Ana Claudia Oliveira Nunes
Rogério Amaro Carrijo Roza


Resumo: O propósito dessa pesquisa foi verificar se o prazer em aprender é presente nos alunos do ensino médio nas escolas públicas e particulares da Cidade de Anápolis, Go. Propôs-se também identificar se há especificidade na manifestação desse desejo quando há diferenças socioeconômicas e qual a motivação que leva esses jovens a aprender quando existe esse prazer em fazê-lo. Participaram da pesquisa 40 alunos do ensino médio, 20 de uma escola pública e 20 de uma escola particular. O instrumento utilizado foi um questionário estruturado com questões fechadas. O Programa usado para analisar os dados estatisticamente foi o Excel 2003. Os resultados mostraram que o prazer em aprender existe nesses alunos e que há especificidade entre os grupos, e no que tange a motivação é infelizmente em maior grau puramente mercantil e reprodutiva, atrelada ao vestibular e ao desejo de conseguir uma carreira profissional bem sucedida. Foi concluído que apesar da diferença gritante que há entre a escola particular e pública no que diz respeito à estrutura e recursos materiais, isso não influenciou na presença ou não do prazer em aprender.

Palavras-chave: Escola Particular; Escola Pública; Prazer em Aprender; Motivação.


INTRODUÇÃO

Apesar de todos os recursos atuais disponíveis nas escolas primárias, secundárias e universidades, o advento da internet e tudo que representa uma boa estrutura, infra-estrutura, recursos pedagógicos e audiovisuais para que o ensino aconteça da melhor forma, o "aprender" acontece com prazer? Ou por necessidade, por imposição socioeconômica? Será que o prazer em aprender existe em alunos de classes sociais diferentes?
É necessário que sejam questionadas as informações sobre o verdadeiro prazer de aprender. É sobre estas questões que foram levantados dados para identificar se o prazer de aprender está presente nos alunos, como ele se manifesta em classes sociais diferentes e qual é sua principal motivação.
Sabe-se que as escolas tanto públicas como particulares são responsáveis pela educação de milhares de adolescentes no Brasil e que estas estão inseridas em contextos socioeconômicos muito diferentes. Há diferenças a serem consideradas para avaliar se a existência ou não do prazer em aprender e suas motivações estão relacionadas a essa condição.
Compreende-se também que a maioria dessas escolas tem alvos que visam a preparação do aluno para competir no mercado de trabalho, preparando-os para o vestibular. A competitividade e a luta pela sobrevivência, o sonho de estar inserido no mercado de trabalho deve ser levado em conta nessa avaliação. Em que grau e intensidade isso influenciará as motivações no prazer em aprender e a qual motivação está atrelada esse prazer quando ele é presente.
O interesse pelo tema surgiu a partir da convivência com adolescentes e observação dos mesmos, onde alguns apresentavam desânimo em relação ao prazer de aprender e outros um interesse aparentemente apenas mercantil e utilitarista.
O abandono do sabor em saber, em descobrir, em reinventar, em pesquisar e a ganância vazia em se dar bem na vida através de uma profissão que dê dinheiro tem falado mais alto e isso chamou a atenção para o tema em discussão.
Outra questão que também foi de relevante importância foi o surgimento dos incontáveis cursos superiores, inúmeras faculdades que foram abertas e os "fast foods" do saber, os cursos tecnológicos que prometem encurtar o tempo acadêmico e acelerar os retornos financeiros resumindo o saber a uma mera necessidade capitalista em detrimento do melhor do ser humano, pensar, avaliar, escolher e ponderar as decisões da vida. Decisões que, se mal tomadas, geram consequências às vezes irreversíveis por causa do abandono do prazer em aprender em detrimento da compra do saber. Pessoas que fizeram essa escolha podem até se tornar bem sucedidas na carreira profissional, mas existencialmente frustradas na carreira da vida.
O objetivo foi verificar se há existência "do prazer em aprender" nos alunos do ensino médio de escolas particulares e públicas na Cidade de Anápolis, Go. Para isso foi verificado como as diferenças socioeconômicas podem influenciar ou não na existência do prazer em aprender. Buscou-se demonstrar como essas diferenças podem ou não alterar as motivações do prazer em aprender e também apresentar se nos alunos do ensino médio este prazer é espontâneo ou coagido pela necessidade de estar inserido no mercado de trabalho.