O PROCESSO DA LEITURA COMO AQUISIÇÃO DA APRENDIZAGEM

 

SÃO LUÍS – MA

2011             

 ANA VIRGINIA NAPOLEAO DE SOUSA

 

RESUMO

O presente trabalho científico visa apresentar constatações relacionadas à importância da Leitura como ferramenta fundamental para a aquisição da aprendizagem, no âmbito escolar. E, sempre que nos deparamos com a missão de iniciar o ano já envolvendo o aluno com o mundo das letras, questionamentos e inquietações se fazem presentes nos planejamentos de aula e, principalmente na rotina real da semana dentro de sala. Como fazer com que crianças e adolescentes se sintam inspirados para folhear bons livros? Como estimular o prazer no hábito da leitura para garantir eficácia na aprendizagem? Sendo que, com tantas ferramentas tecnológicas surgindo, é cada vez mais raro obter uma afirmativa como: “Eu prefiro a leitura de um livro a uma tarde no computador”. E cabe a nós educadores, aliados à família dos nossos alunos, buscarmos estratégias eficazes e estimulantes para que o hábito da leitura e a prática da escrita sejam mantidos dentro e fora das escolas de forma a garantir que o indivíduo se torne um cidadão crítico perante as transformações do mundo.

Promover o estímulo da prática de leitura e, consequentemente  o da escrita, de forma criativa e consciente, prazerosa e organizada, atividades como o Roda da Leitura e demais estratégias que venham despertar  nos alunos a conscientização de que a leitura é uma prática que facilita o entendimento do mundo é, portanto, o nosso maior objetivo como professor educador, facilitador da verdadeira aprendizagem.

Palavras-chave: Leitura; Escola; Aluno; Aprendizagem.

 

 

ABSTRACT

 

The present study seeks to show the importance of the reading in the initial series of the fundamental teaching, because that is the most practical and safe road for the readers' formation with an optimistic vision and transformadora. As we know how to learn to read it is before any thing to learn to see the world in a more understood and more human way. To the step in that we dominated the reading abilities, we obtain the possibility to acquire new knowledge, to develop reasonings and it had participated indeed of the social life, prolongation the vision of the world, of the other and of himself. In agreement with experiences lived with students of the initial series of the fundamental teaching, mainly in schools of the rural zones of the municipal district of Battle, located city to the north of the State of Piauí to168 kmof the capital, it can observe that most of those students possesses deep difficulties with relationship to the reading. Of this majority few are being worked in a correct way in the initial series. The research still aims at to show in a clear and comprehensible way that the pleasure of the reading becomes trained day by day in class room, through varied activities of reading; he/she/you also shows that the initial learning of the reading is in the hands of us teachers; and he/she gives an emphasis to the reception of the reading, and of how to guarantee a good quality in the process of the reading. However the adopted methodology of this present study consisted of the following procedures; pertinent bibliographical rising to the theme, application of questionnaires to educational and managers, observation and analysis of the documents of conceptual levels and discerning selection of contents. The work is concluded presenting some final considerations concerning the accomplished study. The reading is a need of the human being in any age and it cannot just be seen as amusement. The adult's capacity in to read and to feel pleasure is in your childhood, the remaining is only in the hands of us teachers. 

Word-keys: reading; School; Student; Pedagogic practice.

             

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................10

  1. Capítulo I – CONCEPÇÕES E PONTOS DE VISTA

1.1    - Letramento.............................................................................................................14

1.2    - Leitura. ..................................................................................................................18

1.2.1 - Etapas da Leitura................................................................................................ 22

1.2.2  - Espécies de Leitura.............................................................................................24

1.3     -  Escrita..................................................................................................................27

2.     Capítulo II - A LEITURA EM SALA DE AULA    

2.1 – A leitura na visão do Professor...............................................................................31

2.2 - A leitura na visão do Professor...............................................................................36

2.3 – A importância dos Gêneros Textuais no âmbito escolar........................................39

3.    CONCLUSÃO...................................................................................................................42

4.    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................44

INTRODUÇÃO

 A realização deste trabalho justifica-se pelo fato de ainda permanecer a inquietação de professores, coordenadores e diretores de escolas de como motivar o aluno a ler e tirar das leituras algo significativo para a sua aprendizagem como docente e como cidadão.

Partamos da crença de que a criança estimulada desde cedo a ouvir “historinhas” antes de dormir, acompanhada de explicações e gestos que a auxiliarão no desenvolvimento do seu imaginário, tornar-se-á um indivíduo interessado pelos livros, pelo estudo, pela leitura. Na realidade não é bem esse o resultado, ou seja, ainda encontramos uma contradição que nos angustia como educadores: Por que a maioria de os nossos alunos perde o encantamento pelos livros literários quando chegam ao Ensino Fundamental maior? O que falta no ritual de passagem do 5º para o 6º ano? O que falta nos planejamentos de seleção das obras para serem “degustadas”?

O professor de Língua Portuguesa absorve tais responsabilidades, ou pelo menos é obrigado a aceitá-las, já que as mudanças indesejadas começam na primeira série do Fundamental II, o sexto ano, antiga 5ª série. Porém, deixemos muito claro que não cabe apenas aos professores de português dividir essa missão. Todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem devem estar voltados para novas estratégias que garantam o estudo prazeroso e eficaz e, para isso, o domínio da leitura e da escrita é imprescindível.

A família que se compromete em acompanhar o desenvolvimento do seu ente dentro e fora da escola, como pessoa crítica e criativa, torna-se parceira e com muito mais direitos de exigir mudanças por parte de todos os educadores que contribuam para tornar o ambiente escolar um lugar de alegria, de entusiasmo, de integração e, principalmente que seja um espaço favorável à aprendizagem do aluno, seja ele da educação infantil ao ensino médio.

Deixemos claro, neste trabalho monográfico, que através da leitura e discussões a partir dela, podemos convencer e sermos convencidos, pois o poder de um texto bem lido e compreendido desperta no leitor-ouvinte inquietações, justificativas e, muitas vezes, chega a mudar comportamentos em qualquer fase de nossas vidas. Portanto, muito antes de entreter e aguçar a imaginação, a leitura tem a finalidade pedagógica.

Por isso, o hábito da leitura estimulado todos os dias, em casa ou por todos os professores na rotina escolar, proporciona à pessoa uma melhor condição para corresponder significativamente às informações adquiridas através dos mais variados veículos de comunicação.

Várias são as atividades que envolvem o mundo da leitura. Basta apenas escolher aquela que condiz com a faixa etária do alunato ou com o nível em que a turma se encontra. Portanto, o que vale mesmo é apresentar, de maneira orientada, as maravilhosas descobertas que os livros os convidam a fazer.

A prática da leitura e da escrita deve ser uma rotina prazerosa, em que os alunos se sintam empolgados para reunir uma série de temas envolventes e que estes ganhem outra proporção, ou seja, que haja uma extrapolação: atividades relacionadas às narrativas lidas e aos temas em discussão como pesquisas, entrevistas, apresentações de fantoches e teatrais, recriação através de histórias em quadrinhos entre outros gêneros que poderão encaixar-se perfeitamente no Projeto de Leitura.

Alguns autores, entre eles, Kock e Elias (2007, p.37): vêem a leitura como “uma atividade de construção de sentido que pressupõe a interação autor texto-leitor, é preciso considerar que, nessa atividade, além das pistas e sinalizações que o texto oferece, entram em jogo os conhecimentos do leitor.”.

  Dessa maneira, a leitura representa um processo que é ativo, no qual, o leitor se depara com o texto e constrói o sentido ou significado daquilo que lê. Isso ocorre devido o indivíduo não decodificar as frases, mas devido ao uso de todo um conhecimento prévio que possibilita uma melhor compreensão e construção do significado que o texto proporciona. Logo, no decorrer do processo, o aluno deve conscientizar-se que o ato da leitura tanto o envolve, como leitor, quanto o texto e o seu autor. Ressalta-se então, para que se tenha uma leitura eficiente é necessário que haja toda uma interação entre as partes, para que assim se construa sentido naquilo que se lê.

 

 

  Segundo Ingedore e Elias:

“A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem. Não se trata de extrair informação, decodificando letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem os quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante das dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimento, validar no texto suposições feitas.”

KOCH e ELIAS 2007, p.12

Portanto, para que se tenha um processo de leitura eficiente torna-se essencial que o indivíduo faça uso de meios estratégicos, para que o entendimento se realize de forma efetiva. Diante disso torna-se necessário que “professores tenham conhecimento sobre o processo de leitura, bem como, as estratégias e habilidades desenvolvidas pelo leitor, para poderem decidir com eficácia como ensinar leitura. É preciso, principalmente, compromisso com a formação de leitores competentes”. (Barbosa, 2004, p.16).

O referido trabalho monográfico aborda a questão de que a Leitura é o processo pelo qual o aluno, seja na alfabetização quanto nas séries finais do Ensino Médio, tem maiores chances para chegar à Aprendizagem significativa. Além das constatações apresentadas, o trabalho visa sensibilizar os atuais educadores e estimular o interesse nos futuros colegas de profissão, para a questão de encontrarem ou de reformularem estratégias para que se cheguem ao processo de Ensino-Aprendizagem com atitudes que proporcionem aos alunos a garantia de uma Educação ainda mais significativa, estudos e conhecimentos que os ajudem a se sentirem cidadãos cumpridores de deveres e reconhecedores de seus direitos. E para que as ideias aqui apresentadas, afirmações de vários estudiosos da área e os resultados das pesquisas sejam perfeitamente compreendidos, partiu-se da necessidade de dividir a monografia em  duas partes assim apresentadas:

No capítulo I, foca-se na necessidade de definir Letramento, Leitura – com as suas etapas e espécies -  e Escrita a partir de pontos de vistas de autores consagrados.

Já no capítulo II, busca-se apresentar a visão do professor e do aluno quanto à questão da Leitura como fonte prazer, de conhecimento, e de garantia para se alcançar o processo de Ensino e Aprendizagem no âmbito escolar e, também será apresentada a ênfase que se dá a necessidade se trabalhar os gêneros textuais em sala de aula, dando enfoque na sua função social e na sua contribuição para formação do indivíduo.

CAPITULO I

  1. 1.      CONCEPÇÕES E PONTOS DE VISTA

1.1. LETRAMENTO

Muito se tem discutido sobre se há diferenças entre Letramento e Alfabetização, embora esses dois processos caminhem juntos. Uma compreensão mais clara se faz necessária a partir das definições, assim apresentadas:

Para Magda Soares, é um equivoco dissociar Letramento de Alfabetização - “No quadro das atuais concepções psicológicas, linguísticas e psicolinguísticas de leitura e escrita, a entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da escrita se dá simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização, e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita – o letramento. (Letramento e alfabetização: as muitas facetas – 26ª Reunião Anual da Anped).

Letramento e Alfabetização são processos interdependentes e indissociáveis, ou seja, o ser alfabetizado é aquele que de fato consegue inserir a aprendizagem adquirida na escola em suas práticas sociais; melhor dizendo, ler e compreender, compreender para escrever e falar em situações diversas da comunicação. Mas, onde ficam as pessoas que não são escolarizadas, todavia exercem a sua cidadania, trabalham e ajudam o Estado a se desenvolver?

Sabe-se que o domínio do sistema linguístico é ferramenta indispensável para o exercício da cidadania porque, aquele que amplia os seus conhecimentos através da leitura expande melhor o seu repertório vocabular, capacitando-se para o entendimento de mundo e para alicerçar-se de argumentos convincentes ao expor opiniões. Por outro lado, pode-se perceber notoriamente que há pessoas mesmo não sendo “letradas” conseguem, por meio das linguagens, interagir com o seu meio por estarem em uma sociedade letrada. A partir do que é citado no livro,  Prática de Leitura e Escrita, 2006, p. 10, Maria Angélica Freire define que “O Letramento abrange a capacidade de o sujeito colocar-se como autor (sujeito) do próprio discurso, no que se refere não só à relação com o texto escrito, mas também à relação com o texto oral.”

À alfabetização cabe o compromisso de apresentar à criança os signos sistematizados. É nessa etapa que os professores, em sua maioria pedagogos, devem voltar o seu olhar atento  para um planejamento eficaz e real que não tolha a bagagem trazida por cada um dos alunos e alunas.

Para Paulo Freire,

“A alfabetização alicerça numa reflexão crítica sobre o capital cultural dos oprimidos. Ela se torna um veiculo pelos quais os oprimidos são equipados com instrumentos necessários para reapropriar-se de sua história, de sua cultura e de suas praticas linguísticas É, pois, um modo de tornar os oprimidos capazes de reivindicar aquelas experiências históricas e existenciais que são desvalorizadas na vida quotidiana pela cultura dominante, a fim de que sejam, não só validadas, mas também compreendidas criticamente

FREIRE, 1990, p. 105

 

Portanto, é de bastante necessidade focar-se com total responsabilidade para os tipos de texto apresentados na alfabetização até o 5º ano, pois quanto mais os gêneros estiverem inseridos na vivência dos alunos mais receptivos estes estarão para a aprendizagem; desse modo sim, ter-se-á, como faces da mesma moeda, a Alfabetização atrelada ao Letramento e vice-versa. Portanto, isso se dará com maior qualidade seguindo a organização dos quatro componentes do aprendizado da escrita: 1. A compreensão e valorização da cultura escrita; 2. A apropriação do sistema de escrita; 3. A leitura; 4. A produção de textos escritos.

Para Maria da Graça Costa Val:

“A apropriação da escrita é um processo complexo e multifacetado, que envolve tanto o domínio do sistema alfabético/ortográfico quanto a compreensão e o uso efetivo e autônomo da língua escrita em práticas sociais diversificadas. A partir da compreensão dessa complexidade é que se tem falado em alfabetização e letramento, como fenômenos diferentes e complementares.” (PRÁTICA DE LEITURA E ESCRITA, 2006, p. 19).

O processo de ensino-aprendizagem bem administrado, no início da vida escolar do indivíduo, refletirá numa caminhada com menos atropelos até a entrada da faculdade. Ou seja, verifica-se que as maiores falhas de leitura, escrita e interpretação de textos, no Ensino Médio, se fazem presentes desde cedo, nas séries iniciais do Ensino Fundamental e estas se prolongam e quanto mais prolongadas ficam, serão mais difíceis de retomar.

Vale apresentar aqui um exemplo de atividade que pode ser desenvolvida nas séries iniciais do Ensino Fundamental e que reforça a ideia de “alfabetizar letrando”. O conto de fadas, “João e Maria”,  é interessante para o desenvolvimento crítico dos leitores, mesmo na iniciação.

JOÃO E MARIA

“Joãozinho e Mariazinha saíram escondidos de casa e foram brincar na floresta. Perderam-se e já no meio da noite foram encontrados pela bruxa”. (intervenções: Como seria essa floresta, o que havia por lá? Que nome a bruxa poderia ter? Por quê?)

A bruxa prendeu as crianças em uma gaiola. Todos os dias ela lhes dava muita comida e doces para engordarem depressa. (intervenções: Gaiola não serve para prender pássaros? Que tipo de gaiola seria essa? Se a bruxa mantinha João e Maria presos, por que estava tratando as crianças bem?)”

(...)

Após a leitura e as intervenções iniciadas pelo professor, os alunos se sentirão mais à vontade para inferir acerca do desenrolar da história e para, principalmente contextualizá-la com a atualidade. Isso poderá acontecer de acordo com o grau de criticidade da turma e com o comando orientado pelo gestor da aula. Para finalizar, todos serão motivados para dar continuidade ao conto, a seu modo e, serão feitas ilustrações. A partir disso, abrir-se-á um leque de maravilhosas oportunidades para trabalhar o entendimento de mundo, a compreensão de texto, a ortografia e para desenvolver nas crianças outras habilidades manifestadas pelas linguagens.

Atividades de incentivo ao desenvolvimento do hábito de ler e de escrever necessitam ser alimentadas durante a rotina semanal, ou seja, aquelas que não atingirem o objetivo podem ser retiradas do planejamento ou, conforme o resultado da turma, ser replanejada e assistida pela coordenação pedagógica. O que cabe mesmo é fazer com que todos estejam integrados no Ler e no Escrever de maneira consciente e contextualizado com as práticas sociais. Isso evitará em grande parte o fracasso escolar.

 
 

Segundo o Saeb,

“As crianças no estágio crítico se caracterizam pelo fato de não serem “leitores competentes”, por lerem “de forma truncada, apenas frases simples”. As crianças no estágio muito crítico, por sua vez, são aquelas que “não desenvolveram habilidades de leitura. Não foram alfabetizadas adequadamente. Não conseguem responder aos itens da prova.”

SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA, 2003, p.08

 

1.2. LEITURA

Em sentido geral, Leitura é o meio pelo qual adquirimos informações através da codificação e da decodificação; é um dos componentes imprescindíveis para a aprendizagem. A Leitura é de extrema necessidade na sociedade, pois garante ao indivíduo agir de forma consciente perante as inúmeras situações sociais e contribui para que ele transforme o meio do qual faz parte de maneira crítica e atuante.

É o texto, visto aqui como obra humana, uma ferramenta indispensável para os tipos de interação, seja esta oral, escrita, gestual ou manifestada por qualquer outra espécie de linguagem. Mas, para que no ato da comunicação emissor e receptor se tornem interlocutores, ambos precisam dominar o mesmo código, entender a mensagem, sintetizar as informações e interpretá-las para, em seguida, expressar seus pontos de vista.

 
 

Maria Helena Martins

“A leitura vista num sentido amplo, independente do contexto escolar, e para além do texto escrito, permite compreender e valorizar melhor cada passo do aprendizado das coisas, cada experiência”.

MARTINS, 1993,p. 29.

 

Para Paulo Freire,

“A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra.”

FREIRE, 1988, p.21.

 

 

Paulo Freire defende a ideia de que a Leitura torna-se algo significativo quando esta proporciona ao sujeito um mundo vasto de conhecimento histórico, cultural e social. Não podemos nos prender a apenas aos textos verbalizados atrelados ao ensino de matérias escolares, mas sim como práticas sociais, em que o indivíduo desenvolva a sua potencialidade como cidadão crítico do mundo que o cerca.

Para a leitura de um texto verbalizado, esta deve estar pautada em objetivos pré-determinados pelo leitor, sejam por distração, por adquirir informações de base científica, por pelo simples fato de compreender a administração de um remédio receitado; pois é a partir do objetivo escolhido que o leitor organiza o seu tempo de leitura, a atenção e o interesse pelo texto lido.

Relacionando o que é lido com a sua vivência, o leitor sente-se co-autor de muitos textos e isso é um bom motivo para manter-se estimulado na busca de novas e desafiadoras leituras. Não vamos aqui nos ater de apenas obras literárias, mas sim de toda e qualquer leitura que resulte em um aprendizado, em uma experiência significativa.

Em relação ao que foi mencionado no parágrafo anterior, a educadora de jovens e adultos do colégio Santo Inácio, RJ; pesquisadora e doutora em Educação pela PUC/RJ, Andrea Cecília Ramal, em seu artigo “Língua Portuguesa; o quê ensinar e como ensinar”, nos chama a atenção para a importância de o acervo de leitura apresentado aos alunos, desde a Educação Infantil até a saída do Ensino Médio, ser algo administrado com responsabilidade pelos professores e coordenadores pedagógicos; sendo aliados ao seu público-alvo, os leitores, com escolhas pré-determinadas em algumas ocasiões e noutras a ponderação da democracia, ou seja, a apreciação de livros e revistas apontados pelos próprios alunos.

 
 

Segundo RAMAL,

“Quanto mais próximo estiver o texto escrito do cotidiano do aluno, mais o conteúdo se tornará significativo e, portanto, maiores as possibilidades de ele auxiliar o processo de aprendizagem”.

 RAMAL, SEED, 1996, p. 43

 

Em seu livro, Ler e Compreender os sentidos do Texto - 2007, Ingedore Villaça e Vanda Elias apontam três definições de leitura de acordo com o foco dado, ou seja, quando está no autor: “ Leitura, assim, é entendida como atividade de captação das ideias do autor, sem levar em conta as experiências e o conhecimento do leitor, a interação autor-texto-leitor com propósitos constituidos sócio-cognitivo-interacionalmente”; por outro lado a leitura ao estar no foco do texto é assim definida: “Leitura é uma atividade que exige do leitor o foco no texto, em sua linearidade, uma vez que “tudo está dito no dito”. Aqui vale o reconhecimento das palavras e estruturas do texto”;  já quando o foco está centrado na interação autor-texto-leitor, a “Leitura é, pois, uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza evidentemente com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes no interior de evento comunicativo”. Em suma, o que foi até aqui ressaltado é que a Leitura é uma peça de extrema necessidade na interação do ser pensante com o outro e consigo mesmo. O homem evoluiu a partir do princípio que começou a compreender os significados, os sentidos das coisas e, através das leituras que faziam das suas observações, começaram a se expressar pelas linguagens até então eficazes para a sua comunicação.

Dentre inúmeras concepções de Leitura, esta parece sintetizar a idéia das já apresentadas nesse trabalho monográfico:

Maria da Graça Costa Val

A Leitura é uma atividade que se realiza individualmente, mas que se insere num contexto social, envolvendo disposições atitudinais e capacidades que vão desde a decodificação do sistema de escrita até a compreensão e a produção de sentido para o texto lido.

VAL, SEED, p.21, 2006.

 

                

No ambiente da sala de aula, o objetivo está focado na compreensão dos textos pela criança, pelo adolescente; esta é a principal meta do ensino da Leitura. Pois, podemos perceber o objetivo alcançado quando o leitor, além de compreender o texto, inferi sobre ele e comenta com os demais presentes na troca de informações.

Para reforçar, trazemos a citação de KOCH, 2007, p.12, que diz que “A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem. Não se trata de extrair informação, decodificando letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem os quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante das dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimento, validar no texto suposições feitas.” Portanto, para que se tenha um processo de leitura eficiente torna-se essencial que o indivíduo faça uso de meios estratégicos, para que o entendimento se realize de forma efetiva.

Segundo o Ministério da Educação (MEC) e outros órgãos ligados à Educação, a leitura:

ü  Desenvolve o repertório: ler é um ato valioso para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional. É uma forma de ter acesso às informações e, com elas, buscar melhorias para você e para o mundo.

ü  Liga o senso crítico na tomada: livros, inclusive os romances, nos ajudam a entender o mundo e nós mesmos.

ü  Amplia o nosso conhecimento geral: além de ser envolvente, a leitura expande nossas referências e nossa capacidade de comunicação.

ü  Aumenta o vocabulário: graças aos livros, descobrimos novas palavras e novos usos para as que já conhecemos

ü  Estimula a criatividade: ler é fundamental para soltar a imaginação. Por meio dos livros, criamos lugares, personagens, histórias…

ü  Emociona e causa impacto: quem já se sentiu triste (ou feliz) ao fim de um romance sabe o poder que um bom livro tem.

ü  Muda sua vida: quem lê desde cedo está muito mais preparado para os estudos, para o trabalho e para a vida.

ü  Facilita a escrita: ler é um hábito que se reflete no domínio da escrita. Ou seja, quem lê mais escreve melhor.

Porém, para que se atinja um denominador comum, um resultado proveitoso e a sensação real de que todos os objetivos até aqui mencionados foram atingidos, parte-se do princípio de que se deve respeitar as fases, as etapas da leitura em todos os segmentos da vida escolar do educando. Por isso, far-se-á necessário apresentar as etapas da Leitura da Educação Infantil ao Ensino Médio.

1.2.1. ETAPAS DA LEITURA

Cada leitor é um leitor; para cada um deles há o que definimos de habilidades e competências para o desenvolvimento de atividades com textos dos mais variados gêneros. Partindo desse pensamento, as etapas de Leitura devem ser minuciosamente respeitadas e refletidas pelos educadores, sejam estes da área de Pedagogia, da área de Letras como nas demais licenciaturas. Visto que, se as fases não forem bem exploradas, futuramente aquela criança da Educação Infantil será um adolescente cheio de limitações quanto não só a leitura, mas também com a escrita e a expressão oral.

A Leitura como qualquer outro processo sofre um desenvolvimento, assim apresentado:

a)      Definimos de Pré-Leitura a fase em que o leitor se encontra dos 2 aos 6 anos de idade; é nela que ocorre o desenvolvimento da linguagem oral e é quando a criança começa a perceber a relação entre imagens e palavras, ou seja, som e ritmo. Logo, os tipos de textos mais recomendados são aqueles que apresentam gravuras, musicalidade infantil (rimas) e cenas individualizadas.

b)     A Leitura Compreensiva começa a ser desenvolvida entre os 6 a 8 anos, fase em que a criança já está por finalizar o 1º ano até 3º ano do Ensino Fundamental. É nessa fase que o leitor adquire a capacidade de ler textos curtos, ora  de maneira silábica ora de palavras e frases inteiras, sempre associando o que é lido com as ilustrações das páginas do livro, recurso muito importante também para essa fase. Durante as escolhas de textos é necessario ainda fazer a opção pelas aventuras infantis, como contos e fábulas.

c)      Já para a fase definida como Leitura Interpretativa, que ocorre entre os 8 a 11 anos de idade, entendemos que o leitor já desenvolve uma leitura mais compreensiva e que pode ser separada das gravuras; ainda é recomendado apresentar textos não longos e recheados de fantasias, folclore e histórias de humor.

d)     Seguindo a evolução de ler e compreender o que é lido, o leitor agora entre os 11 a 13, já no Ensino Fundamental maior, encontra-se na fase da Leitura Informativa ou Factual; aqui há necssidade de apresentar textos mais longos e com uma complexidade maior, assim também a sua estrutura e linguagem empregada. Os alunos inciam os estudos sobre textos que exigem uma criticidade por parte deles. Por isso, a recomedação de livros que abordam aventuras de investigação, ficção científica, também temas atuais como romances de amor.

e)      Após passar por todas as quatro etapas já mencionadas, espera-se que o leitor entre 13 a 15 anos, finalizando o Ensino Fundamental e ingressando no Ensino Médio, esteja mais crítico quanto a sua compreensão e interpretação de textos com temáticas mais apuradas na realidade; é, portanto, na fase da Leitura Crítica que a exigência se faz mais presente, pois as interações em sala de aula estão voltadas para discussões depois da assimilação de ideias, ou seja, é quando o leitor já sabe contextualizar suas leituras confrontando-as com as suas experiências e inferindo sobre elas, também relaborando as suas opiniões e as dos colegas de turma. Os tipos de leitura mais recomendados são os de aventura intelectualizadas, narrativas de viagem, conflitos sociais, crônicas e contos (não mais de fadas).

Para Helena H. Nagamine Brandão,

O ato de ler é um processo abrangente e complexo; é um processo de compreensão, de intelecção de mundo que envolve uma característica essencial e singular ao homem: a sua capacidade simbólica e de interação com o outro pela mediação da palavra.

BRANDÃO, p. 17, 1997.

 

As dinâmicas, as estratégias  para seguir as etapas de Leitura devem ser elaboradas pelos professores e coordenadores, mesmo que haja dificuldades no começo. Mas, o resultado embora parecendo utópico precisa ser almejado por todos aqueles envolvidos com a Educação, porque não há um país inteiramente desenvolvido sem pessoas críticas, detendoras de saberes múltiplos.

1.2.2 TIPOS DE LEITURA

É durante a alfabetização que o ensino da leitura deve ser mais rotineriamente explorado, porque há uma grande necessidade de as crianças manterem contato com variados textos selecionados para tal fase escolar e, é dessa maneira, que elas  terão a consciência de que estão aprendendo a cada dia.  Assim a leitura será tratada, tanto pelos  educadores quanto pelos pais dessas crianças, como um  instrumento prazeroso e fundamental na aquisição de conhecimento para seus filhos.

A continuidade desse processo deve se manter mais marcante no segmento de 1º ao 5º ano, fase tal importante na formação do indivíduo. Os gestores de sala de aula necessitam encantar mais ainda o seu público-alvo e, através de  aulas diversificadas; atividades lúdicas que ajudam a conquistar o desejo de estudar, de investigar, de aprender, portanto de LER, que aqueles garantirão acessa a chama do hábito da leitura. Até aqui não é tão dificil prender a atenção dos alunos. Porém, a realidade começa a mudar quando estes chegam ao 6º ano do Ensino Fundamental. Por que, então, os “pré-adolescentes” começam a se desinteressar pelos livros, pelas leituras e atividades relacionadas a elas? Por que o encanto fica adormecido?

Não carece de um mapa para encontrar as respostas; basta que seja perguntado quem possue um computador, um celular de última geração, um ipod... qualquer apetrecho tecnológico que chame mais atenção do que um livro impresso, um jornal ou uma revista que não seja de moda ou de bandas infanto-junvenis do momento.

O avanço da tecnologia é uma realidade, por isso todos que estiverem ligados a Educação devem reformular seus pensamentos e tentar conciliar o que há de melhor no ontem com o inovador apresentado muitas vezes pelos próprios alunos adolescentes. Fazê-los ler um livro virtual, pesquisar em sites, produzir textos digitados não rompe com a missão de qualquer escola: educar para a vida e com a vida. Basta somente ponderar o “velho”, mas não ultrapassado hábito de carregar um bom livro na mochila, com o “novo” – dividir o espaço da mochila com um notboock. Será apenas necessário que seja mantido o objetivo de oportunizar momentos em que os jovens continuem se comportando como mediadores e multiplicadores de muitas e muitas leituras.

Entretanto, a atenção e o interesse ao tipo de texto a ser lido são uns dos pontos observados dentro de cada espécie de Leitura assim resumidos:

ü  De Entreternimento ou Distração – esse tipo de leitura está sendo o mais procurado pelos jovens adolescentes que se encantam com a saga da obra Crepúsculo, as aventuras do bruxinho Harry Poter dentre outras literaturas de autores até então desconhecidos, mas que ganham muitos milhões de dólares envolvendo o seu público-alvo em fantasias e até de um certa descrença no que é real. Em suma, lê-se para passar o tempo sem a preocupação do aprender. Entretanto, por outro lado esse tipo de escolha de leitura desperta o hábito de ler.

ü  De Cultura Geral ou Informativa – para esse tipo de leitura encontramos o leitor mais interessado em manter-se situado sobre o que acontece pelo mundo; pode-se perceber um maior interesse por parte dos alunos do Ensino Médio preocupados com os vestibulares leêm jornais, revistas e sites que englobam noticias atuais.

ü  De Aproveitamento ou Formativa – essa espécie de Leitura está para quem deseja se aprofundar sobre algum conhecimento ou reforçar os que já foram adquiridos. É durante esse momento que o leitor se faz mais consciente do tipo de texto que ler e do tipo de informação que procura.

 
 

Segundo PAULO FREIRE,

“É importante que os alunos aprendam que a leitura também é um instrumento para o ócio e a diversão, uma ferramenta lúdica que nos permite explorar mundos diferentes dos nossos, reais ou imaginários”.

FREIRE, 1997, pg31

 

Em quaisquer dos tipos de Leitura ou nas etapas de Leitura, a criança, o adolescente, enfim, o leitor deve ter prazer no que ler, deve tirar proveito de suas escolhas ou até mesmo das páginas dos livros que são pré-determinados em projeto como o Roda da Leitura. O que não vale é manter uma classe de pessoas desinteressadas pelo ato da leitura, da escrita e da participação oral, por isso é cada vez mais necessário estratégias de “encantamento”, sejam para o leitor principiante quanto para o leitor crítico.

Em sua obra Leffa (apud MENEGASSI; CALCIOLARI, 2002, p. 85) considera que “ler é interagir com o texto, considerando-se o papel do leitor, o papel do texto e a interação entre leitor e texto”. O leitor precisa dialogar com o que estiver lendo, deve compreender a ideia que circunda o texto e, principalmente, necessita fazendo parte do mesmo.

                                                                                                              

 
 

Segundo Menegassi; Calciolari,

 “A compreensão textual só ocorre se houver afinidade entre o leitor e o texto; se houver uma intenção de ler, a fim de atingir um determinado objetivo.”

 CALCIOLARI, MENEGASSI - v. 24, n. 1, p. 81, 2002.

 

   

      

      

      

      

      

     Diante dessa situação, o professor ocupa um papel importante, pois, parte dele a atitude no processo de mudança e de transformação desse quadro educacional em que os alunos se encontram. Mas para que haja modificação nesse processo, o educador precisa fazer uso de diversas concepções de leitura e utilizá-las de forma que proporcione um melhor desenvolvimento na habilidade leitora do aluno. Pois, em comparação com tempos atrás, o ler era visto como um ato de decodificação de palavras ou frases e, em virtude disso, a prática da leitura em sala de aula, se tornava mecânico e sem sentido, uma vez que, reproduzia-se o que estava escrito e o que era estabelecido pelo professor. Portanto, o aluno se tornava passivo em suas leituras e o educador agia com procedimentos e metodologias não favoráveis e que não levavam o leitor a uma reflexão.

      

     

1.3. ESCRITA

“É inspiração; uma atividade para poucos privilegiados; é a expressão do pensamento no papel ou em outro suporte; é o domínio de regras da língua; é um trabalho que requer a utilização de diversas estratégias da parte do produtor. Essa pluralidade de respostas nos faz pensar que o modo pelo qual concebemos a escrita não se encontra dissociado do modo pelo qual entendemos a linguagem, o texto e o sujeito que escreve”.

KOCH, 2009, p.32

 

Não menos importante que a Leitura está o processo da Escrita. Pode-se inferir que este é o resultado daquela? A reposta para esse questionamento não é tão simples de dar porque sabemos que toda atividade que resulta em um texto escrito envolve outros aspectos, tais como, de conhecimento linguístico, cognitivo, pragmática, sócio-histórico e cultural.  Para reforçar o exposto, uma das maiores autoridades em Língua Portuguesa e Linguística do Brasil, Ingedore V. Koch define Escrita:

                                                                      

Koch e Elias tratam a Escrita em três focos, assim distribuídos:

a)    Foco na língua - o sujeito comporta-se como mero repetidor de algumas regras assimiladas durante as infindáveis atividades de ortografia, ou seja, o leitor-escritor, nessa concepção, é (pré) determinado pelo sistema e o texto é visto como simples produto de uma codificação realizada por ele.

b)   Foco no escritor - aqui, o sujeito é dono das suas ideias; sabe transpor a sua representação mental para o papel e deseja que esta seja captada pelo leitor da mesma maneira como foi pensada por ele. Nessa concepção o texto é visto como um resultado lógico.

c)    Foco na interação -  nesse foco o texto produzido apresenta por parte do seu escritor um conhecimento do sistema gramatical da língua; o sujeito, dessa vez, comporta-se não mais de forma linear, ou seja, ele pensa no que vai escrever, para quem escreve e com qual intenção, levando o leitor a interagir com o seu texto – concepção interacional ou dialógica.

Além dos focos descritos por Koch e Elias, pode-se compreender também que a escrita pensada é a ativação de conhecimentos sobre os componentes da situação comunicativa, para isso o autor de textos deve selecionar, organizar e desenvolver seus pensamentos, de modo que garanta a continuidade do tema e sua progressão.

Portanto, há várias estratégias que podem ser utilizadas pelo escritor para lhe assegurar que haverá realmente uma interação com seus leitores idealizados; entre elas, está o balanceamento entre informações explícitas e implícitas apresentadas como informações ‘novas” e “dadas” e a revisão da escrita ao longo  de todo o processo.

Entre as muitas metas acerca da Leitura e da Produção de textos escritos, faz-se necessário apresentar o principal objetivo de ensino de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental (PCN, p.32),que é a tarefa de levar o aluno a:

ü  Utilizar a linguagem na escuta e produção de textos escritos de modo a atender a múltiplas demandas sociais, responder a diferentes propósitos comunicativos e expressivos e considerar as diferentes condições de produção do discurso.

A pedagoga e professora Wania Machado Possas, em seu artigo, “Compreensão e domínio da escrita: vale o escrito”, divulgado no livro “Educação de jovens e adultos”, 1999, concebe a escrita como “uma forma legítima de autoria do discurso que, além de registrar ideias, conceitos e concepções de mundo e de vida, que traduzem, as representações que os alunos fazem do seu cotidiano”. A autora proporciona, então, uma reflexão sobre a postura dos educadores de sala de aula em relação à valorização e ao respeito que são dados aos textos escritos de seus alunos.

No livro “Práticas de Leitura e Escrita”, 2006, há um apanhado de reflexões e constatações concretas sobre que o hábito da boa escrita é desenvolvido a partir da convivência com bons textos, dentro e fora do ambiente escolar. Quem Ler sabe Escrever; esse ditado nos cerca há tempos e não foge da verdade constatada em sala de aula.

Durante o período da vida escolar do aluno, é responsabilidade também da escola orientar sobre as escolhas de obras necessárias para o desenvolvimento do intelecto, assim também como aquelas que transferem algum tipo de aprendizagem mesmo que seja passageira, como por exemplo, as leituras para diversão.

 
 

Segundo Maria da Graça Costa Val,

Considerando-se que os alfabetizados vivem numa sociedade letrada, em que a língua escrita está presente de maneira visível e marcante nas atividades cotidianas, inevitavelmente eles terão contato com textos escritos e formularão hipóteses sobre sua utilidade, seu funcionamento, sua configuração.

VAL, SEED,2006, p. 19.

 

Sabe-se que o ato de escrever se faz presente numa sociedade “grafocêntrica”; que os registros deixados pelos nossos antepassados são de suma importância para justificar a origem, a evolução e todos os demais processos pelos quais os seres terrestres vêm passando. A escrita, pois, está presente em todos os espaços e a todo o momento, cumprindo diferentes funções.

Dentro de sala de aula ouvi-se que a grande deficiência dos alunos está em não saber expressar as suas ideias em um pedaço de papel ou que pelo menos grande maioria enfrenta sérios problemas de interpretação global do texto gerando assim dificuldades ao escrever. Falar é fácil; participar das discussões é simples, mas quando se tem na bagagem um repertório de leituras e de opiniões formadas que  ajudam na formulação de outras opiniões. Sem isso, o aluno fica sem preparação, sem orientação para expressar-se de maneira, principalmente, escrita. Por isso, a Redação ainda é o grande “bicho de sete cabeças” dos vestibulares e os cursinhos preparatórios continuam lotados com o objetivo de ensinar os vestibulandos a escrever em tempo recorde.

O ensino de redação volta-se, sobretudo para proporcionar aos alunos o desenvolvimento da capacidade de, primeiro trabalhar o texto lido: compreensão, análises da intencionalidade do autor, estrutura e síntese da aprendizagem; segundo a maneira como organizar os discursos: seleção das principais ideias a ser exposta no texto escrito, que tipo de leitor será o alvo para a leitura do texto produzido e que objetivo se quer alcançar; claro, que não esquecendo da ortografia, pontuação, a estruturação dos períodos, as regras de regência e de concordância, além dos elementos coesivos que todo bom tempo deve apresentar.

Para a professora e pesquisadora Maria da Graça Costa Val, o domínio da escrita, assim como o da leitura, são fatores que desde cedo estão presentes na vida escolar da criança, porque mesmo ainda não detentora do sistema linguístico sistematizado, aquela chega a sala de aula com seus textos orais e com uma noção básica de escrita, principalmente quando em casa percebe os adultos em volta de jornais, livros ou do simples fato vê-los assistindo a um noticiário e posteriormente fazendo comentários sobre os fatos veiculados.

No seu artigo “O que é ser alfabetizado e letrado?”, Costa Val diz que “Apropriar-se do sistema de escrita depende fundamentalmente de compreender o princípio básico de que as “letras” representam “sons”, ou, em termos técnicos mais apropriados, os grafemas representam fonemas. A conquista desse conhecimento fundamental se realiza quando a criança começa a tentar ler e escrever relacionado cada “letra” a um “som”, cada “som” a uma “letra”, porque entendeu que o princípio geral que regula a escrita é a correspondência entre “som” e “letra”. Isso significa que ela compreendeu a natureza alfabética do sistema de escrita.”

Sem a intenção de contradizer o que a autora Costa Val afirma em seu artigo acima mencionado, cabe fazer, aqui, uma ressalva de que uns dos problemas de escrita parte dos erros ortográficos tão presentes em todas as séries do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, não descartando os casos de dislexia, é claro. Então, é importante que o professor, sempre que perceber tais desvios de ortografia procure retomar as regras numa prática significativa, através de atividades interessantes que estimulem a todos os envolvidos nessa retomada. Costa Val afirma que “É importante que o professor procure estudar e ter clareza sobre as particularidades de cada tipo de problema, para poder conduzir adequadamente seu trabalho e dimensionar com equilíbrio, suas expectativas”

CAPITULO II

        2.1.   A LEITURA NA VISÃO DO PROFESSOR

Nada mais real e poético do que as mensagens deixadas por Paulo Freire sobre os trabalhos desenvolvidos na Educação e para a Educação.  Freire nos toca quando diz que “ensinar exige respeito aos saberes dos educandos”; “que exige disponibilidade para o diálogo”; “Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade (...)” – Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.

O que Paulo Freire, em sua maestria, não ressaltou é que, para que os professores com a missão de educadores possam desenvolver o seu trabalho tão desvalorizado pelos gerenciadores do sistema educacional do nosso país, basta ter paixão pelo o que se faz. A partir da identificação com a licenciatura escolhida é que o professor consegue se manter como educador, como um sobrevivente na Educação brasileira.

Estar em contato com crianças, adolescentes, jovens  e adultos, sejam em escolas ou em faculdades, é sempre um desafio cheio de obstáculos e realizações porque quase nunca sabemos quem vamos receber e não conseguimos, verdadeiramente, afirmar que o processo se deu em cem por cento de satisfação; como em tudo que se faz na vida. Por outro lado, nos orgulhamos do que somos, do que fazemos e tiramos proveito daquilo que por ventura não deu certo e, tudo recomeça a cada ano letivo.

Mais uma vez é necessário retomar um trecho do legado de Freire para dar sentidos às palavras até aqui expostas. “O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua submissão. Uma de suas tarefas primordiais é trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que devem se “aproximar” dos abjetos cognoscíveis. E esta rigorosidade metódica não tem nada que ver com o discurso “bancário” meramente transferido do perfil do abjeto ou do conteúdo. É exatamente neste sentido que ensinar não se esgota no “tratamento” do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente é possível. E essas condições implicam ou exigem a presença de educadores e de educandos criadores, instigadores, inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes. Faz parte das condições em que aprender criticamente.”

Em sala de aula, ambiente em que o professor e os alunos manifestam as suas ansiedades e aspirações, o clima de harmonia deve ser priorizado quanto a responsabilidade de buscar um processo de ensino e de aprendizagem com resultados significativos para ambas as partes.

A nova LDB trata, no artigo 32º, da formação básica e específica – Ensino Fundamental - com objetivos desse nível de ensino, tais como: - o domínio da leitura, da escrita e do cálculo; a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores sociais; o fortalecimento dos vínculos de família, da solidariedade e da tolerância recíproca, imprescindíveis à vida social. Em todos esses objetivos, a imagem do educador se faz presente, pois somos também referências aos nossos alunos.

 
 

José Carlos Libâneo conclui

“que não há prática educativa sem objetivos elaborados a partir de critérios que reflitam os valores e ideais da legislação, os conteúdos produzidos pela prática social da humanidade e as necessidades e expectativas de formação cultural exigidas pela população majoritária da sociedade”.

LIBÂNEO, 1994, p.21

 

Ensinar uma criança a ler não é fácil e requer preparo cognitivo e psicológico do professor porque é nessa fase que o tratamento dado a essa criança decide se ela terá uma boa relação com os estudos ou não; assim também é a tarefa de estimular outras atividades relacionadas à leitura e à escrita dentro e fora da sala de aula. Alunos, que passaram por uma situação constrangedora e por isso não conseguiram acompanhar o nível dos colegas, lá na Educação Infantil, dificilmente terão ânimo para participar das interações durante as aulas, no Ensino Fundamental e Médio, acarretando para a sua intelectualidade limitações das quais não têm nenhuma responsabilidade.

Valorizando a bagagem trazida pelo aluno, o professor se tornará um parceiro e um mediador dos futuros conhecimentos adquiridos por esse aluno. Dessa forma, o educando se sentirá cativado para a busca de uma expressividade cada vez maior e melhor no que lê e escreve. E, a criança, quando percebe que já consegue decodificar mensagens escritas, ou seja, quando compreende uma frase, um texto, sente-se de fato “alfabetizada” e diz para todo mundo que já sabe ler e começa na tentativa de escrever o que pensa. A educadora Andrea Cecília Ramal assegura que “o interesse pelo que se estuda será sempre o primeiro passo numa aprendizagem significativa, duradoura e prazerosa”.

“Na sala de aula, o professor deve oferecer aos alunos muitas oportunidades de aprender a ler, adotando procedimentos utilizados pelos bons leitores” (ABREU, 2000, pg. 26).

Cabe mais uma vez ressaltar que o ato da leitura é de extrema necessidade na sociedade, pois garante ao indivíduo agir de forma consciente perante as inúmeras situações sociais e contribui para que este transforme o meio do qual faz parte de maneira crítica e atuante. E, é com essa visão que os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem precisam adentrar a escola na qual planejam e ministram as suas aulas.

Diante do exposto, alguns autores, entre eles, Kock e Elias (2007, p.37): vêem a leitura como “uma atividade de construção de sentido que pressupõe a interação autor texto-leitor, é preciso considerar que, nessa atividade, além das pistas e sinalizações que o texto oferece, entram em jogo os conhecimentos do leitor.”.

A leitura representa, pois, um processo que é ativo, no qual, o leitor se depara com o texto e constrói o sentido ou significado daquilo que lê e tudo isso ocorre devido o indivíduo não decodificar as frases, mas devido ao uso de todo um conhecimento prévio que possibilita uma melhor compreensão e construção do significado que o texto proporciona. Logo, no decorrer do processo, o aluno deve conscientizar-se que o ato da leitura tanto o envolve, como leitor, quanto o texto e o seu autor. Ressalta-se então, para que se tenha uma leitura eficiente é necessário que haja toda uma interação entre as partes, para que assim se construa sentido naquilo que se lê. E o professor será uma ponte entre a motivação e a situação real da sua sala de aula. Basta que leiamos o que diz Denise Pellegrino: “O aluno que tiver a chance de ouvir o professor lendo em voz alta presenciará um ato quase mágico”.

Vale lembrar que inúmeras são as preocupações relacionadas ao processo de aprendizagem através da leitura em sala de aula. Percebemos tal fato quando os alunos encontram muitas dificuldades em ler e compreender adequadamente os assuntos apresentados nos textos e, em consequência disso, sofrem com as reprovações e com os problemas que advêm da falta de proficiência no processo de leitura.  Tal realidade vem causando discussões, uma vez que, os educandos saem da escola como analfabetos funcionais, ou seja, não conseguem utilizar de forma significativa e autônoma os conhecimentos advindos da leitura, havendo dessa forma a impossibilidade de uso destes conhecimentos em diversas situações sociais.

Daí a necessidade de os  “professores terem conhecimento sobre o processo de leitura, bem como, as estratégias e habilidades desenvolvidas pelo leitor, para poderem decidir com eficácia como ensinar leitura. É preciso, principalmente, compromisso com a formação de leitores competentes”. (Barbosa, 2004, p.16).

Vários projetos de leitura são divulgados em revista como A Nova Escola, em sites de escolas renomados todo o Brasil, cabe ao educador selecionar aqueles que, de acordo com a real conjuntura dos seus alunos, podem ser aplicados passando por um ajuste ou simplesmente sendo copiados.

O projeto mais conhecido entre os professores da Educação Infantil ao Ensino Fundamental é o Roda da Leitura; nele, os participantes escolhem a obra que desejam ler no momento, levantam hipóteses através das dicas como a capa o título do livro, para em seguida, continuarem a leitura em suas casas. Em um determinado dia, todos socializam a experiência de ter lido tal obra e de alguma forma representam-na aos demais colegas. Esse processo é encerrado quando todos leram todas as obras da Roda.

Para as séries finais do Ensino fundamental e  do Ensino Médio as atividades de leitura são mais complexas e exigem um repertório maior por parte dos alunos e dos professores. Nessa ocasião, vale ressaltar a importância de análises das obras da Literatura Brasileira. Assim, o professor pode trabalhar a linguagem com mais precisão, os recursos estilísticos, semânticos e sintáticos.

A partir do diz o PCN de Língua Portuguesa, a nova LDB e as ressalvas feitas por vários pesquisadores, doutores e principalmente educadores respeitados, serão apresentadas algumas estratégias que estão ao alcance dos professores e coordenadores escolares:

ü  Disponibilizar visitas a bibliotecas e a livrarias da cidade;

ü  Organizar juntamente aos alunos um acervo com livros e outros materiais de leitura;

ü  Planejar e concretizar encontros de leitura livre e de leitura pré-selecionada. Momentos especiais com  músicas de fundo e liberdade para se dispor pelo chão.

ü  Trazer, para a sala de aula, textos variados e solicitar que os alunos também os tragam; reforçando, então, a idéia de que a leitura é necessária em qualquer situação.

ü  Ler e comentar com os alunos a sua última leitura, a que mais gostou e por que.

ü  Solicitar a participação da turma ao corrigir as atividades; um aluno ler o enunciado da questão e outro responde. Nessa ocasião, o professor esclarece a todos que cada leitura deve ser respeitada e ouvida com atenção;

ü  Pedir para que juntos elaborem projetos de leitura e de escrita que envolvam a escola inteira, estimulando a política de uma escola leitora. Fazer com que os projetos sejam divulgados em blogs alimentados por eles.

ü  O professor sempre que possível deve enfatizar a necessidade de ensinar aos alunos “a saber  ler e a escrever”.

De modo geral, o que não faltam são estratégias a ser seguidas e objetivos para ser almejados, afim de maneira significativa, todos possam ter garantia de que os estímulos existem e a vontade “de fazer diferença” faz total diferença para quem quer ensinar e, principalmente, para quem quer aprender.

 
 

Maria da Graça C. Val afirma que

“outras atividades adequadas para desenvolver a capacidade de compreensão e que podem ter inicio desde antes a alfabetização “stricto sensu”, porque podem ser realizadas a partir da leitura em voz alta feita pelo professor, são as que levam os alunos a partilhar a sua emoção e sua compreensão com os colegas, avaliando e comentando afetivamente o texto, resumindo-o, explicando-o, fazendo extrapolações”.

VAL, SEED, 2006, p. 21

 

     2.2.    A LEITURA NA VISÃO DO ALUNO

Várias pesquisas revelam que os adolescentes se encantam mais pelas novas da tecnologia do que pela escolha de um livro; claro que isso não generaliza todos dessa fase de vida, pois há aqueles que ainda preferem uma boa leitura. Dentro de sala de aula a realidade não é diferente. Quantas vezes, em meio à aula, temos que chamar a atenção de esse ou daquele aluno por mexer no celular, estar com fones nos ouvidos e isso causa uma série de problemas tanto ao professor quanto a todos que estão dividindo os conhecimentos adquiridos na aula. No entanto, cabe a coordenação pedagógica, ao professor, a família do aluno acertarem o que se deve e que não é permitido trazer para o momento das aulas; mas, em quase todas as tentativas, o aluno continua com os seus apetrechos e tudo se repete.

Em meio a muitas mudanças que o mundo vem sofrendo, entre elas o avanço da tecnologia, as escolas não podem nem devem ignorar que, uma vez ou outra, o uso do computador, assistir a um filme em 3D, participar de apresentações de trabalhos, seminários tendo a lousa eletrônica, em que apenas com um toque dos dedos do professor e do aluno descartam o giz ou o pincel, tudo isso agrada aos olhos e estimula o interesse pelo estudo. Porém, essas ferramentas devem ser utilizadas juntamente com o livro impresso, com o registro manuscrito no caderno; basta que o educador saiba “balancear” os recursos e as suas finalidades. Nessa hora, alunos e professores, pais e direção do colégio tornam-se parceiros na busca de um ensino produtivo e de uma aprendizagem de qualidade.

 
 

Para Doutora em Educação, Andrea  C. Ramal, “Cabe lembrar que devem ser estudadas formas de aproximar alunos e computadores, já que estes se configuram em nossa época como um novo espaço de leitura e escrita, e através deles temos contato também com uma nova concepção de texto, não-linear, que associa palavras, imagens e sons”.

RAMAL, SEED, 1999, p.44

 

É importante que os alunos aprendam que, quaisquer que sejam as ferramentas utilizadas em sala de aula, os objetivos estão voltados para uma aprendizagem significativa e por que não, prazerosa. O fato de ler não será mais visto como ação isolada de estudar, de aprender. Solé, 1998, p.32, reforça a ideia de que “um dos múltiplos desafios a ser enfrentado pela escola é o de fazer com que os alunos aprendam a ler corretamente. Isto é lógico, pois a aquisição da leitura é imprescindível para atingir com autonomia nas sociedades letradas, e ela provoca uma desvantagem profunda nas pessoas que não conseguiram realizar essa aprendizagem”. 

O interesse da criança, no começo da sua vida escolar, pelos livros depende do contexto social em que vive, ou seja, se em casa os pais lêem, apresentam a ela livrarias e oportunidades de manusear livros e revistas, com toda a certeza esse leitor já inserido no mundo das letras chegará a escola com uma bagagem bastante interessante; com isso os trabalhos serão mais proveitosos e mais simples de serem captados. Por outro lado, a criança que não tem um contato com as leituras é motivada a não se interessar, então cabe a escola a responsabilidade tanto de estar estimulando quanto de valorizar o que as crianças já sabem fazer.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNS), a leitura é sempre um meio, nunca um fim. Por isso, na escola ela deve ter várias funções, pois é diferente ler para se divertir, ler para escrever, ler para estudar, ler para descobrir algo que deve ser feito etc. os PCNS recomendam que o acervo da biblioteca de leitura livre o professor leia junto com a turma e que os alunos também possam, em alguns momentos, escolher as próprias leituras e levar os títulos para casa.

O aluno, sem dúvida, ao iniciar o Ensino Fundamental maior, já traz um repertório de leitura e produção de textos que são exigidos nas séries anteriores. Mas mesmo assim, percebe-se que muitos que estão no 6º ano ainda apresentam uma leitura e uma escrita precárias; esse fato faz com que todos encarem as tarefas, as avaliações e a própria participação nas aulas como um grande desafio cheio de medos, porém com grandes expectativas.

O educando, quando passa por traumas resultantes de avaliações diárias e estas sendo expostas aos demais colegas, se sentirá desvalorizado e humilhado e, por causa desses sentimentos continuará “travado” caso passe por despercebido pelos educadores. Por isso, a tarefa de ensinar é uma batalha para muitos professores, que infelizmente aprendem na vivência de sala de aula a lhe darem com essas situações e outras piores, já que nos cursos de licenciatura não são preparadores para isso.

A verdade é que professor e aluno caminham em parceria para o acerto ou para o fracasso. E, quando este percebe que não consegue acompanhar o nível dos colegas, cabe aquele um olhar mais atento, mas que não o dissocie do restante da turma, como um todo. O aluno deve se sentir protegido por mais que tente ignorar as suas habilidades e competências para ler, escrever, para estudar e aprender. Novamente, Freire é peça imprescindível para a explicação das ideias levantadas: “Não se lê criticamente como se fazê-lo fosse a mesma coisa que comprar mercadoria por atacado. Ler vinte livros, trinta livros. A leitura verdadeira me compromete de imediato com o texto que a mim se dá e a que me dou e cuja compreensão fundamental me vou tornando também sujeito. Ao ler não me acho no puro encalço da inteligência do texto como se fosse ela produção apenas de seu autor ou de sua autora.”

Devido às novas e reformuladas metodologias no processo de ensino e aprendizagem da leitura, os alunos estão mais abertos a interação e conseguem construir significados em suas atividades com textos, Dessa maneira, tanto a habilidade de ler quanto de escrever para aprender e compreender o mundo estão despertando, principalmente àqueles do Ensino Médio, uma motivação diferenciada do panorama antigo e real das escolas.

Hoje, com variadas ferramentas, as práticas que envolvem os estudos promovem a criticidade do leitor; fator este de suma importância para garantir a autonomia e reflexão do aluno perante a sociedade em que está inserido. E, percebe-se isso quando um adolescente chega e comenta um fato veiculado pela internet ou pela televisão; quando ele empolgado com o novo livro da coleção do Harry Poter, incentiva os colegas para ler e assistir ao filme que em breve será lançado nos cinemas.E a parir daí, o professor pode  recorrer a qualquer atividade.

Toda leitura é válida quando dela o seu leitor tira uma aprendizagem, ou seja, como afirma PEREIRA: “Em uma sociedade, são múltiplos e diversificados aos usos da leitura. Lê-se para conhecer. Lê-se para ficar informado. Lê-se para fantasiar e imaginar. Lê-se para resolver problemas. E lê-se também para criticar e, dessa forma, desenvolver posicionamento diante dos fatos e das idéias que circulam através dos textos.”

2.3 OS GÊNEROS TEXTUAIS NA SALA DE AULA

  “A Língua vive e evolui historicamente na comunicação verbal concreta”. E, a partir disso houve a necessidade de se inventar gêneros textuais que respondessem a demanda da interação de que o homem precisa para se comunicar com o mundo que o cerca.

Tanto dentro de sala de aula quanto fora dela, estamos em constante contato com textos, seja nos semáforos, nas portas de lojas, shoppings, pelas ruas, afinal, numa era globalizada “quem não se comunica se estrumbica”. Os livros didáticos trazem uma gama de gêneros cuidadosamente escolhidos para cada série, para cada segmento e, unidos com os que circulam diariamente pela nossa cidade, dá para chegar a bons exemplos de projetos de leitura e escrita.

 
 

Antonio Marcuschi considera

“que o ensino de língua deva dar-se através de TEXTOS é hoje um consenso tanto entre linguístas teóricos como aplicados. Sabidamente, essa é, também, uma prática comum na escola e orientação central dos PCNs. A questão não reside no consenso ou na aceitação deste postulado, mas no modo como isto é posto em prática, já que muitas são as formas de se trabalhar textos”.

MARCUSCHI, 2008, p.51

 

Em todas as situações didáticas adequadas que o professor pode se respaldar para promover o gosto de ler  e para estimular o desenvolvimento deste gosto, os gêneros textuais se fazem presentes. Por isso, é interessante apresentar aqui alguns dos benefícios que o trabalho com textos em sala de aula proporciona ao professor e ao aluno.

a)    Conhecer e compreender as questões do desenvolvimento histórico da língua (estudo do léxico);

b)   Perceber na concretude que a língua tem o seu funcionamento autêntico e não simulado;

c)    Reconhecer a existência e o respeito às variantes linguísticas, além de perceber as relações entre fala e escrita no uso real da língua.

d)   Reconhecer a intencionalidade do texto apresentado: público e linguagem.

e)    Ampliar o vocabulário e a criatividade do leitor-escritor.

Mesmo conhecedor dos muitos benefícios que a utilização dos gêneros textuais traz para enriquecer as aulas, o professor deve escolhê-los anteriormente para integrá-los ao tema abordado, ao assunto especifico do momento. Em outras palavras, nas atividades sequenciadas de leitura pode-se, temporariamente, eleger um gênero específico, um determinado autor ou um tema de interesse.

Os gêneros textuais como suporte para a prática de produção de texto é uma maneira de desmistificar que escrever é difícil, é para quem é competente. Claro que a dificuldade está mais presente para aquele que não ler e que não aprende com a leitura, mas a competência está para todos que a estimulam e é dessa maneira que os trabalhos com produção de textos escritos podem interligar-se com as análises dos gêneros que circulam em nossa sociedade, ou seja, estes servirão de exemplos para textos futuros e, melhor ainda, criados pelos punhos dos próprios alunos.

O desafio da escola é dar chances para que o educando seja um leitor e um escritor; alguém que, ao produzir um discurso, saiba selecionar o gênero no qual seu discurso se realizará escolhendo aquele que for apropriado a seus objetivos e a circunstância enunciativa em questão. Por exemplo, quando é solicitada a criação de uma narrativa: contos, fábulas; de um texto argumentativo: resenha crítica, carta de opinião; ou um simples bilhete.

Sintetizando o parágrafo anterior, o renomado Antonio Marcuschi - “Produção textual, análise de gêneros e compreensão”, 2008, p.190 – ressalta que “como os gêneros textuais ancoram na sociedade e nos costumes e ao mesmo tempo são parte dessa sociedade e organizam os costumes, podem variar de cultura para cultura. Muitas vezes, refletem situações sociais peculiares com um componente de adequabilidade estrutural, mas há um forte componente de caráter sociocomunicativo. Assim, deve-se levar em conta o aspecto que diz respeito ao uso comunicativo dos diversos gêneros como determinante de formas estruturais”.

A relevância de se tratar dos gêneros textuais em sala de aula reside, em pelo menos quatro aspectos:

1. São gêneros em franco desenvolvimento e fase de fixação com uso cada vez mais generalizado;

2. Apresentam peculiaridades formais próprias, não obstante terem contrapartes em gêneros prévios;

3. Oferecem a possibilidade de se rever alguns conceitos tradicionais a respeito da textualidade;

4. Mudam sensivelmente nossa relação com a oralidade e a escrita, o que nos obriga a repensá-la.

As atividades relacionadas ao uso dos gêneros textuais na escola abrem um leque de oportunidades, todos os dias, para que os alunos se familiarizem mais com a sua língua em situações concretas de comunicação.

Entre todos os gêneros textuais mais conhecidos e que vêm sendo usado pela maioria dos adolescentes, no momento, podemos situar pelo menos o e-mail, o chat em aberto ou reservado e os blogs; não esquecendo o twitter e o Orkut. Ressalta-se que esses gêneros se encaixam nas novas tendências para desenvolver a leitura e a escrita, mesmo na linguagem internetês. Basta a orientação que a linguagem empregada perante o computador ou o celular não cabe numa produção de texto formal, que passará por uma avaliação.

O professor e o aluno que exploram a diversidade de textos que existem circulando em todas as faixas etárias, em todos os contextos sociais e culturais, estarão se aproximando das situações originais de produção dos textos não escolares, mas que passam a fazer parte do portfólio anual. Com isso os leitores compreenderão o funcionamento tanto das tipologias quanto dos gêneros textuais, desmistificando que na escola só se ensina e se aprende o que narração, descrição e dissertação. Além disso, o trabalho com gêneros facilita para o desenvolvimento da capacidade de leitura, de produção escrita e de compreensão textual.

CONCLUSÃO

Nesta pesquisa monográfica constatou-se que estudar a importância da Leitura no processo de ensino-aprendizagem em todos os segmentos escolares é de extrema relevância. E cabe a todos nós educadores retomarmos a nossa visão de o quê ensinar, para quem ensinar e, principalmente, como ensinar a disciplina da qual ministramos as nossas aulas.

Quanto ao que se diz respeito ao ensino da Leitura, é unânime dizer que essa ação amplia e integra os conhecimentos, desenvolve a criticidade e a imaginação, abre horizontes para a compreensão das diversas áreas.

Em toda a pesquisa bibliográfica buscada, os autores definem a Leitura como um meio crescimento intelectual, social e cultural, porque através dela, o sujeito aprende a defender os seus direitos, reconhecer os seus deveres, adquire os mecanismos da escrita e o auxilia na organização de ideias a serem verbalizadas oralmente.

Mostrou-se também que o ato de ler por ler não resulta em uma aprendizagem significativa. Deve-se, portanto, planejar, escolher o que se vai ler, apontar o sentido do texto, interagir com o texto e, mais do que tudo, compartilhar do aprendizado com os demais colegas, em sala de aula. Para isso, foram apresentadas as etapas e as espécies de leitura, que devem ser seguidas pelos professores, coordenadores e alunos em um nível maior de autonomia.

Destacou-se que ensinar desde cedo a ação de escrever é tão preocupante, instigante e desafiadora quanto a de ensinar a ler. Portanto, vale considerar mais uma vez que a criança que começa a ter contato com os livros e assim ter a noção de escrita será um estudante interessado por novas leituras e mais complexas, que exijam dele uma maior capacidade de apreensão, de crítica e de posicionamento ao expressar a sua opinião.

Durante as pesquisas, levou-se em consideração iniciar este trabalho com definições de alguns autores consagrados no setor da Educação brasileira sobre Letramento, Leitura e Escrita, para nos pautarmos ao manifestar as constatações expostas em cada uma dessas páginas.

Desde o início da proposta do tema desta monografia, ficou marcado o interesse de compartilhar com os colegas de profissão algumas sugestões para o desenvolvimento das aulas, de projetos que envolvem as habilidades de leitura e de escrita, por isso não foi desconsiderada a participação importantíssima e fundamental dos gêneros textuais, principalmente os da atualidade.

Não foi descartada a gama de estratégias que elevam as aulas, que estimulam os alunos para uma participação mais ativa, entre elas, as que mais os agradam, estão os gêneros envoltos ao meio tecnológico tão presentes em nossas vidas.

Resta frisar que os tópicos aqui apresentados, as ideias que foram formadas possam servir de inspiração para os futuros educadores uma reflexão sobre a tarefa de ensinar e de aprender e, tudo que até aqui foi ressaltado partiu de experiências dos próprios autores pesquisados e de pessoas ligadas ao Ensino Fundamental e ao Ensino Médio.

Concluí-se que Ler é desbravar mundos reais e imaginários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU. Antônio Suarez. Leitura e infância. In: BASTOS, Neusa Barbosa. São Paulo: IP/PUC-SP, 2000.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. PCNS. Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, Terceiro e quarto ciclos.

BRANDÃO, Helena; MICHELETTI Guaraciaba. Teoria e prática da leitura. São Paulo, 1997.

CALKINS, Luey Mecormick. A arte da leitura. O desenvolvimento da leitura. Porto Alegre: artes Médicas, 1989.

CARVALHO, Maria Angélica Freire de - & MENDONÇA, Rosa Helena. Práticas de Leitura e Escrita -  Ministério da Educação, 2006.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 33ed. São Paulo: Cortez, 1997.

GERALDI, João Vanderley. A leitura na sala de aula. Cascavel: Assoeste, 1985.

KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e Compreender – os sentidos do texto, 2ª Ed. São Paulo: Contexto, 2007.

KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e Escrever – estratégias de produção textual, São Paulo: Contexto, 2007.

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 15 ed. São Paulo: Moraes, 1993.

MENEGASSI, Renilson José; CALCIOLARI, Angela Cristina. A leitura no vestibular: a primazia da compreensão legitimada na prova de Língua Portuguesa. Maringá: UEM – Acta Scientiarum, v. 24, n. 1, pp. 81-90, 2002.

MORA NEVES, Maria Helena de, A leitura na escola, 3ª edição. São Paulo, contexto, 1994.

MARCUSCHI, L. Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A.SCHENEUWLY, B; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. e org. Roxane Rojo e Gláis Sales Cordeiro. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2004.

MARCUSCHI, L. Antônio. Produção Textual - análise de gêneros e compreensão.  São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

NEVES, Maria Helena de Moura. Leitura na escola. São Paulo: Contexto, 2001.

REVISTA CRIANÇA - O prazer da leitura se ensina. ANO X n° 36, pg. 20- 21.

SEED – Secretária de Educação a Distância – Educação de jovens e adultos: salto para o futuro; Brasília, 1999.