RESUMO

Este artigo pretende-se abordar os benefícios da participação da família na busca de alternativas para amenizar as dificuldades apresentadas quanto ao rendimento escolar dos educandos do Ensino Fundamental II. A necessidade de se buscar estratégias de ação envolvendo toda a comunidade escolar: direção, professores, alunos e pais, na busca pela construção de um compromisso coletivo em prol do educando. Os alunos nesta fase da educação escolar tendem a ser agitados, sem limites, apresentam falta de atenção e baixo rendimento. As famílias, por outro lado, encontra-se, em muitos casos, descomprometidas ou ocupadas demais com seus problemas do dia-a-dia, passando funções que lhe competem para a escola resolver, sobrecarregando a escola e os professores com funções extras, ocupando um tempo que seria destinado ao ensino e a aprendizagem. Muitas vezes, também, a família não tem informação para conduzir o adolescente nesta faixa etária, o que torna a situação ainda mais problemática. A tentativa da escola de envolver a família no processo de ensino e de aprendizagem é para buscar alternativas de, unidas e participantes, ajudarem o jovem a ingressar na adolescência e passar por essa fase com mais segurança e direcionamento.

Palavras chaves: Escola; Família; Ensino e aprendizagem.

ABSTRACT

This article aims to address the benefits of family involvement in the search for alternatives to alleviate the difficulties presented regarding the academic performance of elementary school students II. The need to pursue strategies of action involving the whole school community: leadership, teachers, students and parents, in the pursuit of building a collective commitment on behalf of the student. Students at this stage of schooling tend to be restless, boundless, have poor attention and low yield. Families, on the other hand, is, in many cases, uncommitted or too busy with their problems of day-to-day duties devolving upon him going to school address, overloading the school and teachers with extra features, occupying a time that would be allocated to teaching and learning. Often, too, the family has no information to drive the teenager in this age group, which makes the situation even more problematic. The attempt by the school to involve the family in the process of teaching and learning is to seek alternatives, and participants together, helping young people to join in adolescence and go through this phase more safely and direction.

Key Words: School, Family, Teaching and Learning.

 

1. INTRODUÇÃO

 

A família nuclear conjugal moderna – quer dizer, pai, mãe e filhos – da forma como é definida hoje em dia, não foi sempre assim. Foi a conseqüência de mudanças na forma de atuação de outras instituições, como o Estado e a Igreja que, há cerca de três séculos, começaram a valorizar o “sentimento de família”. Isso significa que os laços familiares começaram a ser reconhecidos socialmente e a educação e criação de crianças, nascidas da união de um casal passam a ser, cada vez mais, da responsabilidade da família (ÁRIES, 1978).

Nos ambientes família/escola, o jovem assume papeis diferenciados. Na família ele participa e segue padrões de conduta estabelecidos por seus familiares. Na escola, é um pouco mais complexo, mais amplo, mas também tende a seguir os padrões e as normas da entidade, por isso, ambas precisam compartilhar a ação educativa e criar critérios para serem seguidos.

 Para ZAGURY (2005), é tarefa dos pais atenderem as necessidades dos filhos. Assim, os pais, para ter sucesso no processo de desenvolvimento de seus filhos, precisam ter um eixo direcionador, atitudes que, tomadas sistematicamente, ajudam a criança a crescer, tornar-se independente e equilibrada emocionalmente. Precisam atuar com equilíbrio e segurança para estabelecer as bases para uma adolescência sem maiores problemas.

 Neste momento é que é preciso entender os conceitos família/escola, realidades, contradições, conflitos, dimensões, limites e qual a probabilidade desta participar do cotidiano escolar. Com o conhecimento dessas dificuldades, é possível repensar o aluno, sua família, as metodologias e contribuir para ampliar a interação da família na escola, buscando a efetivação de um relacionamento participativo e fundamentado no bem estar do jovem.  A construção coletiva, a valorização da contribuição de cada um, a vivência da participação da família em todos os espaços da escola, além de garantir processos de aprendizagem, de apropriação de conhecimentos, garantirá a escolarização e poderá efetivar-se na formação de seres humanos mais bem preparados para uma prática social.

            Segundo PAROLIN, (2007), é em família que uma criança constrói seus primeiros vínculos com a aprendizagem e forma seu estilo de aprender. Nenhuma criança nasce sabendo o que é bom ou ruim e muito menos sabendo do que gosta e do que não gosta. A tarefa dos pais, dos professores/escola e dos demais familiares é a de favorecer uma consciência moral, pautada em uma lógica socialmente aceita, para que, quando essa criança tiver de decidir, saiba como e por que está tomando determinados caminhos ou decisões.

2. FAMÍLIA E ESCOLA: INSTITUIÇÕES PARCEIRAS NO DESENVOLVIMENTO DO EDUCANDO

            Nesta nova realidade, as relações entre a família e a escola devem proporcionar um ambiente de respeito mútuo, na confiança e na aceitação de suas peculiaridades. Neste contexto, a participação da família pode ser benéfica para a escola por diversos motivos, dentre estes: aproximam os dois mundos, favorece a aprendizagem do jovem e as funções ficam melhores definidas.  A participação dos pais, por mais estranho que possa parecer, não ocorre espontaneamente, é um processo de construção coletiva; coloca-se a necessidade de se prever mecanismos institucionais que viabilizem e incentivem práticas participativas dentro da escola e que apontem para uma boa qualidade de ensino. Esta constatação aponta para a necessidade da família participar efetivamente da gestão da escola, de modo que esta ganhe autonomia e tenha mais força para lutar e alcançar seu objetivo de melhorar a qualidade do ensino.

Os professores e a família necessitam aprender a conhecer novas dimensões do jovem, não há dúvida que a escola representa uma ampliação importantíssima no meio de convivência do jovem, uma vez que é um dos locais onde ele interage com colegas da mesma idade, com mais novos, mais velhos, com adultos, com espaço físico e materiais diversos. Trata-se de um conhecimento progressivo e mútuo e pode contribuir para ter uma visão mais ajustada de si mesmo e se adaptar nos dois contextos.

            Segundo PAROLIN, (2000), quando a família ou a escola poupa uma criança de experimentar frustrações ou insucessos, mesmo que o resultado previsto seja duvidoso, com o objetivo de não expô-la a momentos difíceis, em verdade, não promove a aprendizagem de âmbito pessoal e científico. Ao poupar a criança ou o adolescente de frustrações, impede-se que ele amadureça que se valorize e compreenda a dinâmica da vida. Na maioria das vezes a criança desenvolve uma dinâmica acomodada, não se arriscando a novas tentativas.

3. POSSIBILIDADES EDUCATIVAS QUE PODEM SER COLOCADAS EM PRÁTICA

Nesta ânsia por ampliar as condições de melhora de condições no processo de ensino e de aprendizagem escolar, leia-se aqui conjugado com a família, algumas atitudes mínimas podem ser implementadas:

- Promover a criação e a sustentação de um ambiente propício à participação dos profissionais da educação, os alunos e pais.

- Promover um clima de confiança entre todos os envolvidos.

- Valorizar as capacidades e aptidões dos participantes.

- Estabelecer demanda de trabalho centrado nas idéias e não em pessoas.

- Desenvolver a prática de assumir responsabilidades em conjunto.

- Enfatizar a importância dos resultados alcançados pelos alunos e manter um clima escolar positivo à solução de problemas.

- Promover a capacitação de professores e pais, mantendo-os motivados.

- Estabelecer na escola um sentido comum, de cumplicidade, de família, no desenvolvimento dos objetivos educacionais.

- Criar oportunidade para freqüentes troca de idéias, de inovações e criação conjunta no trabalho.

- Orientar as ações pedagógicas para que, conjuntamente, promovam a aprendizagem dos alunos e o desenvolvimento profissional do professor somando-se todo este espectro a uma ação para com os pais.

4. FAMÍLIA E ESCOLA: CONTEXTOS DIFERENTES NA BUSCA ASSOCIADA POR SOLUÇÕES EDUCATIVAS.

A educação atualmente baseia-se na pessoa do professor, ele ensinando em sala de aula, transmitindo conhecimentos a seus estudantes, fazendo o melhor que sua formação possa oferecer o que nem sempre é suficiente. Dos estudantes é esperado um bom desempenho, pela escola e família, não sendo levado em conta suas distinções, características e etapas de desenvolvimento.

 O professor não é o único responsável pela aprendizagem. Sua nova tarefa é orientar o estudante na busca e no processamento das informações. O professor ajuda o aluno a chegar às informações desejadas e assim atingir o objetivo, deixando de ser a fonte única e exclusiva de informações; hoje os alunos estão globalizados via televisão, canais a cabo, internet, multimídia.

            Quando se discute de quem é a tarefa de educar, se é da escola ou da família, entra-se num jogo de empurra-empurra da responsabilidade. A família cobra que a educação seja dada pela escola, enquanto a escola diz que esta deveria vir de casa. Muitas famílias não têm clara a noção de certo e errado e não conseguem estabelecer limites e responsabilidades, permitindo que os filhos ajam guiados pelo prazer, evitando qualquer coisa que lhes dê trabalho, pois entendem como sacrifício.

O adolescente quer descobrir as coisas a seu modo, o prazer está muito mais na autonomia e na busca da própria identidade. Neste contexto, o professor pode ajudar a conseguir resultados melhores em sala de aula se somar informações sobre o desenvolvimento do adolescente, as mudanças que ocorrem em seu corpo e, sobretudo sua mente.

Para TIBA (2006), se você conseguir ultrapassar o que aprendeu e aplicar seus conhecimentos no cotidiano do aluno, fazendo com que ele tenha interesse em aprender, parabéns, você é um mestre!  O importante e a escola detectar as dificuldades relacionadas ao aluno e iniciar convocando os pais para uma reunião, ou pacto, no qual, estabelecem-se os padrões que nortearão o trabalho. O compromisso deve ser de todos em torno de alguns princípios básicos como: coerência, responsabilidade, presença e atuação. A escola precisa alertar os pais sobre a importância de sua participação e o interesse em acompanhar os estudos dos filhos, sendo este um dos principais estímulos para que eles estudem.  Quando os pais são distantes da escola, é preciso trabalhar antes os alunos para convencê-los da importância da presença destes nas reuniões, de modo que passem a insistir em casa, motivando os pais a comparecer. Na maioria das vezes os pais que mais faltam são aqueles que os filhos mais “dão trabalho”, eles, por outro lado, se justificam dizendo que não adianta, pois o filho não obedece mais, não sabem mais o que fazer e a escola que resolva.

Mesmo assim, deve-se insistir que a presença deles é muito importante, e juntos traçar objetivos comuns, tais como:

- Estabelecer em conjunto, Direção, Professores, Pedagogos, Pais e alunos, um comprometimento de todos em participar e desempenhar seus papéis.

- Estabelecer em conjunto um compromisso pessoal: de que uns cobrarão dos outros caso sentirem-se desmotivados e não cumpridores das regras criadas, assumindo que estarão juntos nas dificuldades, nas barreiras e nas comemorações.

- Promover eventos de capacitação para todos: direção, equipe pedagógica, professores funcionários, pais e alunos para que se desenvolvam as habilidades necessárias à atuação de cada um.

-  Valorizar as iniciativas de todos em todos os segmentos da organização.

- Procurar estabelecer uma relação construtiva, com clima de respeito e cumplicidade, combinar estratégias, coisas concretas e alcançáveis, consideradas necessárias para o desenvolvimento da aprendizagem do educando.

 Atitudes como estas visam mobilizar os alunos (mobilizada a escola e a família) para o conhecimento, estimular as interações e a participação, promovendo valores como o respeito e cooperação através do empenho coletivo, o que requer a adesão de todos os envolvidos com a prática pedagógica.  Os educadores devem se preocupar com o destino da educação, se empenhando para que a escola em conjunto com a família, possa cumprir o seu papel de formar o jovem para que possa estar inserido na sociedade como um cidadão, poder usufruir de seus direitos e cumpridor com seus deveres.

5. METODOLOGIA

A metodologia usada para eventual análise do estudo insere-se ao método qualitativo, por permitir melhor compreensão nos seus aspectos subjetivo e particulares e assim compreendendo a relação de seus cuidadores com os demais educadores que participam da rotina dessas crianças. Também utilizando o processo quantitativo, pois assim proporcionará a quantidade de opiniões em que os entrevistados partilham e discordam sobre o presente assunto.

A observação foi realizada em um Colégio da Rede Pública de Ensino, localizada na cidade na cidade de Aparecida de Goiânia – GO. A instituição escolhida foi o Colégio Estadual Dom Pedro I no período letivo de 2013. Priorizando o 8° ano B do ensino fundamental segunda fase, pelo fato dessas crianças estarem ligadas intimamente com os laços familiares e por estar em transição da criança para a adolescência, onde envolvem grandes conflitos e dúvidas que os despertam para o relacionamento com outras pessoas. É nesse alvo que a escola e pais devem estar atentos para qualquer mudança de comportamento. Os entrevistados do presente estudo foram 15 (quinze) alunos, 04 (quatro) professores, 04 (quatro) pais e 01 (uma) avó, sendo que todos estão ligados à escola especificamente aos educandos do 8° ano B segunda fase. Os dados discutidos serão avaliados de acordo com a ordem de aplicação.

Procedimentos de coletas e análise de dados:

1 –     Estudo e seleção sobre a literatura específica;

2 – Elaboração e aplicação de questionários inominados para os alunos, contendo questões objetivas e subjetivas referente à família e a escola; (em apêndice - A)

3 – Elaboração e aplicação de questionários inominados para os professores, contendo questões objetivas e subjetivas sobre a família e os alunos; (em apêndice -B)

4 – Elaboração e aplicação de questionários para os pais, contendo questões objetivas e subjetivas sobre a escola e os filhos; (em apêndice - C)

5 – Análise qualitativa e quantitativa dos dados coletados através dos questionários aplicados aos alunos, professores e pais.

 

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A família e a escola têm, na sociedade atual, tarefas complementares, apesar de distintas em seus objetivos, metodologia de abordagem e campo de abrangência.  Cabe a família a tarefa de estruturar o sujeito em sua identificação, individuação e autonomia.

Para PAROLIN, (2007), a família é o núcleo constitutivo do sujeito. É um sistema que une as pessoas que a compõem, não apenas sobre o mesmo teto e com o mesmo sobrenome, mas fundamentalmente, pelas representações que se constroem à medida que vão compartilhando o cotidiano, formando, em sua intimidade, uma rede de significações a que estão vinculados aos seus mitos, ritos, crenças, segredos, medos e ideais.

A escola tem como uma de suas funções desenvolver um pensamento reflexivo na comunidade escolar, ajudando-a a construir uma compreensão coerente da realidade, resgatando os princípios éticos e desenvolvendo ações que visam a promoção e difusão de valores (já recebidos na família) de solidariedade, respeito, honestidade, responsabilidade, fraternidade e de convivência que parecem estar sendo deixados de lados.

            Segundo PAROLIN (2007), a escola é uma instituição potencialmente socializadora. Ela abre um espaço para que os aprendizes construam novos conhecimentos, dividam seus universos pessoais e ampliem seus ângulos de visão assim aprendam a respeitar outras verdades, outras culturas e outros tipos de autoridade. Nessa instituição, o mundo do conhecimento, da informação, ou seja, o mundo objetivo mistura-se ao dos sentimentos, das emoções e da intuição, ao dito mundo subjetivo.

            Para SZYMANSKI (2007), a elaboração de projetos que visem a implementar a participação das famílias na escola e desta na vida da comunidade, necessita ter como ponto de partida o (re)conhecimento mútuo. O conhecimento das escolas a respeito das famílias e o seu inverso é muitas vezes, baseado em preconceitos.

 

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. 2ª ed., Rio de Janeiro:

Guanabara, 1981.

ELLIS, E. M. Educando Filhos Responsáveis. São Paulo: Ática, 1997.

PARO, V.H. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2005.

PAROLIN, I. Professores formadores: a relação entre a família, a escola e a

aprendizagem. Curitiba: Positivo, 2007.

SACRISTÁN, J. G; GÓMEZ, A. I. P. Compreender e transformar o ensino. 4ª ed,.

Porto Alegre: Artemed, 2000.

SZYMANSKI, H. A relação família/escola – Desafios e perspectivas. 2ª ed., Brasília: Líber, 2007.

TIBA, I. Ensinar aprendendo. 26 ed. São Paulo: Integrare Editora, 1998.

_____. Ensinar aprendendo: novos paradigmas na educação. São Paulo: Integrare, 2006.

ZAGURY, T. O Adolescente por Ele mesmo. Rio de Janeiro: Record, 1996.

_____. Educar sem culpa – A gênesi da ética. 21 ed., São Paulo: Record, 2005.

_____. Limites sem trauma. 69ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2005.