O PROCESSO DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA E AS RELAÇÕES FAMILIARES

O processo de Educação Inclusiva é lento e contínuo, necessita de inúmeros fatores que venham contribuir para o processo de inclusão do aluno com deficiência nas turmas regulares de ensino. Quando se fala em inclusão, logicamente tem-se a idéia de integração do indivíduo a um grupo que historicamente vem desenvolvendo possibilidades de integrar-se ao ensino regular.
Utilizo aqui o contexto histórico, pois "todos" sabemos da luta que as pessoas com necessidades educacionais especiais travaram em defesa de seus direitos. É louvável citar que no Brasil o atendimento das pessoas com deficiência teve início quando nosso país era Império (1854) momento em que surgiram as instituições: Imperial Instituto dos Meninos Cegos e o Instituto dos Surdos e Mudos, desta maneira percorrendo a linha do tempo concretizando o direito a Educação dos PNES aos dias atuais com o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Plano Nacional de Educação e a implementação de Programas direcionados à Educação Inclusiva, dentre outros.
Com o avanço de estudos e políticas públicas direcionadas à educação da pessoa com necessidades educacionais especiais, as instituições de ensino bem como os profissionais da educação se deparam com o desafio do Processo de Inclusão na Rede regular de Ensino. Um desafio que não cabe somente para eles, mas para a sociedade como um todo.
Todos somos seres sociais e temos necessidades de integração. Com as pessoas com deficiência não é diferente! Essa necessidade torna-se questão de auto-estima e desenvolvimento humano. O deficiente tem seu direito de inclusão previsto na C.F. Art. 206. Inciso I ? Estabelece a igualdade de condições de acesso e permanência na escola e mostra em seu Art. 208, que: é dever do Estado, a oferta do atendimento especializado, preferencialmente na rede regular de ensino.
Legalmente temos o direito de inclusão previsto em leis citadas em parágrafos anteriores, porém o processo de inclusão ainda sofre entraves em seu desenvolvimento em nível nacional.
Vale ressaltar que o processo de educação inclusiva depende de uma estrutura de agentes que necessitam sensibilizar-se com a causa das pessoas com necessidades educacionais especiais.
Os PNES necessitam passar por duas instituições que fazem a diferença por toda sua vida, que é a instituição familiar: representada pelas relações familiares e instituição escolar: representada pelo processo de inclusão/ Educação Inclusiva.
Nesse texto faz-se a relação entre a Educação Inclusiva e as Relações Familiares. Primeiramente ambas assumem papéis cruciais para o desenvolvimento pessoal, cognitivo e social do indivíduo.
É nas relações familiares que o deficiente a princípio adquire valores, como: respeito, ética, moral e contato com o próximo, pois "a atitude dos pais em favorecer cada vez mais contatos a seu filho é fundamental para minimizar as dificuldades da segregação e do preconceito, que em muitos casos são alimentados dentro da própria família" (OLIVEIRA & MARCON, 2004). Todo esse processo é desencadeado com o acompanhamento de seus responsáveis no decorrer de sua vida familiar que são a representação viva de como ele pode se portar em meio social, uma família que busca incluir seu membro deficiente superando todas as limitações, buscando novas formas de tratamento, adaptações com paciência e dedicação para que o mesmo alcance seus objetivos e satisfação pessoal.
A descrição das atividades desta família relaciona-se com a Escola Inclusiva, quando um aluno deficiente é acolhido na mesma por profissionais comprometidos com a causa da educação inclusiva, onde o aluno é incluído sem nenhum preconceito, como afirma Macedo (2007, p.16):
Uma vez que uma Educação Inclusiva consiste em romper com o preconceito, ao conviver com pessoas que em nossa fantasia, não são como nós, não tem nossas propriedades ou nossas características. Essa atitude permanece até que um acidente, uma morte, uma doença em família nos lembre que essa é uma circunstancia de todos nós, em algum momento de nossa vida. Alguns têm essa circunstancia permanentemente; para outros, ela se torna permanente e para outros ainda, ela é momentânea, ou seja, vem e vai.

Nesse sentido o deficiente é recebido por seus colegas como se ele não fosse diferente no que se refere à convivência afetiva, todos estão relacionados por um propósito. A busca do conhecimento.
O professor busca capacitar-se, desenvolvendo novas metodologias de ensino e avaliação, uma vez que aquele aluno necessita de atendimento diferenciado e cabe à comunidade escolar como um todo se empossar de recursos que venham beneficiar o sucesso deste indivíduo na escola.
Porém, se no seio familiar o deficiente tem um ambiente de discórdia, preconceito, falta de interesse e de paciência de seus responsáveis, impedindo-lhe de relacionamento com seus irmãos e parentes. Relaciona-se com uma escola que não possui nenhuma preparação para receber os PNES, sou seja, não há compromisso com a inclusão dos deficientes, a figura dos pais ou responsáveis representam os educadores que não buscam novas metodologias, nem incluir seus alunos deficientes discriminando-os e vendo os mesmos como empecilhos no desenvolvimento de suas atividades em sala de aula.
Por fim, as relações familiares e a educação inclusiva deveriam caminhar juntas uma vez que as relações familiares deveriam dar suporte à educação inclusiva, pois como foi citado em parágrafos anteriores, o indivíduo que constitui uma família estruturada com parentes envolvidos em sua causa, ou seja, pessoas que buscam incluir seu membro "excluído" adaptando-se as suas limitações terá facilidade de conviver com os novos sujeitos que entrarão em sua vida acompanhando seu processo de formação social.
No entanto torna-se primordial que os pais de alunos com deficiência entrem na luta em prol da inclusão, uma vez que a família constituída com pessoas que visem o sucesso da escola inclusiva com seu poder de influencia e decisão empenhar-se-á para a construção de projetos pedagógicos dentro da instituição escolar, visando o desenvolvimento de atividades que venham beneficiar o processo de inclusão. Desta maneira quebrando todo preconceito fortalecendo assim a idéia de inclusão construindo novos nortes para essas pessoas que gradativamente vem se emancipando ao longo de sua história.


BIBLIOGRAFIA

MACEDO, Lino de. Educação On-Line ? www.educaçaoonline.pro.br
DESSEN, Maria Auxiliadora. POLONIA, Ana da Costa. Universidade de Brasília, Distrito Federal, Brasil.