O Povo Brasileiro

A Constituição Federal de 1988 trouxe-nos vários direitos elencados no artigo sexto, como direito à saúde, à educação, ao trabalho, a moradia, ao lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, à assistência aos desamparados. Direitos que nos trazem dignidade.
Como é bom ter uma casa para morar, com comida na mesa, um emprego onde se ganha um salário justo, um trabalho honesto. Como é bom ser pai de família e poder, no final do mês, ir ao supermercado e encher o carrinho de compras. Como é bom levar os filhos para uma boa escola, onde os professores são valorizados pelo trabalho que fazem com os nossos filhos. Como é bom precisar de médico e ir até o posto de saúde e ser bem atendido e medicado. Como é bom levar nossos filhos ao parque no final de semana, aquele parque bonito, bem cuidado, com flores e brinquedos. Como é bom saber que nosso município investe no amparo aos necessitados, como os velhinhos que não tem mais um lar e nas crianças vítimas de maus tratos. Como seria bom se fosse assim.
Mas na Constituição está escrito que temos todos esses direitos, como pode ser?
O que está acontecendo? Parece que o Brasil parou. Por mais que se ouve falar do que já foi feito e do que o governo está fazendo, tem-se a impressão que estamos estagnados.
Trabalhamos uma vida toda para ter casa e comida, mas ou se tem casa ou se tem comida, os dois juntos não dá prá ter. No final do mês dá pra ir no supermercado, comprar apenas o básico, feijão e arroz, carne nem pensar. Se temos filhos, o aconselhável é não levá-los junto. Criança gosta de pedir coisas gostosas no mercado.
Deste modo, o melhor a fazer é mandar as crianças para a escola. Escola. Está na mídia todos os dias. Ou é por causa dos professores que estão suplicando um aumento de salário, ou por causa de um aluno que agrediu a professora ou o colega ou então, e o que é mais grave ainda, não tem merenda para as nossas crianças.
E quando os pequenos ficam doentes e precisamos de um médico. Como é desesperador ver uma pessoa passando mal e ser mandada procurar outro hospital, pois este não pode atender, não tem mais vaga ou não tem médico suficiente para atender a todos.
E assim vamos vivendo esta miserável vida, sem saúde, sem educação, sem trabalho que nos dê um salário digno, sem moradia. Temos que fazer milagres, mas o povo brasileiro é assim, faz milagres para sobreviver e ainda sorri. Sabe porque? Por que tem fé. Fé na vida, fé no homem, fé no que virá, como diz a música.
Quem sabe se amanhã ganharemos um aumento de salário que poderemos assumir uma prestação da nossa humilde casinha. Quem sabe se aquelas pessoas responsáveis pela merenda dos nossos filhos devolverá o dinheiro que roubou e eles terão uma alimentação decente e uma educação melhor ainda, pois os professores, como nós, ganharão um aumento de salário e trabalharão com mais entusiasmo e dedicação. Quem sabe se o governo deixar de gastar o dinheiro que arrecada com coisas insignificantes e investir mais em saúde, em educação. Só assim irá mudar, quando se investir em educação. Mas não nesta educação que está aí, mas naquela em que professores são preparados para enfrentar situações diversas e manter a paz e harmonia em sala de aula. Que acima de tudo estejam lá por amor às crianças, não fazendo do magistério um modo de sobrevivência. Que tenha um comprometimento forte entre pais, professores, Município, Estado, sociedade, para que nossos filhos se tornem adultos com potencial para pôr em prática a nossa Constituição de 1988 ou ela acabará sendo como um lindo poema lido.