INTRODUÇÃO:
Percebemos aquilo que percebemos
A percepção da realidade é criada pelo sistema mente-cérebro e dependendo do foco imaginativo, a pessoa pode criar dentro de si uma divergência perceptiva (real/irreal) e torná-la parte das suas verdades. Portanto, a realidade que a pessoa descreve é o resultado do que ela pensa, deseja e imagina.
Num mundo repleto de opções, a escolha do elemento (seja real ou irreal) que irá compor a realidade de alguém, além de ser subjetiva, é orientada por um sentimento natural de gratificação. Nada é por acaso ou produzida por força externa ou desconhecida. Todo ato é conseqüência do que já foi desenvolvido no interior de cada pessoa, com a ajuda de sua lógica vivencial.
O grande perigo em viajar no mundo da fantasia e da ilusão é que podemos transformar falsos acontecimentos em verdadeiros.
Ao criar uma realidade e viver em função dela, a pessoa passa a viver a vida de acordo com o que imagina.
Cuidado! A imaginação que representa uma realidade interior, em termos psicológicos, equipara-se a um acontecimento real produzindo os mesmos efeitos psicológicos e com repercussão no corpo físico e energético.
Atenção! Todas as dimensões perceptivas (real/irreal) são legítimas para quem as percebe.
O homem não precisa de um acontecimento real para vivenciar uma dor, um sofrimento; a sua imaginação é capaz de proporcionar isso.

DESENVOLVIMENTO:
O psiquismo é ativo, logo o pensamento também é ativo e criador e não inconsciente. É pelo ato do pensamento que a pessoa escolhe o conteúdo mental que irá compor a sua imaginação; logo, além de ser criador das próprias ilusões e fantasias, possui a capacidade de administrá-las.
O processo de criação da imaginação começa no sistema mente-cérebro e em seguida é executado pelo corpo e pelo comportamento.
O verbo imaginar significar inventar, criar. A imaginação é ativa e criadora. É a grande arquiteta da nossa realidade, é a gestora da nossa vontade. É ela quem estabelece os parâmetros para a nossa vontade de atuar.
A vontade sem parâmetros é vazia. Se tiver vontade, terá vontade de alguma coisa e é a imaginação que cria essa alguma coisa. Imagino um bolo de chocolate e, após imaginá-lo, vem à vontade de comê-lo.
Negar a responsabilidade sobre o que se imagina é a causa do aprisionamento do criador à sua criação.
As fantasias e ilusões são escolhidas, apreendidas, assimiladas, interiorizadas, conforme o valor e o sentido dado por quem imagina e elas se transformam na lógica vivencial de cada ser humano.
O grande perigo do jogo da imaginação é não saber como administrar o que foi imaginado, pois podemos nos envolver a tal ponto que haverá dificuldade em separar o real do irreal.
O que se imagina existe arraigado ao desejo; assim o ato de transformar-se naquilo que se imaginou deve ser entendido como conseqüência do próprio desejo.
Seguindo essa lógica, a imaginação passa a ser também uma fábrica de realidade e não apenas uma ferramenta para fugir da realidade.
Dizer que a pessoa não tem responsabilidade sobre a sua criação, ou seja, sobre o que imagina, que foi uma força externa ou algo escondido dentro dela que esperou a ocasião certa para se manifestar, talvez seja uma forma de tapar o sol com uma peneira.
Cuidado! As ilusões e fantasias são compostas de elevado potencial de ação, logo, ao serem incorporadas à lógica vivencial, irão reproduzir também efeitos psicológicos e físicos.

Lembremo-nos dos versos de Chico Buarque: "E se de repente a gente não sentisse a dor que a gente finge e sente".

É claro que devemos excluir da nossa análise as alterações psico-fisiológicas, produzidas por desequilíbrio na produção de enzimas e hormônios ou por ingestão de substâncias químicas (álcool, cocaína, remédios etc.) que produzem no organismo alterações psíquicas tais como depressão, fobias, alucinações etc.
Os distúrbios psíquicos aqui apresentados caracterizam apenas um dos sintomas de uma doença orgânica e não de uma doença psíquica. Quanto mais cedo houver tratamento, mais rapidamente os sintomas desaparecerão.

Continuemos:

A pessoa possui o poder de treinar a própria mente, utilizando a imaginação para se tornar qualquer coisa, pois, no mundo da imaginação, não há limite, barreira, ética, moral, religiosidade e, por não existir culpa, não existirá julgamento, logo, tudo é possível, tudo é permitido.
Antes de se tornar uma sofredora, uma rejeitada ou qualquer outra coisa, a pessoa treina para se tornar o objeto do seu desejo. Nada é inconsciente, a pessoa, no decorrer do tempo, vai construindo e dando vida ao personagem que deseja ser.
Ao apoiar sua lógica vivencial sobre o que deseja ser, a pessoa viverá em função do que foi armazenado em sua mente e memória. A partir desse momento estará pronta para ser sabatinada pela vida, pois terá respostas e justificativas para tudo o que se refira à sua criação, na ponta da língua.
Preste atenção, nunca um arquivo de memória gravado (memorizado) desencadeou um comportamento diferente ao treinado. O uso desse arquivo potencializa e fortalece o comportamento.
O ato físico é mera conseqüência da lógica vivencial que é desenvolvida no interior de cada pessoa.
O grande desafio do homem está em perceber o momento em que está se desviando do mundo real para o mundo da fantasia. O autoconhecimento é a ferramenta que lhe permitirá gerenciar o mundo das imagens idealizadas.
Imagens idealizadas são imagens construídas pela pessoa, por meio das quais ela orienta os seus comportamentos, as suas atitudes e seleciona as suas metas.
Na pessoa normal, as imagens não estão muito distantes da realidade e são flexíveis. No neurótico, são irrealistas e inflexíveis. E no psicótico, podemos dizer que se converteu em suas imagens idealizadas.

Com os recursos oferecidos pelo autoconhecimento vivencial, vamos, aos poucos, distinguindo, com clareza cada vez mais acentuada, o que somos na realidade. Com as memórias produzidas e arquivadas durante o processo de autoconhecimento, é possível controlar a imaginação,evitando assim viver uma vida falsificada.

Alerta! Atitudes e comportamentos já memorizados prevalecem sobre os novos. Para que algo novo seja indexado em nossa mente, em nossa memória de longo prazo, é necessário usá-lo cada vez mais até que ele se consolide e se torne parte de nós mesmos, das nossas atitudes e comportamentos.

CONCLUSÃO:

Para nos conhecermos interiormente, não é essencial retroceder no tempo. Precisamos apenas tomar consciência das nossas atitudes e comportamentos atuais e que tipo de percepção está formando a nossa lógica vivencial, pois, ela determinará a nossa forma de interagir.
Se modificarmos a forma de pensar, toda a tônica da nossa vida irá modificar-se. A nossa lógica vivencial depende inteiramente do tipo de alimento mental que a nutre.
Cuidado! Nem sempre podemos nos dar ao luxo de rir de nossos enganos e desenganos. O erro, dependendo da sua extensão, pode tornar-se uma tragédia no campo pessoal, familiar, social e profissional; provocando assim enormes prejuízos não só para nós mesmos mas também para aqueles com os quais convivemos.
As pessoas, geralmente, buscam na terapia um meio de encontrar explicações ou justificativas para a vida que estão levando, não estão em busca de autoconhecimento. Em outras palavras, buscam consolo para o próprio sofrimento, mas não buscam a verdade com que são tecidas.

Triste engano! Negar a realidade não significa não ter consciência dela. Cuidado! Todo não querer tem o seu querer.

Evoluir é superar os conflitos, traumas, decepções e frustrações, considerando-os como aspectos passageiros da nossa história de vida e não como aspectos imutáveis da nossa vida.




Um Novo Rumo
(Arthur Verocai / Geraldo Flach)
Vou caminhando sem caminho
E em cada passo vou levando
Meu cansaço que me espera
Uma terra, um desencontro,
A cidade, a claridade
Esta estrada não tem volta
Lá se solta ao fim do mundo
Um fim incerto que me assusta
Longe ou perto se prepara
Ninguém pára pra pensar
Pra olhar a dor que chora a morte
De um valente lutador
Quem fui, já não sou...

Vou chegando à encruzilhada,
Descobri um caminho e uma nova direção
Onde piso vou deixando o que não sou
Vou pra luta, eu vou
Não paro não
Vou pra luta, agora eu vou
Não paro, não

Tem tanta gente que se vai
Na imensidão do seu querer
Querendo a vida sem a morte
Ser mais forte, sem sofrer
E ter certeza sem buscar
Ganhar o amigo sem se dar
Sem semear, colher o amor
O amor ferido pela guerra
Quem na terra desconhece
Aparece sem valor
Ergo o meu braço como alguém
Que já caiu, mas levantou
Quem fui, já não sou...

Vou chegando à encruzilhada,
Descobri um caminho e uma nova direção
Onde piso vou deixando o que não sou
Vou pra luta, eu vou
Não paro não
Vou pra luta, agora eu vou
Não paro, não

Drº Cláudio de Oliveira Lima ? psicólogo ?

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