dos planos nacionais, onde se contempla os requisitos dessa formação. Diante desta colocação é que a formação de professores deve ser contínua. Como Roberta Gaio (2004, p.92) nos afirma que:

Os professores estão continuamente se atualizando, para conhecer cada vez mais de perto seus alunos, em suas peculiaridades de desenvolvimento, para promover a interação entre as disciplinas escolares, para reunir os pais, a comunidade, a escolas em que exercem suas funções, em torno de um projeto educacional que estabeleceram juntos.

Contudo, abordar a formação do professor para o deficiente auditivo é uma tarefa complicada, pois não se pode pensar na formação de professores para alunos surdos de forma isolada; ao contrário, importa considerá-la integrada à formação do professor em geral. Esse precisa avaliar seu desempenho, uma vez que ele é responsável pela qualidade de serviços oferecidos na área da educação.
Cabe ao professor buscar novos conhecimentos, se especializar, para que assim possa utilizar novos recursos, assumindo assim uma nova postura, a de intercessor, facilitador da aprendizagem, onde seu aluno será o maior favorecido.
Ele ainda deve lembrar de que não estará sozinho, pois terá como parceiro as equipes pedagógicas e multiprofissionais que participam do processo educativo do aluno especial, e também a família desses alunos.
O professor precisa estabelecer contato frequente com os responsáveis pelos alunos. Nas reuniões de pais, poderá envolvê-los na ação educativa, informando-os sobre seu trabalho como professor, suas expectativas para com o aluno, as dificuldades e potencialidades do aprendizado, assim, poderá adquirir conhecimentos sobre o aluno para que desta maneira possa trabalhar melhor o conteúdo empregado.
O professor precisa ter em mente que aprender a conviver com as diferenças prepara o sujeito para a vida. No entanto, é necessário que o convívio tenha como base um contexto que saiba aproveitar a diferença como um recurso a ser explorado e não como uma limitação a ser superada.

Metodologia

Esta pesquisa está classificada nos critérios de pesquisa bibliográfica para o embasamento teórico. Partindo da pesquisa realizada, os dados foram analisados a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos autores apresentados.

Considerações Finais

A inclusão é tema central de gerações anteriores, muito se discute sobre o assunto, contudo pouco se coloca em prática. Apesar da existência da Lei que aprova o acesso desses alunos na sala de aula regular ter sido sancionada em 1996, ainda existem muitas escolas despreparadas para recebê-los e muitos professores ainda não sabem como trabalhar com estas necessidades.
Percebemos, também, que a escola deve apoiar o professor, exigindo de nossos governantes cursos que os capacitem, tais como LIBRAS e muitos outros.
Os cursos pedagógicos precisam adequar o seu currículo, incluindo, de certa forma, matérias práticas para que haja melhor fixação de conteúdo ao graduando e posteriormente ao aluno envolvido, assim os futuros professores estarão capacitados a se comunicar com o portador de deficiência.
Além disso, a própria escola pode proporcionar condições para que o professor possa se atualizar sem que ela tenha muitos gastos. A Instituição pode preparar o professor através da internet, revistas, livros, além de vários outros meios mais viáveis financeiramente.
Vale então, sugerir alguns sites e materiais que os professores poderão utilizar para receber estes alunos dentro da sua sala de aula. O site www.ines.org.br/libras/index.htm (acessado dia 30/10/06), traz um dicionário de LIBRAS muito bom para se aprender, ele é em formato de vídeo, o que facilita o aprendizado. Outro dicionário de LIBRAS on-line é: (acessado dia 08/11/06) http://www.dicionariolibras.com.br/website/dicionariolibras/dicionario.asp?cod=124#Scene_1, traz mais ou menos 700 palavras em libras, também apresentadas em vídeos. É possível, em ambos os sites, a realização de downloads, o que facilitará ainda mais no que se refere a parte educacional, pois poderão ser gravados no próprio computador, assim, não terá a necessidade de acessar várias vezes a internet. O MEC possui um material de três volumes, Educação Especial ? Deficiente Auditivo é um livro que engloba o mundo do deficiente auditivo, nele há sugestões de como o professor pode trabalhar com o aluno especial, caso o acesso ao livro seja difícil, se pode lê-lo na internet através do site http://www.ines.org.br/ines_livros/SUMARIO.HTM (acessado no dia 08/11/06).
Como em todas as áreas da vida, o interesse e a motivação são essenciais para a concretização de ações, sejam aspirações ou deveres. Tudo o que for realizado com prazer dará maior sentido à vida.
O professor que se inclui no mundo desse aluno é o maior beneficiado. Este profissional mudará não apenas a vida de um aluno portador de deficiência auditiva, mas de toda uma sociedade deficiente.

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