RESUMO

Neste trabalho apresentamos opiniões de Sílvia Lane e de outros autores sobre Psicologia Social dentro de diferentes tipos de grupos. Destacamos grupo aglutinado, possessivo, coesivo e independente. E grandes exemplos disso esta na nossa realidade cotidiana como os grupos familiares, profissionais, de estudos, religiões, políticas, e os grupos que são formados e vão as ruas para lutar pelos seus direitos, formando uma sociedade harmônica. Assim, a Psicologia Social trata de questões voltadas aos estudos científicos que envolvem as interações sociais dos indivíduos e o processo cognitivo fruto desta relação que acaba absorvendo grupos variados.

INTRODUÇÃO

Nos primórdios, quando ainda não se tinha o Estado como instituição político-administrativa, composto de autonomia para realização de sua administração focada nos bens e interesses sociais, o homem vivia em forma primitiva, sem qualquer estrutura social e econômica, sem um conjunto de leis preordenadas que delimitasse o comportamento humano. Segundo o filósofo Thomas Hobbes, esta maneira primitiva de viver em sociedade designava “estado de natureza”, assim prevaleciam as normas de direito natural, ligadas aos costumes e crenças do povo. No século XVIII, conhecido como “século das luzes”, surge na Europa, uma nova ordem social. Vários filósofos e pensadores passaram a defender idéias baseadas no lema da Revolução Francesa qual seja liberdade, igualdade e fraternidade. Esse movimento ficou conhecido como iluminismo e pode ser considerado o início do Estado liberal e democrático. De acordo com o art. 5º, caput da CF, “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à prosperidade”. O Estado busca a igualdade material ou substancial, considerando que a lei deverá tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. O constituinte ocupou-se em proteger certos grupos que, a seu entender, mereciam tratamento diverso. Enfocando-os a partir de uma realidade histórica de marginalização social ou de hipossuficiência decorrente de outros fatores, cuidou em estabelecer medidas de compensação, buscando concretizar, ao menos em parte, uma igualdade de oportunidades com os demais indivíduos, que não sofreram as mesmas espécies de restrições. Essas medidas de compensação são veiculadas por meio das chamadas ações afirmativas que podem ser definidas como um conjunto de políticas públicas e privadas de caráter compulsório, facultativo, concebidas com vistas ao combate à discriminação racial, de gênero e de origem nacional, bem como para corrigir os efeitos presentes da injúria praticada no passado, tendo por objetivo a concretude do ideal de efetiva igualdade de acesso e bens fundamentais como a educação e o emprego. À exemplo, existem as cotas de vagas para ingresso de afro-descendentes em universidades públicas. Por meio das ações afirmativas, vale ressaltar, busca-se a efetiva equidade concernente as oportunidades a que todos os seres humanos têm direito. Diante o exposto nas linhas anteriores, podemos vislumbrar a preocupação daqueles que possuem o encargo cautelar de fazer uma espécie de equiparação entre as parcelas grupais no Brasil, ou seja, busca-se de algum modo minimizar as mazelas discriminatórias que desrespeitam e oprimem os habitantes deste País. De tal modo, quando optamos pela temática da elaboração deste trabalho, nos sentimos bastante impulsionadas a desenvolver questões atinentes ao estudo dos variados grupos no território brasileiro, procurando da forma mais específica possível, conceituar e até mesmo exemplificar suas características peculiares em suas diversidades. A Psicologia Social tem imensa conectividade com o assunto, haja vista ser uma abordagem debruçada nas situações que envolvem o ser humano e suas interações com o ambiente, assim a todo o momento, o sujeito necessita manter um estreito vínculo espacial com o meio externo a fim de fortificar e estabelecer sua proximidade existencial. A ação que transforma e amplia a sociedade só poderá acontecer se os indivíduos espontaneamente se agruparem, constituindo um intrínseco laço de companheirismo e mutualidade capaz de efetivar seus processos grupais. A função essencial de um grupo é sem dúvidas, definir papéis objetivando criar uma identidade social, resume-se a afirmativa “à história da aprendizagem de cada indivíduo com os outros que constituem o grupo” pág. 79. São muitas explicações que os autores utilizam para tentar trazer uma definição próxima da idéia do que seria um grupo. Afirmam os estudiosos que este é reconhecido por ser um processo histórico quando mantém e transforma as relações sociais no tocante a produção desenvolvida pelos membros componentes deste elo. Temos que entender o processo grupal como algo que ocorre em função de um desencadeamento histórico-cultural em constante evolução na sociedade. “As primeiras evidências do forte interesse pelo estudo dos grupos na Psicologia Social surgiram à época da Segunda Guerra Mundial como os experimentos de laboratório, conduzidos por Sherif, sobre o desenvolvimento das formas de grupo, com experimentos de campo de Lewin, sobre como os grupos são afetados por diferentes estilos de liderança. Pouco tempo depois o estudo dos grupos e do comportamento grupal passou a receber a denominação de dinâmica de grupo com a criação por Kant Lewin”. (Pág. 325 e 346) Calderón e G.C.C. De Govia pág. 80, vem abrilhantar a pesquisa com suas palavras dizendo que existem diversas tipos de grupos os quais envolvem a relação a partir de duas ou mais pessoas, processando-se em ações contínuas com o intuito de satisfazer as necessidades e metas individuais mediante a cooperação dos aliados. Os autores traçam quatro modalidades de grupos, são eles: aglutinador; possessivo; coesivo; independente. O primeiro vem dizer que há presença de um líder que sugere atitudes em conjunto e seus liderados aguardam soluções. O segundo também trás o agente de liderança que organiza funções e as atividades determinam a integração de todos proporcionando a interação geral. O terceiro existe uma mutualidade dos membros, o líder esforça-se para manter a bom funcionamento e a segurança da equipe, este tipo de grupo tem tendência a fechar-se bloqueando o ingresso de novas pessoas. O quarto e último grupo faz referência a independência dos membros no sentido que já somaram saberes suficientes para aquisição de autonomia, não mais ensejando a obrigatoriedade de um dominador, diminuindo o caráter opressivo e assim estimular a autogestão. Sílvia Lane vem nos dizer que mesmo antes do nascimento, o homem desenvolve-se biologicamente numa relação direta com seu meio ambiente, o que significa que o tornar-se homem está intimamente ligado com um ambiente. Assim, o ser humano se desenvolve a partir da necessidade de sobrevivência, implicando o trabalho como forma de satisfazer esses anseios. A ampliação social dar-se através da dinâmica trabalhista do homem, o mesmo é capaz de produzir os bens que necessita para sobreviver, ele acumula seus pertences adquiridos pelo seu esforço, esta condição é fruto do labor remunerado e isso contribui para a conjectura das classes. Mister ressaltar também a idéia da interiorização do sujeito quando este entra em contato direto e constante com o mundo que o cerca, apreendendo a essência dessa comunicação vindo a externar o conteúdo significativo em seu modo de agir mantendo uma estreita ligação entre o que foi internalizado e a percepção das coisas existentes. Cumpre a ciência psicológica analisar esse processo de internalização que enfatiza a realidade, mediando o comportamento do cada indivíduo. É sabido que só haverá socialização quando do envolvimento do homem em sociedade. Na concepção teórica de alguns analistas, podemos dividir esta perspectiva sob a orientação de duas vertentes: a primeira fala de uma socialização primária, em que ocorre a inserção da família no contexto pessoal do ser e em segundo plano, há a socialização secundária responsável por incorporar a visão geral de mundo e isso faz concretizar e definir as relações sociais.

Todo e qualquer estudo que se tenta realizar sobre a vivência do homem, teremos que nos reportar ao grupo que ele pertence, captando todos os detalhes atinentes a ligação entre homem-sociedade. Ainda consoante a leitura do texto, vimos que sempre existirá alienação para com o ser humano, representada sob os mais diversos ângulos caracterizando o papel do convívio em grupo e que isso se formaliza dentro das instituições familiares, políticas e econômicas. Em síntese, sempre haverá o processo dialético que envolve a responsabilidade dos papéis e determinam a relação de dominação entre os evolvidos, gerando a luta pelo poder, essas dicotomias fazem florescer a fundamental importância da interação social. É essa troca de atribuições que sintetiza o fluído desenrolar de um grupo, garantindo a oxigenação deste e de seus participantes. Entende-se por comunidade as uniões de grupos sociais mais comuns dentro da Sociologia. Sabemos que ninguém consegue viver sozinho e que todas as pessoas precisam umas das outras para viver. Essa convivência caracteriza os grupos e dependendo do tipo de relações estabelecidas, como exemplificaremos adiante. A união dessas pessoas consiste na forma de viver junto, de modo íntimo e privado. É o modo de se estabelecer relações de troca, necessárias para o ser humano, de uma maneira mais particular e marcada por contatos primários. Nas comunidades, as regras de convivência e de conduta de seus membros estão interligadas à tradição, religião, consenso e respeito mútuo. Por isso, é de suma importância que haja um aparato de leis para regulamentar a conduta dos indivíduos que vivem em sociedade, ficando a cargo do Estado, um forte acervo burocrático, decisivo e central nesse sentido. O contexto do processo grupal aludido a priore, também pode ser comparado quando abordamos ás representações sociais que configuram fenômenos de funções simbólicas e ideológicas servindo de comunicação. São considerados campos socialmente estruturados sob influência coercitiva do grupo que obtém o apoio da mídia para estimular e propagar seus atos. Muitos grupos visam conseguir seus ideais de maneira harmônica e pacífica, no entanto, existem outros que aproveitam-se da situação para banalizar e até mesmo radicalizar com violência suas manifestações. Ex: Black Blocs. Atualmente, constatamos a propagação de muitos movimentos nas diversas regiões do Brasil postos a lutarem por suas ideologias. As redes sociais (internet) nos últimos meses serviram de ponte para intermediar constantes agrupamentos nos espaços públicos do nosso País, seus aderentes se reuniam para contestar a atual gestão do Poder Executivo, a má administração política e a corrupção que assola os quatro cantos do mundo. Isso mostra claramente que o coletivo unido, fortalece a luta por melhoria no tocante os direitos de todos os cidadãos brasileiros. Falar em cidadania é compactuar de valores éticos e morais que permeiam a convivência em sociedade, os indivíduos precisam partilhar e serem beneficiados de todas as garantias constitucionais que atribuem dignidade e segurança para todos aqueles que comungam sob a égide do bem comum. Assim, autores acreditam que tais mobilizações possuem uma tênue ligação entre pessoas físicas e o Estado Democrático de Direito. A Nação é de um certo modo afetada pelo sistema capitalista e sua era tecnológica, ambos caracterizam a globalização que acaba por envolver fatores psicossociais. No entendimento de Bauman, “Enquanto as instituições de certa forma mediavam e permeavam as relações, a elaboração de idéias e conceitos, hoje elas se dão marcadas pela fácil conectividade, campo aberto às subjetividades, ao estranhamento mútuo, sujeito às incertezas de uma nova dinâmica no espaço-tempo em que se dão os contatos interpessoais”. A citação acima denota a liberdade que cada sujeito se faz possuidor no que tange sua subjetividade em suas interações com mundo. É por meio desse contato direto com o espaço que atribuímos significados as escolhas feitas diariamente. Referente ao grupo Black Blocs, este se caracteriza por uma aglomeração de pessoas mascaradas e vestidas de preto que se infiltram em meios aos protestos portando bandeiras negras ou símbolos anarquistas, quebram vidraças, entram em confronto com a polícia e embora não possuam líderança clara, têm nome definido: Black Blocs. Para Francis Dupuis-Déri, professor de ciência política da UQAM (Université du Québec à Montréal) e autor do livro Les Black Blocs, “a internet e a crescente insatisfação com os governos e a economia impulsionam o movimento”. O estudiodo disse ainda que "Os Black Blocs são fáceis de identificar, eles usam roupas específicas. É algo simples de ser reproduzido. Alguém pode vê- los na TV e imitá-los. Acredito que a internet também tenha um papel crucial". De acordo com Dupuis-Déri, que pesquisa os grupos há dez anos, a internet se tornou o seu principal canal de comunicação porque permite que os grupos interajam rapidamente e organizem protestos. Assim como o grupo mencionado acima temos muitos outros, como por exemplo, os religiosos que tentam se distribuir em diferentes templos, congratulando as profecias doutrinárias de que acreditam. Citamos algumas religiões existentes no Brasil são elas: Catolicismo, Protestantismo, Adventismo, Mormonismo, Testemunhas de Jeová, Espiritismo, Islamismo, Judaísmo, Afro brasileira e indígenas, dentre outras. Vale ressaltar que o Brasil é um Estado laico, ou seja, um território desvinculado de religião, em que cada um de nós tem o direito de optar por qualquer meio de aliança divina. Historicamente, vimos que o Catolicismo até a Constituição Republicana de 1891 foi a religião obrigatória no mundo, fato modificado por esta Carta Política. Trazendo para nossa realidade, o Nordeste também participou de muitos encontros promovidos pelas redes de comunicação, onde o povo foi as ruas protestar por melhores condições sociais. No contexto local, nossa cidade (Sobral) também foi palco de lutas grupais, que em consonância com os outros manifestantes de diversas regiões do Brasil, visavam por exemplo extinguir a Cura Gay, o Ato Médico, os altos investimentos para a Copa 2014, dentre outras reivindicações. Outro fator importante a ser questionado é a afetividade, qual a importância desse tema para a Psicologia Social? Como esse sentimento pode ser entendido no interior de um grupo? Essas foram as primeiras questões que mostraram-se ao iniciar essa pesquisa. Constatou-se que o estudo das emoções favorece o pensamento e a linguagem dentro do processo dos grupos na Psicologia Social. Sintetizando, nossa pesquisa foi debruçada em opiniões teóricas de diversos autores e que mediante a leitura realizada, concluímos ser o processo grupal “um conjunto de pessoas que interagem entre si e compartilha normas e objetivos em comum (Martins, 2003, p. 202), visão tradicionalmente ligada à teoria de K. Lewin (Lane, 1984, p. 78)”. No entanto, devemos observar que na vida diária, estão contidas várias maneiras de nos relacionarmos uns com os outros, isso é o que definimos por grupos, sendo utilizada tal designação também para uniões entre amigos, família, igreja, associações de bairros, bandas de músicas, dentre tantos outros. Tanto para Martin Baró (1983. Pág.190) como para Lane (1984.pág. 84), o ideal é mesmo falar em processo grupal ao invés de grupo, tratando de focar o atributo histórico e dual destes grupos analisados

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