Em princípio, qualquer empresa pode plantar mamona, dendê, soja, milho, etc. para produzir biocombustíveis. Ou seja, a grande vantagem desses combustíveis sobre os derivados de petróleo é que suas fontes, os agrocombustíveis, podem ser facilmente encontradas ou produzidas em diferentes regiões do planeta.

Em algumas regiões, no entanto, essas plantações precisam ser irrigadas, e os biocombustíveis podem não representar uma boa alternativa para a produção de certas formas de energia. Tomemos como exemplo a soja. O processo de transformação dos grãos em biodiesel requer uma quantidade insignificante de água. Mas, e quando não se pode contar com a chuva? Vamos aos números. Para mover um carro da classe econômica ao longo de um quilômetro (sic), são necessários 28 litros de água lançados em uma plantação irrigada de soja. Os dados aparecem na edição de junho de 2010 da revista IEEE Spectrum (1).
O etanol, produzido a partir de grãos e/ou cereais colhidos em áreas irrigadas, também não é uma boa alternativa. O combustível com 85% de etanol requer 26 litros de água de irrigação para mover um carro econômico ao longo de um quilômetro, isso se supondo que tanto as sementes quanto os galhos e caules das plantas sejam transformados em etanol.

Nos Estados Unidos, a irrigação já representa quase 40% da água retirada de aquíferos, lagos e rios. Outros 40% da água extraída são utilizados para a produção de diversas formas de energia elétrica. De acordo com os pesquisadores King e Webber da Universidade do Texas, o problema naquele país é o aumento da produção de grãos, exatamente em regiões que precisam ser irrigadas.

A produção de agrocombustíveis em larga escala é uma boa alternativa, sim, desde que a quantidade de chuva local seja suficiente. As políticas de produção em larga escala de óleo vegetal na Indonésia e cana-de-açúcar no Brasil são, hoje, tidas como exemplos bem sucedidos da produção não irrigada de agrocombustíveis.

Referências
[1] D. Schneider, Biofuel?s water problem, IEEE Spectrum, 47(6), June 2010, pp. 48-49.

Leia mais:
[2] http://www.reporterbrasil.org.br/agrocombustiveis/mapa/
[3] http://www.youtube.com/watch?v=6KPdnhxWE7E
[4] http://www.youtube.com/watch?v=GHchd4SEnFE&feature=related