Introdução:

Este texto faz parte da série “Prisões Invisíveis” que pretende descrever alguns dos principais obstáculos, predominantemente inconscientes, para a jornada de autodescobrimento. O objetivo desses textos é a reflexão e questionamento da nossa forma de pensar, sentir e agir que interferem nas diferentes áreas da nossa vida, muitas vezes dificultando o desenvolvimento pessoal.

Filosofias e tradições espirituais do mundo enfatizam a importância de investir no autoconhecimento, mas na prática poucas pessoas se comprometem profundamente consigo mesmas nessa jornada.

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O pensamento linear e suas Ilusões

Alguns autores sugerem que façamos um teste:

“Tente escutar até o fim, sem concordar nem discordar, o que o outro está dizendo. Procure evitar que logo às primeiras frases dele você já esteja concordando ou discordando e pensando no que irá responder”.

Constate como isso é difícil ser feito!

Essa é uma das manifestações mais poderosas do condicionamento de nossa mente pelo pensamento linear. Em outras palavras esse é o modelo mental “Ou/Ou” a lógica binária do Sim/Não, Certo/Errado.

Não faz diferença discordar ou concordar: o que é realmente limitante é a reação instantânea, automática, linear, do tipo sim/não; certo/errado, de forma genérica é o modelo predominantemente inconsciente “Ou/Ou. Esse padrão condicionante fecha a nossa razão, que faz com que não possamos suspender, nem mesmo momentaneamente, nossos pressupostos e julgamentos. Desse modo, impede-nos de fazer escolhas além das programadas principalmente de forma inconsciente.

Concordar ou Discordar automaticamente sobre o que o outro está falando, quando já temos opinião formada também é uma forma de não querer ouvi-lo até o fim. Uma tentativa de tornar consciente um pensamento/sentimento inconsciente seria:

 "Já sei do que você está falando! E concordo ou discordo, portanto não vou me dar ao trabalho de escutar mais".

Dessa forma, pressupostos do tipo "já conheço", ou "isso é antigo" fecham a possibilidade de algo novo chegar e abrir novas possibilidades no pensar, sentir e agir. Continuamos presos aos padrões automatizados sem ter consciência disso.

O mais comum é que logo que alguém começa a expor uma determinada ideia comecemos a buscar formas de aprova-la ou contradizê-la. Em qualquer das hipóteses, no fundo o que pretendemos é desqualificar o interlocutor. Discordando, concordando, ou mesmo fingindo concordar, nosso imediatismo acaba negando-o “eu já conheço” ou “isso é antigo” concordando ou discordando, sem perceber, desqualifico ou outro existencialmente.

Tudo o que foi exposto acima, focado na relação com o outro, também se aplica quando olhamos para nós mesmo. Partindo do pressuposto que:

“Tudo que chega à consciência pede uma definição”

Essa definição será dada automaticamente pelo nosso “Universo Consciente” que está limitado pelos mecanismos do reducionismo e do pensamento linear “Ou/Ou” dessa forma algo efetivamente novo que emergir do inconsciente ou será reduzido ou assemelhado a algo já conhecido (dentro do nosso universo conhecido) ou será rejeitado pelos múltiplos mecanismos de defesa inconscientes da nossa Psique.

Como a maioria das pessoas vive a ilusão de achar que se conhece e, portanto não admite que possa existir um grande “território interno” desconhecido, chamado inconsciente, esperando para ser descoberto, ficamos aprisionados a formas de pensar, sentir, agir e reagir já conhecidas o que inevitavelmente cria padrões repetitivos na vida, sem que tenhamos consciência disso.

Observações Finais:

Tomar consciência como estamos aprisionados de forma inconsciente ao “pensamento linear” tem muitas possibilidades, algumas podemos reconhecer e mudar sozinhos, outras necessitamos de ajuda para ir mais longe nessa jornada de autodescoberta, que nunca é um “lugar” a chegar, mas um “caminho” a percorrer, se assim desejarmos.

 

José Luís Morado

Psicólogo Clínico e Coah Pessoal

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