MICHELLE BATISTA BRAGA

O PROCESSO DA LEITURA E DO ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA: um cenário a ser refletido.

Universidade da Amazônia

Belém – Pará

2007

O PROCESSO DA LEITURA E DO ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA: um cenário a ser refletido.

Michelle Batista Braga

Trabalho de Conclusão do Curso de Letras do Centro de Ciências Humanas e Educação da Universidade da Amazônia – UNAMA, apresentado como exigência parcial para a obtenção do Grau de Licenciado em Letras com Habilitação em Português/ Inglês e suas respectivas Literaturas, sob a orientação da Profa. Ms. Maria do Céu de Araújo Santos.

Universidade da Amazônia

Belém – Pará

2007


O PROCESSO DA LEITURA E DO ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA: um cenário a ser refletido.

Michelle Batista Braga

Avaliado por:

Profa. Ms. Maria do Céu de Araújo Santos

Data: //

Universidade da Amazônia

Belém – Pará

2007

Dedico este trabalho.

A meus pais, pelo investimento e confiança em mim.

Ao meu Deus por ter me abençoado nessa jornada.

Agradeço à professora e orientadora Maria do Céu de Araújo Santos,

pelo apoio e encorajamento contínuos na pesquisa.

A professora Graça Alves Salim pelas orientações do teste Cloze.

Aos demais mestres da Universidade da Amazônia.

A Coordenadora do Curso, professora Célia Jacob,

pelo apoio institucional e pelas facilidades oferecidas.

Aos sujeitos que participaram na pesquisa de campo.

A boa educação é moeda de ouro, em toda parte tem valor.

Padre Antônio Vieira


APRESENTAÇÃO

Esse estudo destina-se as pessoas preocupadas com o processo de ensino-aprendizagem desenvolvidos nas escolas públicas e privadas, mas precisamente no que diz respeito a atual situação do Brasil no foco educacional e principalmente a importância à verdadeira aquisição da leitura, para uma possível mudança na realidade atual. Nele apresentam-se os principais entraves do processo educacional; os resultados de alguns países que investiram na educação e o reflexo dessa ação no seu desenvolvimento; reflexões e propostas para possíveis mudanças e resultados de pesquisa com alunos da rede pública e privada na cidade de Belém no estado do Pará.

No primeiro capítulo introduzimos o trabalho, fala-se da temática, justificando a escolha, dizendo os caminhos construídos e a metodologia desenvolvida para o estudo.

No segundo capítulo respalda-se a importância do estudo da língua portuguesa, para aquisição do letramento, o que levará ao aperfeiçoamento do falar e do escrever. Enumera-se alguns problemas decorrentes de um ensino que ainda não prima pela inclusão de todos os brasileiros. Demonstra-se um breve estudo de alguns países que colocaram a educação como o marco para reescreverem as suas histórias. E possíveis propostas de mudanças para a educação.

No terceiro e último capítulo, apresenta-se a pesquisa de campo feita com alunos de escolas públicas e privadas de nível fundamental de 5ª a 8ª série em que foi analisado, por meio do TESTE CLOZE, um texto escrito, tendo como objetivo diagnosticar as condições dos alunos dessas instituições.

Procurou-se, enfim, ao fazer essa pesquisa, levantar dados verídicos e construir resultados a partir do estudado e pesquisado. Refletir a educação do Brasil e mais especificamente do Estado do Pará, que vivemos, deve ser uma prática constante, pois só assim poderemos realizar ações que visem transformar o contexto educacional, para uma realidade comprometida com a educação de qualidade para todos os brasileiros.

CAPÍTULO I

INTRODUZINDO O ESTUDO

Tendo em vista a preocupação que todos os professores têm relação a aquisição da leitura efetivada pelos alunos e de como esta irá determinar o seu processo de aprendizagem é que levou-me a pesquisar a temática: O processo da leitura e do ensino-aprendizagem da língua portuguesa: Um cenário a ser refletido. Tendo como delimitação da temática pesquisa em quatro escolas de nível fundamental a partir da 5ª serie. Tanto públicas quanto privadas.

No estudo colocou-se como o objetivo geral; Refletir o sistema educacional referente ao ensino da língua portuguesa e propor possíveis práticas significativas para efetivação deste ensino, principalmente para educação básica.

Norteando esse objetivo maior enumera-se os objetivos específicos:

Analisar o quadro atual da educação brasileira e comparar superficialmente com países que se encontravam e situação semelhante ou pior ao Brasil, e a educação conseguiu os alavancar de forma significativa a economia destes.

Verificar o empenho da escola em relação à educação dos alunos, para saber se ela está realmente cumprindo suas metas em sala de aula.

Sugerir ações que possam contribuir para a melhoria do quadro educacional na educação básica.

Justificou-se esta pesquisa ao observar a situação em que a educação brasileira se encontra, com índices significativos de exclusão, evasão escolar e baixo nível de aprendizagem, segundo a pesquisa do Instituto Paulo Montenegro, 74% dos brasileiros são analfabetos funcionais, ou seja, não compreendem o que lêem. Isto é preocupante, pois comparando esta realidade com a de outros países como a Coréia do Sul; um país assolado pela guerra, que se encontrava a uma realidade pior que o Brasil atualmente. Agora a Coréia está cada vez mais desenvolvida, onde um aluno passa 11 anos na escola, enquanto no Brasil, geralmente não passa dos 4,9 anos, segundo Bencine e Morais (2006).

Assim como a Coréia outros países passaram pelo mesmo processo, hoje são desenvolvidos. O Brasil permanece no subdesenvolvimento devido a uma ação de políticas públicas que venham, realmente, priorizar a importância de educação para o desenvolvimento do país.

Essa pesquisa volta-se para o ensino/aprendizado da língua portuguesa, visto que este é o foco de grandes discussões, pois se tratando da língua mãe deve-se dar uma atenção especial, sendo sua utilidade para o resto da vida tratando-se de residentes do Brasil.

De acordo com a UNESCO (Organização das Nações Unidas), após avaliar a situação educacional de 127 países, apurou certa melhoria, mas a posição do Brasil no "ranking" mundial de educação foi das piores, ficou na 72ª colocação, na posição geral, e na taxa de permanência em sala de aula de alunos até 5ª serie ficou na 87ª posição. Esses índices mostram a crise da educação brasileira principalmente na educação básica.

Uma das causas desses indicadores é a falta de capacitação da maioria dos alunos de rede pública que chegam à quinta série sem ao menos saber ler e muita dificuldade de adquirir conhecimentos de maneira independente. Segundo Inácio.

(...) nossos estudantes têm dificuldades em utilizar os instrumentos de leitura para aumentar seus conhecimentos e competências em outros assuntos. A nova LDB preconiza que a escola deve ensinar o aluno a buscar a informação, porém nem garantir a alfabetização a escola está conseguindo. Como vamos exigir a busca do conhecimento se os alunos mal conseguem ler e escrever? (2003, p1)

Visto que, segundo as Leis Diretrizes e Bases da Educação, a escola deve capacitar o aluno na busca independente do conhecimento, porém isso não será possível se a mesma não fornecer base. Essas deficiências do sistema educacional são causadas por uma série de fatores. Um dos agravantes que sustentam essa crise é a falta de investimento, há muita propaganda sobre a verba utilizada na educação, sobre reforma, mudanças, mas a realidade ainda está muito longe de mudar, como diz Inácio.

É muito comum encontrarmos escolas públicas com bibliotecas ociosas por não terem funcionários, laboratórios de informática sem uso também por falta de funcionários. Isso é o tipo de benefício que não chega ao aluno, mas que consta das propagandas políticas de investimentos na educação. (2003, p2)

Sabe-se que essa escassez no investimento, além de causar a falta de recursos nas escolas, causa também o déficit de professores que chega a 254 mil de acordo com CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e a má remuneração, contribuem para sucateamento do ensino. O diretor da Faculdade de Educação e Letras da Universidade Metodista, Neto apud Helena explica.

É preciso entender que existe uma defasagem na educação do País, primeiro porque não há o orçamento ideal para os investimentos na área, depois porque o modelo adotado por muitos profissionais ainda é antigo. Com isso, a estrutura física e psicológica dos professores está abalada, sem contar as condições precárias no que se diz respeito aos salários dos docentes. (2007, p 1)

O autor explica claramente a dificuldade dos educadores devido à falta de investimentos. Nisso quem mais sofre é o aluno, que devido a péssimas qualidades do ensino surgem problemas como a reprovação e o abandono escolar, que estão cada vez mais presentes nas instituições educacionais da rede pública. Como revela a Assessoria de Imprensa (MEC).

A reprovação e o abandono são fatores de fluxo que interferem diretamente na aprendizagem. Quem sempre foi aprovado alcançou média de 180 pontos e aqueles que foram reprovados apenas uma vez tiveram uma diferença de desempenho de 34 pontos a menos em leitura. Entre os alunos que nunca abandonaram a escola, a média é de 172, contra 149 pontos dos alunos que abandonaram o estudo uma única vez. Os resultados de aprendizagem pioram à medida que o estudante teve mais reprovações ou abandonou a escola mais de uma vez. (2004, p 4)

A importância dos estudos dessa problemática é refletir a realidade do processo de leitura em escolas da cidade de Belém e a partir dos resultados propor melhoria para o ensino/aprendizado da língua portuguesa. Apesar dos alunos em geral não terem culpa alguma das falhas do sistema, eles são os maiores prejudicados por esta inércia educacional em que se encontram grande parte das escolas da rede de ensino brasileira. Somente ter acesso não basta, precisa-se garantir a permanência do aluno com qualidade de ensino.

O fato de refletir sobre este contexto é ter responsabilidade e agir como cidadão. É perceber que a mudança é possível de se concretizar, e acreditar na transformação da realidade atual para a reconstrução de um mundo melhor, principalmente para as camadas menos favorecidas que merecem um ensino comprometido com a qualidade, pois este é o caminho de mudança da e c com chance, assim como cada um de nós.

Os estudos desenvolvidos acerca dessa temática apontam a problemática nacional com relação a permanência dos alunos nas escola, que segundo os PCNs, o índice de evasão escolar é preocupante, gerando em conseqüência da repetência principalmente em língua portuguesa, a desmotivação tirando a vontade de aprender dos alunos, estes que chegam a 5ª série, não sabem sequer ler ou/e escrever, e disso se envergonham. Muitos professores já não sabem o que fazer ao depararem com essa realidade, abre-se assim pauta para uma série de discussões acerca dessa realidade cada vez mais preocupante.

Para realização do trabalho organizou-se questões norteadoras para a realização do estudo:

A escola se empenha em desenvolver com sucesso o trabalho educativo com os alunos?

Qual o verdadeiro papel do educador? Será que está cumprindo satisfatoriamente seu papel na educação dos alunos que atende?

Comparando o Brasil com alguns países onde a educação deu certo. Como será que ele se enquadraria em relação a eles?

Quais os caminhos possíveis de realizarmos ações para a mudança dessa realidade?

A metodologia utilizada para a realização do trabalho ocorreu em dois momentos. No primeiro desenvolveu-se um estudo bibliográfico acerca da temática, com o objetivo do respaldo teórico necessário para a seriedade do estudo, com leituras de artigos em revistas, trabalhos publicados em Universidades e livros de autores como: SALIM (1998); BAGNO (2002); BENCINI (2006); BOCK (2002); CASTRO (2007); CURY (2007); GUAPO (2007); SOARES (1994) e outros autores que subsidiaram a discussão teórica do estudo.

No segundo momento realizou-se uma pesquisa de campo, tendo a abordagem qualitativa como norteadora com aplicação de teste cloze em que foi feita uma análise dos dados resultantes do teste.O teste foi aplicado em seis escolas, sendo que três da rede pública e três da rede privada. Ao todo responderam ao teste dezoito alunos.

CAPÍTULO II

REESCREVENDO O CAMINHO DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA

 

Desde a origem do ensino da língua portuguesa no Brasil, presenciam-se os problemas referentes à aprendizagem dessa língua.

Primeiramente a língua oficial aprendida na escola era o tupi-guarani, tendo mais de 1000 dialetos indígenas. Mas na segunda metade do século XVII o português foi implantando no Brasil por Marquês de Pombal, porém mesmo com essa imposição algumas palavras de origem indígena permanecem até hoje no nosso vocabulário.

Apesar dessas modificações o português é uma das línguas mais difíceis do mundo, um estrangeiro sente muita dificuldade em aprender esse idioma tão complexo carregado de regras gramaticais originadas do latim. Já no processo de aprendizagem de uma criança é diferente, pois esta já teve contato com a língua, bastando somente aprender seu funcionamento.

2.1 Importância do ensino da língua portuguesa

O aprendizado da língua portuguesa é determinante para a vida de um ser humano, pois estabelece a comunicação entre os falantes da língua-mãe.

O processo de aprendizagem na escola se desenvolve, em busca do aperfeiçoamento da língua materna, através do letramento, isto é a prática do que foi ensinado no processo de alfabetização, assim dando vivência na língua com a leitura, com a linguagem oral, estabelecendo condições para o desenvolvimento desta como Bagno diz: De nada adianta uma pessoa a usar garfo e faca se ela jamais tiver comida em seu prato para aplicar essas habilidades. (2002, p.52)

E uma coisa é certa, que através da leitura de jornais, revistas, literaturas, que seja até a bula de remédio ou ler o bilhete que o colega passa na hora da aula, é desse jeito que ocorre o aperfeiçoamento, tanto do falar quanto do escrever, assim aumenta o vocabulário, e o estreitamento da relação entre o ser humano e a língua.

No livro "Maria de todos os rios" de Benedicto Monteiro, a protagonista no inicio da trama apresenta-se como uma ribeirinha que não sabia falar direito, durante a história ela se tornou prostituta e entre um programa e outro, ela procurava, se aprofundar em literatura, arte, música etc. Com esse "banho" de cultura, Maria mudou até seu jeito de falar.

Isso acontece com qualquer pessoa que passa pelo aperfeiçoamento lingüístico. Por exemplo. Maria quando criança aprendeu com sua mãe a falar o português do "jeito ribeirinho" aprendeu a ler e a escrever na escolinha da vila, qualquer papel que passava por sua mão, ela lia atenciosamente, mas era muito pouco, pois Maria cresceu e se desenvolveu falando daquele jeito, somente depois de adulta ela teve acesso à literatura e a arte, e com muito esforço ela desenvolveu sua linguagem, entretanto o processo desenvolvimento nos adultos tende a ser mais difícil, pois sei aparelho fonador já está formado e acostumado com certas articulações. Já nas crianças é diferente, e mais fácil trabalhar. Por isso é de fundamental importância que as crianças passem pelo aperfeiçoamento bem cedo, por se familiarizarem mais rápido com a língua que aprenderam quando menores. Assim diminuindo as dificuldades na prática da redação, ou na linguagem rebuscada em alguns textos literários, isso será essencial nas séries seguintes.

O meio em que a pessoa vive determinará seu mundo lingüístico, nas interações sociais serão determinadas as falas desenvolvidas no seu mundo. Logo fica claro que Maria é o reflexo de sua comunidade lingüística.

A construção, junto com os alunos, da aquisição desse processo lingüístico, é um grande desafio a ser enfrentado diariamente pelos professores, pois os alunos são de realidades diferentes, que os diversificados, diferenciando-os uns dos outros. O que é normal na fala de uma determinada comunidade pode não ser aceita, como certa em outra.

2.2 Problemas freqüentes.

No estudo da implantação do português, notamos que houve muito preconceito que até hoje não foi quebrado. Segundo Soares.

Nos Estados Unidos, chegou-se até afirmar, com base em pesquisas sobre a inteligência e o rendimento escolar de brancos e negros, que, se não era possível corrigir as "deficiências" das crianças negras por meio de programas de educação compensatória, isso só acontecia por causa dessas "deficiências" eram resultado não só da "privação cultural", mas, mais que isso, também de diferenças genéticas. (1994, p.34)

Como diz o autor sobre "diferenças genéticas" e "deficiências" é uma maneira de justificar a falta de oportunidades da população negra e o descaso da sociedade para com esta. Quando houve a implantação do português no Brasil, já havia muitos negros, não tinha acesso à educação, eram tratados de forma desumana. E mesmo depois da escravidão os negros passaram muito tempo sendo marginalizados pela sociedade injustificadamente, sem muitas oportunidades, e quando aparecia uma eram vitimas do preconceito. Este é um dos maiores problemas enfrentados hoje pelos educadores, pois enquanto houver qualquer tipo de preconceito no trabalho desenvolvido em sala de aula, os objetivos referentes ao aprendizado não serão alcançados.

Um dentre outros problemas que geram a repulsa do aluno pela língua portuguesa é a aplicação exagerada da gramática. Esta propriamente dita não é um problema, mas a maneira como é passado esse conhecimento gramatical que pode ser apropriado ou não, pois chegar à sala de aula e ensinar muitas regras gramaticais que nem sempre o aluno entende, parece muitas vezes algo incompleto, somente dando vivência a essas regras, para que o aluno tenha oportunidade de praticá-las, torna esse conhecimento significativo interagido com os alunos. Segundo Soares apud Bagno:

Nosso problema não é apenas ensinar a ler e a escrever, mas é, também, e sobretudo, levar os indivíduos – crianças e adultos – a fazer uso da leitura e da escrita, envolver-se em práticas sociais da leitura e escrita.(2002, p.53)

A autora enfatiza que o processo de letramento não é apenas ensinar uma série de regras gramaticais, ensinar a ler e escrever (alfabetizar), mas também melhorar suas habilidades de leitura e escrita na prática, e no convívio social assim diz Ilari apud Santos sobre importância da prática gramatical.

Numa vivência rica da língua materna, aprender a escrita, dominar a variante culta e iniciar-se nos valores literários continuam sendo objetivos legítimose fundamentais . Mas não adianta afirmar a importância desses objetivos como princípio abstrato e depois esvaziá-lo na prática, substituindo-lhe algum sucedâneo acanhado: ter acesso a escrita não é apenas aprender a técnica de escrever; dominar a variante culta não é empurrar-se com a metalinguagem da gramática tradicional; inicia-se em literatura não é decorar biografia de autores, características de movimentos literários ou listas de obras. Não se aprende o que não é vivido, e não se organiza o que não se aprendeu; procuremos dar antes de mais nada, à escrita, à linguagem culta, à literatura um caráter de vivência[...] (1994, p.18)

2.3 Alguns dos problemas educacionais

O processo educacional tem muitos problemas, como vimos no item anterior, mas, precisa-se fazer uma análise mais profunda a respeito destes, avaliar sua origem, e "desmontar" cada detalhe desde sua "raiz" para encontrar medidas entender e propor alguns caminhos que possam contribuir para a melhoria desse cenário, esse é o principal objetivo do nosso estudo, busca alternativas de melhorias educacionais.

A meta é buscar meios que venham iluminar a reflexão do contexto educacional atual para identificarmos seus problemas e tentarmos intervir com propostas inovadoras e comprometidas com o processo de construção de uma educação que forme cidadãos completos, pessoas críticas e participantes na reconstrução de uma escola que cumpra o seu papel social, de possibilitar a educação a todas as pessoas.

Neste cenário o Brasil está desafiado em possibilitar a igualdade de acesso e qualidade de ensino, mas este desafio deve ser para todas as regiões, pois a Declaração Universal dos Direitos Humanos nos diz:

Toda pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos no que se refere à instrução elementar e fundamental. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnica e profissional deverá ser generalizada; o acesso aos estudos superiores se dará para todos em plena igualdade e em função dos respectivos méritos. (art.26, § 1º)

2.3.1 Evasão Escolar

Este é um problema historicamente enfrentado na escola, nele debruça-se estudos e grandes reflexões para mudar esta realidade, infelizmente ainda ocupa um espaço de preocupação desafiando novas políticas públicas que encontrem caminhos possibilitadores da permanência dos alunos na escola. É um ponto de debate e de alerta tanto na escola como na família, ambos devem se unir para que a vida escolar seja garantida.

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação - nº 9394/97, fica clara a responsabilidade da família e do Estado, a garantia educacional:

Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

A partir do determinado na Lei podemos fazer um paralelo com a realidade em que vivemos, percebemos que o cumprimento da mesma não se efetiva, pois a educação não alcança a todos os cidadãos e nem está garantindo todos os níveis escolares.

A realidade estampada é que a evasão escolar está presente nas escolas e as causas são as mais diversas: trabalho infantil, deficiência na qualificação profissional; falta de políticas públicas, desestruturação familiar; problemas de saúde pública dentre outros que contribuído para a saída dos alunos das escolas.

A escola precisa ser um espaço que encante os alunos, temos que chamar a atenção deles de modo que se sintam atraídos e percebam que necessitem aprender. Mas isso não é tão simples como parece, pois se trata de jovens diferentes, e vão, ou deixam de ir a escola por motivos diferentes, é necessário que a escola sinta a ausência do aluno e procure saber o porquê da sua falta. Hoje um dos motivos que tira o aluno da escola é a violência em periferias, onde os próprios alunos cometem atos de violência como no diz Furtado:

Casos que terminam em homicídio ou suicídio são raros. Porém, não são poucas as vítimas do "bullying" que, por medo ou vergonha, sofrem em silêncio. "Era sempre um grupinho e eu sozinho. Eu me distanciava, ia para o meu canto, e ficava sozinho"(2004, p01)

Esse termo de origem Inglesa "Bullying" significa a pratica da violência repetida, entre crianças e adolescentes, alunos que são diferentes fisicamente, ou os tem destaque intelectual, tratados com discriminação por seus colegas, esse tipo de discriminação é tão profunda quanto histórica – discriminação dos brancos em relação aos negros – que até os agridem.

No município de Taiúva, em São Paulo, em janeiro de 2003, Edimar Aparecido Freitas, de 18 anos, invadiu a escola onde estudou, com um revólver na mão. Feriu gravemente cinco alunos. Emseguida, Edmar se matou.
Obeso na infância e adolescência, ele era motivo de piada entre os colegas.(2004, p01)

Esse tipo de violência faz parte do comportamento primitivo do ser humano segundo Santoro apud Furtado:

Isso sempre existiu porque é da psicologia do ser humano a gente repelir, ou rejeitar ou rotular a pessoa que é diferente, ou o grupo diferente, e a gente precisa de um trabalho muito grande para ultrapassar essa reação primitiva. (2004, p02)

Mas isso precisa de muito trabalho para ultapassar essa reação, e enquanto isso não acontece o trabalho da escola é, apascentar os alunos mais violentos, buscando a origem, os pais, um diálogo com os pais daquela criança violenta pode ajudar, mas essa medida deve ser tomada como extrema. Primeiramente desenvolver na própria escola projetos que mostrem que a violência urbana é uma "doença" sociale precisa ser tratada. Palestras em que os alunos possam interagirseria um bom ponto de partida para o trabalho envolvendo toda a comunidade escolar..

Outra grande razão do aluno faltar à escola é o desinteresse pela própria escola, segundo a Fundação Getúlio Vargas, 18% dos alunos em idade escolar estão fora da sala de aula e 45,1% desses afirmam que deixaram a sala de aula por que não quiseram mais estudar. A rua parece mais atraente para esses jovens segundo Sinteal:"Os jovens não consideram as escolas atraentes, segundo a pesquisa Equidade, eficiência e educação: motivações e metas, divulgada ontem"(2007, p01). Estes preferem fazer outras coisas a está numa sala de aula, por exemplo, um aluno que está indo para aula deve pensar, "o que vou fazer lá, eu poderia namorar, ir ao cinema, tomar sorvete, fazer um monte de coisa legal, se não fosse essa aula chata, com esse professor chato" é assim o pensamento de qualquer aluno independentemente de escola pública ou privada. Mas a decisão de abandonar a escola não é somente do dele, pois o aluno depende financeiramente dos pais, e geralmente os que tomam essa decisão são "absolutamente incapazes[1]" perante o código civil.

Sabemos que a evasão escolar é uma questão nacional, que vem, cada vez mais, preocupando e desafiando pesquisadores, assim como a desvalorização do profissional da educação, que ganham salários vergonhosos para desempenharem atividade de tamanha determinação na vida das pessoas. Esta é uma realidade vivida e vista pela maioria dos educadores deste país, mas que quase nada é feito, efetivamente, para mudar.

O caminho par a mudança não pode ser feito realizado apenas por uma única via, mas por diversos segmentos comprometidos com uma transformação educacional para que as crianças que cheguem às escolas, nelas permaneçam.

2.3.2Metodologia inadequada

Outro grande problema é a metodologia aplicada. Muitos educadores da língua portuguesa usam a mesma há dez ou até mesmo vinte anos, muitas vezes por falta de recursos muitos não conseguem se especializar, ou não tiveram oportunidade de fazer um curso de atualização, existem casos de professores não graduados trabalhando como efetivos, não têm a qualificação e por isso não conseguem um resultado satisfatório em sala de aula.

Primeiramente o educador deve dá sentido ao conteúdo ensinado, "Para que serve isso?" este deve saber pelo menos a utilidade da língua portuguesa, caso contrário ele não é digno nem de ser chamado de "professor", e depois estabelecer metas do trabalho desenvolvido em sala de aula não é apenas entra em sala e trabalhar, mas sim planeja qual tipo de trabalho será desenvolvido, e faixa etária vai ser apresentado. Pois, problemas com metodologia, também tem haver com alunos de diferente faixa etária assistindo a mesma aula.

Segundo Jean Piaget cada faixa etária aprende de maneira diferente, a criança é alfabetizada no período pré operatório (2 a 7 anos), esta aprende as coisas com muita facilidade, pois o desenvolvimento do pensamento acelera, esse período é caracterizado pelo aparecimento da linguagem e pela curiosidade ( Aparecimento dos famosos "Porquês"), e se desenvolve também a individualidade da criança, e a coordenação motora fina (pegar pequenos objetos com as pontas dos dedos, e conseguir fazer movimentos delicados), mas têm dificuldades de reconhecer a ordem de mais de dois eventos, isto é não possuem o conceito de número, nesse estágio o adequado seria trabalhar a interdisciplinaridade, como o aluno é muito curioso, faz muitas perguntas sobre diferentes assuntos, cabe ao professor de língua portuguesa ampliar um pouco seu conhecimento, para esclarecer todas as dúvidas da criança ao mesmo tempo ensinado a da língua materna, mas isso não é suficiente deve utilizar de artifícios como atividades: jogos e brincadeiras, valendo gratificação, pequenos brindes como caneta, brinquedinhos, ou bombons. Esse método é muito utilizado em cursos livres de língua estrangeira.

Já no estágio operatório concreto (de 7 a 12 anos), a criança já consegue diferenciar as relações de causa e efeito, e desenvolve o raciocínio concreto, no lado afetivo, esta já não se considera superior, e nem o centro das atenções, aparecimento da vontade e do convívio social com os colegas, mas há muitos conflitos entre o dever e o prazer. O mais adequado a fazer com essa faixa etária é utilizar elementos do cotidiano, para ensinar, fazer passeios pela área a redor da escola, mostrando a vegetação, as casas, os moradores daquela região, e como educador deve mostrar como se comporta e sociedade, e estabelecer os limites entre prazer e o dever.

E no estágio operatório formal (de 12 anos em diante). Aparece a capacidade de desenvolver idéias sem precisar de referências concretas, e lidar com conceitos de amor, justiça e paz. E a passagem para a adolescência, a partir daí, o jovem passa por novas descobertas no processo de transformação da infância para a idade adulta, por isso é a fase mais complicada e delicada da vida de um ser humano. Não sabe ao certo quando essa fase inicia, mas, em média começa aos treze anos e termina aos dezoito, mais existem casos psicologicamente falando que termina mais cedo ou mais tarde, e casos raros que essa fase não passa.

Esta está marcada pela desobediência, o aluno está crescendo acha que sabe tudo, este quer assumir direitos e responsabilidades que ainda não tem maturidade suficiente para assumir, e quando é contrariado age com imaturidade desrespeitando aos pais e ao professor, e discuti de forma em relação aos mais velhos como se eles estivessem errados, e muitas vezes se rebela contra eles, e o educador exige respeito, mas o confronto não é a melhor solução, muitas vezes até piora o trabalho em sala de aula, isso não é absoluto, mas em média é isso que acontece. Primeiramente, o professor deve perguntar quem quer assistir sua aula, quem não quiser pedir para que se retire e abordar o trabalho como os interessados, pois o interesse deve ser recíproco. Utilizar novamente a interdisciplinaridade, mas com outro objetivo, por exemplo, levar um texto sobre "sexo", fazer uma roda, tipo como debate da interpretação do texto, e logo depois passar sobre o texto a gramática, que pode ser feito individual ou em grupo. São aceitáveis também outros recursos como data show ou transparência, desde que facilitem o trabalho.

Já de 18 em diante o jovem já é praticamente um adulto, quando vêm as responsabilidades, vem maturidade, esse jovem está mais preocupado com o futuro, e enfrentando as dificuldades do mercado de trabalho, não existe tempo ruim para aprender, então qualquer um dos recursos citados é valido. Mas para ensinar adultos, o educador tem que ter domínio da língua, e se utilizar da interdisciplinaridade, este tem que ter bastante conhecimento do assunto abordado, pois dentre os alunos pode existir alguém que o conheça com profundidade, porque já estudou sobre aquilo ou então exerce uma profissão que exija conhecimento sobre aquele assunto.

Independente da faixa etária do aluno e do contexto social, sempre tem que ter em mente a qualidade do ensino para se efetivar a qualidade da aprendizagem, o desafio esta em enfrentarmos a diversidade do contexto real em que vivemos, com carências nas mais diversas vertentes, mas o "grito" pelo compromisso da educação deve ser objetivo primeiro de todos os envolvidos com a educação.

2.3.3 O educador e seus desafios

São muitos os desafios enfrentados pelos professores, principalmente da rede pública, lugar em que as causas citadas acima ficam mais acentuadas. Presenciamos "uma bola de neve" rolando ao encontro de todos nós, pois o compromisso com a educação do país, não pode ser efetivada apenas pelos professores, eles fazem parte de um processo que vêm, a cada dia, demonstrando resultados alarmantes mostrado no resultado do PISA – Programa Internacional par Avaliação de Alunos, sendo o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), instituição vinculada ao Ministério da Educação, assumiu a responsabilidade de implementar o Pisa no Brasil, coordenando toda a sua aplicação, avaliação e análise dos resultados, sob a orientação do Consórcio Internacional responsável pelo programa. O resultado final apresentado divide-se emtrês grupos:

Grupo 1 – Considerado a elite do ensino mundial: Com pontuação que vai de 507 a 546, estão na lista a Finlândia, em primeiro lugar, e as demais nações por ordem de classificação: Canadá, Nova Zelândia, Austrália, Irlanda, Coréia do Sul, Reino Unido, Japão, Suécia, Áustria, Bélgica e Islândia;

Grupo 2 – Outras cinco nações, com resultados estatisticamente equivalentes a média geral dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que corresponde a 500, estão em um segundo grupo de desempenho. Ele é formado por Noruega, França, Estados Unidos, Dinamarca e Suíça. Nesse grupo a média vai de 494 a 505;

Grupo 3 – Os resultados estão em 14 países, e vão de 396 a 493, abaixo da média da Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). São eles Espanha, República Checa, Itália, Alemanha, Liechtenstein, Hungria, Polônia, Grécia, Portugal, Rússia, Letônia, Luxemburgo, México e Brasil. Devido a problemas com a amostra, os resultados da Holanda não foram incluídos.

Segundo Castro (2001, p.01):

O Pisa mostra ao País que a escola brasileira não está ensinando seus alunos a ler um texto escrito e a retirar dele as conclusões e reflexões logicamente permitidas. "Das mil coisas e conteúdos que a escola faz ou tenta fazer, o Pisa está nos mostrando que ela se esquece da mais essencial: dar ao aluno o domínio da linguagem. Se fosse necessário gerar um slogan para todas as escolas de todos os níveis esse seria:" Só há uma prioridade na escola brasileira: ensinar a ler e entender o que está escrito".

Diante desses resultados, fica claro que os desafios a serem enfrentados pelos educadores, e eles se colocam nas diversas óticas: formação docente; reconhecimento do profissional da educação; comprometimento com a educação integral com proposta de perceber a complexidade de uma pessoa e não perder de vista a sua totalidade, desenvolvendo o seu cognitivo, emotivo, espiritual e físico; a viabilidade do direito á educação com acesso para todos; ações práticas que sustentem políticas educativas, econômicas, sociais e culturais com foco na qualidade de vida de todos os alunos.

2.3.4 Alto índice de reprovação

A escola precisa ser um espaço de inclusão social, e não lugar de exclusão. Nela os alunos deveriam buscar caminhos para resolverem as suas dúvidas e aprender aquilo que ainda não conseguiram aprender, pois esta é a sua grande finalidade interagir conhecimentos. Se os alunos não estão aprendendo é porque precisamos repensar as nossas práticas e os nossos objetivos finais.

A reprovação do descompromisso é um caminho aberto para a evasão, pois o aluno se sente perdido e envergonhado, os próprios colegas os excluem, pois os mesmos não o percebem com um sujeito que está precisando de um olhar mais atento.

O atraso escolar é um problema nas redes de ensino tanto pública quanto particular segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na região norte e nordeste, o índice de atraso e repetência varia de 22,5% a 84,9% é mais elevado que o Sul que oscila entre 4,1% e 57,3%.

Diversos fatores citados, anteriormente são responsáveis por esse resultado, antes de procurar um culpado, cada um deve ter consciência do seu papel e sala de aula, detectar o que aconteceu, para haver reprovação, pois como diz os médicos e psicólogos "cada caso é um caso" e isso não é muito diferente. Apesar de uma série de equívocos cometidos por professores ou alunos, o bom desempenho não tem segredo e se resume numa palavra simples "base"; se tive um bom desempenho nas primeiras séries, e um bom acompanhamento do professor, com certeza, nas séries seguintes este terá pouca dificuldade. O Professor tem que fazer a sua parte e deixar bem claro para o aluno que para aprender precisa de esforço e dedicação, para que este faça sua parte.

E se tiver faltando algum material tanto o professor ou o aluno podem recorrer à diretoria da instituição escolar, e esta também desempenhe se papel.

Muitos serão os desafios a serem enfrentados para realizarmos o nosso sonho de escola, mas este trabalho deve ser um trabalho de parceria entre escola, família e sociedade, todos juntos com uma consciência da verdadeira situação em que passa a escola, teremos possibilidades de concretizarmos o idealizado.

Precisamos significar os conhecimentos propostos no interior da escola, para que os alunos se encontrem e cresçam com dignidade e reconheçam a sua realidade valorizada na escola. De nada adianta "decorarmos" nome de países estrangeiros se ainda não conhecemos a cidade em que moramos, o estado em que ela faz parte, a região, o nosso próprio país.

O ponto de partida tem que ser a realidade do aluno e o estudo deve ser uma prática prazerosa, para ele aprender para a vida. A punição não proporciona crescimento humano, ela apenas maltrata e leva à revolta, o que poderá ser mais uma ação violenta escondida nos muros da escola.

2.3.5 Descaso do governo e das instituições educacionais

Não é preciso fazer uma grande pesquisa de campo para ver uma realidade, que está bem diante de nós, escolas Municipais e Estaduais sucateadas, professores graduados, que ganham praticamente um salário mínimo, piso salarial equivalente a de um trabalhador doméstico. Não têm carteira suficiente para os alunos, e nem material didático para todos. Essa é a realidade do ensino público brasileiro, o bem público deveria ser valorizado e reconhecido como dinheiro tirado de trabalhadores, que mensalmente contribuem com parte de seus suados salários para a realização de um objetivo nacional: educação e saúde de qualidade para todos. Ser público não significa ser de baixa qualidade ou ser quase inutilizável, mas de saber utilizar o dinheiro público de forma responsável para a população, isso é obrigação, tanto do Estado quando do Município aplicar de forma adequada a verba enviada pelo Governo Federal destinada à educação.

O dinheiro sai para ser aplicado, mas o destino muitas vezes não se sabe, ou quando descobre o destino, é tarde demais, milhões já foram desviados dos cofres públicos enriquecendo muita gente. A educação pública de qualidade, é direito de todos, pois o há pouco tempo foi provado, que o brasileiro paga um dos impostos mais altos do mundo, o ensino de qualidade e gratuito é um direito que está na constituição:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; [...] (1988, p77)

Isso é apenas uma parte existe nas leis e diretrizes que defendem o ensino público, então, o ensino público gratuito não é um favor que os governantes estão fazendo para a população, é mais que obrigação deles para com o país, é um direito de todos ter algo de qualidade.

Já o ensino privado, tem uma realidade um pouco melhor, na estrutura, na parte operacional, mas tem vezes que a própria instituição deixa a desejar, porém isso não é um problema, existe a livre concorrência entre as escolas particulares, e isso contribui com a qualidade, No entanto a má remuneração dos professores leva a uma queda de qualidade, pois este para sua sobrevivência trabalha diariamente em varias escolas diferentes com isso a sua produtividade cai drasticamente.

As instituições educacionais privadas, podendo garantir a total qualidade do ensino remunerando um pouco melhor os professores, estes não precisariam se sobrecarregar com empregos em diferentes escolas.

2.4 Análise superficial de alguns países que passaram por momentos difíceis. A educação contribuiu para o desenvolvimento destes.

Alguns países que já foram considerados emergentes, hoje seus PIB (Produto Interno Bruto) são superiores aos de muitos países ricos, passaram por muitas dificuldades guerras civis, fatos ocorridos na Segunda Guerra Mundial contribuíram para a miséria destes.

Mas para se recuperarem precisaram fazer um alto investimento em educação, conseqüentemente melhorou a qualidade de vida destes, e mudaram consideravelmente seu quadro social. No quadro abaixo se apresentam alguns desses países incluindo o Brasil, mostrando seu PIB e seu investimento em educação.

 

 

PIB (Milhões)

Investimento em Educação % do PIB

Total investido em educação

Alemanha

2 740 670

4,57%

125 248,61

Japão

4 669 322

3,58%

 167 161,72

Brasil

59 3091

4,22%

 25 028,44

Coréia S

67 9675

4,22%

2 8682, 28

Irlanda

18 1631

4,32%

8 300,53








Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Dentre esses países, a Irlanda investe razoavelmente na educação apesar de seu pequeno PIB, e supera muitos países europeus. Já Brasil e Coréia do Sul estão empatados apenas na porcentagem pelo fato se seu PIB seja maior que o Brasileiro, este investe mais. É o mesmo caso do Japão tem uma pequena porcentagem de seu produto interno investida em educação, mas este é muito alto. E o que fica em primeiro lugar em investimento em educação com maior PIB é a Alemanha.

O segredo da prosperidade desses países na área da educação é o modo como a verba é aplicada, as estratégias das instituições para manter seus alunos em sala de aula e principalmente o método de ensino. Nota-se que a estrutura de ensino e o método utilizado se diferenciam. A idéia não é comparar com esses países para que o Brasil seja igual, é conscientizar o brasileiro de que a educação é importante, a solução é encontrar o melhor método de ensino para o território ou até mesmo para cada região deste.

2.4.1- Coréia do Sul

Após diversas guerras civis com um milhão de mortos – segundo a revista veja – o país ficou estagnado na miséria com altos índices de analfabetismo. Quarenta anos depois, um imenso abismo separa duas coréias. Hoje com o investimento maciço na educação, sua renda Per capita triplicou, desde já melhorando a qualidade de vida e erradicando o analfabetismo.

O desenvolvimento educacional está concentrado no ensino fundamental, capacitar bem as crianças para que futuramente, elas sejam bons universitários, pesquisadores, ou cientistas. Por isso elas passam por uma rotina militar, elas estudam disputando as melhores notas. Além de uma longa carga horária de sete da manhã até as quatro da tarde, ainda se dedicam a aulas-extras que se estendem até meia-noite.

Devido essa grande competitividade há mais jovens na universidade e com as melhores notas. Agora se vincula o ambiente acadêmico a indústria, isto é a troca de benefícios a verba saindo dos cofres das universidades para financiar projetos acadêmicos, e a iniciativa privada das empresas. Exemplo disso é a Samsung que ajudou a elaborar o currículo de uma faculdade participando da formação de vários engenheiros especializados.

Na área de tecnologia coloca-se na frente até do Japão um dos campeões nessa área, trinta por cento dos jovens saem das universidades graduados em engenharia inclusive o governo criou a escola técnica de hordas para aqueles alunos pouco preparados, para lhes dá oportunidade de arrumar bons empregos ingressando no serviço militar.

A Coréia tem grande capacidade de novação tecnológica passando de computação gráfica até a genética. Após a reforma da educação na Coréia do Sul a economia cresceu 9% ao ano durante três décadas.

2.4.2 Alemanha

Depois de reunificação do RDA (Republica Democrática Alemã) e RFA (Republica Federal Alemã), sua economia estava em crise, pois Alemanha teve que pagar indenizações pelos danos causados da Primeira Guerra Mundial, devolver territórios as províncias de Alsácia e Lorena.

A única solução era reelaborar o orçamento público como eram dois países de realidades diferentes, houve uma redistribuição nas despesas, como mostra o quadro abaixo.

DESPESAS DO LANDER COFINACIADAS PELO ESTADO

 

Principais Projetos

Tarefas conjuntas

Ajudas financeiras ao investimento

Créditos

 

Construção

Universidades

Estrutura Ec. Sector Agr. e Proteção Costeira

 

Construção Estradas das Comunas

Habitações Sociais

Modernização Edifícios Residenciais

Fornecimento Energia

 

Abonos Escolares

Abonos para

Habitação

 

Contribuição Financeira do Estado Federal

 

 

 

Percentagem

Vol. 1990

Mil Milhões DM

% do PIB

Vol. 1997

Mil Milhões DM

% do PIB

Novos Lander

50% ou mais

 

8,3

0,3

 

13

0,4

4,8

 

50% ou mais

 

7,6

0,3

 

13,3

0,4

7,3

 

50% ou mais

 

13,8

0,6

 

16

0,4

2,4

 


Fonte: Ministério das Finanças; OCDE

Percebe-se que no quadro grande investimento é voltado à educação, porém esta não foi prioridade no crescimento da economia alemã, mas a distribuição salarial foi feita através da qualificação da mão-de-obra, principalmente a parte RFA não estava acostumada com isso, pois os salários eram todos iguais. Essa diferença salarial foi negociada, para não gerar grande competitividade, depois de cinco anos a estrutura industrial alemã mudou por completo, segundo Guapo (1999).

Na educação alemã, o jardim de infância, que é a partir dos três anos, é opcional, mas Burmeister (2006): "Toda criança a partir dos três anos de idade tem, por lei, seu lugar garantido no jardim da infância", mas é de acordo com a rentabilidade dos pais.

Já no ensino fundamental chamado de "Grundschule" inicia-se aos seis anos, este destinado a aumentar o conhecimento do aluno sobre o idioma alemão, seu período é quatro a seis anos de duração dependendo do estado, o ano letivo inicia em agosto, este sendo obrigatório o governo garante gratuitamente, e também oferece em alguns estados um ano de preparação para o ensino fundamental com brincadeiras educativas. Segundo Burmeister:

Uma curiosidade no primeiro dia de aula do ensino fundamental é a Schultüte, um cone colorido cheio de presentes e doces para as crianças. O gesto incentiva a ida para a escola e ajuda a tornar o primeiro dia de aula mais prazeroso. (2006, p01)

Segundo o autor os educadores fazem com que o ensino seja mais prazeroso através de brincadeiras e doces, são atrativos para a criança.

As Escolas Secundárias, equivalente ao Ensino Médio direciona o jovem para o mercado de trabalho, existem três tipos de escolas secundárias a escolha do aluno o "Hauptschule", os alunos recebem uma formação básica, tem duração de cinco a seis anos e logo depois são encaminhados a um curso de escola profissionalizante. O "Realschule" é também de formação básicas, mas a preparação é para outros cursos mais adiantados que os profissionalizantes normalmente, e tem seis anos de duração. Já o "Gymnasium" é no período de nove anos, e mais aprofundado, prepara o aluno para a universidade, as Escolas Secundárias e o Ensino Superior também são gratuitos e garantidos pelo governo. Segundo o boletim da Universia Brasil.

O Ensino Superior na Alemanha é referência mundial em áreas como Engenharia, Informática, Tecnologia, Medicina e Ciências Humanas. (1995, p01)

2.4.3 Japão

Uma nação atingida por duas Bombas, esse fato ocorreu antes do fim da Segunda Guerra Mundial. Desde que as duas cidades japonesas "Hiroshima" e "Nagasaki" foram bombardeadas pelos EUA, a economia japonesa entrou em colapso, pois foi ocupado pelos EUA e proibido de investir e poder bélico. Então o Japão utilizou aquela verba que investiria em poderio militar para investir na educação.

E assim cresceu tecnologicamente principalmente na indústria de robótica e informática. E multinacionais como a Toyota e a Honda, empresas com tecnologia de ponta exportam para o mundo todo e cresceram graças à qualificação da mão-de-obra no mercado japonês.

O sistema educacional Japonês é bem tradicional, pois com sua cultura milenar o As pessoas tendem ser bem disciplinadas. A criança começa sés estudos aos três anos de idade é obrigatório o chamado "shougakkou" correspondente ao primário este é no período de seis anos e logo depois o "chuugakkou", é o ensino fundamental intermediário com duração de três anos, e logo depois o "koukou" é o Ensino Médio em quatro anos, e a Universidade chamada de "daigaku" no período de três anos.

Existem exames de seleção para ingressar no Ensino Médio e na universidade, e os cursos profissionalizantes servem tanto para os formandos do ensino fundamental quanto médio, que direcionam os alunos para a prática de uma profissão. E em algumas instituições educacionais públicas aceitam estrangeiros através do exame de proficiência, fornecendo bolsas de estudos, e visto para estudantes e de trabalho, e ajuda a famílias com dificuldades financeiras.

2.4.4 Irlanda

A Irlanda foi durante muitos anos alvo de disputas, que foi muito mais que luta entre duas religiões. Foi uma guerra de interesses político que determinava a independência daquele pequeno país o a continuação de seu domínio que era muito cômodo para a Inglaterra. Essa batalha político-religiosa se deu início em 1534. Passaram séculos lutando pela autonomia com uma série de movimentos nacionalistas, mas o principal era chamado de IRA (Exército Republicano Irlandês) que praticava ações terroristas. Somente depois da metade século XX, a Irlanda ( exceto o ULSTER[2]) foi declarada independente do domínio Inglês.

Depois da independência Irlanda era pobre não tinha muitos atrativos, como diz Guapo:

Quando finalmente alcança a independência da coroa britânica, na década de 20 do século XX, a Irlanda tem pouco para oferecer, em termos atractivos, pelo que as políticas subseqüentes se centraram em captar o Investimento Directo Estrangeiro, tentando colmatar a escassez crônica de capital , a falta de tradição industrial, a ausência de uma classe de empresários e gestores e o quase inexistente o acesso aos mercados externos. (2004, p.01)

O autor acima diz que o país precisava de recursos para crescer, e para isso precisava de pessoas qualificadas para tomar frente das relações exteriores, e do mercado Irlandês. Entretanto o país conseguiu crescer colocando a Educação como prioridade: "Outra decisão estruturante foi conceder prioridade máxima à educação da força de trabalho, a que se seguiu a adesão à Comunidade Econômica Européia (CEE), em 1973." (2004, p.01). Segundo Guapo (2004) um país pobre em recursos econômicos investiu solidamente nesta área e cresceu drasticamente, mas não foi somente isso que contribuiu, mas uma série de fatores como a estrutura educacional, que se difere da nossa em alguns aspectos.

As escolas irlandesas por sua maioria são privadas, mas todas elas em geral são financiadas pelo estado, muitas detidas em comunidades religiosas e igrejas. Apesar de o ensino público ser bastante peculiar, a maioria dos alunos em idade escolar vem de escolas públicas.

Segundo Lobo (2005) de maneira geral o ensino irlandês se divide em três níveis: primário, pós-primário e superior. A primeira etapa do ensino inicia-se aos seis anos, mas atualmente as crianças começam a estudar mais cedo, o ensino primário geralmente inicia-se aos quatro anos (49% das crianças), este tem oito anos de duração, a avaliação é feita de forma progressiva através de testes aplicados no fim do ano letivo, são raros os casos de reprovação. Já na etapa pós-primária se divide em dois ciclos – Junior e Sênior – sendo o primeiro obrigatório abrange os alunos de 12 a 18 anos tem a duração de seis anos. O ciclo Sênior tem a duração de dois a três anos, sendo o terceiro opcional, por este ser um ano de transição não somente acadêmica, mas também social e pessoal, nos dois primeiros anos deste ciclo, os alunos freqüentam um programa de estudo especial de finalização dos estudos. Existem três programas curriculares a escolha do aluno, sua avaliação é feita através de testes aplicados pelo professor durante o ano letivo. E no final de cada ciclo os alunos estão sujeitos a exames de avaliação externa feito pelo governo, este é de suma importância para o currículo do aluno, principalmente para o mercado de trabalho e a entrada na universidade que em parte são determinados através da pontuação desse exame.

O ensino superior é oferecido pelos centros de tecnologia e universidades privadas com cursos de dois a três anos, ou licenciaturas de três a quatro anos, cursos de formação de professores bacharelados, mas há muitos que são direcionados para área de negócios e informática.

2.5 Propostas de mudança e melhoria da educação atual.

Diante de todos esses problemas, ninguém quer ficar apenas olhando tudo isso acontecer e não fazer absolutamente nada. O governo apesar de está há muito tempo sem desenvolver ações eficazes para mudar a realidade educacional brasileira, agora está desenvolvendo projetos que venham trazer melhorias para a prática do ensino. Existem pessoas que ajudam e dão sua contribuição para o ensino, fazem a diferença, mas preferem ficar no anonimato, existem organizações educacionais privadas que também procuram facilitar e dá oportunidade ás classes menos favorecidas.

2.5.1 PAC (Processo de Aceleração do Crescimento)

O PDE (programa de desenvolvimento na educação) é um projeto do Governo Federal tendo como prioridade o ensino básico das escolas públicas. Este visa aumentar o piso salarial dos professores, assim investindo em sua capacitação, esse é o principal objetivo a valorização docente; alteração das Leis e diretrizes básicas da educação; investir na compra de computadores de mesa, laptops, e outros equipamentos para a rede pública de ensino; melhoria do Ensino Superior, criação de bolsas pós-doutorado criando oportunidades para aqueles graduados que saiam do país por não terem alternativas e a remuneração satisfatória, ampliação para as universidades federais; melhores condições para o ensino de instituições particulares no PROUNI.

Segundo Marques as principais medidas do PDE são:

Elaboração da Provinha Brasil, para medir o desempenho de crianças de seis a oito anos de idade; Criação do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), variando de 0 a 10; Implementação do programa Pró-Infância, que vai destinar recursos federais para a construção de creches e pré-escola; Realização de uma Olimpíada de Língua Portuguesa, como a Olimpíada de Matemática; Criação de piso salarial nacional do magistério; Universalização dos laboratórios de informática, com criação do PROINFO rural; Eletrificação das escolas públicas; Estabelecimento do programa Caminho da Escola, para melhoria do transporte escolar infantil; Qualificação da saúde escolar; Ações de educação no campo; Reformulação do projeto Brasil Alfabetizado; Criação de um Instituto Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, com unidades em todas as cidades-pólo do país; Regulamentação da lei do estágio. O objetivo é determinar, entre outras questões, a jornada máxima do estudante e o papel da instituição de ensino, do ofertante do estágio e do poder público; Reintegração do Ensino Técnico ao Ensino Médio para jovens e adultos; Reformulação acadêmica das universidades federais; Modificação do sistema de crédito estudantil. O financiamento poderá chegar a 100%, e o pagamento será feito apenas depois que o jovem estiver formado e empregado, por consignação em folha; Flexibilização das condições de renúncia fiscal para que mais instituições façam adesão ao PROUNI (Programa Universidade para Todos); Concessão de 1.500 bolsas de pós-doutorado para manter pesquisadores trabalhando no país; Duplicar o número de vagas nas universidades federais; Investimento em formação continuada de professores. Todos os professores passariam a ter um vínculo com uma universidade, principal responsável pelos cursos; Incentivo a produção audiovisual digital voltada para a educação de qualidade, com investimento de R$ 70 milhões. (2007, p 06)

Esse é um pequeno resumo das medidas que estão previstas a partir deste ano ou no inicio do próximo ano. Depois de anos sem um resultado satisfatório, há esperança com esse projeto voltado para a educação, esta é uma oportunidade para que os nossos governantes mostrem seu trabalho, e que foi provado que somente o estudo pode salva uma nação da violência, do colapso da economia, da pobreza etc.

2.5.2 Outras iniciativas.

Existem pessoas, e empresas particulares que impendente do governo, fazem trabalho voluntário para ajudar sua comunidade, a iniciativa mais famosa é "amigos da escola" uma iniciativa Rede Globo, que depende de pessoas para o trabalho voluntário nas escolas públicas, isso tem ajudado a melhorar, este não é voltada somente para educação, mas também diversas atividades desenvolvidas na escola como: esporte, arte, cultura, saúde, meio ambiente e segurança. E incentiva através da mídia a participar do projeto, qualquer pessoa pode fazer o trabalho voluntariado basta querer.

2.6 – Educação para a contemporaneidade.

Os desafios a serem enfrentados são diversos, qual o papel da escola num mundo capitalista, em que a tecnologia avança e invade as nossas vidas de maneira alarmante e a escola ainda continua com suas aulas com salas arrumadas com carteiras uma atrás da outra e o professor sem perceber a dinâmica do mundo pós-moderno.

Deparamos com problemas como as estruturas físicas das escolas, a fragmentação dos currículos, os excessos de especialização dos professores, os sistemas de avaliação. Uma escola enrijecida, para no tempo e em descompasso com o mundo atual.

Hoje a realidade apresentada é de uma circulação de conhecimento em alta velocidade, o que torna impossível alguém dominar um determinado conhecimento em profundidade, pois o que hoje é dito como o mais moderno daqui a pouco essa teoria já foi complementada por outra contribuição. O caminho é compartilhar conhecimentos entre os diversos especialistas.

Diante desses desafios nos deparamos com salas lotadas, falta de material didático para as aulas, alunos desmotivados e sem acreditarem nas escolas, professores sem reconhecimento profissional e descomprometidos com a realidade educacional, evasão escolar, escolas sem estrutura física básica. Estamos diante de uma problemática educacional a olhos vistos, mas não presenciamos ações efetivas para mudar esse quadro. Reclamamos, apontamos os entraves, falamos o que deveríamos fazer, questionamos políticas públicas efetivas, mas no fundo estamos numa inércia nacional. Pois muitas das vezes por acharmos que a realidade da escola em que trabalhamos está mais ou menos não nos preocupamos com a realidade da escola vizinha. O que torna este problema cada vez maior.

O mundo contemporâneo grita por mudanças e a escola precisa escutar este grito, só assim será possível uma mudança. Passamos por uma democratização no acesso a escola, mas não passamos por uma democratização econômica. Vasconcelos (2001) nos leva a refletir quando diz: "não é possível fazer uma escola para todos dentro de uma sociedade para alguns" (p.34).

CAPÍTULO III

NÍVEL DE CONHECIMENTO NA LÍNGUA PORTUGUESA

3.1 Caminho da Análise

Devido aos problemas citados no capítulo anterior. Esse capítulo destina-se a uma analise mais concreta do nível de aprendizagem dos alunos de nível fundamental de 5ª à 8ª série. Mas somente os alunos de oitava série participaram da pesquisa, pois estes além de estarem mais aptos porque estão no último estágio do ensino fundamental, Kleiman apud Salim afirma: Poucas crianças de 5ª e 6ª serie do primeiro grau têm consciência de que é um texto escrito. (1998, p 2)E cada amostra de oitava série será retrato de sua realidade.

A princípio, para a realização desta pesquisa foram visitadas cinco escolas públicas e quatro particulares, mas apenas três públicas e três particulares permitiram que o teste fosse realizado, devido ao medo da exposição do nome da instituição, e dos presentes alunos que são civilmente menores, mas como foi previsto o nome da instituição e do aluno serão preservados. Foi utilizada para essa pesquisa uma pequena amostra composta de três alunos de cada instituição, considerando que os alunos se disporam a fazer o teste.

Avaliando as estrutura fisica das escolas públicas, considerando que estas são bem localizadas, mas há degradação da estrutura fisica, e uma quantidade pequena de alunos dentro da sala de aula, devido aos inumeros problemas que já foram comentados neste estudo, e principalmente pelo número de vagas bem limitado que não atendem as demandas dos alunos daquele bairro ou comunidade.

3.2 Aplicação do método CLOZE

O teste CLOZE dará um diagnóstico bem preciso das condições dos alunos de cada instituição, é bem confiável e prático quanto sua aplicação. Este começou a ser utilizado há três décadas, em língua estrangeira, conforme diz Anderson apud Salim.

Nos anos 70, a técnica cloze serviu de medida de avaliação de proficiência em língua estrangeira e, desde então, tem sido bem aceita como medida válida e confiável, porque a tarefa do teste cloze exige do informante as mesmas habilidades cognitivas e textuais utilizadas pelo leitor para compreender qualquer texto escrito. (1998, p 58)

Mas, na verdade não é preciso ir muito longe para saber a realidade dos alunos de nível fundamental, principalmente em nossa região.

Segundo Salim (1998) esse método de avaliação funciona da seguinte maneira: com um texto informativo, adaptado de acordo com os conhecimentos do público analisado; contando quatro palavras, quinta é apagada e deixa uma lacuna; tem que ter cinqüenta lacunas; o primeiro e o último parágrafo devem ficar intactos (sem lacunas) para que os alunos tirem pistas destes; o tempo deve ser definido de acordo com a complexidade do texto. O objetivo dele é analisar o nível de leitura dos alunos. E este será uma ferramenta muito útil para constatar os problemas sociais.

Independente dos resultados, o objetivo desse capítulo não é achar culpados, mas soluções que venham cada vez mais melhorar o ensino tanto público quanto particular dessa região.

3.3 Níveis de leitor

Para facilitar a avaliação no Teste Cloze, utiliza-se a escala de Alexander baseado nos estudos de Bormuth (1967 -1968). Com finalidade de definir o tipo de leitor através da quantidade de acertos.

Existem três níveis de leitor. O nível independente corresponde ao mais alto nível, este que compreende qualquer tipo de texto sem qualquer esforço ou dificuldade e dispensa a orientação do professor. Já o instrutivo, o nível intermediário, estuda o texto tirando proveito do essencial, mas precisa da orientação do professor, às vezes. E o nível frustrante, indica que o aluno não possui a habilidade de compreender o texto ou pode ser que o material utilizado seja inadequado.

Na tabela abaixo está presente o percentual de acertos indicando o nível do leitor.

INDICADORES DE RESULTADOS

Resultado

Nível

62% - 100%

Independente

47% – 61%

Instrutivo

Até 46%

Frustrante

Fonte: SALIM (1998)

3.4 Práticas metodológicas

No decorrer da pesquisa, foram aparecendo algumas dificuldades, principalmente durante a coleta de dados, da pesquisa de campo e na elaboração do questionário, não conseguia achar um texto interessante e com o vocábulo adequado para os alunos de oitava série. Na elaboração do primeiro questionário que foi apresentado em algumas escolas, este foi o motivo para recusarem que o trabalho fosse desenvolvido, a diretoria das mesmas alegou que o questionário estava muito difícil. Mas uma semana depois foi elaborado outro questionário com o texto retirado da revista "Superinteressante" de setembro de 2007. E a partir daí a coleta de dados começou.

A pesquisa foi realizada com amostra de cada escola sendo três escolas públicas e três particulares. O critério de escolha para instituição foi a proximidade e o fácil acesso. A identidade de cada escola e dos alunos será preservada, pois nessa pesquisa será verificada através de uma pequena amostra o nível geral de conhecimentos na língua materna e o desempenho na leitura.

Essa pequena amostra foi de três alunos de cada instituição selecionados ao acaso, apenas com aqueles que se disporam a fazê-lo.

3.5 Análise de dados

Os dados coletados foram rapidamente processados. Primeiramente será feito o levantamento das escolas particulares e uma breve analise de cada instituição. As escolas serão identificadas por letras, e os sujeitos (alunos) por números, pois por questões éticas sua identidade será preservada, então a primeira instituição a ser analisada é chamada de "A" como mostra a tabela 1.

TABELA 1

Instituição A (Privada)

Sujeitos

Idade

Sexo

Trabalha

Total de acertos

Percentual

Resultado

1

14

F

Não

21

42%

Frustrante

2

14

F

Não

6

12%

Frustrante

3

15

F

Não

23

46%

Frustrante

Percebe-se que todos os sujeitos são mulheres, na faixa etária de 14 a 15 anos. E todas estão no nível frustrante, pode ser que tenha desinteresse da parte das alunas, mas é preocupante uma instituição privada apresentar um nível tão baixo de leitura e conhecimentos gramáticos, alunos que estão se preparando para o Ensino Médio. Os alunos deixaram muitos espaços em branco e algumas palavras nenhum aluno acertou.

TABELA 2

Instituição C (Privada)

Sujeitos

Idade

Sexo

Trabalha

Total de acertos

Percentual

Resultado

1

14

F

Não

26

52%

Instrutivo

2

14

M

Não

15

30%

Frustrante

3

14

F

Não

20

40%

Frustrante



Já na Instituição "C", o resultado foi um pouco melhor, apenas um aluno acertou um pouco mais, que apresenta o nível de leitura instrutivo, o restante não teve o resultado muito diferente da Instituição "A". Isso demonstra que ainda existem alunos bons que querem aprender. Essa pesquisa quebra alguns mitos como: "O aluno de escola particular é muito preguiçoso e acomodado" ou " Somente em colégio particular tem aula, tem os melhores professores assim o aluno tem mais facilidade de aprender". Muitas vezes o mesmo professor que trabalha na rede privada, trabalha na rede pública, lógico que o lugar onde os alunos estudam, influencia muito e a forma como eles são tratados, e às vezes o seu desempenho depende mais do próprio aluno que do professor.

TABELA 3

Instituição E (Privada)

Sujeitos

Idade

Sexo

Trabalha

Total de acertos

Percentual

Resultado

1

14

M

Não

25

50%

Instrutivo

2

14

M

Não

28

56%

Instrutivo

3

14

F

Não

22

44%

Frustrante

Essa instituição foi a que se saiu melhor, com dois alunos no nível instrutivo e apenas um frustrante. Mas ainda é muito pouco, e um resultado já esperado as escolas particulares também precisam de melhoras, dá mais incentivo ao aluno para que ele tenha sede de conhecimento, assim como têm alunos que se esforçam, têm alunos medíocres, que se limitam a comodidade do conteúdo que o professor copia na lousa, ou passa no livro didático. O papel do educador que está vendo tudo isso é incentivar o aluno que só faz exercício se o professor passa. Só ler o que o professor manda, e produz textos somente que o professor determinar, a tentar buscar mais informações de acordo com suas necessidades, ir mais além, pesquisar por conta própria, primeiramente instruindo o aluno de como se faz.

Gráfico 1

No gráfico 1 percebe-se que de todos os alunos de escola particular que fizeram parte da amostragem, a maioria ficou no nível mais baixo, apenas poucos ficaram num nível um pouco acima, mas não se destacaram pois ficaram apenas no nível intermediário.

Já nas instituições públicas, como previsto, teve um nível um pouco inferior. Não porque são escolas públicas, e tudo que é gratuito é desvalorizado, apesar de ser uma verdade, mas não é por ai. Nem tudo está perdido, há muito que melhorar, e nas escolas têm muito profissional sério trabalhado para mudar essa realidade, superando todas as precariedades.

TABELA 4

Instituição B (Pública)

Sujeitos

Idade

Sexo

Trabalha

Total de acertos

Percentual

Resultado

1

13

M

Não

8

16%

Frustrante

2

16

M

Não

1

2%

Frustrante

3

15

M

Sim

15

30%

Frustrante

Na instituição "B" percebe-se que todos são do sexo masculino, e sua idade varia de treze a dezesseis anos, e todos tiveram resultado frustrante. Não teve jeito, havia palavras que fugiam do sentido do texto original, e isso é um problema que está presente em quase todas as escolas e cabe aos educadores combatê-lo. Observando bem um dos alunos trabalha, este é o que teve maior número de acertos. Esse é um fator que pesa muito na hora da avaliação, pois aquele aluno que trabalha tende a ser mais responsável e esforçado que aquele que não trabalha.

TABELA 5

Instituição D (Pública)

Sujeitos

Idade

Sexo

Trabalha

Total de acertos

Percentual

Resultado

1

15

F

Não

7

14%

Frustrante

2

15

F

Não

11

22%

Frustrante

3

14

M

Não

18

36%

Frustrante







E o resultado da instituição "D", apesar de frustrante foi um pouco melhor que da "B". Varia entre rapazes e moças com idades de quatorze e quinze anos, nenhum deles trabalha, assim resta mais tempo livre para estudar.

TABELA 6

Instituição F (Pública)

Sujeitos

Idade

Sexo

Trabalha

Total de acertos

Percentual

Resultado

1

17

M

Sim

10

20%

Frustrante

2

17

F

Não

5

10%

Frustrante

3

18

M

Não

5

10%

Frustrante

Já na instituição "F" um dos piores resultados mais de 50% da amostra teve apenas 10% de acertos isso é muito grave, apenas aquele aluno que trabalha que acertou um pouco mais. E percebe-se que os alunos dessa amostra têm a faixa etária acima dos alunos que normalmente estão na oitava série que é entre treze e quinze anos, isso é um exemplo claro da repetência escolar. Se um aluno reprova varias vezes, abandona a escola, isso significa que o aluno vem desde séries iniciais com deficiências que a instituição não conseguiu suprir. Mas isso não é problema somente da instituição e, nem somente do aluno, nem dos pais. Mas de todos estes que estão envolvidos direta ou indiretamente no processo de educação, se todos buscando juntos pode se chegar a uma solução.

GRAFICO 2

           Com os resultados bem aparentes, não precisaria de gráfico para mostrar o resultado frustrante das escolas públicas, mas este foi colocado para enfatizá-lo. Este serve de alerta para educadores, gestores educacionais, e todos que estão inseridos no sistema educacional na rede pública, que fiquem mais atentos em relação ao trabalho que estão realizando, que benefícios isso vais trazer, se isso não vai prejudicar os alunos, muitas vezes os próprios educadores fazem um plano de aula pensando neles mesmos, não pensam nos alunos que irão assisti-la. Mas isso com certeza irá mudar existem novos projetos, uma quantidade muito grande de educadores recém formados.

Considerações finais

Considerando que o português é um dos idiomas mais difíceis o que tem mais variações, é muito importante que haja o aperfeiçoamento deste em sala aula, e percebe que o aprendizado entre adultos e crianças se diferencia na falta de atenção e interesses. Esses pequenos detalhes têm contribuído para a crise em que a educação encontra-se, principalmente nas regiões com menos índice de desenvolvimento, como é a região norte, a qual o estado do Pará faz parte.

Para percebermos essa realidade, não precisamos ir muito longe e nem termos grandes conhecimentos teóricos a cerca do assunto. Ela está nítida no dia-a-dia de qualquer brasileiro ou paraense que tenha o mínimo de preocupação com a educação. Percebemos crianças nas ruas e longe das escolas; encontramos crianças e adolescentes nas escolas sem a mínima condição de construírem um texto, por mais simples que sejam. Assistimos e lemos na mídia situações de adultos analfabetos e sem perspectiva de um amanhar melhor, com manchetes de evasão escolar, baixa remuneração de professores, falta de incentivo para uma educação continuada, a violência urbana se alastrando e a inércia de políticas públicas, verdadeiramente, comprometidas com a sociedade.

Nota-se que vários países que passaram por situações semelhantes ou até piores que o Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, conseguiram melhorar e se refazer, modernizando-se e tendo a educação como caminho primeiro e hoje sãopaíses ricos.

Atualmente, os governantes estão preocupados em informar a importância da educação e desenvolver projetos que beneficiem os profissionais da educação, o PDE (Programa de Desenvolvimento da Educação) tem como objetivo melhorar em todos os sentidos a escolas da rede pública de ensino, incluindo as Universidades. Pois a educação pode salvar uma nação de todas suas deformidades culturais. Há muito tempo existem iniciativas independentes, como o projeto criado pela Rede Globo de Televisão "Amigos da escola", que visa melhorar o ensino da rede pública através do voluntariado.

Em relação à pesquisa, os resultados foram bem claros, até as escolas particulares não apresentaram um resultado satisfatório em relação aos conhecimentos gramaticais e ao nível de leitura, apenas alguns alunos medianos se destacaram, pois o restante destes apresentaram os piores resultados e os de escola publicas resultados piores que estes apresentados.

Mas a solução não está apenas no professor ou na instituição. Está em desenvolvermos um trabalhando conjunto em que a sociedade tem, também, de fazer a sua parte, valorizando, priorizando e possibilitando a prática de uma educação com resultados que levem a crescimento de todos os sujeitos.

A conscientização da construção de uma educação queperceba as suas deficiências e procure mudar, deve ser uma busca de todos os brasileiros. O caminho é possível, mas para isso acontecer é necessário querermos mudar para melhor e nunca desistirmos dos alunos que procuram e das crianças e adolescentes que estão fora dela. A educação é o caminho de transformação de qualquer Nação!

 

Referências

BAGNO, Marcos. Língua Materna Letramento, Variação e Ensino. São Paulo, 2002.

BENCINI, R.B & MORAIS, T.M.T. M – O desafio da qualidade. Nova escola, Rio de Janeiro, n.º196 (2006).

BOCK, Ana Mercês Bahia – Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia – 13ª edição, São Paulo. Saraiva, 2002.

BRASIL, Assessoria de Imprensa (MEC). Professores e Biblioteca influenciam o desempenho dos estudantes: Reprovação e abandono, 2004. Disponível em: < http://www.aomestre.com.br/ noticias/arq2004/jun04.htm> Acessado em 12. Nov. 2007.

BRASIL, Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 10. Dez. 1948.Resolução 217 A (III). Disponível em: < http://www.sbhh.com.br/pdf/etica/ DireitosHumanos.pdf >. Acesso em: 12. Nov. 2007.

BRASIL. Constituição Federal (1988) Presidência da República casa civil, Brasília, 05. out.1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil03/Constituicao/ Constitui%C3 %A7ao.htm >. Acesso em: 03. Out. 2007.

BRASIL. Lei n° 9.394 – Leis Diretrizes e Bases da Educação, 21. Mar. 1984. Resolução – n° 2.080, 20. Dez. 1996. Brasília. Disponível: < http://portal. mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf >Acesso em : 13. Nov. 2007.

BURMEISTER, Fernanda. O sistema educacional na Alemanha. Munique, 2006. Disponível em:<http://www.conteudoescola.com.br/site/content/view/170/25>. Acesso em: 10. Jun. 2007.

CASTRO, CláudioMoura. Alunos Brasileiros Apresentam Dificuldade na Leitura. Asseroria de ComunicaçãoSocial. Ministério da Educação. Brasília, 2007. Disponível em : < http://mecsrv04.mec.gov.br/acs/asp/noticias/noticiasDiaImp.asp?id =1841>. Acesso em 12. Nov. 2007

CURY. Carlos Roberto Jamil. Série de Panorama e Cultura: "o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE". PUC Virtual, 2007.Disponível em: <http://www.virtual.pucminas.br/comunicacao/bibl_virtual/bdm_05102007.htm> Acesso em 12. Nov. 2007.

Furlanetto, M.M.F(2005). Inovações na educação e ensino de língua portuguesa: inovações e perspectivas. UNISUL.

FURTADO, Flavio. Contra o "bullying". Fantástico, Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: < http://fantastico.globo.com/Jornalismo/Fantastico/0,,AA922437-4005-0-0-29032004,00.html>.Acesso em: 04. Ago. 2007

FURTADO, Flavio. Contra o "bullying". Fantástico, Rio de Janeiro, p 02, 2004. Disponível em: < http://fantastico.globo.com/Jornalismo/Fantastico/0,,AA92 2437-4005-0-0-29032004,00.html> Acesso em: 04. Ago. 2007.

GUAPO. Carla Costa. Alemanha – sistema fiscal, reunificação e posição face ao financiamento da União Européia. Lisboa, 1999. Disponível em:< http://dpp.pt/gestao /ficheiros /infor_inter_1999_II_VII3.pdf>. Acesso em: 29. Ago.2007.

GUAPO. Carla Costa. Irlanda: A Independência do Tigre Celta. Lisboa, 2004. Disponível em:< http://www.dpp.pt/gestao/ficheiros/infor_inter_2004_I_I2.pdf >. Acesso em: 07. Jun. 2007.

HELENA. Déficit de Professores no Brasil chega a 254 mil, 2007. Disponível em:< http://www.cmdiadema.sp.gov.br/blogs/index.php?blog=5&title=deficit_de_professores_no_brasil_chega_a&more=1&c=1&tb=1&pb=1>. Acesso em: 11. Nov. 2007.

INÁCIO, Fábio Oliveira. Crise em Educação, 2003. Disponível em: <http://www.consciencia.net/2003/07/26/inacio.html>.Acesso em: 10. Nov 2007.

LOBO, A.L – Na escola aos quatro anos de idade. A Página da educação, Lisboa, nº 148 (2005) p. 26.

MARQUES, Renato. PAC da Educação: Principais medidas. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: <http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/o pac_da_educacao.htm>. Acesso em: 25. Set. 2007.

SALIM, Maria das Graças Alves. Avaliação do desempenho-leitor de alunos concluintes do Ensino Médio: Escala de valores. Belém: Universidade Federal do Pará, 1998, p 61, Lingüística, Centro de Letras da UFPA, 1998.

SANTOS, Maria Lúcia. A expressão livre no aprendizado da língua portuguesa pedagogia Freinet. São Paulo, Scipione, 1994, p 19.

SINTEAL. O desinteresse é a maior causa de evasão escolar, aponta as pesquisas, 2004. Diponível em: <http://www.sinteal.org.br/exibir_noticia.asp?Cod=2040>. Acesso em: 03. Set. 2007

SOARES, Magda. Linguagem e escola uma perspectiva social. São Paulo, Ática, 1994. (série fundamentos)

Universia Brasil. Qualidade alemã: Alemanha conta com conceituadas instituições de ensino superior e prim, 1995. Disponível em:< http://www.universia.com.br/ materia/materia.jsp?materia=1995>. Acesso em: 13. Ago.2007.

WEINBERG, M.W - 7 Lições da Coréia para o Brasil. Veja. Brasil n.º1892, (2005), p 60-74.

ANEXO

Anexo 1 - Teste CLOZE

A NOVA ARTE DE APRENDER

Aulas começam ás 11h e duram 15 minutos, provas toda semana e o retorno da alfabetização fonética. A ciência está revolucionando o que se sabe sobre como aprendemos. Agora essas descobertas chegam à sala de aula.

Pergunte a seus pais _____________ (1) eram as aulas deles. Tirando _____________ (2) castigos e o fato _____________ (3) educação sexual ou ecologia _____________ (4) figurar os livros, as _____________ (5) não eram lá muito _____________ (6) de hoje. Professor na _____________ (7) da turma, escrevendo a _____________ (8) no quadro explicando _____________ (9) conteúdo, os alunos anotando _____________ (10) para serem testados em _____________ (11), semanas depois. Há décadas _____________ (12) modelo é o mesmo.

_____________ (13) problema é que, do tempo _____________ (14) escola dos nossos pais _____________ (15) hoje, ciência descobriu muita _____________ (16) sobre o caminho que _____________ (17) informação faz quando sai _____________ (18) quadro-negro, livro ou computador, _____________ (19) pelos olhos e ouvidos _____________ (20) se transforma em memória. _____________ (21) 10 anos, pedagogos e psicólogos _____________ (22) o monopólio das teorias _____________ (23) o assunto. Mais recentemente, _____________ (24) de outras áreas resolveram _____________ (25) o chamado sistema cognitivo. "_____________ (26) mais aprendemos sobre como _____________ (27) nosso cérebro processa e _____________ (28) novas informações, mais descobrimos _____________ (29) nosso sistema educacional está errado", _____________ (30) Jamshed Bharucha, doutor em psicologia cognitiva Universidade _____________ (31) Harvard, dos EUA. As pesquisas _____________ (32) derrubado mitos, apontado métodos _____________ (33) eficazes e comprovado o _____________ (34) os psicólogos, filósofos e pedagogos _____________ (35) falam há décadas: uma _____________ (36) de aula deve ser _____________ (37) do que esta aí.

Não _____________ (38) os cientistas tenham descoberto _____________ (39) mágicas de ensino. Na _____________ (40), grande parte do que _____________ (41) fala sobre cérebro e _____________ (42) educação é bobagem (Conheça _____________ (43) 6 neuromitos ao longo _____________ (44) matéria). "Há um buraco _____________ (45) o estado atual _____________ (46) neurociência e sua aplicação _____________ (47) em sala de aula._____________ (48) assim, os professores _____________ (49) acesso a vários tipos _____________ (50) programas de ensino baseados no cérebro", afirma Usha Goswami, diretor do Centro de Neurociência na Educação da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, num artigo da revista Nature de junho. "Alguns desses pacotes têm quantidades alarmantes de informações erradas."

Mas há descobertas quentes envolvendo a aprendizagem como uma atividade todo o corpo. "Quando um professor entende o cérebro, conclui que ele precisa de nutrientes, e o aluno precisa estar bem alimentado; que uma sala pouco ventilada diminui a atenção e que a memória depende do sono", diz Leonor Guerra, pesquisadora de neurociência da UFMG. "Estudos nessa direção estão baseando as mudanças na maneira de educar".

(Pedro Burgos)

Anexo 2 – Texto Original

A NOVA ARTE DE APRENDER

Aulas começam ás 11h e duram 15 minutos, provas toda semana e o retorno da alfabetização fonética. A ciência está revolucionando o que se sabe sobre como aprendemos. Agora essas descobertas chegam à sala de aula.

Pergunte a seus pais como eram as aulas deles. Tirando os castigos e o fato de educação sexual ou ecologia não figurar os livros, as coisas não eram lá muito diferentes de hoje. Professor na frente da turma, escrevendo a matéria no quadro explicando o conteúdo, os alunos anotando tudo para serem testados em provas, semanas depois. Há décadas o modelo é o mesmo.

O problema é que, do tempo da escola dos nossos pais até hoje, a ciência descobriu muita coisa sobre o caminho que a informação faz quando sai do quadro-negro, livro ou computador, passa pelos olhos e ouvidos e se transforma em memória. Há 10 anos, pedagogos e psicólogos tinham o monopólio das teorias sobre o assunto. Mais recentemente, cientistas de outras áreas resolveram estudar o chamado sistema cognitivo. "Quanto mais aprendemos sobre como o nosso cérebro processa e armazena novas informações, mais descobrimos que nosso sistema educacional está errado", diz Jamshed Bharucha, doutor em psicologia cognitiva pela Universidade de Harvad, dos EUA. As pesquisas têm derrubado mitos, apontados métodos mais eficazes e comprovado o que os psicólogos, filósofos e pedagogos já falam há décadas: uma sala de aula deve ser mais do que esta aí.

Não que os cientistas tenham descoberto fórmulas mágicas de ensino. Na verdade, grande parte do que se fala sobre cérebro e a educação é bobagem (Conheça os 6 neuromitos ao longo desta matéria). "Há um buraco entre o estado atual da neurociência e sua aplicação direta em sala de aula. Mesmo assim, os professores têm acesso a vários tipos de programas de ensino baseados no cérebro", afirma Usha Goswami, diretor do Centro para Neurociência na Educação da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, num artigo na revista Nature de junho. "Alguns desses pacotes têm quantidades alarmantes de informações erradas."

Mas há descobertas quentes envolvendo a aprendizagem como uma atividade todo o corpo. "Quando um professor entende o cérebro, conclui que ele precisa de nutrientes, e o aluno precisa estar bem alimentado; que uma sala pouco ventilada diminui a atenção e que a memória depende do sono", diz Leonor Guerra, pesquisadora de neurociência da UFMG. "Estudos nessa direção estão baseando as mudanças na maneira de educar".

(Pedro Burgos)



[1] Adolescentes impúberes menores de 16 anos

[2]Representante da Inglaterra na Irlanda.