Observando nossos alunos e avaliando o conhecimento que cada um traz consigo, antes de introduzirmos um novo conceito em sala de aula, estamos colocando em prática, mesmo sem perceber, idéias de grandes pesquisadores. Muitas atitudes, que para nós hoje parecem apenas parte do senso comum, foram objeto de estudo, por muitos anos, para pesquisadores como, Emília Ferreiro, Celestin Freinet, Paulo Freire, Haword Gardner, Jean Piaget e Lev Vigotsky.

Segundo Maria T. P. Soares, o princípio do qual todos partem é o mesmo, ou seja, é necessário conhecer a ação do sujeito no processo de aquisição do conhecimento.

 Para entender o processo de aprendizagem dos alunos, temos que conhecer o trabalho destes e de outros estudiosos da educação, e através dele, refletir sobre nossa prática pedagógica, nos voltando para o que nos propomos fazer como professores: ajuda-los na construção de seu próprio conhecimento.

Alfabetizar, educar, instruir, assistir, letrar etc. O que há em comum nestes termos ou nas ações que eles implicam?

O que nos vem primeiramente à idéia, é que em todos eles existe um mediador, ou seja, nenhum dos processos acontece sem a interferência direta ou indireta do indivíduo ou do meio.

Mas todos possuem o mesmo significado, ou envolvem atitudes e perspectivas diferentes?

Para responder esta pergunta, temos que fazer uma retrospectiva na trajetória histórica da educação.

De acordo com Onofre (2007), as instituições de educação infantil, sofreram uma difusão em 1870, em virtude da urbanização que a industrialização provocou. Então surgiram as creches e asilos de primeira infância para atender as necessidades d mães pobres, que foram trabalhar fora, estas creches vieram trazendo os moldes das creches européias, dividindo a educação infantil em duas etapas:

1º- creches ou asilos de primeira infância, para crianças de zero a dois anos;

2º- escolas primárias ou salas de asilo para segunda infância, para crianças de três a seis anos, mais tarde conhecidas no Brasil por Escolas Maternais.

Apesar, das escolas maternais terem a intenção de educar todas as crianças igualmente, sem diferença de classes sociais, abrigavam fundamentalmente crianças pobres.

As creches, no entanto, já eram destinadas realmente às crianças pobres, e tinham como intenção clara, apenas o cuidar.

A educação infantil, de acordo com Kramer(apud Onofre, 2006), teve diferentes concepções e funções, sendo que muitas dessas funções foram perdidas ao longo da história, como por exemplo: 

Função assistencialista: para a classe trabalhadora, tinha a função de cuidar das crianças liberando as mães para o trabalho; para a classe mais elevada, cuidar, mas substituía a “babá”.

Função compensatória: tinha um modelo ideal de infância, baseado em valores e modelos de classe média, nas classes populares, procurava compensar os atrasos de desenvolvimento causados pelas diferenças econômicas e culturais. Nas classes dominantes, vinha justificar os fracassos da escola de primeiro grau, garantindo uma melhor alfabetização para as crianças desta classe.

Função terapêutica: adotava a responsabilidade de substituir a família e o profissional especializado na resolução de problemas desde os mais simples como deixar a chupeta até os mais complexos como dificuldades de linguagem, coordenação motora, e outras. Aqui começa a preocupação em relação às funções, objetivos, e especialidades metodológicas da Pré-escola e das classes de educação.

Função sanitária e nutricional: tinha como objetivo, ensinar hábitos de higiene, fazer profilaxia de verminoses com exames, atendimentos odontológicos e compensar a desnutrição através das merendas escolares.

 Em 1988, surge uma nova constituição, a favor do ensino infantil contribuindo com um melhor desenvolvimento da criança brasileira, em 1990 a criança ganha total proteção com a elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente. A educação infantil como primeira etapa da educação básica, é inserida na Nova Lei de Diretrizes e Bases em 1996 com lei 9294/96.

 Com todas essas mudanças, surge uma nova concepção de educação infantil, a diferenciação do cuidar e do educar. É neste ponto que o professor entra como mediador entre a criança e o objeto de conhecimento, propiciando espaços e situações de aprendizagens que envolvam todas as capacidades como, afetivas, cognitivas, emocionais, sociais, etc, explorando os diferentes campos de conhecimentos humanos.

O professor tem a função de propiciar à criança, um ambiente saudável, sem descriminação, rico, prazeroso, onde é possível explorar as variadas práticas educativas e sociais.