A palavra convence, o exemplo arrasta! Ao longo da história da humanidade são inúmeros os exemplos que comprovam a verdade da citação. A sociedade brasileira precisa bem mais que retórica de discursos bem elaborados e eloqüentes, ou mesmo de convincentes falas improvisadas.

Quando os jovens hebreus Daniel, Hananias, Misael e Azarias, membros da nobreza do reino de Judá foram levados cativos para a Babilônia, por volta de 605 a.C., eles decidiram não adequar-se à nova realidade que, mais do que se lhes oferecia, era a eles imposta. Não cederam à sedução dos manjares do rei Nabucodonosor e não se curvaram diante de outros deuses que não o Deus vivo e verdadeiro a quem serviam. Os quatro jovens tiveram atitude firme, e decidiram manter e exercitar os princípios e valores que haviam formado seu caráter, mesmo diante das ameaças de perderem até mesmo a vida. A história mostra que pela atitude firme e corajosa que assumiram, Deus os abençoou e eles foram honrados pelo rei.

Um exemplo bem mais recente e também notável é o de N. R. Narayana Murthy, engenheiro e industrial indiano, fundador da Infosys Technologies, empresa global de TI. No início dos anos 1980, ao criar sua empresa, Narayana decidiu estabelecer a base de valores éticos que nortearia todo o seu futuro negócio. A empresa não pagaria propina a ninguém e não ofereceria suborno para obter qualquer vantagem competitiva. Logo de início enfrentou o primeiro desafio diante da decisão que tomara: teve de esperar quase um ano para instalarem os telefones, pois os funcionários da companhia telefônica exigiam o pagamento de “comissão extra” para fazer seu trabalho. O tempo passou, a cultura de probidade se estabeleceu na empresa e a Infosys e seu fundador se tornaram exemplos para o mundo.

Quem se dispõe a liderar tem que lembrar que será visto sempre como um paradigma de comportamento àqueles a quem lidera ou pretende liderar. Apesar do bom governo, recheado de sorte e fundamentado nas sólidas bases também sedimentadas antes de seu mandato, e embora seja querido e respeitado no Brasil e no exterior, o presidente Lula tem perdido inúmeras oportunidades de dar bom exemplo aos jovens brasileiros, futuro do país. Quando silencia diante dos absurdos cometidos em Cuba, na Venezuela, e em outros países, quando minimiza escândalos como o do mensalão, dos dólares na cueca; quando desdenha de imagens avassaladoras de ilicitudes, assim como quando faz pouco caso e brinca com as penalidades impostas a ele pela Justiça Eleitoral em virtude de claríssima campanha antecipada, o presidente da república relativiza todas essas mazelas e sinaliza ao país que tudo isso é normal.

Todos nós cidadãos estamos cansados do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.” É preciso retornar ao conjunto de princípios e valores que devem nortear a democracia e o estado democrático de direito. Deu-nos um bom exemplo o vice-presidente José Alencar, que vem travando uma longa batalha contra o câncer. Dias atrás ele afirmou “não tenho medo da morte, só da desonra, por que o homem honrado, especialmente o que milita na vida pública, não morre nunca. Mas se for desonrado, ele morre em vida.” O poder do exemplo se constrói a partir das escolhas que fazemos a cada dia.

Elton de Barros Braga
Belém - Pará
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