O PROCESSO DA ESCRITA: UM AVANÇO PARA A HUMANIDADE

RESUMO

Com o presente artigo pretende-se elucidar algumas ideias relevantes com relação à escrita. No decorrer do mesmo aborda-se o que é a escrita, o que ela representa, sua função social, seu processo de construção, entre outros aspectos de fundamental importância. Assim, percebe-se a escrita consiste na utilização de sinais (símbolos) para exprimir as ideias humanas, sendo que ela é uma tecnologia de comunicação, historicamente criada e desenvolvida na sociedade humana para deixar suas marcas. Entretanto, com o passar do tempo a mesma adquiriu um caráter social de extrema valia no mundo atual.

Palavras-chave: escrita, processo, função social

INTRODUÇÃO

Desde épocas primitivas o homem sentiu a necessidade de expressar-se através da escrita, bem como de registrar informações. Tudo começou com pictografias rudimentares, representadas através de desenhos. Com o passar do tempo surgiu a escrita com a função de registros de fotos, ideias, descobertas, sentimentos e emoções.

Consta no dicionário (2001, p.305) de Língua Portuguesa que a palavra escrita significa: 1. Representação de palavras ou ideias por sinais, Escritura; 2. Grafia; 3. Ato de escrever; 4. Aquilo que se escreve; 5. Escritura mercantil. 6. Bras. o que constitui uma rotina.

DESENVOLVIMENTO

No mundo moderno é praticamente impossível ao ser humano ter um bom relacionamento em sociedade se não dominar os códigos da escrita que o capacitam não só a ler, mas a entender o mundo.

Para PINKER (1997) “a escrita não é fruto de um mero acúmulo de informações. O que nos difere de grande parte dos seres vivos é a capacidade de processamento transformacional das informações”.

Somente o ser humano consegue transformar seu pensamento em escrita e após levá-lo novamente a oralidade, sendo essa uma das características que o difere dos demais animais, já que para ele esse processo se realiza de forma intencional.

Segundo LEMOS (1998, p.9) “a criança sabe sobre a escrita antes mesmo de saber ler e escrever, esse saber é a primeira parte de um processo que passa pelo segundo e nele não se detém”.

Assim, toda a criança possui conhecimentos prévios em relação à lecto-escrita antes mesmo de entrar na escola.

TEBEROSKY e COLOMER (2003, p.67) afirmam:

Não devemos esquecer que em função da natureza da escrita como objeto cultural, o conhecimento da escrita em situações da vida real, em atividades e em ambientes também reais. Portanto aprender sobre as funções da escrita é parte integrante do processo de aprendizagem da leitura e da escrita, bem como o aprender sobre duas formas.

            Para tanto, é necessário que os alunos, desde cedo, descubram o papel social da escrita, bem como suas formas de uso.

            Considerando que, vivem-se num mundo em constante globalização em que os processos de ensino-aprendizagem pressupõem a atualização de ferramentas que impliquem o desejo da leitura e da escrita, como elementos indispensáveis para as relações sujeitos com o mundo que os cerca, pois através delas podemos apropriarmos de conhecimentos e bagagens culturais, exercendo assim nossa cidadania.

            Para FERREIRO (1998, p. 34):

A fala não se confunde com a escrita. Escrever não é transformar o que se houve em formas gráficas, assim como ler também não equivale a reproduzir com a boca o que o olho reconhece visualmente.

            Desta forma, torna-se necessário dedicar-se regularmente ao exercício da leitura, com tenacidade e paciência, lembrando sempre que a leitura sem a prática da escrita é um ato deficitário. Ademais, ressalta-se a necessidade da interpretação, de “ver” além do que está escrito.

Ainda segundo a mesma autora (1998, p. 20):

[...] é uma ilusão pensar que a escrita é um espelho da fala. A única forma da escrita que retrata a fala, de maneira a correlacionar univocamente letra e som, é a transcrição fonética.

            A escrita deve ser vista como uma manifestação da função simbólica, desconsiderando que haja uma carga genética para ler e escrever, assim, como tem para falar. Isto porque escrever não é transcrever foneticamente uma palavra e sim dar um sentido completo a fala, mesmo que para isso tenha que haver modificações no texto falado.

            Na sociedade contemporânea a escrita é percebida como reflexo do saber e um dos caminhos para a realização profissional, pois ao ler, o leitor decodifica saberes e ao escrever ele realiza a codificação de novos conhecimentos.

            Para FERREIRO (1987) “a escrita é importante na escola porque é importante fora dela”. Então, é de suma importância que os alunos aprendam, não somente o aspecto formal da escrita, mas como também fazer bom uso dela e o porquê da sua necessidade.

TEBEROSKY E COLOMER (2003, p. 46 - 47) fazem referência sobre as etapas que as crianças passam durante a construção da escrita.

Trata-se, pois, de hipóteses que se constroem durante a alfabetização inicial. Falamos de hipóteses que se constroem porque não são transmitidas diretamente, isto é, nenhum adulto explica essas regras gráficas para as crianças. (...) Ainda que tais hipóteses derivem de relações com o material escrito, não se aprende diretamente por informação ou por observação direta; se elaboram na tentativa de entender quais são as regras de composição e de distribuição das letras.

Partindo dessa ideia, é pertinente afirmar que a criança passa por vários níveis durante o processo evolutivo de construção da escrita, onde é necessário que o próprio educando, de acordo com seu desenvolvimento maturacional, levante hipóteses acerca da escrita. 

De acordo com as ideias de KLEIMAN e SIGNORINI (2000, p.18):

É preciso contextualizar as funções da escrita (...) projetos de ensino da escrita devem ser realizados por meio de práticas inseridas em situações significativas e relevantes do cotidiano.

            Assim, torna-se válido dizer que a escrita não deve ser vista ou trabalhada como algo desvinculado da realidade, pois a mesma está presente em nosso cotidiano exercendo uma relevante função social na sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O surgimento dos registros escritos geralmente é a linha divisória entre a pré-história e a história.  A importância da escrita para a história e para a conservação de registros vem do fato de que estes permitem o armazenamento e a propagação de informações não só entre indivíduos, mas também por gerações.

Sendo assim, percebe-se na invenção da escrita um dos maiores avanços da humanidade, pois através dela puderam ser registrados o modo de vida, a sociedade, enfim, a cultura dos povos que nos antecederam, bem como o conhecimento dos mesmos.

Dessa forma, entende-se a necessidade de tornarmos o processo de construção da escrita um processo prazeroso e vinculado a realidade, tornando a aprendizagem mais significativa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Dicionário de Língua Portuguesa Houaiss.

FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre a alfabetização. São Paulo, Cortez:1998.

KLEIMAN, Angela B.; SIGNORINI, Inês. Ensino e a formação do professor: alfabetização de jovens e adultos. Ed Artmed: 2000.

PINKER, A. Fundamentos da neurociência. São Paulo: Print HaIl do BrasiI, 1997.

TEBEROSKY, Ana; COLOMER, Teresa. Aprender a ler e a escrever - Uma proposta construtivista. Porto Alegre, Artmed: 2003