O problema da era do conhecimento.
O conhecimento tem sido fonte de riqueza na contemporaneidade. O que deixa muitos questionando o porquê, já que outrora em épocas anteriores, o que se considerava como patrimônio real era a propriedade privada seguida da extensão de terras e dinheiro. Hoje estamos vivendo em meio à sociedade do conhecimento, ou seja, na era pós-industrial, na qual todo o mundo gira em torno de quem consegue lidar e abstrair das inúmeras informações que chegam a todo o momento, conhecimentos suficientes para a sua sobrevivência.

Logo o próprio mercado de trabalho começou a exigir um novo perfil de trabalhador. E este precisa estar apto para satisfazer as novas exigências que são impostas, como por exemplo, a criatividade, a inovação e principalmente a habilidade de resolver situações-problemas na mesma rapidez que surgem. Para isso, requer que desde o início de sua formação, o indivíduo esteja buscando estar atualizado e desenvolva em si a competências para abstrair das situações mais comuns, ideias extraordinárias, além de fazer delas o seu trampolim para o sucesso.

Desde a sociedade feudal o conhecimento é importante, mas o fator na qual sempre determinava o status do sujeito foi a quantidade de terras que o indivíduo possuía. A própria escola fora considerada como lugar do ócio, logo somente para a igreja que interessaria o estudo, e consequentemente a aquisição de novos conhecimentos.

Na era industrial, a população que passa a deixar a zona rural e se concentrarem na zona urbana, começaram a se conglomerarem, dando surgimento a uma nova classe social ? a burguesia ? e com o aparecimento do comércio como foco, surge também a produção em massa e uma nova necessidade de conhecimentos para a população trabalhadora ? o conhecimento técnico. Já que para lidar com certas máquinas o proletariado precisaria saber como funcionava a tal e passaria por toda a sua vida lidando com aquela mesma atividade.

Hoje, os tempos são diferentes. Enquanto na era industrial, o capital era só a moeda, que fazia girar e que enriquecia os donos das fábricas. Atualmente vem se pregando o capital-humano, onde o empresário que quer ver a sua empresa ter o espírito empreendedor, precisa investir não na sua empresa, como equipamentos, máquinas, mas sim em seus funcionários, já que também não são mais considerados "subordinados", mas integrantes de uma "equipe" para o próprio bem de seu local de trabalho.

Isso significa que como o conhecimento e as informações permeiam pela rede, estas mesmas são efêmeras e que com a mesma rapidez que chegam, também vão embora, e, para isso, quem vive nesse mundo de efemeridade, precisa estar a todo instante mudando, inovando, sendo criativo, agregando valores, e, enfim mostrando-se como ser capaz de determinar o que as demais pessoas que estão inseridas na sociedade podem conhecer, e o que não podem. Isso sim, é o poder do momento. Aquele que detem o conhecimento e que também determina o que pode ser conhecido, esse indivíduo passa a ser o senhor feudal da sociedade agrícola e o burguês da sociedade industrial.

Diante disso, aponta-se um mito de que hoje o conhecimento nunca foi tão acessível quanto aos dias de hoje. E que todos tem a mesma oportunidade de crescerem profissionalmente mediante seu espírito empreendedor. O que me faz questionar: "Se o conhecimento é acessível a todos, então por que a educação é diferente para todos? Se existe educação popular, e educação voltada para os intelectuais. Se há conhecimento comum e também conhecimento científico. Se existem escola pública e escola privada, além da escola boa e a escola ruim. Então porque fingir que estamos caminhando para uma sociedade igualitária e não reconhecer que estamos no ápice da característica mais cruel do capitalismo?".

A escola pública caminha a passos de formiga diante da sociedade do conhecimento. E o que parece é que todos estão alheios ao que vem acontecendo. E se não estão alheios, estão conformados com a impossibilidade de uma educação para todos. Pois a cada dia que passa a educação se torna mais excludente, elitista e mostra a sua verdadeira face, que como nunca fora neutra e sempre atendeu aos interesses de quem determina o que pode ser conhecido pelas demais pessoas. E estas, por sua vez se contentam em aprender a acessar a internet, e/ou manusear o Windows, se sentindo capaz para o mercado de trabalho, e porque não dizer para a vida; até ver onde pode ser engolido pela rede do conhecimento passageiro. E que nada que você conheça ou aprenda a aprender vai ser suficiente para atender as necessidades da nova era.
A não ser que, aquele que pensa não determinar o que é conhecimento, deixe de ser alienado e um mero executor da classe dominante. Já que é o professor é o único que pode determinar que a educação pública vá ser objeto de receptora de lixo epistemológico, além de caminhar a passos de formiga, como se estivéssemos educando na época de nossos avós. E que a era da informação não é para ser excludente e que é possível sim, formar o indivíduo para o mercado de trabalho, para a vida e por toda a vida.