O Politicamente Correto

José  Frazão

A humanidade trilha por caminhos complexos. Na sociedade pós-moderna como a nossa, deparamos com questões que inflamam os ânimos e às vezes ameaçam o equilíbrio da boa convivência social. Movimento gay, a questão do racismo são os mais recorrentes atualmente.

O movimento gay, com sua bandeira do politicamente correto não só defende, mas quer legislar em prol da causa.  Quem discorda dessa posição é execrado e considerado preconceituoso.  Nunca se usou (e abusou) tanto da palavra preconceito, como em nossos dias. Tudo que está em desacordo com o moderno, é tachado como preconceito.

O movimento negro é outro exemplo. Hoje não se pode nem sequer dizer que fulano é preto que é tachado de racista e está sujeito à inquisição medieval! Fico pensando com meus botões: o que é não ser preconceituoso? É aceitar a opinião da maioria? Abrir mão dos valores morais, éticos e religiosos, para ser considerado politicamente correto e moderno? O branco não pode chamar carinhosamente seu colega negro de pretinho, negão porque é racismo; mais o negro pode chamá-lo de sarará, branquelo, lagartixa de parede! Onde está a coerência e o bom senso? E a liberdade de expressão garantida na Constituição Federal?  Em não concordar com a preferência sexual do outro, não me dá o direito de execrá-lo, mais tratá-lo com respeito e igualdade que merece todo ser humano.

O dicionário da língua portuguesa define preconceito como conceito ou opinião formado antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; idéia preconcebida. O significado é claro: precisamos conhecer primeiro para poder formar nossa opinião. Isso nos impede de prejulgarmos as pessoas. Quem em são juízo acha que nutrir ódio e aversão ao diferente é correto? Só os insensatos e desequilibrados pensariam assim. Separar as pessoas pela cor, sexo e nacionalidade é puro preconceito.

A questão maior a ser discutida é o direito do cidadão  concordar ou não de determinados movimentos ou posições considerados politicamente corretos. A Constituição Federal no seu artigo 5º diz que é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. O que está acontecendo é a imposição ideológica de determinados movimentos sociais.

A ditadura do politicamente correto também atinge profissionais de outras áreas. Tomemos como exemplo o cantor Cazuza. A psicóloga clínica Karla Christine no texto Cazuza, Um Idiota Morto, chama a atenção do perigo em cultuar personagens de caráter duvidoso em detrimento dos verdadeiros exemplos para a juventude. Seguindo a linha de pensamento da articulista, Cazuza foi um traficante e viciado em drogas desde a infância; mimado, levou uma vida sem conhecer limites e regras.

O jornalista Leandro Narloch em seu livro “Guia politicamente incorreto da história do Brasil” derruba paradigmas construídos ao longo de nossa história. Personagens como Zumbi, Luis Carlos Prestes, vêm recebendo uma nova abordagem à luz de novas pesquisas. Essa reeleitura historiográfica não os desqualifica como heróis de forma alguma, mas são heróis de carne e osso, com seus defeitos e imperfeições. Por essa postura considerada politicamente incorreta, o jornalista vem sofrendo críticas severas, o que é normal a todos que se opõem à verdade estabelecida.  

Não somos obrigados a tomar posições cômodas e covardes só para concordar com a maioria, mas sim gozar da liberdade e do direito (defendido pela constituição), de pensar diferente evitando que se ressuscite um novo tribunal da inquisição!