O PROCESSO DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

 

O Projeto político-pedagógico de uma escola ocupa um papel central na construção de processos de participação e, portanto, na implementação de uma Gestão democrática.  (Caderno Conselho Escolar, 2008, Vol. 04, p.5).

 

 

            A escola é um espaço social e democrático, composto pelos alunos e seus familiares, professores, funcionários e por demais membros da comunidade. A administração escolar, nela incluída o ato de planejar as ações educacionais, pode ser feita de forma centralizada e autoritária, ou de forma participativa e democrática. Sendo assim, todo o processo que ocorre na escola deve ser realizado de forma transparente, uma vez, que deve-se prestar conta de todas as atividades realizadas.

Dentro do Projeto Político Pedagógico a avaliação é o acompanhamento das metas traçadas para atender às necessidades da instituição escolar. O PPP necessita de acompanhamento sistemático para que se possa verificar se o planejamento está adequado, quais os objetivos que foram atingidos, quais as metas que não foram alcançadas e quais ações necessitam de redirecionamento.

 Assim, é preciso que o grupo estabeleça como pretende realizar o processo de avaliação e acompanhamento do PPP, quando de sua elaboração. Segundo Vasconcellos o acompanhamento é “um instrumento teórico-metodológico que objetiva auxiliar o enfrentamento dos desafios cotidianos, de forma refletida e participativa” (1995, p.38).

Segundo Luckesi, o termo avaliar também tem sua origem no latim, provindo da composição a-valere, que quer dizer "dar valor a.". Porém, o conceito "avaliação" é formulado a partir das determinações da conduta de "atribuir um valor ou qualidade a alguma coisa, ato ou curso de ação" (1998, p. 51), que por si, implica um posicionamento positivo ou negativo em relação ao objeto, ato ou curso de ação avaliado. Isto quer dizer que o ato de avaliar não se encerra na configuração do valor ou na qualidade atribuídos ao objeto em questão, exigindo uma tomada de posição favorável ou desfavorável ao objeto de avaliação, com uma conseqüente decisão de ação.

Sob este enfoque o processo de avaliação é intrínseco ao Projeto Político Pedagógico, pois através do mesmo é possível mensurar todo o processo da gestão democrática. Dentro do contexto escolar, deve haver acompanhamento no processo do Projeto Político Pedagógico, segundo Souza:

 

 

(....) a avaliação dos vários integrantes da escola, e também a avaliação dos vários componentes e das diversas dimensões do trabalho escolar, sempre ocorreram de modo informal. Por exemplo: os professores são avaliados pelos alunos, por seus pares, pelos técnicos e pelos dirigentes da escola. O diretor e outros profissionais são avaliados pelos alunos; a infra-estrutura disponível é sempre analisada como fator que facilita ou dificulta o desenvolvimento das atividades; o currículo é objeto de apreciação, particularmente pelo corpo docente; as relações de trabalho e de poder são analisadas quanto ao seu potencial de promoverem ou não um clima favorável no contexto escolar (1995, p.25).

 

 

A avaliação poderia ser compreendida como uma crítica de percurso de ação, seja ela curta, seja prolongada. Enquanto o planejamento dimensiona o que se vai construir, a avaliação subsidia essa construção, porque fundamenta novas decisões. “[...] a avaliação como crítica de percurso é uma ferramenta necessária ao ser humano no processo de construção dos resultados que planificou produzir, assim como o é no redimensionamento da direção da ação”. (Luckesi, 1998, p. 116-118).

A avaliação objetiva identifica:

 

[...] em que medida os resultados alcançados até então estão próximos ou distantes dos objetivos propostos e, se possível, descobrir as razões desta proximidade ou distanciamento, para permitir que o novo planejamento a ser realizado possa resolver os problemas com mais precisão. Isto serve tanto para avaliação institucional quanto para a avaliação da aprendizagem. Isto é, quando na prática pedagógica avaliamos os nossos alunos, o que estamos pretendendo com isto? Dar conta de uma tarefa necessária? Definir quais serão promovidos para a série seguinte? Definir os “reprovados”? Não! O objetivo de avaliar os alunos é conhecer o que eles sabem, quanto sabem e o quão distante ou perto estão dos objetivos educacionais que lhes foram propostos[1](Grifo nosso).

 

 

Para Souza (1995) a avaliação deve envolver toda a comunidade escolar, a mesma deve envolver a parte de infra-estrutura física da escola, bem como, os aspectos pedagógicos: professores, coordenação e direção.

 

No entanto para Luckesi:

 

 

 A avaliação da aprendizagem escolar adquire seu sentido na medida em que se articula com um projeto pedagógico e com seu conseqüente projeto de ensino. A avaliação, tanto no geral quanto no caso específico da aprendizagem, não possui uma finalidade em si; ela subsidia um curso de ação que visa construir um resultado previamente definido (1998, p.45).

 

 

A Escola de Gestores da Educação Básica[2]conclui que:

 

 (...) se os professores, pedagogos, diretores, funcionários, alunos e seus familiares, tratarem de forma séria todo o processo de gestão, desde a identificação do problema, com um tratamento o mais científico possível das suas causas e conseqüências; passando pelo processo de tomada de decisões, de forma centrada e dentro dos limites da razoabilidade; pelos momentos de acompanhamento e controle, aplicando na prática o controle social; até a avaliação, a partir da qual, é possível dimensionar todo o esforço desenvolvido e os resultados (Souza, 2005, p.42).

 

A avaliação é uma atividade escolar que, pela sua intencionalidade, pela sua função social e pedagógica deve estar clara para alunos e professores. Os momentos específicos de avaliação fazem parte do processo educativo, portanto sua aplicação deve ser pensada por todos e estar de acordo com a proposta pedagógica da instituição.

Portanto, na dimensão da construção do Projeto Político Pedagógico espera-se que o mesmo seja realizado de forma participativa e democrática e, nele deve estar inserido todo processo que ocorre dentro da escola. Sabemos que, o direito de elaborar e executar a proposta pedagógica de cada instituição escolar está assegurado na LDB, no entanto, as metas traçadas, antes deve ser o resultado da reflexão sobre: Como está o processo político pedagógico da escola? Continua correspondendo a atual realidade? Em quais aspectos deve-se melhorar? Após estes questionamentos é possível identificar os problemas e estabelecer estratégias junto com a comunidade escolar. Com o resultado desse processo é possível montar um PPP que corresponda com realidade da escolar e estratégias especificas que viabiliza ações.

Neste contexto, os aspectos teóricos apresentados neste capítulo um fundamentaram as ações práticas da reelaboração do PPP da escola, no entanto, é necessário também conhecer o papel do Conselho Escolar, as diretrizes do órgão constitutivo da escola, o mesmo será apresentado no capítulo dois.

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] Texto extraído do Caderno 4 da Coleção Gestão e avaliação da escola pública: SOUZA, Ângelo Ricardo de Souza...[et al.]. Gestão e avaliação da educação escolar. Universidade Federal do Paraná, Pró-Reitoria de Graduação e Ensino Profissionalizante, Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores; Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. - Curitiba: Ed. da UFPR. 2005, p.17-22. 42 p. - (Gestão e avaliação da escola pública; 4).

[2] Texto extraído do Caderno 4 da Coleção Gestão e avaliação da escola pública: SOUZA, Ângelo Ricardo de Souza...[et al.]. Gestão e avaliação da educação escolar. Universidade Federal do Paraná, Pró-Reitoria de Graduação e Ensino Profissionalizante, Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores; Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. - Curitiba: Ed. da UFPR. 2005, p.17-22. 42 p. - (Gestão e avaliação da escola pública; 4).